segunda-feira, 17 de março de 2008

A atual crise americana

NOTA DA REDAÇÃO:
Setembro dá conta que o governo americano aportará vultosa cifra para salvar dois estabelecimentos, e uma "seguradora de crédito", evidentemente fictícia, posto nada segurar. Pouco se sabe sobre a quantia que Tio Sam guarda na cartola. No dilema americano, Bush irá emitir a quantia necessária para tapar o furo; ou, para evitar inflação, vai inovar com um compulsório sobre os depósitos dos bancos saudáveis, neste caso suplantando nosso maior golpe do mundo? O flagrante é que também se trata cambalacho, bem semelhante ao brasileiro de 1995, e nada tem a ver com o desempenho de economia:*


De antemão convém salientar: a principal causa da escassez monetária de 29 foi o lastro em ouro, estanque e "imexível", consubstanciado com aumento de impostos e juros. Não é o caso desta crise, imbroglio que se estende muito mais pelas prementes eleições. Mantenho tudo! Se você estiver no cassino das bolsas, aprecie, pondere, e aja, ou não. Como dizia Lao-Tsé, "pela não-ação tudo pode ser feito." Parece-me apropriado. Não obstante, constato aliados na crise.
E como se desce, desse mundo de ironia e razão e veridicidade, ao reinado do sábio de Platão, cujos poderes mágicos o elevam muito acima dos homens comuns, embora não tão alto que dispense o uso de mentiras ou despreze o triste mercado de cada curandeiro, a venda de feitiços, de encantamento e criadores de raça, em troca de poder sobre seus concidadãos! PEREIRA, J.C., Epistemologia e Liberalismo - Uma Introdução a Filosofia de Karl R. Popper: 153
Na mosca:
O FBI investiga denúncias de fraude contra os gigantes financeiros Lehman Brothers, Fannie Mae e Freddie Mac, e contra a seguradora AIG. A apuração inicial foi ampliada e agora inclui 26 companhias cotadas em Wall Street. (Invertia, 23/0/2008)
"NYT" 21/10/2008 mostra como a legislação permitiu a "proliferação de grandes doadores" para ambos os candidatos, inclusive Lehman Brothers, AIG e outras empresas que se perderam na crise financeira."
Mantenho totalmente a disposição encetada há meio ano. Um colapso financeiro prejudica, e muito, o fluxo do desenvolvimento, mas é incapaz de liquidar com a produção, ainda mais no estádio mais produtivo do mundo. O dinheiro apenas serve para representar a riqueza. Não tem o poder de substituí-la, muito menos possuiria força gravitacional para engolfar o gigante no buraco-negro que lavra. (A deliberação da crise) Recente premiado Nobel de Economia concordaria:
As considerações econômicas são meramente aquelas pelas quais conciliamos e ajustamos nossos diferentes propósitos, nenhum dos quais, em última instância, é econômico (exceto os do avarento ou do homem para quem ganhar dinheiro se tornou um fim em si mesmo. 
SEN, Amartya: 328 
NOTA DA REDAÇÃO:- SETEMBRO DE 2011: EUA processam 17 bancos por crise financeira de 2008
A Nav's ALL se rejubila em ter indicado, com tres anos de antecedência, o que hoje se confirma. A crise desencadeada não era em razão da economia, muito menos em função de créditos imobiliários, mas fruto de um conluiu interbancário,  golpe perpetrado simultaneamente por várias delegações financeiras, exatamente como aconteceu por aqui. A diferença é que os norteamericanos não estão dispostos a arcarem com o rombo, e assim enquadram os criminosos de colarinhos já amarronzados.
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.A ESTUPENDA PSICOSE causada pelo crack de 1929 volta-e-meia ataca o mundo capitalista. O terremoto foi de tal monta que suas ondas ainda percorrem o EspaçoTempo. A nuvem preta remete às lembranças do triste episódio. Renova-se o pânico nos investidores. Muitos procuram reaver seus créditos de modo instantâneo, ainda que custem deságios, ou desvalorizações. O tubarão se farta de tanta sardinha.
