quarta-feira, 9 de abril de 2008

O fascismo cubano

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O Marxismo introduziu dois axiomas: o de que a sociedade está divididaem classes cujos interesses estão em eterno conflito; e o de que os interesses do proletariado - só realizáveis através das lutas de classes - exigem a nacionalização dos meios de produção, de acordo com seus próprios interesses e em oposição aos interesses das outras classes. Ludwig von Mises (1)
O leninismo pode ser contemplado à luz do seu desenvolvimento como o primeiro movimento fascista do século 20. O Estado de São Paulo, 18/6/1995: A19
A DOUTRINA dialético-autoritária foi requentada em todos os países. Apenas na América Latina, entre os anos de 1920/66, houve oitenta (80) vitoriosos golpes militares, em dezoito diferentes países: " A história recente da América Latina está cheia de revoluções justiceiras, como a mexicana, a do Movimento Nacional Revolucionário na Bolívia, a de Juan Velasco no Perú, a de Fidel Castro em Cuba, todas insurgidas contra o entreguismo e o imperialismo econômico".(4)
Enquanto o mundo prestava atenção na II Grande Guerra, Cuba se transformou numa sociedade de quadrilhas. Ao cabo a disputada ilha caia na aventura de seu filho mais criminoso, um sanguinário travestido de líder político, o internacionalmente conhecido Fidel Castro.
A trajetória do assassino de massa começara pela República Dominicana, dominada pelo famigerado ladrão e ditador Rafael Trujillo desde os anos 30. Fidel tinha vinte anos. No ano seguinte os atos de violência se deslocaram com ele a Bogotá, na “conferência” Pan-Americana, onde as conturbações resultaram em milhares de assassinatos. O objetivo de Fidel, sempre claro, visava atingir, com o colega oferecido Che Guevara, a hegemonia por toda a América Latina, de certo modo realizando o sonho de Bolivar. Este nosso país foi “honrado” com sua lembrança, nas “convidativas” palavras:
A via que escolhi é a guerrilha que devemos desencadear nos campos e através da qual me integrarei definitivamente à Revolução Latino-americana. A guerrilha é, para mim, a única maneira de unir revolucionários brasileiros e de levar nosso povo ao poder. Como comunista, estou convencido de que meu gesto servirá ao menos para mostrar que comportamento revolucionário deve ter. (5)
Cuba vivia um período de turbulências, depois de apenas doze anos de governos democráticos. Carlos Prio Socarras, o último presidente, fora golpeado pelo General Fulgêncio Batista, em março de 1952. Por seis anos o gen. Batista fez o que quis; até chegar o barbudo de Serra Maestra, acompanhado pelo charmoso rebelde oferecido, dr. Ernesto Che Guevara. Retornava a revolução francesa, mas a guilhotina, que só matava um de cada vez, em Cuba, como na Rússia de 1917, foi substituída pelas balas dos fuzis, mais próprias para a matança à granel.
Em janeiro de 59, Castro assumiu com as mesmas justificativas de Batista, causa de sacrifício ainda maior a todo aquele dócil povo, e estragos consideráveis à política externa norte-americana, no simples estratagema de se aliar aos inimigos: “Fidel teria se declarado fascista. Era 'comunista' porque era anti-americano. Era um grande admirador do General Franco e em 75, na morte do ditador espanhol, decretou uma semana de luto oficial em Cuba.” (6)
O implacável carniceiro conseguiu reunir os atributos de Lênin e Hitler. Na teoria, Hegel e Sorel lhe indicavam a adoção do método “positivo versus negativo”, ao entrechoque, à violência, no estilo proto-fascista do espanhol Primo de Rivera. Fidel adotou, inclusive, os mesmos clichês.
A obrigatoriedade de rapidamente abraçar o regime marxista não lhe causou nenhum transtorno, eis que seu tipo de autocracia fascista poderia ser melhor desempenhada sob a ótica e proteção soviética e nisso o tempo lhe deu razão. Porém, mais nefasta do que a implantação dos mísseis nucleares russos apontados contra as sentinelas da liberdade, que significou apenas uma distinção e uma ameaça, foi a aniquilação de sua própria gente, saqueada e massacrada nos fuzilamentos do paredon, que consagrou sua ciência política.
