quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

O crepúsculo da hipótese darwinista

Conhece-te a ti mesmo, e conhecerás o Universo de Deus. Dr. Dr. SÓCRATES
Em busca dos primórdios, nos tornamos caranguejos. O historiador olha para trás; por fim, também acredita para trás. NIETZSCHE, F., Crepúsculo dos ídolos: 22
O script darwinista extrapola o campo antropológico, alojando-se praticamente em todas as ciências humanas. Esse espraiar radical, feito bomba nuclear, atinge os campos do Direito, da Economia, da Sociologia, da Filosofia, até da Administração de Empresas (vê se pode!), da Ciência e Tecnologia, as Ciências Políticas, enfim.  Os danos foram e ainda são de monta, porquanto especulações não são fortes para acabar com a dialética, com o fetiche racionalista, O inconveniente passageiro do Beagle foi forte até mesmo para dividir a unanimidade religiosa, de modo que um desmonte das coincidencias elencadas requer quase um Dia D na convergência de ataques. Felizmente o dia na eternidade tem o tamanho dela, e assim pouco a pouco vão ressurgindo elementos científicos, s e metodológicos que pouco a pouco fragilizam o novo dogma, não dando a menor chance de sobrevivência. Seu principal cipó já sofreu graves  avarias.
Apesar de bastante atraente, a teoria de Lamarck foi praticamente abandonada pela ciência atual. Como demonstrou August Weismann (1834-1914), os caracteres adquiridos não podem ser transmitidos hereditariamente, porquanto não afetam o material genético. As mudanças surgem como conseqüência de variações de plasma genético. Elas podem ocorrer por acaso, espontaneamente, ou devido a influências físicas (exemplo, as radiações) e químicas, mas apenas quando atuando diretamente sobre a estrutura do material genético. (1)
As mudanças acompanham a expansão do Universo, onde incidem vetores locais, remotos, e até futuros, em permanente interação. Para o biólogo Stuart Kauffmann, um dos criadores da Ciência da Complexidade, a vida é um fenômeno que emerge devido à junção de órgãos individuais. Kauffmann demonstrou que existe 'ordem de graça', uma cristalização espontânea de ordem nos sistemas dinâmicos complexos, sem a interferência do processo de seleção natural ou qualquer outra força externa. (Gleiser, I.: 59/62)
Hayek  também assegura:
A evolução cultural não é determinada nem geneticamente, nem de qualquer outra forma e sua conseqüência é a diversidade e não a uniformidade. Filósofos como Marx e Augusto Comte que afirmaram que nossos estudos podem levar a leis de evolução que permitem prever desdobramentos futuros inevitáveis estão errados. (2)
Ainda bem. Se tivéssemos mesmo circunscritos à evolução darwineana, parteira marxista e nazi-fascista, certamente ampliaríamos o bizarro:
Aprisionado por um sistema totalitário em que o Estado regularia sua vida e atividade dia por dia, o ser humano iria perdendo pouco a pouco o gosto pelo risco, o espírito de iniciativa, o sentido e a necessidade de independência pessoal. Ao perpetuar-se este sistema, produziria por força dos acontecimentos uma atrofia do cérebro que, por sua vez, atuaria sobre a anatomia; e, ao cabo desta evolução regressiva, chegar-se-ia a obter um tipo humano degenerado: de tipo bestial. (3)
Sempre há quem reverencie a certeza apregoada, o mito, até porque, evidentemente, todos sofremos processos evolutivos e adaptativos. Tal álibi pode ser oportuno, interessante ao apetite da raposa.
Coincidências
Parece, mas não é o Sol que passa pela Terra. Tal concepção é coincidente, apenas.
É mesmo verossímel que não sejamos frutos da concepção simplista, ingênua, romântica, talvez metafórica, de Adão e Eva. É certo que nossos antepassados, por silvícolas, possuiam características compatíveis com símios. O chimpanzé por certo nos tem como deuses, feito à sua imagem e semelhança. Também é correta a percepção da adaptabilidade, embora este fenômeno seja integrativo, não antagônico como percebe a mente má orientada. Por fim, mister lembrar que ainda não surgiu outra teoria mais consistente, tão especializada quanto, para fazê-la recuar. Não é de se admirar, pois, que as coincidências elucubradas tenham atraído tantos pesquisadores, até de vanguarda.
O notável contemporâneo S. Hawking expressa divagação que excede a astrofísica para aventurar sua metafísica, arriscando um conceito de cunhagem filosófica e futurológica, embora ele próprio não o repute científico. Sua especulação talvez se origine mais na admiração da personalidade citada, certamente desconhecendo aquele curriculum, ou pela facilidade de assimilação de uma teoria tão proliferada, do que pela consistência teórica da produção:
E se de fato há uma teoria completa e unificada, ela provavelmente determinará também nossas ações. Assim, a própria teoria determinaria o resultado de nossa busca neste sentido! E por que determinaria que chegássemos às conclusões certas a partir da evidência? Ela não poderia igualmente determinar que esboçássemos as conclusões erradas? Ou que não atingíssemos quaisquer conclusões? A única resposta que posso dar a esse problema é baseada no princípio da seleção natural de Darwin. (4)
A Teoria das Cordas, chamada Teoria de Tudo, ainda não falseada, ao contrário, nada determina, exceto a mais completa e inesperada liberdade do átomo, por conseguinte de cada ponto do Universo, para seguir o rumo que melhor lhe convém. O conhecimento é disperso na sociedade e a sua utilização racional é levada a efeito por cada indivíduo traçando seus próprios planos segundo circunstâncias personalíssimas e intransferíveis.  
Incomoda-me sempre que, segundo as leis tal como as conhecemos hoje, seja necessário a uma máquina de calcular um número infinito de operações lógicas para descobrir o que é que se passa numa região arbitrariamente pequena do espaço, ao longo de um intervalo de tempo arbitrariamente curto. Como é que tudo isso pode acontecer num espaço tão pequeno? Porque é que é preciso uma quantidade infinita de lógica para descobrir o que é que vai acontecer a determinada zona de espaço/tempo? (5)-
O fim-da-picada

