sexta-feira, 31 de outubro de 2008

A cisão entre ciência e filosofia

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Quando a filosofia vier a cooperar com o curso dos acontecimentos e tornar claro e coerente o significado dos pormenores diários, a ciência e a emoção hão de interpenetrar-se, a prática e a imaginação hão de abraçar-se. JOHN DEWEY,

A CULTURA ASIÁTICA percebe os polos complementares. Confúcio, a vertente do Tao, e o Budismo consagram a integração. A "civilização" ocidental adotou o confronto. O sabre coloca o povo à serviço do Império:

A sociedade grega e romana se fundou baseada no princípio da subordinação do indivíduo à comunidade, do cidadão ao Estado. Como objetivo supremo, ela colocou a segurança da comunidade acima da segurança do indivíduo. Educados, desde a infância, nesse ideal desinteressado, os cidadãos consagravam suas vidas ao serviço público e estavam dispostos a sacrificá-las pelo bem comum; ou, se recuavam ante o supremo sacrifício, sempre o faziam conscientes da baixeza de seu ato, preferindo sua existência pessoal aos interesses do país.
TOYNBEE, Arnold J.:196.
Depois da queda, a ameaça do diabo já era suficiente para manter o povo nos eixos. Na Idade Média os trabalhos do egípcio Cláudio Ptolomeu (90-168 D.C.), de Santo Tomás de Aquino (1250), o folclore da Divina Comédia, de Durante Aldighieri de Ferrara* garantiam a Pax Benedictina:

Mesmo os ateus estão de acordo acerca de que não há coisa que mais mantenha os Estados e as Repúblicas do que a religião, e que esse é o principal fundamento do poderio dos monarcas, da execução das leis, da obediência aos súditos, da reverência dos magistrados, do temor de proceder mal e da amizade mútua para com cada qual; cumpre tomar todo o cuidado para que uma coisa tão sagrada não seja desprezada ou posta em dúvida por disputas; pois deste ponto depende a ruína das Repúblicas. BODIN, Jean, cit. CHEVALIER, Jean Jacques: 55
O Criador postara a Terra imóvel, no centro do Universo, ao deleite do homem, feito à Sua imagem e semelhança. Tudo girava em nosso redor:
Ptolomeu partiu do pressuposto de que a Terra era o corpo central e tratou as órbitas dos planetas como ciclos e epiciclos superpostos. Isso lhe permitiu prever eclipses do Sol e da Lua com muita precisão; tanta precisão que, durante 1500 anos, sua doutrina foi considerada a base segura da astronomia. HEISENBERG, W., A parte e o todo: 43
A propagação da temática
As assertivas de Aristóteles não destoavam da cristã. Na adolescência do XV, contudo, a Renascença haveria de conhecer a droga platônica, importada de Constantinopla através de Marcino Ficino (1433-1494). Em 1462 o grato Cosme de Medici lhe deu presenteou com uma vila inteira.
A doutrina órfica colocara a dialética em epígrafe ao cingir o homem em corpo e alma, aquele mundano, esta divina. Platão adotava todo o tipo de dialética, e isso encaixava perfeitamente. Pode-se afirmar, com toda segurança, que o elemento se constituiu na base primordial de suas proposituras; e tal metafísica revestia como luva os preceitos cristãos. O Gênesis oferece vários contrastes:
No Princípio Deus criou o céu e a terra. A terra, porém, estava informe e vazia, e as trevas cobriam a face do abismo, e o Espírito de Deus movia-se sobre as águas. E Deus disse: Exista a luz. E a luz existiu. E Deus viu que a luz era boa; e separou a luz das trevas. E chamou a luz de dia, e as trevas noite. E fez-se tarde e manhã: o primeiro dia.
"Platão se harmonizava, perfeitamente, com a doutrina cristã, porque tanto nele quanto na Igreja, tudo procede da mesma fonte, a saber, do 'logos' divino."
Por 250 distintas localidades mil tipografias divulgavam o Novo Testamento:
“De todas as revoluções tecnológicas do milênio, a de maior alcance ocorreu um pouco antes da metade dessa era. Em 1455 Gutemberg escreve a Bíblia.”
(Veja, n. 51, Especial do Milênio)
Entretanto, o cortejador dos espartanos ainda prescrevera (Epinomis): "A ciência dos números, dentre todas as artes liberais (?!) e ciências contemplativas, (ou seja, apenas especulações, isentas de responsabilidade porque improváveis) é a mais nobre e excelsamente divina."
Ao ser questionado porque o homem se diferenciava dos animais, Platão fora categórico: "Porque sabe lidar com números."
A própria razão se baseia por cálculos. O designativo vem de ratio, latim, significando ratear, contar, dividir, multiplicar. Presumia-se quem soubesse contar fosse senhor de razão, mesmo que não tivesse nenhuma:
Racionalização significa a transformação do mundo dominante em nome de um plano racional: a organização construída sobre um método e uma seleção racionais, que é totalmente onipotente (...) Sabemos por experiência (...) que o totalitário não é propício à tolerância.
GALLAS, Z StW, 1963, cit. ANDRADE, Manuel da Costa: 27
Na virada do século o mundo viu publicados duzentos e quatorze livros de matemática. (RONAN, Colin A., História Ilustrada da Ciência, Vol. III - Da Renascença a Revolução Científica: 61)   Os Toffler (p. 41) relatam o pitoresco: “Um conselho sem dúvida bem-intencionado, atribuído a Santo Agostinho, advertia os cristãos a manter distância das pessoas que sabiam somar ou subtrair. Era óbvio que haviam firmado um 'pacto com o diabo'.”
Os números continham o germe pela qual o edifício eclesiástico seria abalado, mas nos Descobrimentos vinham a calhar. Ademais, propiciavam segurança aos artesãos, tornavam as atividades concretas, lógicas e práticas, enfim, poderiam solidificar as ciências. A matemática se tornou cimento, segura vedação contra qualquer tentativa de acolher, “com distorções de palavras”, proposições de variadas e incompatíveis procedências:
Na matemática não há fatos fora do seu próprio campo que exijam comparação. Por causa dessa certeza, os filósofos de todos os tempos sempre admitiram que a matemática propicia um conhecimento superior e mais confiável do que o reunido em qualquer outro campo do saber.
RUSSELL, B., 2001: 137
Copérnico e Giordano Bruno confirmaram os cortes, logo estancados pela imediata ação do Vaticano. Como não se pode enganar a todos, durante todo o tempo, veio Galileu desferir o golpe fatal à teoria geocêntrica, a pérola do catolicismo. Deus fizera a Terra em sete dias, e colocara o homem para dominá-la, à sua imagem e semelhança. Como supor que não estivéssemos no centro do Universo? Era só olhar ao céu, às nuvens para verificar o flagrante: era Deus que passava, e não a Terra que se mexia!
A luneta despiu o
santo-do-pau-ôco; mas era possível readaptá-lo. Johanes Kepler (1571-1630) anunciou: "Deus geometriza. A geometria é o próprio Deus."
Sequer o Inferno, de Dante
escapou do crivo. (Palestra na Academia Florentina, A Geografia do Inferno de Dante Tratada Matematicamente, 1588; cit. GEYMONAT, Ludovico, Galileu Galilei: 10)
Tornou-se Galileu o “pai da física matemática”.
(Idem, 318 ) Poderíamos dizer, sem querer ofendê-lo, mas completá-lo, que sua idéia foi a “mãe da pretensão científica”.
Quanto ao homem, estava provado: não estando mais no centro do universo, poderia ser, quanto muito, uma inexpressiva peça de toda a engrenagem do reino solar.
A faculdade de conhecer o verdadeiro se resumia ao que os braços ou olhos podiam confirmar, mas o acesso ao completo texto da geometria euclidiana estava plenado. Este é o engano basilar de Galileu e Kepler, e da produção científica empilhada nos séculos que lhe sucederam - a premissa pintada como conclusão de pensamento, a subversão numérica das letras:

