O jornal também cumpria a sua vocação. Todos almejam o êxito, e ele costuma acorrer. Mas enquanto as flores floresciam, o matutino informava que povo murchava. De que serviria o perfume se desprovido de endereço?
Trouxeram o jardineiro. O povo precisava respirar; mais do que isso, sobreviver. Se desse, bem desabrochar.
O jardineiro começou a receber flashes, entrevistas, fotos, manchetes. Limitava-se a responder as coisas mais simples: para a flor desabrochar, o Sol lhe faz bem. A noite também. E não esqueçam da água.
Todos pensavam que o gênio elaborara metáforas, a fim de que o povo, sempre tonto, pudesse melhor digerir. Como o disco trancava bem no meio "deste país", o povo começou a desconfiar que tinha sido vítima de suas próprias ilusões. Precipitaram-se acusações, mas o jardineiro continuava no estrebilho. Nada mais sabia, o coitado. Para sua função, era eficiente, Para o desvio, contudo, não. Desviaram sua função. Desvirtuaram o povo.
A cidade começou a despertar. O que, afinal, esperar de um mísero jardineiro?
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