.A hipótese darwineana, ao postular para si tão excludente caminho, mostra desconsiderar sutis influências. Permanece a girar, tão somente, no eixo dialético que propõe, onde adversidades se digladiam e nunca se completam. Jamais a observação da vitória do mais apto poderia ser extrapolada como conquista científica:
Nem a física de Newton nem a biologia de Darwin disseram muito que possa contribuir para um quadro coerente de nos mesmos dentro do Universo. A biologia darwinista, quer em sua versão original bruta é determinista (a sobrevivência do mais forte), quer na versão neodarwinista com ênfase na evolução aleatória tem pouco a nos dizer acerca do porque de estarmos aqui, de como nos relacionamos com o surgimento da realidade material e muito menos a cerca do propósito e significado de qualquer evolução da consciência além da conclusão muito simples e utilitária de que a consciência parece “conferir alguma vantagem evolutiva. (6)
Hopkins preferiu ser absolutamente enfático:
"A teoria do senhor Darwin não consegue explicar nada, pois fica na impossibilidade de atribuir uma relação necessária entre os fenômenos e as causas às quais ela os submete” (7)
Samuel Haughton recorreu a ironia:
“Se um químico ou um mineralogista qualquer se permitisse levar adiante uma teoria geológica (tão medíocre) sobre a origem do salitre e da cal, seus colegas o tomariam por um alienado.
(8)
Lord Kelvin (1824-1907), também físico, refutou-a diretamente: trata-se de uma “completa futilidade da filosofia de Darwin.” (9)
Por fim, o próprio colega “quântico” Erwin Schrödinger se fez enfático:
“Hoje sabemos em definitivo que Darwin estava errado ao considerar as variações pequenas, contínuas e acidentais que ocorrem necessariamente mesmo nas populações mais homogêneas como o material sobre o qual atua sua seleção natural.” (10)
Não seria a primeira vez que Hawking viria a público equivocadamente. Em 91, Kip Thorne, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, provou ao cético e agora devedor de cem dólares proveniente da aposta perdida: um fenômeno chamado “singularidade nua” ocorre dentro dos buracos negros. (11) Nosso astrofísico negava a possibilidade, o que lhe custou a nota. Por fim, convém lembrar: o renomado autor do best-seller Uma Breve História do Tempo, é portador de sérias deficiências físicas. Pelas leis darwineanas, na selva da vida ele próprio já teria sucumbido. Vejamos, pois, uma hipótese diversa, a da luminosa russa Madame Blavatsky (Helena Petrovna 1831-1891):
Há três vertentes de evolução, separadas mas entrelaçadas, no esquema terrestre das coisas: a espiritual, a intelectual e a física, cada qual com suas próprias regras ou leis internas. As três vertentes são representadas na constituição do homem, no microcosmo e no macrocosmo (a própria natureza) e é isso que faz de nos os seres complexos que somos. (12)
