terça-feira, 18 de março de 2008

O "espetáculo do crescimento"

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O Estado comprovou ser um gastador insaciável, um desperdiçador incomparável. Na verdade, no século XX, ele revelou-se o mais assassino de todos os tempos. O político fanático oferecia o New Deal, grandes sociedades, e estados de bem-estar social; os fanáticos atravessaram décadas e décadas e hemisférios; charlatães, carismáticos, exaltados, assassinos de massas, unidos pela crença de que a política era a cura dos males.
Paul Johnson (
1)
TENDO COMO PADRINHOS o próprio Marx e o professor Keynes pelo lado da Economia; Augusto Comte, Hans Kelsen (2), (que depois se arrependeu), e Benito Mussolini pelo lado do Direito, veio ao mundo o robusto filhote de proveta alcunhado New Deal; por completo, New Deal-Fair Deal, (3) a nacionalização da política e da economia a serviço de um novo sonho americano, ao invés do pesadelo veladamente introduzido pela supressão monetária. A retomada do ideal platônico se fazia perfeitamente justificável:
O grande acontecimento dessa crise do liberalismo econômico foi a eleição, em 1932, nos Estados Unidos, de Franklin Delano Roosevelt. Roosevelt, com seu New Deal, propôs uma verdadeira revolução: simplesmente a morte do Estado Liberal. Propunha um Estado inferente, gastador, que investe mais em obras públicas e assistência social do que dispõe em caixa e deixa para cobrir o déficit depois, com o dinheiro a mais que arrecadar numa economia aquecida pelos próprios gastos estatais.
Mascarenhas: 44.
Então Roosevelt, influenciado por Felix Frankfurter, pela Sociedade Socialista Intercongregada e por outros, fabianos e comunistas, maquinou uma revolução que colocou o país na senda que leva ao socialismo e, numa perspectiva mais distante, ao comunismo. Foi, contudo, a emenda do imposto de renda, levado em 1909, no Congresso americano, o início do socialismo. Então, o New Deal não foi uma revolução. Seu programa coletivista tivera antecedentes - recentes - com Herbert Hoover, durante a depressão; mais remotos, no coletivismo de guerra e no planejamento central que governaram os EUA durante a Primeira Guerra Mundial.
Rothbard: 41
Sem legislação, mas também sem pudor ou qualquer ética, as sanguessugas do novo Leviathan dizimaram o couro da população:
A desordem monetária, produzida pelas intrépidas teses keynesianas, teve como conseqüências a inflação, a desorganização institucional, a diminuição real do lucro e, por conseguinte, o empobrecimento dos assalariados. O investimento social, concebido como uma partilha autoritária da riqueza no nível microeconômico ou como programa estatal financiado com emissões monetárias, só provoca a depressão social. Neste caso, a raposa no galinheiro não é o empresário, mas o Estado, que depena as galinhas sem misericórdia.
MENDONZA, MONTANER e LLOSA : 128
As portas de Wall Street foram cerradas; dentro se dividiram os despojos:
"A grande depressão reduziu as poupanças pessoais de US$4,2 bilhões em 1929 a uma descapitalização líquida de US$600 milhões em 1932 e reduziu os ganhos retidos das firmas de negócios de US$16,2 bilhões para menos de um bilhão." (Pipes, 2001: 183).
Havia muito mais em jogo, pois, além da burla ideológica:
"Os grandes banqueiros e industriais emergiram nessa época. Firmas de Wall Street - como Belmont, Lazard e Morgan - com apenas 15 anos de existência ocupavam lugar de destaque na economia. Os tempos modernos da legislação para as práticas de comércio começaram em 1934." (Gleiser, I.: 211).
A tunga crescia por todos tentáculos:
"O imposto sobre rendimentos regular, direto e progressivo é um subproduto do welfare state: ele passou a existir ao mesmo tempo em que este foi justificado como necessário para financiar os grandes gastos que os serviços sociais demandavam." (Galbraith, 1968: 245).
Os americanos se resignavam diante da forjada dicotomia:
"O welfare state não se originou de um projeto socialista, mas tornou-se cada vez mais atraído para a órbita do socialismo, pelo menos o de tipo reformista." (Giddens, 1996:170).
Isso era apenas cortina de fumaça:
"Nem o socialismo nem o Estado do bem-estar social apontam para uma estrada que possa ser percorrida para se construir um futuro coletivo melhor, que incluirá os excluídos." (Thurow: 327)
O Estado de bem-estar era um ardil político: uma criação artificial do Estado, pelo Estado, para o Estado e seus funcionários. É um eco irônico da democracia de Lincoln de, por e para ‘o povo’. Quando seus bem escondidos, porém crescentes, excessos e abusos no governo central e local foram revelados recentemente, havia se passado um século de defesa falaciosa.
Seldon: 60

Para Michaël Zöller, sociólogo alemão da universidade de Bayreuth, o que se chama de Estado é certamente um sistema de interesses pessoais organizados, uma Nova Classe. Como todos nós, sua ambição é aumentar a remuneração e a autoridade. Como classe, ocupam-se, pois, a desenvolver seus poderes, suas intervenções e sua parte no mercado, isto é, a apropriação pelo setor público dos recursos nacionais, operada através do imposto sobre a sociedade civil.

SORMAN, G. :74.
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Notas
1 - Johnson: 616.
2 -O austríaco Hans Kelsen (1881-1973) morou em Berkeley, Califórnia.
3 - "Novo Pacto, Amistoso Pacto"; ou um contrato social rousseauniano movido pelo ideal orgânico hegeliano, utopia inoculada no coração americano.

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