O descalabro de 1929 não aconteceu exatamente naquele ano. Ele veio preparado, e encorpado. O colapso foi cortesia do próprio Estado, através de deliberadas e constantes intervenções nos campos jurídico, econômico, tributário e social. Os objetivos eram perfeitamente delineados, mas absolutamente escusos. Tampouco findaria num passe-de-mágica, mas nos anos 30 o americano primou pelo jogo de cena. Salvou o Eua cavalar dose de sorte. Diverge do presente, ainda que também seja produto, cópia parcial da artimanha.
Um plano, deveras, maquiavélico
A trapaça, a má-fé e a duplicidade são, infelizmente,
o caráter predominante da maioria dos homens que
governam as nações. FREDERICO II, O Grande, cit. CHALLITA: 156.
Os americanos saíram vitoriosos da I Guerra, mas o horror perpetrado pelos bolcheviques suplantava qualquer comemoração. O receio da moda cruzar o Alaska fazia tremer até esquimó. A alcatéia e o esperto Keynes (cit. Strathern: 224) vislumbraram a freeway:
Estamos hoje no meio da maior catástrofe econômica – a maior catástrofe devida quase inteiramente a causas econômicas – do mundo moderno. Sustenta-se em Moscou a idéia de que é a crise final, culminante no capitalismo e que nossa ordem existente da sociedade não sobreviverá a ela.
Com o susto e a desgraça geral, Keynes soube aumentar seu patrimônio pessoal: de 16.315 libras, chegou a 411.238 - equivalentes a 10 milhões de libras em valores atuais - quando morreu. (Idem: 35)
O malandro constituia a cabeça-de-ponte a um exército de corretores, burocratas, entidades financeiras, advogados, políticos, e economistas. Empanturraram-se com o farto alimento. Forraram o poncho com o infortúnio alheio. Enquanto a maioria dos investidores se descabelava, JOSEPH PATRICK "JOE" KENNEDY colhia o ensejo para lucrar a metade do que o gay de Cambridge levara quinze anos para abiscoitar.
Os grandes banqueiros e industriais emergiram nessa época. Firmas de Wall Street - como Belmont, Lazard e Morgan - com apenas 15 anos de existência, ocupavam lugar de destaque na economia.
Gleiser, I.: 211
Estamos explicados?
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Tsunami legiferante
Naquela década fatídica os Sobrinhos do Capitão sucumbiam por duas ondas entrecruzadas, mas ambas oriundas do transatlântico governamental: a primeira, de origem legislativa, positivista, coibia uma série de atividades comerciais e industriais, em nome de uma falsa moralidade. A Lei Sêca consagrou a prepotência oficial, para proveitos pessoais:
A capital do país, Washington, tinha trezentos bares licenciados antes da Lei Seca: agora havia setecentos bares clandestinos, supridos por quatro mil fornecedores. Tudo isso era possível em função da corrupção total em todos os níveis. Assim, em Detroit, havia vinte mil bares clandestinos.
(Johnson: 174)
Marx vaticinara o fim da civilização capitalista. "O homem se fazia lobo do homem". A Rússia fechou a cortina. Spengler publicava o best-seller Declínio do Ocidente. Leviathan tinha que agir. Tudo, menos o comunismo:
"O voto a favor de Hitler é apenas um sintoma, não necessariamente do ódio pelos judeus, mas de um ressentimento momentâneo provocado pela miséria econômica e o desemprego entre a juventude alemã mal conduzida." (Cit. Brian: 222)
“O Führer era idolatrado não somente em sua terra natal; tinha adeptos em número considerável de americanos barulhentos e vociferantes.” (Idem, Einstein, a ciência da vida, p. 329)
O nazismo americano

