O átomo forma a molécula; o indivíduo, a Nação. E a interatividade faz-se decorrente, naturalmente, per se. Não é um estado Dasein, como heroicamente descreve HEIDEGGER, na faina de escapulir da ratoeira nazista.
Existe uma acentuada complementariedade entre a condição de agente individual e as disposições sociais: é importante o reconhecimento simultâneo da centralidade da liberdade individual e da força das influências sociais sobre o grau e o alcance da liberdade individual. Para combater os problemas que enfrentamos, temos que considerar a liberdade individual um compromisso social. Essa é a abordagem básica que este livro procura explorar e examinar. A expansão da liberdade é vista, por essa abordagem, como o principal fim e o principal meio do desenvolvimento. O desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente.
SEN, A. 2000:10-
“Ninguém duvida de que os indivíduos formam a sociedade ou de que toda sociedade é uma sociedade de indivíduos.” ELIAS, A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 1994: 16)
Para se alastrar de uma doença, bastam poucos corpos; para formar a moda, apenas um sucesso.
Ter mais liberdade melhora o potencial das pessoas para cuidar de si mesmas e para influenciar o mundo, questões centrais para o processo do desenvolvimento.
DAWKINS, R: 369
O socialismo só é viável com essa livre participação, e consequente responsabilidade de cada ser componente do tecido social. Se por ética, interesse, justiça, eficácia ou ventura ainda o desejamos, melhor ele vir por free-way: .
Esta organização não pode ser abandonada à iniciativa dos governos: será alcançada quando os povos tiverem uma vontade firme e ativa, porque é renovação radical de todas as antiquadas tradições politicas. A compreensão e a vontade de resolver o problema estão-se generalizando. Acredito na influência de um individuo sobre outro e acredito no processo de seqüência e encadeamento entre os homens.
EINSTEIN, Albert, Fala Einstein sobra o futuro da humanidade. - Folha da Manhã, 4/3/1949.
Eis o típico método atômico.
PARA SEDIMENTAR minhas tênues convicções, precariamente delineadas por intuição, naveguei na sonda de dados por diversos mares e galáxias. Enfrentei variadas condições; mas, na carona da luz, qualifiquei-me a deslizar instantaneamente pelo EspaçoTempo, vastidão que por tanto apreciar não me canso de citar. A coleta foi farta, abundante, e de intenso valor, mercê de preciosas contribuições ofertadas em distintos rincões do conhecimento. Recolhi frutos nas planícies das Ciências Políticas, Jurídicas e Sociais, daí acessando planaltos da Filosofia, Economia, e História, até galgar cumes da Astronomia, Biologia, Antropologia e Física, detendo-me especialmente nesta. Visava satisfazer o oriente do moderno filósofo e químico GASTON BACHELARD, para quem “um conhecimento mais profundo é sempre acompanhado de uma abundância de razões coordenadas.”
HENRY POINCARÉ já me havia enfatizado:
"As verdades só são fecundas se forem ligadas umas às outras."
Não tinha idéia da amplitude do programa. De início me pareceu trivial cruzeiro day escape. Não cogitava descer da nave ao mergulho, posto na superfície aguardarem almoço quatro lindas criaturas, e duas promissoras empresas comerciais. Entretanto a ponte-de-comando, há quase 20 infestada de impostores, apenas contempla caprichos, leviandades e futilidades. Ficamos à mercê de um mar de icebergs. Lembrei-me de ORTEGA Y GASSET:
"Eu sou eu e minhas circunstâncias. Se não as salvo, não me salvo".
Não tive escolha.
Quando estava no ar, MICHEL FOUCAULT (Microfísica do poder, 1992:5) me veio com essa, advertindo sobre a insanidade do projeto:
"O problema é ao mesmo tempo distinguir os acontecimentos, diferenciar as redes e os níveis a que pertencem e reconstituir os fios que os ligam e que fazem com que se engendrem, uns a partir dos outros."
Tarde, demasiado tarde! Custou-me décadas temporais, energéticas e materiais.
Nos raids ainda me preocupava o relato do Epistemólogo e Diretor de Pesquisa do CNRS (Centre National de Recherche Scientifique), Edgar Morin:
“Devido a minhas viagens através dos territórios do conhecimento, sou um contrabandista do saber, e é por isso que os guardas das reservas atiram em mim.”
Visitando as moradas dos ícones epistêmicos, todavia, paulatinamente ia me sentindo gratificado. As decisivas informações, outrora truncadas, esparsas, herméticas, enfeixadas, censuradas por perigosas ou de difícil acesso, nos dias de hoje são desvendadas ao mundo dos normais, e desse modo fui sempre recebido com honras.
E quando vez por outra retornava à Terra para reabastecimento e checagem das posições, notava que ela se deslocara levemente, justamente à direção de onde eu vinha, vagarosamente como convém a um transatlântico, porém não de modo retilíneo, tampouco circular, geométrico como supunham seus marinheiros. Essas referências não são afetas aos embarcados. Somente à distância é que se pode verificar sua evolução helicoidal ascendente, percurso em espiral quase constante que faz-se per se, mas que admite variáveis.
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