Na Argentina, no Brasil, e de resto na maioria dos países da década de 20, há um esforço poderoso de definir a identidade nacional: estamos no momento da criação dos nacionalismos. Critica-se o modelo liberal conservador adotado no século anterior. O liberalismo e o democratismo são postos em xeque. O fantasma vermelho do bolchevismo é agitado para reivindicar a ordem autoritária e disciplinadora, formadora de um povo uniforme que, no caso argentino, identifica-se como não-nacional, estrangeiro, e freqüentemente judeu. Afirma-se que a fórmula, inautêntica, inexpressiva, é cópia de instituições alienígenas que não correspondem ao país real. Foi nesta mesma época da visita de Einstein ao Brasil que se publicou a obra organizada por Licínio Cardoso, 'À Margem da História da República', na qual essas críticas são formuladas por O. Vianna e outros. Dez anos antes essa linha de argumentação tinha seu expoente em Korn na Argentina, e Torres no Brasil. Na construção do nacionalismo autoritário argentino prevalece uma perspectiva 'romântica' que procura na história nacional e ibérica, na sua continuidade, os fundamentosde uma identidade cultural e política que apela ao autoritarismo.¹Não sou peronista. Sou, sim, grande amigo do General Perón, que me manda buscar à Argentina no seu avião particular. Sou admirador pela organização que ele deu à Argentina. Ele aperta um botão e desencadeia uma greve geral. Aperta outro botão, faz parar a greve. VARGAS, Getúlio,. - cit. Zero Hora, 13/8/1995: 6A partner multinacionalIl corporativismo supera il socialismo e supera il liberalismo: crea una nueva sintesi.
BENITO MUSSOLINI.
GAETAN PIROU (Introduction a l'etude de Economie Politique, Paris, : 280, cit. HUGON, P., História das Idéias Econômicas: 352) tentou explicar: “O catolicismo considera a corporação um meio de assegurar a ordem sem matar a liberdade, escapando, a um tempo, da anarquia liberal e da coerção socialista”.O corporatismo era a face política da doutrina social católica do final do século XIX. Algumas comparações são feitas em relação ao corporativismo como certas partes do New Deal Roosevelt nos EUA, e o populismo de Juan Domingo Perón na Argentina. Wikipédia
As idéias corporativas tiveram grande aceitação quando receberam apoio da Encíclica Papal Quadragésimo Anno, de 1931, influenciaram decisivamente a doutrina do partido nazista alemão e de inúmeros outros movimentos fascistas em diversos países. No Brasil, foi notória a sua influência na década de 30, durante a ditadura de Getúlio Vargas. STEWART JR., DONALD, O Que é Liberalismo: 24De imediato o Petiço mandou plantar a estátua na utopia, no cume mais alto da Capital Federal, hoje virada Maravilha do Mundo. Na II Grande Guerra faltava pouco para Getúlio ser apeado, prestes o trágico fim dos coleguitas Mussolini e Hitler, mas não do generalíssimo espanhol. Então, a emparelhar com o ascendente, os platinos promoveram o cleptomaníaco JUAN DOMINGOS PERÓN (Perón y el justicialismo):
A diferencia de los otros, el movimiento justicialista era ideológicamente cristiano, y tanto lo era, que por diez años consecutivos el clero argentino, desde su más alta jerarquía, hasta el más humilde cura de campaña, apoyó al Peronismo, tanto en sus campañas electorales como durante su gestión partidista en el gobiernoApós tentativa frustrada de destruir a força sindical emergente, a Junta Militar nomeava para o recém-criado Ministério do Trabalho, este simples coronel. Comparando com o cabo alemão, a Argentina se mostrava mais graduada.
Juan Domingo era um curioso de sociologia, mas fora campeão de esgrima e de esqui. Tal qual aqueles debilóides que o precederam, o coronel era profissional do exibicionismo, com a vantagem de aparentar ser atleta, e hábil dançarino de tango.