Tsumani financeira
Enquanto o povo se distraia com a violência protagonizada pelos D. Corleones, AL Capones, e pelas espetaculares ações policialescas, o Banco Central americano encetava um enxugamento monetário gradual, constante e irrestrito. Aos poucos, cada vez menos cédulas estavam em circulação. Para completar, tratou-se de "exportar" os "capitais excedentes", e logo para quem:
"Entre 1924 e 1929, portanto em apenas cinco anos, os Estados Unidos havia destinado, nada menos do que 30 bilhões de dólares a Berlim." (Levenson: 351)
Era o que buscava a politicalha da ocasião: uma forte recessão para justificar o golpe fascista, que tanto veneravam, e que seria perpetrado por Roosevelt, a suprimir até o padrão-ouro, em nome de um novo sonho, na verdade um pesadelo, ardil do New Deal, só aliviado com a chegada dos despojos alemães e japoneses :
"Em 1929, as despesas federais para todos os bens e serviços montavam a 3,5 milhões de dólares; em 1939, eram de 12,5 bilhões." (Galbraith, 1968: 251)
Ao Current History Magazine (cit. Rothbart: 41) a manobra era flagrante, e culminaria, como de fato se sucedeu, na ascendência do Estado, frente ao cidadão. Para chegar ao colapso, a estratégia foi levado a cabo no tridente:
1) Aumento da taxação sob todos calibres, desde imposto de renda à criação de outras rubricas, todas a expropriar os recursos da produção, por conseguinte, dos cidadãos;
2) Aumento vertiginoso na taxa de juros, elemento que represou os capitais dentro das caixas-fortes, portanto, deixando de oxigenar a produção, e por conseqüência, toda Nação;
3) A "exportação" das divisas, mormente aos fascistas e nazistas de todas nações, os "heróis" anticomunistas.
Para finalizar, o que não estava no roteiro, mas que permeou todas essas relações, previsível porque no caminho da floresta: o fascismo americano ensejou a corrupção em larga escala.
Em apenas três anos após a crise de 1929, a produção industrial norte-americana reduziu-se pela metade. A falência atingiu cerca de 130 mil estabelecimentos e 10 mil bancos. As mercadorias que não tinham compradores eram literalmente destruídas, ao mesmo tempo em que milhões de pessoas passavam fome. Em 1933 o país contava com 17 milhões de desempregados. Diante de tal realidade o governo presidido por H. Hoover, a quem os trabalhadores apelidaram de "presidente da fome", procurou auxiliar as grandes empresas capitalistas, representadas por industriais e banqueiros, nada fazendo contudo, para reduzir o grau de miséria das camadas populares. A luta de classes se radicalizou, crescendo a consciência política e organização do operariado, onde o Partido Comunista, apesar de pequeno, conseguiu mobilizar importantes setores da classe trabalhadora.
A Redenção
Casualmente, tão torpe tática hoje fulgura no Brasil*, mas não na América do Norte, também por três mais notáveis motivos:
1) Não há mais comunismo; não há mais temor de derrocada capitalista; não há mais justificativa de fortalecer os blocos da direita. A história acabou:
Lester Thurow se utiliza desta imagem potente para invocar cinco forças econômicas que, como afirma, moldam o nosso mundo material, seja ele econômico, seja político. Para ele, essas cinco forças são: o fim do comunismo; mudanças tecnológicas para uma era dominada pela inteligência humana; uma demografia inédita e revolucionária; uma era multipolar que desconhece qualquer tipo de dominância econômica, política, ou militar por qualquer nação.(Raimar Richers, prefácio de Thurow: 7)
2) Diferentemente do praticado na década de vinte, hoje o mundo se encontra globalizado. O ator principal é justamente os EUA. Isto quer dizer que a moeda americana não mais se restringe ao dólar, tampouco ele é circunscrito às suas fronteiras. Mesmo que houvesse a macabra intenção de renovar o enxugamento, os dólares espalhados pelo exterior equilibrariam o desatino. Ademais, seu páteo recebe moedas de todos os cantos do globo; investimentos e lucros de variada intensidade irrigam o amplo jardim, de dentro para fora, e de fora para dentro, no frenético ritmo do tempo real. Deste modo, diferentemente daqui, mesmo que fosse retirado do mercado a metade dos dólares circulantes, somente o percentual de moeda estrangeira, somado ainda ao crédito internacional, e o circulante no exterior seria forte para garantir a estabilidade financeira da Nação.
3) O crime está controlado. Os EUA tem a experiência anterior para evitar a estupidez; e desde Reagan sua economia só cresce, à despeito dos incompetentes e até alienados governos que por lá vem se instalando.
Poderá alguém levantar os gastos com a invasão do Iraque, que de fato são de monta. Porém, a julgar pela descomunal extração de petróleo, a conta está sendo bem paga. De todo modo, não seriam seis meses de publicidade terrorista que colocariam por terra a opulência do Tio Sam. Basta conhecer apenas uma cidade, que pode ser das médias, que se pode ter certeza, absoluta, de que sua economia é simplesmente inabalável, porque calcada na tradição, sim, mas também na criatividade, na tecnologia, no conhecimento, além da pura matéria em si. Apenas uma delas, qualquer das cidadelas, e nem precisa ser das maiores, produz muito mais do que a grande maioria dos estados brasileiros. Ou será que alguém, de sã consciência, pode cogitar que uma Boeing, GE, Coca-Cola, ou Microsoft, que tal a NASA, para não falar de centenas de outras gigantes, e das milhares de pequenas e médias multinacionais que por lá tem sua matriz, possam todas, de repente ou mesmo em cascata, tornarem-se insolventes por causa de uma "crise imobiliária", que nada tem a ver com a produção? Não parece mesmo muita cascata, coisa vigária? Que diria um PROUDHON? ( P.-J., Filosofia da Miséria, Tomo I: 351.)