A filosofia está escrita neste grande livro que permanece sempre aberto diante de nossos olhos; mas não podemos entendê-la se não aprendermos primeiro a linguagem e os caracteres em que ela foi escrita. Esta linguagem é a matemática e os caracteres são triângulos, círculos e outras figuras geométricas.
GALILEU, cit. CAPRA, Fritjof, O ponto de mutação: 50
Os caracteres nasceram deformados pela carga genética: “Não tenho dificuldades para admitir, identificando o platonismo com matematicismo, o caráter platônico da ciência galileana”. (GEYMONET, Ludovico: 42)
“A grande idéia de Koyré, justamente, é que Galileu encarnava a herança do platonismo. Em outras palavras: Galileu acreditava que, graças à matemática, os físicos conseguiriam apreender a estrutura íntima da realidade”.
(THUILLIER, P., :128)
Foi uma lástima, à ciência e à humanidade: “Em alguns aspectos importantes, embora de maneira alguma em todos, a Teoria Geral da Relatividade de Einstein está mais próxima da teoria de Aristóteles do que qualquer uma das duas está da de Newton.”
(KUHN, T.S., Estrutura das Revoluções Científicas: 253)
Complementa Koyré (
Considerações Sobre Descartes: 81):

Ocorre que para Aristóteles a geometria era apenas uma ciência abstrata. Por isso, a geometria nunca poderia explicar o real. As suas leis não dominam o mundo físico. O estudo da geometria não precede o da física. Uma ciência do tipo aristotélico não se apoia numa metafísica. Conduz a ela, em vez de partir dela. Uma ciência tipo cartesiana, que postula o valor real do matematismo, que constrói uma física geométrica, não pode dispensar uma metafísica. E tem mesmo que começar por ela. Descartes sabia-o. E Platão, que fora o primeiro a esboçar uma ciência desse tipo, sabia-o igualmente.
A ética se tornou dialética. O numerário subverteu as ciências, depois a própria filosofia; e por fim, contaminou todo mundo ocidental: "Uma ilusão geral constitui uma força social, que serve potentemente para cimentar a unidade e a organização política de um povo, como de uma inteira civilização." (MOSCA, Gaetano, Scritti politici (Teorica dei governi-elementi di scienza política) vol.II, 633; cit. REGO, W.D.L.: 88)

Aprecie:

Ciência e Religião
A Ciência e a Filosofia na sala de reuniões
A importância da China
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quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Da Moderna Economia

