domingo, 24 de fevereiro de 2008

papagaio-de-pirata

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OMBROS DE PIRATA são poleiros preferidos de oportunistas papagaios.
Sampa é pródiga na produção de louros.
Assisti grande produção sobre o heróico e dinâmico Senador Teotônio Vilela.
Sua brilhante trajetória foi abruptamente cortada por aquela doença maligna. Aos poucos foi perdendo o cabelo, dilacerando seu corpo, mas não seu coração, tampouco a vontade de servir.

O ardoroso homem público traçou uma linha de coragem e determinação até os últimos instantes, mesmo tendo consciência da limitação do seu tempo. O que lhe restava, dedicou a quem amava, e isso é o bastante para ser lembrado como uma pessoa de notável vocação e não menor caráter.

O mesmo, todavia, não se pode dizer de sua companhia, o papagaio que apresentou. Lastimável aquele moçoilo. Enquanto o Senador proferia um importante discurso, no qual abordava a miserável situação dos presos políticos, Féliz abria o bico para sorrir às câmeras, não se furtando de dar suas piscadinhas para quem estava por trás dos bastidores, sabe-se lá de qual sexo.
Reconheço que o gajo estava bonito, muito mais do que nos dias de hoje, naturalmente. Não usava óculos de grau; seus cabelos eram pretos, encaracolados. O semblante já ensaivava o indefectível ar superior, próprio de quem vislumbrava assumir o barco, no lugar do pirata. Usava o traje da época, sempre na moda o filho do general. Um manta inglêsa lhe emprestava uma pseudo-fleugma britânica, que naturalmente não combinava com seus ares infantis, e de pouco caso.
É uma pena que o papagaio, em vez de decorar as lições marxistas, na época com grande ibope, não tivesse colhido os instantes da juventude para assistir, perto de sua casa, os shows da Jovem-Guarda, protagonizados por Roberto e Erasmo Carlos. Teria evitado, por certo, trilhar por caminhos tão indignos quanto obsoletos, já naquela época.
Infelzmente para todos nós o louro atingiu seus objetivos. Foi até coroado de louros, em distintos
rincões, embora não enganasse nem mesmo os portugueses. Em Coimbra foi criticado duramente, mas aqui, "neste país", em nossa floresta habitada por símios e aves bicudas, qualquer um que balbucie alguma sílaba, ainda mais importada, passa por grande sapiência, ao gáudio dos asseclas do pirata.
O Comandante espera não mais vê-lo, nesta ou em outra aeronave, pois pode provocar enjôo na TriPulação.

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