A política do governo prussiano de reprimir ao invés de cooptar o movimento operário levou ao surgimento de um poderoso partido social-democrata revolucionário, que se tornou um modelo para os trabalhadores de toda a Europa. O PSD alemão foi imitado pelos franceses, belgas e italianos. Os movimentos trabalhistas holandês, escandinavo, suíço e americano seguiram os passos do movimento alemão. Oradores eram convidados de honra nos sindicatos que aconteciam em toda a Europa Ocidental e Estados Unidos. Os movimentos operários russo e eslavo também se inspiraram no alemão, e a segunda Internacional Comunista estava sob a liderança reconhecida do partido alemão. Suas filiações ultrapassavam 1 milhão em 1912; nos sindicatos, dois e meio milhões. (3)
Sob os aplausos da Igreja
(4) e com a orientação de Jean Coudrot, fundador do famoso Centro Politécnico de Estudos Econômicos, uma nova geração de tecnocratas tomou conta do regime de Vichy:
“A independência do setor privado no Ocidente foi gananciosamente engolida pelo Estado. O espírito corporativista, sempre presente na França, assumiu a indústria e houve um ressurgimento da intolerância patriótica de espírito jacobino”.
(5)
O Estado paternalista francês logo instituiu a pensão familiar
(1932), remuneração extra a quem tivesse filhos, na idéia do demógrafo Adolphe Landry. O incentivo financeiro atendia as duas finalidades antagônicas: no caráter humanístico da solidariedade, imiscuía-se o interesse em criar um maior número de combatentes. O corporativismo francês assistiu, orgulhoso, o esbulho da Etiópia por Mussolini e, como fascistas, bolcheviques e nazistas, repudiaram o insígne cientista e mestre pacifista:
Einstein também recebeu ameaças, principalmente em Paris, antes de lá chegar. Barricadas foram erguidas na frente do College de France, onde daria sua primeira palestra. Paul Langevin e o astrônomo Charles Nordmam foram recebê-lo na fronteira da Bélgica e viajaram quatro horas para voltar a Paris. (6)
Os dedicados franceses preferiam cair no conto da dialética científica aplicada à política:
Antes da II Grande Guerra, durante mais de vinte anos, Hegel ocupou na França um lugar central. Se a maioria dos pensamentos se afastam dele, também é por terem sofrido a influência determinante daquele que se quis o 'último filósofo' e que continua a colocar para todos a questão da mudança do mundo. (7)
Johnson confirma:
Até a derrocada na Argélia, a política francesa fora um labirinto de contradições: paternalismo no velho estilo, na selva e no sertão, com colonos incendiários e nacionalistas negros de alto nível de instrução sentados, lado a lado, na Assembléia de Paris. (8)
Quanto as exigências da Alemanha, nenhuma novidade, tudo tolerado. Metade da produção francesa subsidiou a máquina de guerra nazista. A “
Vaca Leiteira”
(9) hostilizava a Grã-Bretanha, a mesma que, caprichosamente, iria invadi-la pela Normandia, não por vingança ou para saqueá-la, mas para livrá-la.
A proximidade com Hitler fora tão acentuada que os próprios cidadãos franceses, além de destinarem cerca de 40% de sua produção para a economia de guerra alemã,
(10) colaboraram na caça aos perseguidos judeus, deportando-os às garras daquele debilóide, fato que hoje chega ao conhecimento geral revivido pela voz demagógica e “arrependida” do ex-Presidente sr. Jacques Chirac
(11).
O ideal exterminador emanado concomitantemente da “esquerda” e da “direita” envolveu os franceses muito além das guerras mundiais: na Argélia, uma matança de quinze anos, promoção do Partido Comunista em prol da “libertação”. Ali o barbarismo tinha outro objetivo: liquidar com terroristas simpáticos a causa muçulmana pelo espírito de
vendetta nacionalista. Em 55, esta Frente de Libertação Nacional, conforme a sapiência de Hegel, Marx, Darwin, Sorel e de suas torcidas, passaram a eliminar qualquer que não fosse “tão francês”. O genocídio foi acompanhado da recomendação de a ninguém poupar, nem mesmo crianças inocentes e milhares de mulheres argelinas foram seviciadas, como sempre, antes da tragédia final.
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Notas
1.
Johnson, Paul, p. 119.
2. Idem, p. 305.
3. Schwartz, Joseph, O Momento Criativo - Mito e Alienação na Ciência Moderna, p. 130.
4. “Pétain rapidamente tornou-se o governante mais popular, desde Napoleão. Era um mulherengo compulsivo: sexo e comida são as únicas coisas que importam, dizia. Mas a Igreja o idolatrava. O cardeal Gerlier, o primaz francês, anunciou: La France, c´est Pétain, et Pétain c´est la France. " (Johnson, Paul, p. 305)
5. Idem, p. 13.
6. Einstein, A, cit. Brian, D, p. 153.
7. Hegel, G. W., cit. Descamps, Christian, p. 132
8. Johnson. P., p. 428
9. Como Hitler encarava a França, cit. The New Order and the French Economy, p. 272 a 288; também em Johnson, Paul, p. 306.
10. Idem, ibidem.
11. Jornais de 16 de julho de 1995.
Good.............
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