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Se vamos continuar a nos apoiar na ciência para criar e gerenciar organizações, para fazer pesquisa e formular hipóteses sobre desenho organizacional, planejamento, economia (finanças),a natureza humana,e mudanças de processos, então deveríamos pelo menos nos apoiar na ciência de hoje. Deveríamos parar de procurar modelos na ciência do século XVII e começar a explorar o que aprendemos com a ciência do século XX. Margaret Whetley¹
Descentralização² - O que acontece na economia é resultado da interação de muitos agentes atuando em paralelo. As ações de um agente em particular serão resultado de sua expectativa em relação ao que os outros agentes irão fazer. Os agentes antecipam e co-criam o mundo à sua volta.
Ausência de um controlador central - Não há uma entidade global que controla as interações ou que tenha conhecimento da estrutura global do sistema. O controle é feito pelo processo de cooperação e competição entre os agentes e medido pela presença de instituições e regras.
Organização hierárquica flexível - A economia tem vários níveis de organização e interação. Unidades em um certo nível - comportamentos, ações, estratégias, produtos - servem de base para a construção de unidades em níveis superiores. A organização global é mais do que hierárquica, com interações entre os diversos níveis se misturando e criando uma complexa rede de relacionamentos e canais de comunicação.
Adaptação contínua - Comportamentos, ações, estratégias e produtos são revisados continuamente à medida que os agentes ganham experiência - o sistema está em constante adaptação. O elemento surpresa e a chance permitem que o sistema tenha muitas soluções e aproveite novas oportunidades. Eventualmente, uma destas soluções será a escolhida, mas não necessariamente será a melhor.
Novidade perpétua - Nichos são continuamente criados por novos mercados, novas tecnologias, novos comportamentos e novas instituições. O próprio ato de se preencher um nicho já cria novos nichos. O resultado é um sistema onde sempre aparecem novidades. Inovações são desenvolvidas, levando a produtos mais avançados que, por sua vez, demandam mais inovações.
Dinâmica fora do equilíbrio - Como novos nichos e novas possibilidades estão sempre sendo criados, a economia opera fora de uma situação de equilíbrio global, ou seja, sempre há espaço para melhora. Apesar de estar fora do equilíbrio, o sistema possui regras que limitam seu comportamento, evitando que este se torne caótico durante o processo de adaptação e evolução.

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Leadership and the new science, cit. NÓBREGA, Clemente, Em busca da empresa quântica: 197.
HOLLAND, John, cit. GLEISER, I.: 202

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A representação do mundo


Em devaneio 
A matemática surgiu da auto-alienação do espírito humano. A alma não consegue se encontrar na matemática. O espírito humano reside nas instituições humanas Giovanni Battista Vico (1668-1744)
O mundo como vontade e representação intitulou a magna obra de Schopenhauer.* Vagamente lembro o conteúdo. O mundo seria como a expressão que estivesse contida na mente. O centro e a essência do mundo não estão nele, mas naquilo que condiciona o seu aspecto exterior, na "coisa em si" do mundo, a qual Schopenhauer denomina "vontade" (o mundo por um lado é representação e por outro é vontade). O mundo como representação espelha  a "objetividade" da vontade (vontade feita objeto - submetida ao princípio formal do conhecimento, o princípio de razão. Aproximava-se da doutrina oriental. Talvez seja o único filósofo poupado pelo nosso arquiartilheiro TriPulante Nietzsche. Mas o mundo a que se refere o renomado autor é o das coisas, dos objetos, do Universo, enquanto o que trago à ribalta é o exclusivo da gente - o mundo formado por nossos costumes. De qualquer sorte, também somos produto e representação das vontades de nossos antepassados. Mercê das sapiências ´nosso mundo surgiu e se mantgém sob a égide dística, e geralmente dramática. Esta representação, este teatro teve seu script  lavrado na Caverna: . "Leia sobre Platão, Aristóteles e os matemáticos antigos e descobrirá como suas especulações e descobertas foram transformadas e ampliadas nos métodos e sistemas com que até hoje trabalhamos." (BARZUN, J.  A História, cit. FADIMAN, C.: 4)
A peça exige hierarquia, com papéis delimitados. "A sociedade grega e romana se fundou baseada no princípio da subordinação do indivíduo à comunidade, do cidadão ao Estado. Como objetivo supremo, ela colocou a seguranç a da comunidade acima da segurança do indivíduo." (TOYNBEE, A. J.:196). Os atores representam o povo, que não em limite. E nenhum compõe sequer a realidade que vê. Agem supondo o que melhor representa. Fidelidade não vem ao caso, Importa agradar a platéia.  A realidade assim se dissipa antes mesmo do objeto cumprir a missão pela qual oi representante ingressou no cenário.
Contemporaneamente o mito vai se identificando com a ideologia política: é que o processo mitológico sempre coloca suas crenças a serviço de uma ideologia. Barthes, coincidindo com este entendimento, afirma que através do mito consegue-se transformar a história em ideologia. WARAT, L. A. Mitos e Teorias na Interpretação da Lei: 128
O elenco segue as parcas noções transmitidas  de geração em geração. "Vivemos à base de idéias, de morais, de sociologias, de filosofias e de uma psicologia que pertencem ao século XIX. Somos os nossos próprios bisavós." (BERGIER, J. e PAWELS, L. , O despertar dos mágicos: 31) Eis o non sense: “Existem tempos nos quais os homens são tão diferentes uns dos outros que a própria idéia de uma mesma lei aplicável a todos lhes é incompreensível.” (TOCQUEVILLE, A. 1997, Livro Primeiro, Capítulo III: 61) Como o tempo varia para todos de modo geral, e ainda mais ao particular, cada qual descarta sua própria metafísica, sua personalidade, em prol de um denominador comum, dita sociedade, a história que se produz é uma permanente festa à fantasia, na qual os dogmas e as religiões do mundo comparecem vestidos de arlequim. Tudo de acordo com o script originamente disposto naquela Atenas dominada pelos Trinta Tiranos. 
As principais características do indivíduo no grupo são, portanto, o desaparecimento da personalidade consciente, o domínio da personalidade inconsciente, a orientação de pensamentos e sentimentos em uma só direção mediante a sugestão e contágio, a tendência à realização imediata de idéias sugeridas. O indivíduo não é mais ele mesmo, é um autômato destituído de vontade. Ademais, pela mera participação num grupo, o homem desce vários degraus na escada da civilização. LE BON cit. KELSEN, HANS, A Democracia: 315
E lá se vem a massa de roldão, em coro e  refrão. Quem nada represeta não merece, sequer, viver.
O mundo barroco pode ser descrito também como um grande teatro, onde cada homem deve ocupar o seu lugar. O mais belo dos teatros é o centro do mundo católico romano: a praça de São Pedro em Roma. A literatura, as artes, a filosofia giram em torno de Deus, de suas exigências e da salvação. Os filósofos e os sábios da época, em sua compreensão do mundo, privilegiam o caráter de abstração e de esquematização. (geométrico).  JAPIASSÚ, H., 1997: 81
Deus nomeou seu grande representante, bem como um exército de pequeninos, em crescimento tão acentuado quanto a máxima de Malthus.
Os sindicatos representam as classes profissionais; os partidos dividem a população em partes, feito fatias de pizza. Dentro do Congresso eles são representados pelos líderes. Os liderados podem descansar. Os clubes representam paixões; e a bandeira, o orgulho nacional. As câmaras de comércio e indústria decidem pelos segmentos correspondentes. Ninguém mais precisa se manifestar. Comércio de ações, só com a ação do intermediário. Perante o juiz, é vedado se defender, exceto por seu representante, o doutor. Ambos se  mostram mais realistas do que os reis... por preconceitos metafísicos. O importado atesta o sucesso profissional do condutor. Como foi adquirido, ou se de fato é da propriedade de quem está no volante, não vem ao caso. O cartão-de-crédito confere credibilidade, e a gravata, o prestígio. A cruz pendurada no espelhinho expõe a religiosidade do motorista, e a tatuagem, o amor. O preto, o luto; a estrêla, o general. O dez é o máximo. O cabelo identifica o skinhead. Com o cartão-vermelho o árbitro não precisa abrir a boca. Cristo abençoa a Cidade Maravilhosa; pouco importa o sangue correr pela sarjeta.

