quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Breve Passagem

Permita-me este curto relato pessoal, e prosaico. Leve como recreio. Tomo a coragem por se tratar da inclusão de um nome a quem todos lembramos com ternura e gratidão, inclusive Pelé, que recebeu inúmeras bolas da linha-de-fundo, para fazer seu espetáculo..
MUITO COSTUMAMOS sonhar. Campeonatos-de-botão são envolvidos por grandes paixões. Escolhia-se nominar as equipes aos moldes dos grandes teams, e quem desfilasse no Maior do Mundo tinha especial destaque. Os certames, concorridos, pareciam nosso atual Brasileirão.
O Maracanã era palco para notáveis artistas. Pequenos incomodativos por lá tinham vez, também; e de suas hostes envergaram a Canarinho competentes profissionais. Lembro do Bangú, de Zózimo e Fidélis; do América, de Djalma Dias; dos ossos-duros Canto-do-Rio e Madureira, Olaria, Bonsucesso, e tantos mais.
Nos grandes clubes a festa era opulenta.
O Vasco se protagonizava como Rei-da-botina. A Cruz era mais de morte, do que de Malta. Almir, o Pernambuquinho, do nordeste já sabia. O barco daquele Almirante, todavia, também transportava Delém e Vavá, além do Coronel, Sabará, Bellini e Orlando, e porisso jamais sairá da retina.
Fluminense apresentava uma leitaria, na figura carismática do gentil Castilho, keeper reserva de Gilmar. Pelas Laranjeiras ainda moraram o artilheiro Valdo, Escurinho, Pinheiro, Altair, Jair Marinho, e tantos.
Ao rumo da Gávea tomaram Dida, Joel, Dequinha, Tomires, se bem lembro, Pavão, e até Zagallo, que por lá começou sua impressionante e interminável escalada.
No Botafogo morava o Glorioso, sob as bênçãos de Garrincha. Escolhi este.
Certa feita, aconteceu um fato inédito: o Alvi-Negro de General Severiano veio jogar perto de nossa cidadela, imagina! Nunca tínhamos visto tantos craques juntos, ainda mais aquele esperto de pernas-tortas, que, diziam, fazia a todos de João. Era lembrar o antigo brinquedo, chamado João-Bobo.
A partida terminou empatada, como convinha. Ao final, fomos acompanhar a saída das grandes estrelas, a maioria bi-campeã mundial, no Chile. Do meio do ônibus resplandeceu o facho de luz. Pedi para elevar-me. Garrincha me estendeu as duas mãos, e com o sorriso característico da Alegria do Povo, desejou-me
"Boa-Sorte!"
Sua energia permanece no meu coração. Jamais minha bateria descarregará.
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