O comerciante está convencido de que a lógica é a arte de provar à vontade o verdadeiro e o falso; foi ele que inventou a venalidade política, o comércio de consciências, a prostituição dos talentos, a corrupção da imprensa. Sabe encontrar argumentos e advogados para todas as mentiras, todas iniquidades. Somente ele nunca se iludiu sobre o valor dos partidos políticos: julga-os todos igualmente exploráveis, isto é, igualmente absurdos... Ele mente em suas reclamações, mente em suas informações, mente em seus inventários; exagera, atenua, aumenta; ele se considera como o centro do mundo.
A ficção não é apropriada à produção, mas é aliada da especulação, e especialmente da corrupção. A crise imobiliária é fictícia. Por lá há financiamentos para tudo que é tipo de aquisição de produtos, mormente mobiliários, capitais-de-giro, etc. Lanchas, aviões, passeios, doenças, freqüências colegiais, eletrodomésticos, para o que se imaginar, enfim, existe crédito financeiro. Bens considerados totalmente supérfluos recebem incentivos creditícios. Os cartões-de-crédito, que já circulavam aos milhões, multiplicaram-se geometricamente com o advento da Internet. Seriam os donos de moradias os aplicadores do primeiro calote, e todos ao mesmo tempo? Logo os chefes-de-família, teoricamente o status mais responsável da Nação? Mas qual a razão? Desemprego em massa? Digo, desemprego só aos que adquiriram moradias? Viraram eles caloteiros de uma só vez? Ou suas aquisições se desvalorizaram de modo abrupto, em um ano, a ponto de não interessar mais pagá-la, nem para quem já se encontra na reta final do cumprimento da obrigação? Improvável. Nem maestro atingiria um movimento tão allegro. Mas o que aconteceria, se o fenômeno em algum filme se abatesse? Não seriam os próprios bancos, titulares das hipotecas, que enriqueceriam vertiginosamente, encorpando seu patrimônio com ativos reais pela metade do preço, em muitos casos, em raros pelo preço real? Não; essa é dura. É de amargar.Os bancos escondem o dinheiro dos correntistas, e inventam estórias.* Semelhante a 1929, sim, não com a mesma amplitude; porém bem maior do que o golpe perpetrado no Brasil de 1995, compositor do famoso Dossie Cayman.

