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António de Oliveira Salazar usufruiu a delícia por quatro décadas. De 1932 a 1968 Portugal ficou isolado do mundo, a seu benefício. Para lograr a façanha de manter o povo dócil e cativo o astuto chefe de governo promoveu a exitosa receita fascista: maciça publicidade, censura e repressão. Em 2007 uma TV estatal apresentou uma pesquisa de opinião pública para consagrar o tirano como um dos melhores portugueses.A posição e acção de Salazar e dos Portugueses sobre o próprio conflito espanhol e, relativamente a ele, em âmbito internacional, contribuíram muito significativamente, mesmo quase decisivamente, para que a boa causa, a causa não-comunista, vencesse em Espanha. A ditadura estabelecida em 1926 era, por natureza, autoritária e o Estado Novo, que a substituiu, manteve certo autoritarismo - embora limitado pelo Direito e pela Moral cristã, e, assim, muito afastado do dos sistemas, que pelo menos em parte lhe foram contemporâneos, de Franco, de Mussolini, de Hitler e de Estaline - e fez vigorar um regime de partido único. Porém, com a sua enorme capacidade, Salazar assumiu, progressiva e firmemente, a qualidade de estadista pleno, que, no seu zénite, foi mesmo um dos melhores de todos os tempos em Portugal. Em consequência de tudo o exposto, o juízo ponderado, em vermos da História, do Estado Novo de Salazar é altamente positivo .http://salazar.weblog.com.pt/arquivo/2005/02/estado_novo.html
Vero:E, ainda que o fascismo e o nacional-socialismo tenham sido destruídos enquanto realidades políticas na Segunda Guerra Mundial, suas ideologias não desapareceram e, direta ou indiretamente, ainda se opõem ao credo democrático. KELSEN, H., A democracia: 140
Salazar sofreu fortíssima influência católica, chegando mesmo a frequentar seminário, fato que viria a se refletir em vários momentos da sua vida, Durante cerca de 4 décadas Salazar criou e instituiu em Portugal o Estado Novo, um processo autoritário e ditatorial que se estendeu a todos os setores da vida do país. Salazar manteve as contas do país equilibradas, mas sempre à custa da pobreza de um povo que morria de fome e que, com o rebentar da guerra nas várias colónias africanas, passaria também a morrer às mãos dos guerrilheiros.
O corporativismo estabelecia um maior controlo do Estado sobre as actividades económicas e dificultava a existência dos Sindicatos.
- O culto a Salazar nunca assumiu as proporções existentes na Itália ou na Alemanha
- A Igreja e o regime caminhavam lado a lado. Com uma ideologia marcadamente conservadora, o Estado Novo orientava-se segundo os princípios consagrados pela tradição: Deus, Pátria, Família, Autoridade, Hierarquia, Moralidade, Paz Social e Austeridade.
- Foi desenvolvido um projecto ao nível da cultura que pretendeu dar uma certa leveza ao regime e simultaneamente glorificá-lo.
- A censura aos media procurou sempre não deixar avançar qualquer tipo de rebelião contra o regime, velando sempre pela moral e os bons costumes que Salazar defendia.
- Uma polícia política, que teve várias designações (PVDE, PIDE, DGS), que perseguia todo e qualquer opositor do regime.
- Uma política colonialista, que afirmava que Portugal como "um Estado pluricontinental e multirracial". Todavia, a partir de 1961, já com muitas pressões internacionais para o país conceder a independência às suas colónias, teve início uma das páginas mais negras da nossa História: a Guerra Colonial.
- Uma política nacionalista a vários níveis, marcada pela máxima "Estamos orgulhosamente sós".