O representante máximo
Segundo o escritor pós-moderno David Harvey, a crença no 'progresso linear, nas verdades absolutas, no planejamento racional de ordens sociais ideais' engendrou 'uma celebração do poder burocrático corporativo e da racionalidade, sob o disfarce de um retorno à superfície do culto da máquina eficiente qual um mito suficiente para incorporar todas as aspirações humanas'. ZOHAR, D., 2000: 167
O elemento propulsor dessa racionalidade congrega todas listadas, e mais incontáveis, a ponto de ocupar quase todo o mundo real, também o virtual, é simples e popular: o dinheiro. O papelucho a tudo precede, especialmente vãs aspirações humanistas, entre as quais a ética, formulação estéril e improdutiva, por isso ignorada, e desprezada, coisa de Aristóteles, incompatível com a ambição de Platão.
A teoria macroeconômica não tem procurado superar seus outros defeitos mais sérios. Inspirada na errada crença de que deveria imitar os métodos das ciências naturais, especialmente os da física, acabou abstraindo-se das variáveis essenciais mas não quantificáveis, tratando uma série de eventos históricos como se fosse repetitiva, determinística e reversível. SIMPSON, D.: 6
Como sair da arataca greco-romana, estrêla-guia?
Einstein insinua que a ciência se deve ocupar, em primeiro lugar, não de noções que, na sua essência, estão marcadas por uma grande carga metafísica, como as de 'força' e 'matéria', mas antes daquilo a que agora chamamos 'intersecções’ no espaço-tempo de linhas do universo. HOLTON: 127.
Mais difícil era compreender que o Sol não girava ao redor da Terra. Quase impossível é conceber E=Mc2. De que modo se resignar com a precariedade da matéria,  apenas expressão de energia  estática,, um veículo efêmero, e volátil?  Convencer tuareg que a água pode ser sólida? E o que dizer do terreno onde pisa, que pode ser de origem líquida, manifesto nuclear? Talvez um pé de vulcão lhe demova as idéias fixas.  Como explicar que a gravidade não é por força do agente, mas concessão das circunstâncias desprovidos da menor visibilidade à sustentação? 
Estamos hoje no meio da maior catástrofe econômica – a maior catástrofe devida quase inteiramente a causas econômicas – do mundo moderno. Sustenta-se em Moscou de que é a crise final, culminante no capitalismo e que nossa ordem existente da sociedade não sobreviverá a ela. KEYNES, J.M., cit. TRATHERN: 224
Diante do colapso prenunciado, de novo deflagrado,, urge uma reversão. "A estimativa é de que atualmente haja 35,6 milhões de pessoas vivendo com demência no mundo. Este número deve subir para 65,7 milhões até 2030 e 115,4 milhões até 2050." BBC-Brasil, 21/9/2010 Não me proponho a extintor, mas sugiro um longo corte epistemológico no pontilhão do ocidente, no fito de readequar este cristal que mobiliza e monopoliza todas as atenções e relações humanas, responsável direto pela devastação à granel.
"Sabemos que o universo manifestado, que parece ser formado por objetos sólidos, é na verdade composto por vibrações, com os diferentes objetos vibrando em frequências distintas." (CHOPRA, DEEPAK, A realização espontânea do desejo: 124)  "O núcleo do novo paradigma é o reconhecimento de que a consciência, e não matéria, é o substrato de tudo que existe." (GOSWAMI, A. )
Você é produto de seu desejo mais profundo.
Como é seu desejo, assim é sua intenção.
Como é sua intenção, assim é sua vontade.
Como é sua vontade, assim é sua ação.
Como é a sua ação, assim é seu destino.
Realize-o, em prol do seu coração
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*SCHOPENHAUER, Arthur, O Mundo como Vontade e Representação. Tradução de Heraldo Barbuy. - São Paulo: Coleção Grandes Obras da Filosofia, Edições e Publicações Brasil Editora S.A., 1958.
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quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Meu amigo Mané

