quinta-feira, 13 de março de 2008

A conta do vigário Keynes

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JORNAIS ANUNCIAM superavits comerciais, crescimento de
Produto Interno Bruto, e desvalorização do dólar. São unânimes.
Todavia, nenhum oferece a menor justificativa. Dizem que agora as
famílias gastam mais. Como a notícia é de hoje, vai ver foi ontem que começaram.
Tais notícias não são provenientes de salas de redação, tampouco efetuadas por
repórteres.
São apenas press-releases, oriundos de uma fundação que leva o nome
do maior ditador que sobre o Brasil se abateu.
Naturalmente, elas continuam à
serviço do marketing leviatânico pelo qual foi criado o veículo.

A desvalorização do dólar é tão acentuada que o governo manifesta a preocupação de segurá-lo. Bush não anda cuidando bem de sua moeda. Já que o real é o meio de pagamento que mais se valoriza no mundo, nada melhor do que a plêiade de São Bernardo para reanimar Tio Sam.
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A nenhum país é dado crescer materialmente concomitante ao "padrão medieval do ensino brasileiro"*; à venda desenfreada de diplomas universitários; de carteiras de motorista; ao recrudescimento dos crimes de todos matizes; crescente índice de divórcios; do tráfico; inadimplência; do desemprego; da proliferação dos concursos públicos; das fraudes nos concursos; em selos; às entidades de pilantropia; circulação crescente de moeda falsa; da lotação nas igrejas; de invasão de propriedades; dos consultórios psiquiátricos; às demandas forenses; ao aumento bancas de advocacia; dos despachantes judiciários; do contrabando; da jogatina desenfreada; do aumento dos acidentes; de pé-de-ágios; de apagões; de oligopólios aéreos; de doenças como a dengue; da profileração da corrupção, em todos os níveis e poderes; da maior taxa de juros do mundo; de multas patrimoniais; impostos de 40% sobre a produção; do maior imposto sobre a renda, que se conhece**; ao centralismo da arrecadação; às "medidas provisórias"; à regulamentação crescente; ao êxodo em massa; ao cerceamento da informação.
Esses dados são completamente ignorados pela tal fundação. Se algum país, apesar desse elenco, apresentar saldos favoráveis, é um fenômeno mundial, e merece ser passivo de toda a atenção da comunidade científica.
Visando elidir tanta falsidade, tanta perfídia impregnada, a Nav's ALL alinha sua proa na caça do grande gurú capitalista do século passado, na verdade mercantilista, alfaiate fascista, molde pelo qual criativos macaquitos divertem a corte. Se o método é o mesmo, o superavit dependerá de uma Grande Guerra. Estaremos preparados?

Começamos com as orações de Paulo Johnson, e de Karl Popper, bem apropriados aos programas de farta distribuição de recursos extorquidos da produção em prol de um inútil, ineficaz e estéril proselitismo, infantil, exceto para quem o executa, sempre ávido em de antemão retirar sua parcela.

Conta de faz-de-conta
O Estado comprovou ser um gastador insaciável, um desperdiçador incomparável. Na verdade, no século XX, ele revelou-se o mais assassino de todos os tempos o político fanático oferecia o New Deal, Grandes Sociedades, e Estados de Bem Estar Social; os fanáticos atravessaram décadas e décadas e hemisférios; charlatães, carismáticos, exaltados, assassinos de massas, unidos pela crença de que a política era a cura dos males. (1)
JOHN MAYNARD KEYNES (1883-1946), o engenheiro de papel 2 mais reverenciado do século XX, veio ao mundo no marcante ano dos nascimentos de Benito Mussolini, Getúlio Vargas, e da morte de Karl Marx. Da “Cambridge-geradora-de-Newton” o astro atingiria o sucesso com o slogan de Newton da economia (Emma Gori, cit. De Masi,, 2000: 143), mas no College obteve fama de hermafrodita mental.3 (2)
Para Oskar Morgenstern (Strathern: 242) ele não passava de um
charlatão científico.

O primeiro mecânico das finanças formulava um antídoto capitalista às reivindicações marxistas, cujo ímpeto tanto assustava os “homens de bem”:
Estamos hoje no meio da maior catástrofe econômica – a maior catástrofe devida quase inteiramente a causas econômmicas – do mundo moderno. Sustenta-se em Moscou a idéia de que é a crise final, culminante no capitalismo e que nossa ordem existente da sociedade não sobreviverá a ela.
KEYNES, J.M., cit. STRATHERN: 224
Jean-Babtiste Say, (cit. idem: 113) da famosa escola fisiocrata, já havia dado ênfase à imunidade do capitalismo, mercê da auto-regulação. Sem nada a equalizar, entretanto, o que restaria ao oportunista? Sem constrangimento, Keynes teve a coragem de começar proclamando: "Pela primeira vez em mais de dois séculos, Hobbes tem mais a nos dizer que Locke" (Carta a Sterling P. Lamprecht; cits. Skidelski: 15)
O Leviathan superdimensionado, onipresente, adentrou com o adereço:
"O medo atingiria o povo e a liderança seria entregue àqueles que oferecessem uma saída fácil, a qualquer preço. A época estava madura para a solução fascista." (Polanyi: 275)
Entre números e trapaças, nossa atração provou desconhecer a história de seu povo; mas, tal qual Marx, soube valorizar a disciplina escolhida, “a mais apta para regular o sistema social”, mais simples do que qualquer outro postulado ético ou jurídico. Ambos se valeram do laço epistemológico de Platão, Maquiavel, Galileu, Bacon, Descartes, Rousseau, e das quimeras de Hobbes, Newton e Hegel. Marx não pode refutá-lo, mas o inverso aconteceu:
"Os economistas passaram quase todo o século XX encantados com a pseudopanacéia keynesiana e com a venenosa serpente marxista." (Iorio: 134)
Aristóteles (Ética a Nicômano, cit. Sen: 328), o favorito de Locke, de William Petty
4 e de Adam Smith, já advertira sobre os perigos e miragens que a riqueza em si e, por extensão, a ciência econômica, inebriada no brilho que cega tudo o mais, enseja:

"Evidentemente a riqueza não é o bem que buscamos, sendo ela útil apenas no interesse de outra coisa."
Não é oportuno avisar o pessoal?
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Notas
2 Papel-moeda.
3 Outorga de Leonard Woolf, colega de Bloomsbury (Cit. De Masi, 2000: 143).
4
Autor de Political Arithmetik (1691).





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