As filas da Grande Depressão de 1929, em busca do dinheiro,
em contraste com o tumulto pelo gasto do dinheiro, no Natal de 2008.
No Brasil, as vendas de fim-de-ano nos shoppings cresceram 3,5% em comparação com o 2007 segundo a Associação Brasileira de Lojistas de Shoppings (Alshop).













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Manchete de 1/2/2009
Notável diferencial com nosso modelito: os bancos americanos são espraiados, de cidades, não nacionais. E, como vimos em 1929, não são centenas, mas milhares. Se algum estabelecimento for à bancarrota, o efeito será insignificante.
At last, but not least, a história é flagrante: qualquer banco só quebra por gestão temerária. Mais claro: se gerenciado por gatuno, ou se exercido de modo acentuadamene especulativo, em jogos de mercados de capitais, em apostas no futuro, e por manager suicida.. Neste caso o banco não age de acordo com seu objetivo social, mas com o intuito do dono. Considerando-se que o volume que dispõe supera por milhões de vezes as parcas economias individuais, é trivial cogitar que são os bancos que fazem o elevador subir, ou descer, conforme seu belprazer. Não obstante, se alguém perder o elevador, do outro lado tem alguém ganhando. O dinheiro não some; apenas troca de mãos. Portanto, à macroeconomia não fará a menor diferença; ou até pelo contrário: haverá uma redistribuição de renda, que torna o mercado mais equilibrado. Exceto no período que o dinheiro estiver na geladeira, aguardando o momento apropriado para entrar em jogo. É o que acontece. Essa propalada "crise americana" é apenas fruto da ganância de alguns desses maiores banqueiros, casualmente patrocinadores das campanhas presidenciais. Não por acaso, são os mesmos que especulam em mercados de capitais, alhures. Por lá tem banco até com nome de pirata. Geralmente é ele quem agita o pano vermelho, para enfiar sua espada. Embora suas garras se estendam até ao fim-do-mundo, isto é, até no Brasil, sua interferência doméstica, contudo, é bastante restrita, encerrada na Wall Street. A crise é localizada apenas nos redutos de bolsas-de-valores, facilmente manipuláveis. Como os valores daquele country são de tal magnitude que não cabem em nenhuma bolsa, fica óbvio e patente que tais anúncios visam, apenas, o estouro da boiada, para o cowboy laçar o boi que lhe apraz*.
Na mosca:
O procurador-geral de Nova York, Andrew Cuomo, acusou executivos do Merrill Lynch de 'irresponsabilidade corporativa' por pagarem, em segredo, bonificações no valor de US$ 3,6 bilhões enquanto o banco se beneficiava de ajuda estatal. Em Washington, a Câmara recebeu dirigentes dos bancos Bank of America, Bank of New York Mellon, Citigroup, Goldman Sachs, JPMorgan Chase, Morgan Stanley, State Street e Wells Fargo para dar satisfações sobre o dinheiro público gasto pelas instituições. Os banqueiros não foram poupados de críticas pelos congressistas e manifestaram arrependimento pelo uso que fizeram da cifra bilionária do plano de resgate. UOL, 11/2/2009
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* Pessoal  mais atilado anda sintonizando a Nav's ALL. Conceituado analista corrobora exatamente o prenúncio: 
A crise mundial de 2008 foi um fenômeno conhecido por zoólogos como o estouro da manada. Ela ocorre quando os machos alfa se assustam por alguma razão, seja um vulto de leão, um relâmpago ou um trovão. Sem analisar a situação por um segundo, fogem em pânico, na esperança de que comido será o bezerro retardatário. As fêmeas, surpresas, fogem atrás, seguindo "o nobre exemplo" do macho alfa em disparada. Os primeiros a sair gritando "fogo", numa casa de espetáculos, e dizendo que "200 bancos americanos vão quebrar e o mundo vai derreter" foram os machos alfa. O alfa dos alfas, o diretor-geral do FMI, saiu a público afirmando que as bolsas iriam derreter 20% em dois dias, algo que uma pessoa na sua posição jamais poderia dizer. Boa parte daqueles que saíram resgatando fundos de investimento foram pessoas inocentes, que confiavam nos profissionais do Fed e do FMI.
Stephen Kanitz, Revista Veja, Editora Abril, edição 2085, ano 41, nº 44, 5 de novembro de 2008, página 24
A ficção da crise
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Na mosca: 
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E dê-lhe blefe!
Mal concluí este approach, lá vem a falta de imaginação açoitando o texano invasor, desesperado no apagar das luzes. Haja maracutaia; e tome artifício:
"O governo norte-americano anunciou nesta segunda-feira, 31/3, a maior reforma no sistema de regulamentação financeira desde 1929, quando o país enfrentou a Grande Depressão. O projeto também daria ao Federal Reserve mais poder para 'proteger a estabilidade do sistema financeiro', enquanto que a supervisão bancária diária estaria a cargo de uma agência, e não de cinco, como acontece atualmente. (Mas bah, tchê, que golpe!)

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos anunciou o plano de 218 páginas em um discurso nesta segunda. Segundo ele, um sistema financeiro forte é importante não apenas para Wall Street mas também para os trabalhadores americanos. (NÃO É VERDADE. Wall Street concentra meia dúzia de empresas; e os EUA, milhares. Eis a confissão da safadeza.)
O plano do governo gerou críticas dos Democratas. O plano contempla a criação de uma super agência (Féliz hc fez escola com agências) encarregada da conduta empresarial e da proteção dos consumidores, a qual realizaria muitas das funções da atual Comissão de Valores e Câmbio. Paulson admitiu no discurso que a maioria das mudanças só ocorrerá depois de um intenso debate no Congresso, deixando ao próximo governo a negociação das maiores alterações propostas. (Vai ficar nisso mesmo, só alarde. De novo, os profetas do apocalipse, em prol do tubarão. Como parece nítida a
vitória de Obama, é evidente que o anúncio não prosperará; sequer foi lançado para vingar, mas apenas assustar incautos.)
Meu prezado leitor (a), volte daqui há 30 dias, ou quando quiser. Despeje seus desaforos, se estivermos errados. Os comentários são abertos. Vai ser difícil: ALL enxerga longe, mais do que a Águia, porque voa na estratosfera, e muito bem acompanhado.
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* NA MOSCA, com 1 ano de antecedência:



Foram os bancos privados nacionais os maiores responsáveis pela baixa do crédito depois da explosão da crise.
(Vinicius Torres Freire, Folha de São Paulo, 25/4/2009)
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*Greenspan interceptou o rádio da Nav's ALL:
07/04/08 - O ex-chairman do Federal Reserve, Alan Greenspan, se defendeu das acusações de que políticas menos rígidas nos Estados Unidos criaram a atual crise de crédito ao inflar a bolha imobiliária, e culpou os investidores profissionais pela crise." (Fonte: Reuters) Ou seja: os "profissionais" precisam que a escada abaixe, para poderem subir.
* 8/4/2008: "Juro elevado torna Brasil vulnerável, diz BID".

(Isso vi em 15/11/1995. De lá para cá, a Nação está de joelhos, e nada tem a ver com crise imobiliária, mas com falta de vergonha na cara.)
* 8/4: Megaespeculador vem a público declarar:

"O Brasil é uma das nações mais preparadas para enfrentar a crise de crédito mundial, na opinião de George Soros. 'Com agricultura, minérios e crescimento doméstico, o Brasil é uma das economias mais bem posicionadas atualmente (para enfrentar a crise)'. 'O Brasil é uma das economias mais prósperas do mundo', disse, lembrando que ele próprio é um investidor no País, em produção de etanol." (Estadão.)
Eis, por fim, a razão de seu depoimento: está engajado no governo brasileiro. Segundo se depreende das suas assertivas, Tio Sam, coitado, deve ter uma agricultura fraca, desprovida de minério, e pífio crescimento doméstico. Vai ver é isso que está ocasionando sua "crise".

O fim da estória
Amanhã completa o mês desta análise que tomamos a iniciativa de encetar.
O que se sucedeu?
1) Os EUA baixaram os juros, por ordem do "sensível" Presidente.
2) Wall Street se recupera. Até pode haver alguma marola remanescente, afinal o tubarão fez muito estardalhaço. Mas já deve estar com o papo cheio. Hoje ouvi notícias do pirata: Morgan apresenta estupendo lucro. Pronto. Pode ir nanar.
3) As bolsas do mundo, depois de duas semanas de ressaca, apresentam magestosa onda.
4) O Brasil anunciou a descoberta de Megapoço. Em seguida, nossa bolsa tomou a velocidade das demais.

5) Por causa de tudo, ou apesar de tudo, haverá anúncio de aumento de juros em nosso país.
6) Hoje anunciam aumento de inflação, mas nossa moeda se valoriza perante as demais.