No homem, felizmente, residem essas notáveis diferença. Algumas são explicitadas por esse livrinhos de Einstein, por exemplo, coisa que nem chimpanzé totalmente evoluído poderá entender:
A memória, a capacidade de fazer novas combinações e o dom da comunicação oral permitiram, entre os seres humanos, avanços que não são ditados por necessidades biológicas. Tais avanços manifestam-se em tradições, instituições e organizações; na literatura; nas realizações científicas e de engenharia; em obras de arte. Isso explica como é possível que, em certo sentido, o homem possa influenciar sua vida através de sua própria conduta, e que o pensamento consciente e a vontade possa desempenhar um papel nesse processo. (13)
A cátedra está em xeque:
“Há uma grande lacuna na teoria neodarwiniana da evolução, e acreditamos que deva ser de tal natureza que não possa ser conciliada com a concepção corrente da biologia.” (14)
“Concluímos – inesperadamente – que há poucas provas que sustentem a teoria neodarwineana; seus alicerces teóricos são fracos, assim como as evidências experimentais que a apoiam.” (15)
A evolução nos moldes do paradigma darwiniano dominante, via seleção natural, também é questionada pelo doutor em filosofia pela Universidade de Nova Iorque. Nem tudo na natureza ocorre à luz da adaptação, e para tal Stephen Jay Gould e seu parceiro Richard Lewontin são acionados.
REGIS, Ed, O que é vida.
Farrar Straus Giroux, 2008
Talvez porque só se preocupassem com a “origem”, portanto atendo-se exclusivamente a um passado presumido, fragmentado, predisposto por fatos e objetos parcialmente identificados, mal coletados, pior interpretados e jamais resolvidos, é que Lamarck, Spencer, Darwin, Malthus, Descartes, Hobbes, Ricardo, Rousseau, Hegel, Comte, Mill, Bentham, Marx, Sorel e Freud não conjeturaram a espetacular reversão científica que adviria com a quântica e com a relatividade.
Complemente, apreciando
Darwinismo à caminho do fim
_________
Notas
1. Andrade, H. G., p. 181.
2. Hayek, F. A. , p. 45.
3. Fourner, Pierre, cit. Goytisolo, J. V., p. 211.
4. Behe, M., p. 39.
5. Hawking, S.W., p. 32.
6. Feynman, Richard P., cit. Gleick, J., p. 182.
7. Zohar, D. e Marshall I.N., p. 270.
8. Hopkins, W., cit. Thuillier, P., p. 215.
9. Haughton, S., cit. idem, ibidem.
10. Lord Kelvin , cit. revista Isto É, S. Paulo, 19 /2/1997, p. 19.
11. Schrödinger, E., p. 43/4.
12. Thorne, K; Hawking, S.; cits. Thuillier, P., p. 217.
13. Blavatsky, H.P., The secret doctrine 1888; Escritos selecionados p. 181; cit. Lemkow, A., p. 176.
14. Trattner, E. B., Einstein, um estudo: a teoria da relatividade, in Einstein por ele mesmo, p. 18.
15. Einstein, A., Escritos da maturidade: artigos sobre ciência, educação, religião, relações sociais, racismo, ciências sociais, p. 132.
16. Behe, M. p. 38.
17. Coyne, Jerry, do Departamento de Ecologia e Evolução da Universidade de Chicago, cit. idem, p. 37.






Nenhum comentário:

Postar um comentário