sexta-feira, 7 de março de 2008

Breve intróito sobre Engels & Marx

Filho de advogado e conselheiro da justiça, o descendente judeu nasceu em Tréveris, capital da província alemã da Renânia (1818-1883); e o companheiro Friedrich Engels (1820-1895), em Bermen, também na Renânia. -
MANCHESTER HOSPEDOU a família de Engels. Já na juventude ele pode testemunhar o sofrimento operário, justamente com as ações do pai, dono de insignificante indústria. Algoz e tirano, o velho Engels influenciou diretamente a obsessão; e o pequenino Friederich saiu a condenar, de plano, o sistema que lhe permitiu nascer. Conquanto usufruia dos divertimentos da aristocracia, em especial com a criação de cachorros de raça, recusava o casamento com a amante Maria porque ela era ignorante e de baixa condição social. Em 1845 ele publicou o que entendia como A Situação da Classe Operária na Inglaterra. Abraçado a seu par, Karl Henrich Marx, Friederich fundou a associação “internacional” dos operários, a Primeira Internacional Comunista. A parceria ainda gerou A Sagrada Família, também de 1845, A Ideologia Alemã (1845-46) e o Manifesto do Partido Comunista (1848), tudo embalado na Internacional.
Individualmente Engels também foi “máquina”, acelerando Contribuição à Crítica da Economia Política (1859), A Origem da Família, da Propriedade Privada e do Estado (1884), e seu trabalho mais conhecido - o Anti-Duhring (1878), desconhecido por nosotros, macaquitos; neste, desenvolveu estudo sobre o papel da violência na história, ajudando a ensejar, curiosamente, o sucesso do artífice Georges Sorel e seu protagonista maior, o fascista Mussolini, arqui-inimigo da ideologia comunista que professou.
O comunismo ideal de Engels beira o sistema liberal-anárquico, autogovernado, nada mais nada menos do que o “abominável” laissez-faire, ideal a ser administrado sem centro nem hierarquia, no respeito à ética e ao direito natural, em última instância:

Sem soldados, gendarmes e policiais; sem nobres, rei, governadores, prefeitos ou juízes; sem prisões, processos, tudo segue seu curso normal. Todos os litígios e disputas são decididos pela coletividade dos que tem interesse no problema, pela genes ou pela tribo, ou então gentes singulares entre si. Embora os assuntos comuns fossem bem mais numerosos do que hoje (a administração comum a uma série de famílias, é comunal; o solo é propriedade da tribo - só as pequenas hortas são confiadas provisoriamente às administrações domesticas), não era necessário manter nem à sombra do nosso vasto e complicado aparelho administrativo. Os interessados decidem e, na maior parte dos casos, o costume secular já regulamentou tudo. Não pode haver pobres e necessitados: a administração comunal e a genes conhecem suas obrigações para com os idosos, os doentes e os órfãos de guerra.Todos são livres e iguais, inclusive as mulheres. (1)
O famoso assecla
Ele se casou com a filha de um membro da nobreza alemã, o seu cunhado era ministro do Interior prussiano, cabeça da polícia. Em sua casa servia a empregada, Helene Demuth, que nunca se casou e que seguiu o ménage Marx em todas as suas mudanças de residência. A Grã-Bretanha também tolerou a presença do bagual, corrido que já fora da Alemanha, da França por duas vezes e da Bélgica. Na grande ilha, ele pode bisbilhotar à vontade:
“Foi isso que Marx fez quando passou dezessete anos estudando nos arquivos ingleses: examinou todos os 'materiais' disponíveis para montar seu 'método de investigação'.” (2)
Dos materiais disponíveis, os de Adam Smith, Malthus, Ricardo e até Darwin arrebatar-lhe-iam a atenção. As provas trazidas pelo turista do Beagle foram incorporadas para emprestar respeitabilidade à sua elocubração, embora nem mesmo o viajante entendesse e até advertisse - sua tese “nada tinha a ver com Economia”. (E muito menos com o Direito.)
Engels se encarregou de elucidar:
“Assim como Darwin descobriu a lei da evolução na natureza orgânica, do mesmo modo Marx descobriu a lei da evolução na história humana.”(3)
Parafraseando Kepler no estudo das mecanicistas leis interplanetárias e percorrendo a picada de Newton, Comte e Darwin, Karl transplantou-os a seu tempo e lugar, já no prefácio de O Capital: “O alvo final desta obra é expor claramente a lei do movimento na sociedade moderna.”(4)
Agarrado na obsessão de ver o mundo “justamente dividido” pela interveniência não se sabe de quem, pois o Estado era execrado, o bronco utilitarismo de Bentham e Mill lhe foi totalmente útil, até porque cúmulo do pensamento encadeado desde Maquiavel e Rousseau; comprometido com essas teses e robustecido pelo primo soro darwiniano, o marxismo nasceu e cresceu considerado “cientificamente democrático”, “avanço da ciência política”, pretensão expressada pela famosa frase que abre o 18 Brumário:
“Os homens fazem sua própria história, mas não a fazem a partir de elementos livremente escolhidos, em circunstâncias escolhidas por eles, mas em circunstâncias que eles encontram imediatamente diante de si dadas e herdadas do passado.”
O marxismo prometia a fartura espraiada. Para quem se julgava náufrago, qualquer sombra vinha a calhar. Os trabalhadores se prestaram ao orquestrado intento.
Alexis de Tocqueville pode ser cientista e profeta; num discurso à Câmara, predisse a estupidez que seria levado a cabo na Rússia, Cuba, China, Alemanha, Itália e em muitos outros, no século seguinte, por razões que nada tinham com o passado.
“As classes trabalhadoras estão formando gradualmente opiniões destinadas não só a modificar esta ou aquela lei, ministério e até mesmo forma de governo, como a própria sociedade.”(6)
Na confusão de Paris (1848), lá estava o astuto com Engels oferecendo ao mundo o célebre Manifesto Comunista. O companheiro do Quartier Latin, Bakunin ( cit. Woodcock, G.: 36) presta o testemunho:
Eu e Marx éramos amigos naquela época e nos víamos com frequência. Eu o respeitava pela sua sabedoria e pela dedicação séria e apaixonada, ainda que misturada a uma certa dose de vaidade, à causa do proletariado. Costumava ouvir atentamente sua conversa inteligente e instrutiva, mas não havia intimidade entre nós. Nossos temperamentos não se adaptavam: ele me chamava de idealista sentimental - e estava certo. Eu o chamava de vaidoso, traiçoeiro, e ardiloso - e também estava certo!
A teoria marxista se esvai na metafísica.

Quando o próprio mundo físico ainda não foi completamente sistematizado, pressupor ou 'descobrir' um sistema na História, sem os meios e a liberdade que a vida toma e não pensar nem como cientista nem como historiador. É de fato uma tentativa de remover dificuldade da história ao preço da destruição do seu único mérito e interesse. (5)
Os infortunados passageiros, adeptos e não, de todas as estações do globo, portadores das fichas de embarque vermelhas, cunhadas de foice e martelo, embarcaram, com suas valises repletas de ideais e interesses, com destino ao além, em trágicos destinos, nefastos desígnios, insanos, medíocres e cruéis momentos proporcionado pelo maior e mais caro ardil, para não dizer crime, da história da civilização, até pelo número de envolvidos e vitimados.
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Veja
:
A tragédia científica da proposição "social"
_________
Notas
1.Engels, F., cit. Bobbio, Norberto, A Teoria das Formas de Govêrno, p. 169.
2. Marx, K., cit. Haguette, Teresa Maria Frota, Dialética, Dualismo Epistemológico e Pesquisa Empírica, p. 173.
3. Marx, Karl, Engels, F., cits. Althusser, Louis, Posições 1, p. 70.
4. Marx, Karl, Das Kapital, prefácio.
5. Hayek, F., Os erros do socialismo - A Arrogância Fatal, p. 76.
6. Tocqueville, Alex, cit. Mayer, J.P., Recollections of Alexis de Tocqueville: 11.


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