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0Por causa de seu aniversário, ontem lhe revi na TV. Amarildo, o Possesso, acrescentava histórias.
No Perú gritavam sobre terremoto. Todos corriam, menos você: não queria nada com ele; só queria ir dormir.
Já ouvira outra, através de Mário Américo.
Você comprou um radinho de pilha no centro de Estocolmo. Chegando no hotel, ao ligá-lo,
só falava em sueco, Mané?
Werner Herzog a ZH: "Daria tudo para conhecer Garrincha
..Permita-me curto relato pessoal, em prosaicas relembranças. Leve como recreio, ao melhor gosto do amigo. Uma folga da "crise".
..Muito sonhamos, ainda mais crianças. Campeonatos-de-botão são envolvidos por grandes paixões. Escolhia-se nominar as equipes aos moldes dos grandes teams, e quem desfilasse no Maior do Mundo tinha especial destaque. Os certames, concorridos, pareciam nosso atual Brasileirão. O Maracanã era palco para notáveis artistas. Pequenos incomodativos por lá tinham vez, também; e de suas hostes envergaram a Canarinho competentes profissionais. Lembro do Bangú, de Ubirajara, Ocimar, Zózimo e Fidélis; do América, de Djalma Dias; dos ossos-duros Canto-do-Rio e Madureira, Olaria, Bonsucesso, e tantos mais. Nos grandes clubes a festa era opulenta. O Vasco se protagonizava como Rei-da-botina. A Cruz era mais de morte, do que de Malta. Almir, o Pernambuquinho, bem sabia. O barco daquele Almirante, entretanto, ainda transportava vários outros piratas com cara-de-mau: Delém, Vavá, Paulinho, Écio, mais Coronel, Sabará, Bellini e Orlando. Fluminense apresentava uma leitaria, na figura carismática do gentil Castilho, keeper reserva de Gilmar. Pelas Laranjeiras ainda moraram o artilheiro Valdo, Escurinho, Pinheiro, Altair, Jair Marinho, em seguida o próprio Carlos Alberto, e tantos. Ao rumo da Gávea tomaram Dida, Joel, Dequinha, Moacir, Henrique, Tomires, se bem lembro, Pavão, e até Zagallo, que por lá começou sua impressionante e interminável escalada. No Botafogo morava o Glorioso, sob as bênçãos de Garrincha. Escolhi este....
,,Certa feita, aconteceu um fato inédito: o Alvi-Negro de General Severiano* veio jogar perto de nossa cidadela, imagina! Nunca tínhamos visto tantos craques juntos, e entre eles o mais esperto, pernas tortas que faziam filas de joãos. Era lembrar o antigo brinquedo, o João-Bobo. A partida terminou empatada, como convinha. Ao final, fomos acompanhar a saída das grandes estrelas, a maioria bi-campeã mundial. Do meio do ônibus, de cima para baixo, resplandeceu o facho de luz. Pedi para elevar-me. Garrincha me estendeu as duas mãos; e com o sorriso característico da Alegria do Povo, desejou-me "Boa-Sorte!"
..Sua energia permanece no meu coração. Jamais minha bateria descarregará.
Museu do Futebol Brasileiro
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*Nome da rua onde se localizava a bela sede e o estádio do Botafogo, em estilo inglês, na entrada do bairro do Flamengo, que por sua vez tem seu reduto na Gávea. O homenageado era o irmão mais velho do Mal. Deodoro da Fonseca, o golpista proclamador da "República." A magnífica sede foi vendida para a Companhia Vale do Rio Doce, nos anos setenta. O Botafogo foi deslocado à periferia, num bairro chamado Mal. Hermes, que também era da Fonseca, sobrinho de Deodoro. Este mal. derrotou o brilhante Ruy Barbosa, em 1910, numa eleição sabidamente fraudulenta, para "presidir" a "República" até 1914. A última curiosidade: Hermes foi marido da famosa Nair de Teffé, filha do Barão de Teffé, cantora e caricaturista, com quem casou após a morte da primeira esposa, dois anos depois de empossado. Nair faleceu no seu aniversário de 95 anos, em 1981.
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terça-feira, 21 de outubro de 2008