O boliviano Che Guevara, depois de comandar inúmeros “julgamentos”, nos quais houve sempre aquela mesma decisão, assumiu o “Banco Central” (!). Completamente despreparado ao cargo, acabou “brigando” com os padrinhos soviéticos. Resolveu trocar a mordomia pelo plano de reedição da revolução cubana em seu país, Bolívia, e virou ícone da juventude de 68 por representar a discordância ao autoritarismo capitalista, na verdade fascista. Seu ex-colega de “açougue” continuou, todavia, além da porta do terceiro milênio, comandando uma Cuba completamente dilacerada sob todos os pontos de vista, desde os fatos econômicos que justificaram as torpes atitudes, aos morais, jurídicos, éticos e econômicos.
A própria filha de Fidel, Alina Fernandez Revuelta, de 39 anos, pode prestar depoimento: “Não estou nada orgulhosa de ser sua filha, ele é um assassino, uma tragédia humana. Fracassou como líder, como político e como ser humano.” (7)
A personalidade deste que lavrou a história como um dos maiores ditadores de todos os tempos ainda é admirada por muitos políticos e intelectuais tupiniquins, alguns até com avançada idade, mas que desde tempos de estudante fazem cortejo ao João Bafo de Onça. (8)
Cuba ainda possui eficientes esquadrilhas de Migs (9) e equipes esportivas muito bem treinadas, sempre aptas a levantarem medalhas em todas Olimpíadas. Podíamos assistir na TV o quase perpétuo “general” saborear vitórias (e algumas derrotas) de seu time de voleyball feminino, quando então à sua presença se formalizavam as palmas, flores, incentivos e até tapinhas nas costas de membros de equipes adversárias, tais como as do Brasil, como se matar por ideal (e às pencas) pudesse ser esquecido, louvado ou desculpado.
As mesmas câmeras de vídeo mostraram uma ilha à deriva, com seus habitantes preferindo saltar fora, morrendo nas bocas dos famintos tubarões caribenhos:
Dois milhões de exilados cubanos é o saldo de três décadas e meia de revolução que proíbe a saída de seus habitantes. O que ocorreria se a saída fosse permitida? Tivemos um vislumbre disso em agosto de 1994, quando o governo, num desafio à política de braços abertos dos Estado Unidos com relação aos 'balseiros' cubanos, começou a relaxar essa proibição: dezenas de milhares de pessoas se lançaram na água em qualquer coisa que flutuasse, mais dispostos a enfrentar os seláceos do mar do Caribe do que seguir os preceitos da vanguarda em La Habana. (10)
Realiza-se o vaticínio de Cataneo, cantor do conjunto Taicuba, em 8 de janeiro de 1959: "só se salvariam de Cuba aqueles que soubessem nadar”. (11)
Faltou acrescentar: que tivessem a sorte de não serem pegos por outro tubarão.
No somos animales de circo, ¿no? Que nos conformamos con instrucción primaria y quizás con un poco de alimento. Queremos más. Queremos libertad. Necesitamos expresarnos asociarnos— y para eso es importantísima la solidaridad internacional. No nos dejen abandonados, no nos dejen solos, porque solos no podemos.(Yoani Sánchez para o Oslo Freedom Forum, 2010)

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Notas
1.
Uma Crítica ao Intervencionismo, p. 139.
2. Mein Kampf
3.
Marques, Gabriel Garcia, Ilusões para o Século 21, Folha de São Paulo, 14/3/1999, p. 1/3.
4. Mendoza, Plinio Apuleyo, Montaner, Carlos Alberto, Llosa, Alvaro Vargas, , p. 82.
5. Castro, Fidel, cit. em Alves, Márcio Moreira,
68 Mudou o Mundo, p. 30.
6. Castro, Fidel, cit.
Lukács, John, O Fim do Século 20, p. 47.
7. Jornal The New York Post, cit.
Zero Hora, 20/10/1995, p. 41.
8. Famoso personagem mau-caráter, do tipo gordo, alto e barbudo, criminoso fugitivo das estórias infantis de Walt Disney.
9. Aviões de caça doados pela ex-União Soviética.
10. Mendoza, Plinio Apuleyo,
Montaner, Carlos Alberto, Llosa, Alvaro Vargas, p. 152/169.
11. Cataneo, cit. idem, p. 169.

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