Como digo, narizes de Pinocchio e das aves bicudas não são à-tôa. Servem para bem identificá-los.
O alarde americano e o agito do pano vermelho da inflação levam ao despropósito do aumento de juros.
Na verdade, em vez de inflação, vivemos uma esdrúxula, absurda e absolutamente desnecessária recessão, precisamente desde 15 de novembro de 1995. A estratégia desse aumento de juros é a do bode-na-sala.
No correr do ano, como no correr da década de Roosevelt, ele irá para o elevador, e daí, provavelmente, seguirá o rumo do Prata, como sói acontecer.
De todo modo hoje estou aliviado, e até realizado. Esta abordagem foi, de longe, a mais acessada. Em que pese jamais me exigirem responsabilidades, trato sempre de mantê-las, para também bem lhe
manter, em cadeira cativa, aqui dentro do coração da Nav's ALL.
* * *
45 dias após, surge a outra notícia aqui antecipada:
PIB dos EUA cresce mais que o previsto no 1º trimestre.
"SÃO PAULO - A economia dos Estados Unidos registrou expansão de 0,6% no primeiro trimestre deste ano, de acordo com primeira estimativa do
Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA no período, divulgada nesta quarta-feira, 30, pelo Departamento do Comércio americano. O resultado mostra que a economia norte-americana cresceu mais que o esperado no início de 2008, ajudada pelo aumento dos estoques que compensou a deterioração do setor imobiliário e o gasto menos vigoroso dos consumidores."
Folha, 30/4/2008
Esses medidores, embora favoráveis, ainda assim não merecem meu crédito. Aquela economia avança em velocidade atômica, independentemente de qualquer "maquinista".
Mais dois dias, e confirma-se o primeiro prognóstico:
WASHINGTON, 2 de Maio de 2008 - "O Federal Reserve, o Banco Central dos EUA, reduziu sua taxa básica de juro em 0,25 ponto percentual no que pode ser o último de uma série de cortes com o objetivo de ajudar uma economia atingida pela crise do setor imobiliário e pela turbulência no mercado de crédito."
3 meses depois:
O JPMorgan Chase, terceiro maior banco dos Estados Unidos, informou nesta quinta-feira um lucro lucro de 0,54 dólar a este segundo trimestre.
Analistas consultados pela Reuters Estimates esperavam lucro de 0,44 dólar por ação. (Estadão, 17/julho/2008)
* * *
Passados mais 15 dias, surge a confissão do blefe. Ninguém menos do que o próprio presidente do banco central dos Estados Unidos, Ben Bernanke afirmou:
WASHINGTON -17/5/2008 - "Os testes adequados de estresse podem permitir um melhor entendimento de como será o desempenho (das obrigações da dívida colateralizada) sob condições extremas do mercado."
O alarde visava apenas treinamento.
Pronto. Muito grato pela confiança.
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70 dias depois da predição ao nosso país
25/5/2008 - Mercado eleva projeção de inflação e juros para 2008
29/5/2008 - Inflação mais que dobra e fica em 1,61% em maio. folha
1/5/2008 - O Banco Central (BC) vai recorrer novamente ao aumento da taxa básica de juros (Selic) para reduzir o crescimento do consumo das famílias ao nível de 6% e controlar a inflação.
Papo furado. “O juro não depende do valor da moeda, mas da sua quantidade”
(Smith, A., Inquérito sobre a natureza e as causas da riqueza das nações, 1999: 26).
E a quantidade, bem o sabemos, é regulada pela Casa da Moeda. Portanto, é por ela, e não pela taxa de juros, que se coibe a inflação.

170 dias após nossas predições:
* "A economia americana registrou um crescimento de 3,3% no segundo trimestre deste ano, após revisão do dado preliminar divulgado no mês passado --que havia mostrado uma expansão de 1,9%. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pelo Departamento do Comércio."
Folha de São Paulo, 28/08/2008.
*
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, comemorou nesta quarta-feira o resultado do Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), medido pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e que apresentou deflação de 0,32% em agosto. 'Fiquei muito satisfeito com IGP-M de hoje que deu negativo, deu deflação, que significa que estamos desacelerando a inflação no mundo e no Brasil e, portanto, podemos dizer que a inflação está sob controle e deveremos ficar dentro da meta", disse o ministro.' Invertia
Comemorar deflação é coisa de mero contador, gente sem noção das conseqüências, mas fazer o que? Quem sabe lhe endereçar aquela obra intitulada
As Vinhas da Ira?
De todo modo, é uma inverdade, contada como vantagem. Coisa de ingênuo, a julgar apenas por sua fisionomia, porque não posso supor tanto maquiavelismo.


O ano consagra nossas projeções
O número de construções de casas nos Estados Unidos registrou avanço de 22,2% em fevereiro, chegando a uma taxa anualizada de 583 mil unidades. O resultado surpreendeu analistas, que esperavam uma nova queda, depois de o índice ter atingido um patamar recorde de baixa em janeiro. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo Departamento do Comércio. Os pedidos de financiamento para compra de imóvel residencial subiram 7,1%, na comparação semanal, enquanto os pedidos de refinanciamentos tiveram alta de 13,3%. Os pedidos de refinanciamento representaram 67,9% do total apurado pela MBA, contra 66,9% uma semana antes.
Folha, 17/2/2009

NA MOSCA:
Se forem considerados os balanços semestrais de grandes bancos internacionais, é plausível perguntar por onde anda a crise financeira. No primeiro semestre deste ano, o maior banco alemão, o Deutsche Bank, apresentou um lucro de 2,3 bilhões de euros – quase cinco vezes superior ao balanço no mesmo período do ano passado.
Bancos registram lucros bilionários apesar da crise financeira
. - www.deutsche-welle.de, 28/7/2009
NO ALVO, de novo. Muito grato pelo prestígio e confiança.
A economia dos Estados Unidos cresceu mais que o esperado entre julho e setembro de 2010, segundo informou nesta terça-feira o Departamento de Comércio americano. BBC-Brasil, 23/11/2010

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