Interações


No espaço aparentemente vazio há um nexo, uma vida eterna, que une tudo quanto existe no Universo - tanto animado quanto inanimado - uma onda de vida que flui através de tudo o que existe. Paramahansa Yogananda, Onde Existe Luz. Surf nas Ondas Herméticas -- .
Tomezinho permanecia reticente, vidrado na TV. Click! Pronto. O controle remoto nudou o canal. Agora ele acredita: forças ocultas são até mais poderosas do que as aparentes.
O essencial é invisível para os olhos.
Saint Exupèry
Mas quão oculto será? E apenas um? São trilhares essenciais. A ordem é multiforme:“Há infinitos universos paralelos formando ramificações. Em cada um se atualiza uma realidade.” (TOFFLER A. & TOFFLER, H. : 20)
E não são elas que estão assim, tão escondidas; dependem, apenas, do interesse. Nossa parca visão e menor consciência é que nos impedem de considerá-las. .
O que governa a dinâmica da natureza, inclusive em seu aspecto mais material, na física, não é uma ordem rígida, predeterminada. Nem tampouco uma dialética entre contrários em luta, que leve a síntese, até que se produza uma nova antítese, como na visão dialética marxista rechaçada também pela genética, segundo diz MONOD. É precisamente uma interação - que já existe nos níveis materiais mais elementares entre o aspecto onda e o aspecto corpúsculo - o que impulsiona a dinâmica da natureza. Assim o mostram as relações de mecânica ondulatória, que explicou LOUIS DE BROGLIE, síntese genial que tornou possível, como diz RUEFF, uma filosofia quântica do universo, aplicável não somente às ciências físicas, senão também a todas as ciências humanas.
GOYTISOLO, Juan Vallet,
Interações
A atenção energiza; e a intenção, modifica.
Garotos tinham o hábito de colocar à prova seus amplos poderes.
Na cadeira do cinema, fixavam na nuca que pretendiam, à frente.
Em instantes, ela voltava a cabeça, como se a procurar o motivo da torção.
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A fé tudo pode explicar; porém, ainda que a professem, raros sabem por quê, ou como, mas em apuros, que mais a perder?. Com a ciência acontece o contrário. Ela se frutifica em ambiente favorável, por canais prazerosos. Renova-se, assim como gerações, dentro de uma atividade lúdica. Jacques Barzun costumava saudá-la como uma "gloriosa diversão." A diversão juvenil, o desafio romântico do cine.
As inversões são curiosas. Até o limiar do século XX, a ciência era considerada uma tarefa bastante árdua, edificada aos poucos, com muito esforço na aquisição de uma infinidade de fórmulas e dados. Para lograr o terraço, o edifício exigia o percurso de incontáveis andares, condições que só raridades se entusiasmavam. A fé, contudo, não. O hábito escravagista, dos reinos e súditos, impregnou a mentalidade de Deus imperador, super-humano sentado no céu. Basta seguir seus poucos mandamentos, e tudo estará em paz.
Será apenas por falta de fé que não habitamos o Paraíso? Como seria cômodo. O mundo, contudo, não é determinado. Isso nos foi incutido pela técnica de domínio greco-romana. Felizmente, ou não, Deus não é goal-keeper.
Houve, então, quem estipulasse: "Deus não joga, mas fiscaliza." Mas por qual razão?
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Essa nova civilização tem sua própria e distinta concepção de mundo, maneiras próprias de lidar com o tempo, o espaço, a lógica e a relação de causa e efeito.
ORMEROD, Paul, 1996: 194
O livre-arbítrio, a consciência, o colapso, tudo isso ora é objeto científico. Paradoxalmente, o conhecimento nos revela a impossibilidade da exatidão. No princípio da incerteza, tão bem explicitado pelo colossal nazi Werner Heisenberg, existem probabilidades, possibilidades. E por existirem probabilidades e possibilidades, nada pode ser matemático porque, se assim fosse, vedaria o livre-arbítrio: tudo seria determinista. Mas não é determinista. O princípio da incerteza é fundamental. Portanto, não há motivo para a epistemologia da Física ser matemática; tampouco para as ciências humanas serem apartadas.
A consciência humana está transpondo um limiar tão importante como o que transpôs da Idade Média para a Renascença. O homem está faminto e sedento após tanto trabalho fazendo o levantamento de espaços externos do mundo físico começa a ganhar coragem para perguntar por aquilo que necessita: interligações dinâmicas, sentido de valor individual, oportunidades compartilhadas, efeitos. Nosso relacionamento com os símbolos de autoridade do passado está se modificando, porque estamos despertando para nós mesmos como seres, cada qual dotado de governo interior. Propriedades, credenciais e status não são mais intimidativos. Novos símbolos estão surgindo: imagens de unidade. A liberdade canta não só dentro de nós, como em nosso mundo exterior. Sábios e videntes previram esta segunda revolução. O homem não quer se sentir estagnado, o que deseja é ser capaz de mudar.
RICHARDS, M. C., The Crossing Point, 1973; cit. FERGUNSON, M.: 57
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A Quântica apresenta muitos conceitos revolucionários, entre os quais destacamos o trio: movimento descontínuo, interconectividade não-localizada e, somando-se à causalidade ascendente da technê newtoniana, a causalidade descendente, a consciência escolhendo entre possibilidades, virtualidades das quais precipitar-se-á o evento real. Realidade e virtualidade, sujeito e objeto, corpo e alma, Céu e Terra, são convencionais e complementares:
" Ora, nossas observações do mundo exterior, que nos conduzem à física, nos revelam um universo constituído de uma multiplicidade de sistemas ‘abertos’, todos em incessante interação com seu ambiente.” (Ben-Dov: 149)
Ao postularmos a consciência, o observador como causa da precipitação da onda de possibilidades, escolhendo a realidade a ocorrer, podemos fazer a pergunta: qual é a natureza da consciência? E encontraremos uma resposta surpreendente. Essa consciência que escolhe e causa o colapso não é prerrogativa individual. Em vez disso, é uma consciência cósmica, na qual ela se integra. O observador per se pode ser incapaz de promovê-la em um estado de consciência deliberada, por isto parcial, dona de único polo, mas pode lográ-la em estado de consciência anormal. É o que buscam ascetas, místicos, alquimistas. Na fi­losofia budista, coexistem espírito e matéria, denominados Sambhogakaya e Nirmanakaya. A consciência única, Dharmakaya, os ilumina. Podemos obtê-la pela intuição.
Além de nosso próprio destino, poderíamos modificar algum outro?
Bem, mudando o nosso, automaticamente interferimos em todos os demais.
Teríamos capacidade de interrompê-los em algum instante, pelo menos alterar alguma direção? E já que, necessariamente, essas ondas serão sentidas por onde passarem, poderemos dotá-las desejos, ou presentes?
A resposta é única para todas: SIM!