O apaixonado povo argentino foi presa fácil. Perón implantou o esquema nacional-absolutista projetando o heroísmo popularesco. Amedrontados, os militares (que o haviam “criado”) decidem não só pelo afastamento, como também pela prisão daquele agora visto como incendiário; foi quando fulgurou outro mito, no facho oportunista da orientada partner Eva Duarte. Usando a dialética fascista, a musa jogou as classes populares, os “descamisados”, às portas da cadeia para exigir a soltura do Pater Porteño. Em 46, o marido saiu consagrado, ungido por eleição, pero muy suspeita. Um pouco antes, como adido militar argentino em território italiano, ele lograra a proximidade ao Duce. Logo pode implantar a cópia dos regimes: "Suas referencias européias eram a Itália de Mussolini, a Alemanha nazista e a Espanha de Franco, países que visitou oportunamente e seu exercício de poder demonstrou que sua espantosa frase - 'Mussolini é o maior homem do século' - devesse ser levada a sério". (2)
A imitação argentina logo se estendeu à moda militar: os uniformes foram confeccionados pelo molde nazi; os capacetes, caprichosamente, obedeciam o inconfundível contorno das orelhas. Por curiosidade, ora são os americanos que percebem a eficácia, pelo menos aparente, do desenho do casco, e o adotam sem maiores traumas, para sufocar as nações que lhes interessam.Casal 30Não há arte que um governo mais cedo aprende de outro do que a de drenar dinheiro dos bolsos do povo. SMITH, ADAM, A Riqueza das Nações, Livro V Capítulo II Pt II
Se Roosevelt contava com a habilidade proselitista de Leonor, Hitler mantinha sua Eva para aplacar a fama de gay, do mesmo modo que Keynes e sua bailarina, e Mussolini enredava a inditosa Clarinha, o clone do Prata também haveria de apresentar seu trunfo. A rainha, a glória, agora cognominava-se Evita, a Embaixatriz, “alta atriz” do totalitarismo demagógico. A Espanha, do colega Franco, rendeu-lhe tantas homenagens quantas foram suas promessas em nome do povo argentino para com aqueles ancestrais. Ficou famosa a viagem do navio lotado de trigo que partiu do celeiro do Novo Mundo como dádiva e homenagem dos filhos à Pátria-mãe. Os filhos naturalmente, não viram os presentes ao opulento endereçados, tampouco foram reconhecidos, mas a dadivosa não parou mais de ganhar todo o tipo de benesses. Sua visita subseqüente à Suíça, porém, denota onde costumava guardar os pertences auferidos com o chapéu alheio.
A produção argentina se desperdiçava na leviandade da poderosa. Evita fazia da Argentina uma entidade de beneficência, em nome da tal “justiça social”. Milhares de casas foram construídas “de graça”. Como isto é impossível, alguém, naturalmente, estava pagando. Foram gastos bilhões em roupas, móveis, medicamentos, utensílios domésticos, e até dentaduras postiças. A dupla consumiu de modo mais irresponsável possível, o tesouro a ela confiada. A feira da ilusão terminou na corrupção generalizada, como sói acontecer, na bancarrota econômica, inflação acelerada, na quebra da ordem jurídico-social. Perón, o cleptomaníaco, colheu o ensejo, e meteu a mão sem cerimônia:
O nacionalismo de Perón era tal que sua política agrária fez a carne esfumar-se do cardápio nacional durante 52 dias, deixou o campo exaurido e acabou com todas as reservas acumuladas durante o agitado comércio dos tempos de guerra. Como conseqüência, o general apossou-se do gás, da eletricidade, dos telefones, do Banco Central, das estradas de ferro e de tudo que tivesse pegadas forasteiras. (3)Perón, Keynes e a corrupção
Depois disso, o coronel veio se refugiar na casa do coleguinha Getúlio, com nosotros, quando foi pego pela orelha, pela própria mulher, e trazido de volta ao Prata, a fim de ajudar a guarnecer a estupenda montanha de ouro furtada pelo casal. (Getúlio & Perón)
Aprecie, ainda:
A renovação do infortúnio
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Notas
1. Lovisolo, Hugo, Einstein: Uma viagem, Duas Visitas, publicado em Estudos Históricos, p. 55-65; também em Moreira, Ildeu de Castro e Videira, Antonio Augusto Passos Organizadores, Einstein e o Brasil, p. 234/238. 2. Mendoza, Plinio Apuleyo, Montaner, Carlos Alberto, Llosa, Alvaro Vargas, , p. 265.
3. Perón, Juan Domingo, cit. idem,p. 267.
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