quarta-feira, 2 de abril de 2008

Maquiavel: o exterminador do presente


Algumas personalidades logram influenciar nações, e por séculos. Uns, porque lugar-comum, sequer são lembrados, ou mesmo conhecidos. Outros, geralmente por sua malvadeza, são perenes e freqüentemente evocados. Entre estes, o conselheiro do (Florença, 3 de Maio de 1469 — Florença, 21 de Junho de 1527) , ocupa a pole-position.
Tanto Nomini Nullum Par Elogium.
("Tão grande nome nenhum elogio alcança"; ou, como prefere Chevallier :“Nenhum elogio a altura de tão grande nome.)
De tão popular fez-se adjetivo e substantivo (maquiavélico, maquiavelismo)
Formulo uma pergunta: após quatro séculos, o que resta de vivo no Príncipe? Podem os conselhos de Maquiavel ser ainda de alguma utilidade para aqueles que dirigem os Estados modernos? Circunscreve-se o valor do sistema político à época em que foi escrito e é, conseqüentemente, limitado e, em parte decrépito? Ou é, ao contrário, universal e atual, mais especialmente atual? Respondo a estas interrogações. Afirmo que a doutrina de Maquiavel vive hoje mais do que há quatro séculos, pois ainda que as formas exteriores de nossa existência tenham mudado consideravelmente, não se operaram modificações profundas, nem no espírito dos indivíduos, nem no dos povos. BENITO MUSSOLINI
Poderia o script ter sido esgotado, pelo menos, ao cabo da II Grande Guerra, quando tombou a maioria de sua grei.? Ledo engano. A derrota de Hitler fez a vitória de Stálin. Vimos a queda do muro; nem assim. O danado permanece. É teimoso, persistente, pretensioso, prepotente, letal. E poderoso, muito poderoso, quem sou para negar. Tal qual câncer, ou picada de cascavel, as "lições" do Secretário entram secretamente, imiscuindo-se em corpos fragilizados, mas também em ricos e sadios, como o do colosso do norte, volta e meia embrulhado em escândalos, mentiras, farsas, escusas, invasões, e corrupções. Tomado o cérebro, o que sobraria aos países de baixo? Los hermanos logo se dispõem. Em seguida, nosotros, macaquitos brasileños, desencantamos versões tropicalizadas.
A corrupção endêmica nas entidades estatais, nos tempos modernos, é tão velha quanto a dos primeiros tempos. Apenas mais sofisticada. Carl Schmitt (“O Conceito do Político”) e Maquiavel (“O Príncipe”) continuam atualíssimos. A velhice dos tempos modernos
Para tapear os miseráveis incas, até japonês pode desempenhar. A Venezuela produz seu teatro com um nativo metido a Simon Bolivar. Alemanha, França, Itália e Japão, além de quase todos asiáticos, permanecem impregnados. Maquiavel permanece atual e atuante. Tudo indica e assim espero, sejam os últimos suspiros deste pérfido ancião. Não pode ir mais longe. Como gostava de dizer Winston Churchill, pode-se enganar a muitos, durante muito tempo; mas não se pode enganar a todos, durante todo o tempo.
Ansiando abreviar esse tempo e predispor salvaguardas para elidir a renovação das experiências, se é que isso é possível, necessário, ou seja lá como for, é que apresento os fragmentos. Pretendo facilitar uma rápida compreeensão, mas não superficial, dos pontos mais influentes, à ciência e à política, pelo catecismo florentino centenas de vezes implantado.
A modesta pesquisa é voltada para quem ainda não conhece o núcleo da nanica, pobre, mas famosa obra, única verdadeiramente maquiavélica, bem como seus catastróficos efeitos; e serve também ao leitor mais erudito, pelas breves, porém importantes relações elencadas, algumas de modo totalmente original.
Dedico esta semana aos maquiavéis, mas principalmente aos príncipes, para que apeiem da engenhoca. Ela foi feita pelo ladino justamente para tapear incautos, ao gáudio da platéia, a qual, no fim das contas, é a que lhe garante o sucesso, por todos esses séculos.
Salve-se quem puder; ou melhor, quem souber.

A razão das ciências políticas

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