Nesse caso, os neutrinos (1) que criamos em nosso organismo podem ter a nossa marca e podem estar fazendo a nossa interação com o universo. Podem estar levando nossa mensagem, mostrando nossa existência e o que somos, do mesmo modo que a luz das estrelas nos faz tomar conhecimento de sua existência.
ANDREETA, José Pedro e ANDREETA, Maria de Lourdes, Quem se atreve a ter certeza? A realidade quântica e a filosofia: 162.
As ondas sonoras de meu grito eu ouço em eco, de modo que elas me informam que existe algo pela frente. E como retornam até ampliadas, não tenho dúvidas de que um mundo monumental espera por todos os videntes, digo, viventes. Por se acercar deste fantástico mundo O Segrêdo vem mantendo a pole-position no ranking dos best-sellers. Neste Universo, filio-me entre os que identificam no médico Deepak Chopra PhD** seu mais notável baluarte. (www.terra.com.br/istoe/economia/154924.htm)
O ALLmirante,
mercê surfar com denôdo, e através de instrumentos quânticos, não meramente mecânicos ou eletromagnéticos, pode bem acompanhá-los. Aprecia o mar, e não teme enfrentá-lo com mera prancha. No embalo das notáveis correntes, usufrui de um cruzeiro prazeiroso, per se proveitoso.
* * *
A radiação cósmica de fundo foi descoberta em 1965. Ela flui em fraquíssimas microondas, mas permeiam todo o espaço- é uma espécie de "eco" da explosão que deu origem ao Universo, há 13,7 bilhões de anos, o Big Bang. Já raios cósmicos são um fenômeno distinto, constituídos de núcleos de átomos ou partículas subatômicas que viajam em velocidade próxima à da luz. Não estão ao acaso. Podemos identificar o fato antes do colapso. Destarte, podemos tentar interagir; ou não. Também pela não-ação tudo pode ser feito.

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1.Em torno de 1931, Pauli encontrou vestígios do que poderia vir a ser outra partícula muito pequena que acompanhava o elétron em sua aceleração. Esta foi denominada de “neutrino”. Somente em 1956, é que se comprovou a existência real do neutrino, pois sua interação era tão pequena que quase não foi possível sua detecção. Fisicamente, o primeiro detector de neutrinos consistia de uma cubo com 400.000 litros de tetracloroetileno. No início da década de sessenta, foi descoberto em laboratório que os prótons e nêutrons compunham-se de partículas que foram chamadas de quarks. Em meados da década de oitenta, os quarks, juntamente com outra classe de partículas subatômicas conhecidas como léptons, constituíam os blocos construtores fundamentais de toda matéria.
Os neutrinos sofrem interações fracas e gravíticas. Experiências executadas em laboratórios de partículas indicam que se transformam de um tipo em outro durante seu deslocamento. A isto se chama oscilações de neutrinos. Koshiba e Davis ganharam o prêmio Nobel / 2002.

