terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Uma questão de dignidade pessoal


"Não se pode negar que, enquanto massa de indivíduos de diferentes níveis econômicos e culturais, o povo não tem uma vontade uniforme, que somente o indivíduo tem uma vontade real, que a chamada “vontade do povo” é uma figura de retórica e não uma realidade."Hans Kelsen

PELO EMINENTE Constitucionalista Professor Paulo Bonavides (p.56):
"Nem sequer um doutrinário da democracia como Rousseau, com a concepção organicista da volonté générale, princípio tão aplaudido por Hegel, pode forrar-se a essa increpação uma vez que o poder popular assim concebido acabou gerando o despotismo de multidões, o autoritarismo do poder, a ditadura dos ordenamentos políticos."
O Historiador Well bem esclarecera:
Ora, é evidente que a maioria dessas declarações fundamentais são afirmações muito discutíveis. Os homens não nascem iguais, nem livres; nascem em uma múltipla diversidade e emaranhados, em uma contextura social antiga e complexa. Nem é nenhum homem convidado a assinar um contrato social ou, não o fazendo, a partir para a solidão. Tais afirmações, literalmente interpretadas, são tão manifestamente falsas que é impossível acreditar que os homens, ao fazê-las, tivessem pretendido tal interpretação estrita e literal. A civilização, como este Escorço o tem demonstrado, surgiu como uma comunidade de obediência e foi, essencialmente, uma comunidade de obediência. (t. 3: 97/8)
Não há igualdade entre os homens, tampouco no reino animal, vegetal, ou até no mineral. Se a procurarmos na teia cósmica, sequer nos anéis de Saturno. Nada há na natureza que seja igual. Ela é evolutiva, ou seja, mutante. A flecha do tempo a distancia de si mesma. Nós mesmos não somos iguais a ontem. Tudo flui, dizia Heráclito. O universo é tecido com a mais estranha diversidade, e a riqueza da Terra aí reside. E no entanto, ardemos de paixão pela justiça, pela igualdade.
Se Kelsen e alguns outros demoraram trinta, os russos necessitaram setenta anos para sair do engôdo. Segundo o camarada Gorbachev (p.36), a Perestroika significa a (re) ascenção do velho paradigma iluminista: “É também extremo respeito pelo indivíduo e consideração pela dignidade pessoal.”

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