domingo, 9 de março de 2008

O "cientista" Bismarck


As grandes questões atuais não serão resolvidas por discursosou por decisões majoritárias - esse foi o erro de 1848 e 1849 -mas por sangue e ferro! Otto Von Bismarck 1
O TRAUMA PROVENIENTE do vandalismo napoleônico, a incidência dos apelos de Hegel ou ainda a ameaça de Marx eram motivos para reunir os germânicos em torno do Príncipe.
O cético britânico David Hume já expressara um hino, um incentivo, até previsão à unidade para a supremacia do povo alemão, algo que custou caro a seus próprios descendentes, quando sentiram as V-1 e V-2 caindo sobre suas cabeças:
“A Alemanha é um País excelente, sem dúvida, cheia de gente honesta e trabalhadora; se unida, seria a maior potência já vista no mundo”. (2)
Foi. Mas, antes, também foram os germânicos quem primeiro deram lições de paz, de civilidade, de cidadania, de liberdade:
“Quem ler a admirável obra de Tácito sobre os costumes dos Germanos verá que é deles que os ingleses extraíram a idéia do governo político. Este belo sistema foi encontrado na floresta”. (3)
Mesmo Maquiavel se obrigara a reconhecer:
"As cidades da Alemanha são absolutamente livres: cercadas por pequenas campanhas, elas obedecem ao Imperador quando bom lhes parece, não o temem, como não temem nenhum de seus poderosos vizinhos.” (4)
Antes da centralização espraiava-se , a Alemanha por 18 estados. Embora emergentes intelectuais propugnassem pela imediata reunião estratégica, em 1820 o liberalismo e a descentralização ainda se mantinham no Parlamento de Frankfurt. No fatídico 1848, todavia, alguns parlamentares tomavam a seu cargo a articulação dos interesses das classes trabalhadoras.. Almond e Powell, da Universidade Stanford, os flagraram:
“Eles não estavam respondendo a pressões e demandas encaminhadas de baixo, e sim agindo como guardiões independentes e voluntários desses interesses.” (5)
Vinte e cinco anos após, no Manifesto de Eisenach e na Liga de Política Social, nos movimentos de entendidos em economia e sociologia, escalaram-se G. Schmoller, Wagner, Shaeffle, Brentano, Cohn, Conrad, Engel, Held, Hildebrand, Knies, Knapp, Rosher, Neumann, von Scheel, Schonberg, time completo. Foram exitosos, proporcionando os argumentos definitivos para que o mundo tomasse conhecimento da existência de Bismarck. A história arranca a capa de homem que encobria este outro notável oportunista, uma das maiores raposas da política mundial de todos os tempos - Otto von Bismarck (1815-1898):
“Bismarck compreendeu muito bem o partido que poderia tirar das idéias do socialismo de cátedra: usou-as como um instrumento de luta contra o socialismo e como meio de expandir o poderio do Estado.” (6)
O jovem Einstein chegou a conhecê-lo:
“Mas quando o assunto das palestras se desviava para a política, e as pessoas começavam a falar em Bismarck e na ascensão do Império Alemão, Albert se assustava e saía da sala.” (7)
Bakunin conheceu Marx e Bismarck, e identificou:
Na verdade, essa assim chamada 'vontade popular' não é outra coisa senão o sacrifício e a negação de todas as verdadeiras aspirações individuais. Da mesma forma que o assim chamado 'bem comum' é simplesmente o sacrifício dos interesses individuais. Haverá uma nova classe, uma nova hirerarquia de verdadeiros e pretensos sábios e o mundo ficará dividido entre uma minoria que governará em nome da ciência e uma enorme maioria ignorante. Então essa massa ignorante que tome cuidado! Podemos ver como sob todas as fases democráticas e socialistas do programa do sr. Marx sobreviveriam no estado por ele criado e as características cruéis e despóticas de todos os Estados, seja qual for a forma de governo que se utilizam e que, em última análise, O Estado do Povo tão entusiásticamente recomendado pelo sr. Marx e o Estado aristocrático-monárquico mantido com tanta habilidade pelo sr. Bismarck são completamente idênticos tanto nas suas metas internas quanto nas externas. (8)
Bismarck foi o grande inspirador da "ciência política" ocidental. Não por acaso, depois de sua passagem o mundo entrou em convulsão. Passado mais de século, permanecem seus seguidores, notadamente na América Latina.

Veja o complemento:
A "ciência social" de Bismarck
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Notas
1. Discurso em 1862, cit. Edward McNall, Lerner, Robert E. e Standish, Meacham, p. 573.
2. Hume, David, cit. Lukács, John, O Fim do Século 20, p. 104
3. Montesquieu, Esprit des Lois, Livro XI, cap. 5.
4. Machiavelli, Nicoló, O Príncipe, Quomodo omniun principatuum vires perpendi debeant, De que modo devemos medir as forças de todos os principados, p. 61.
5.Almond, Gabriel A. e Powell Jr, G. Bingham, , p. 60.
6. Bismarck, Otto cit. Hugon, Paul, História das Idéias Políticas, p. 279.
7. Einstein, Albert, cit. Thomas, Henry e Thomas, Dana Lee, Einsten, perfil bibliográfico, A Vida do Grande Cientista: Einstein por Ele Mesmo, p. 53.
8. Bakunin, Michael, Obras, 1910, cit. Woodcock, p. 128.


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