- Criação de milícias, uma para defesa do regime e combate ao comunismo, a Legião Portuguesa; outra destinada a inculcar nos jovens os valores do regime, a Mocidade Portuguesa. Ditadura Militar |Constituição de 1933 | Guerra Colonial | António de Oliveira SalazarMarcello Caetano |Surgiu, assim, um sistema autoritário, de poder pessoal, com todas as imensas vantagens que lhe são inerentes.... O Salazar dos primórdios da Revolução e o Salazar dos tempos derradeiros — no ocaso da própria existência, estóico, inabalável, corporizando, «orgulhosamente só», a dignidade de uma raça — eis as duas imagens do grande Chefe que mais comoveram o nosso coração e mais funda adesão despertaram ao nosso intelecto. http://www.causanacional.net/index.php?itemid=308Hipólito de la Torre (O Estado Novo de Salazar, Texto Editores: 2010) interroga se o regime salazarista foi puramente fascista ou gozou de uma especificidade própria, ficando confinado a um regime ditatorial fortemente personalizado, anti-democrático e anti-parlamentar. Ainda não há uma resposta serena para sabermos se se tratou de uma ditadura assente na autoridade de Salazar ou se foi numa encenação suave do fascismo, em que o seu chefe abominava as multidões e acreditava piamente numa união nacional como trampolim para um viver nacional harmonioso, fora das apetências e disputas partidárias. Salazar conseguiria mesmo evitar que Portugal se envolvesse na II Guerra Mundial e fazer um jogo duplo no qual envolveu os alemães e os ingleses, ora piscando o olho a um lado ora a outro. O seu afastamento do poder aconteceu apenas devido a doença. Em 1968 António de Oliveira Salazar é vítima de um Acidente Vascular Cerebral, a famosa queda da cadeira, que o deixa física e mentalmente diminuído. Por essa altura é substituído na presidência do Concelho por Marcelo Caetano, mas Salazar continua convencido que é ele quem governa até ao dia da sua morte, em dia 27 de Julho de 1970.
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Mussolini, Hitler, Mustafá Kemal Pacha, Roosevelt e Salazar. Todos eles para mim são grandes homens, porque querem realizar uma idéia nacional em acordo com as aspirações das coletividades a que pertencem. Getúlio Vargas (1) -
Na ditadura Vargas, todos os direitos e garantias individuais foram suspensos. O livro Falta Alguém em Nuremberg, de David Nasser, elenca várias formas de torturas: esmagamento de testículos com alicates, extração de unhas e dentes, introdução de duchas de mostarda na vagina de mulheres, queima de seios com cigarros, introdução de arame nos ouvidos, aquecimento de órgãos genitais com maçarico e outras crueldades. www.expo500anos.com.br/painel_11.htmlImagem viva da deslealdade, dominado pela idéia de imitar Mussolini ou outro ditador do momento, infligiu terrível choque aos que tinham tido a candura de nele acreditar e a suma prudência de ajudá-lo. (2) _
Getúlio extinguiu o levante comunista-brasileiro em 35; o português espezinhou marinheiros em 36. Salazar em 1937 sobreviveu ao primeiro atentado; Getúlio, em 38. Ambos são, até hoje reverenciados.
O Departamento de Imprensa e Propaganda era cópia do SNI de Portugal, mas com eficiência redobrada: “Através da propaganda feita pelo DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) de que ele era o 'pai dos pobres', o homem que lhes garantia a aposentadoria, a estabilidade no emprego, o seguro social, através dos institutos de previdência, das férias remuneradas, das habitações populares, etc. O DIP, durante anos dirigidos pelo capacitado Lourival Fontes, soube produzir uma imagem de ditador muito simpática às massas.” (3)
Giscard D’ Estaign bem o compreenderia...
“Os países do terceiro mundo não têm muita escolha, devem pensar e agir em termos de massas. Alimentá-las, vesti-las, educá-las, constitui tarefa prioritária, pouco espaço deixando ao indivíduo.” (4)
...Mas jamais o aplicaria:
“Uma concepção coletivista da organização social, dominada pela noção de massa, é o oposto da evolução almejada por nossa sociedade.” (5)
O sistema de repressão, montado por Filinto Müller, foi igual à portuguesa PIDE, ambas inspiradas na Gestapo.
A moda européia de combate ao marxismo recomendava passeatas uniformizadas. Não precisava ser exatamente a cor usada na marcha sobre Roma, mas o Presidente de Minas Gerais, Olegário Maciel, chegou ao ridículo de apresentar-se na sacada do Palácio da Liberdade (?) com a mesma camisa parda dos partidários de Hitler. O povo brasileiro acatou o movimento nazi-fascista no sindicalismo transplantado ao folclore* verde-amarelo. Embarcamos rumo à metonímia, empacotados para presente.
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Notas* Folk (volk)=povo; Lore=estudo.
1.Cit. Monteiro, Gois, A Revolução de 30 e a Finalidade Política do Exército, p. 187.
2.Idem. cit. Jorge, Fernando, p. 16.
3.Andrade, Manoel Correia de, A Revolução de 30 - Da República Velha ao Estado Novo, p. 89.
5.d’Estaing, V. Giscard, Democracia Francesa, p. 52.
6.Idem, ibidem.
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