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domingo, 19 de outubro de 2008

ReVerSão

Cada passo dado pela mente em seu progresso
na direção do Conhecimento revela, ao menos
por ora, algum descobrimento não só novo
como o mais apropriado.
John Locke

Introdução
O trem transporta gente e produção. A viagem, contudo, se restringe ao destino dos trilhos, e sua inércia requer enormidades. Nenhum progresso científico é capaz de livrá-lo dessas (im) propriedades.
No circuito histórico ainda se ouve o apito. Passageiros de origens diversas vão embarcando  à infinita viagem. Deslumbra-lhes a paisagem, mero cenário montado. Aguça-lhes a imaginação de um porvir,  avilltada pelo romantismo, mas  os registros do percurso assinalam contínuas tragédias.
Na estação XVIII  o mais antigo vagão se desligou da locomotiva. Na parada XX o "espanto" da Gravidade obrigou o "carro-restaurante" a também efetuar o magnífico  corte epistemológico  A composição já não tem mais objeto. O fim da dicotômica monotonia enseja o desembarque de todos.
Todo homem possui sua finalidade particular, de modo que mil direções correm, umas ao lado das outras, em linhas curvas e retas; elas se entrecruzam, se favorecem ou se entravam, avançam ou recuam e assumem desse modo, umas com relação às outras, o caráter do acaso, tornando assim impossível, abstração feita das influências dos fenômenos da natureza, a demonstração de uma finalidade decisiva que abrangeria nos acontecimentos a humanidade inteira. NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm, Da utilidade e do inconveniente da História para a vida: 74
Embora a mágica de esporádicos trechos incólumes, a retilínea, desrespeitosa e por tudo grosseira via-férrea traçada pela civilização passa por cima de tudo. A má temática de Platão & Pitágoras ainda abala todos os sistemas, sejam vegetais, minerais ou animais, e mormente os políticos, jurídicos, econômicos, científicos, filosóficos, sociais e pessoais. Ao examinarmos teorias e fatos, idéias e formas, para tomar o jargão da perfídia grega, elemento que impulsionou o insensato tour, delineamos o leitmotiv da torpeza. Precedeu-lhe o medo injetado, do trovão e da epidemia, da extinção da propriedade privada em prol do abstrato coletivo, gerado e gerido por um único artífice, invasões e chacinas, guerras frias e quentes, estratégias, ações e reações. As aventuras “ferrocarris-ideológicas” conduziram a humanidade no rumo de Marte, digo, da morte, às covas comunitárias, massacres coletivos logrados por convocações realizadas pretensamente na defesa de ideais, mas efetivadas na mera ambição do alheio, vileza camuflada na fé quase religiosa que hábeis condutores bem sabem incutir, no fito de captar seguidores de suas doutrinas de espoliação total...
.Evidentemente, não podemos julgar o passado como réu, para daí submetê-lo a pesada condenação diante dos nefastos desígnios impingidos à grande parcela da humanidade, para não dizer a toda; não. Além de inócuo, antes de tudo temos o dever de tentar compreender motivações e peculiares circunstâncias, até de tempo e lugar, realidade e conhecimentos predominantes.
Mesmo épocas de opressão são dignas de respeito, pois são a obra, não dos homens, mas da humanidade, e portanto, da natureza criadora, que pode ser dura, mas nunca é absurda. Se a época em que vivemos é dura, temos o dever de amá-la ainda mais, de penetrá-la com nosso amor, até que tenhamos afastado as enormes montanhas que dissimulam a luz que há para além delas. PAWELS Louis & BERGIER, Jacques, O despertar dos mágicos.
Nosso approach procede uma interpretação gradualmente aproximativa, viajante do próprio fio que o liga; mas, quando perfilamos as lógicas e razões condicionantes dos movimentos das massas, sobressaem-se os grandes equívocos cometidos por nossos ancestrais, bem como a caducidade de seus incontáveis arquétipos, por bizarro alguns ainda utilizados; e o que é pior - até procurados.
O curioso é que a civilização parece acostumada aos bretes, à opressão, de modo que todas as épocas permanecem modernas. Mussolini morreu feito carneiro-à -gaúcha, numa viga de Milão; e a Nomenklatura foi sepultada com as pedras do muro de Berlim. O que aconteceu?..O fim do Duce, mas não do fascismo.
Com a arquinimiga desaparecida, recrudesce a assombração fascista, bem mascarada, infiltrando-se em quase todos os países. A ação dos atuais gangsters é a mesma da época: maracutaias monetaristas com os bancos*, e mercantilismo com os investidores de campanha, de modo a colocar em xeque até mesmo a democracia. Mais do que isso, tem aquela outra conseqüência - a reanimação da rival:
Se E=Mc2, ou seja, se a matéria é apenas energia estática, o materialismo não tem, sequer, objeto. Mas nem esta decisiva informação, advinda da própria Alemanha, por lá pelo visto ainda não é bem conhecida. Achtung!
O fim-da-linha
A permanência desses pré-fabricados é que se torna indesculpável. Chegaremos mais próximos da reorganização e de um reacomodamento natural, paradoxalmente, lançando um cocktail desintegrativo nesse desenrolar pseudocientífico, ferros da direita e da esquerda que compuseram os trilhos à passagem da loco motiva sócio-política. Parando ou rompendo com o determinismo oriundo deste pretérito mecanicista, egoísta e opressor, poderemos alcançar mais rapidamente a readaptação, arejada e transparente, a perfazer um tecido social condigno com a época e as aspirações de cada um de nós. Voltando-nos ao real, por que acontecido, restar-nos-á explicá-lo e abandoná-lo, para tomarmos os tapetes mágicos de nossos próprios sonhos, permitidos e queridos por uma nova ordem (ou desordem), múltiplo anseio de ver e viver o mundo mais harmonicamente integrado e desenvolvido. Estacionado o velho trem, retirada a carga, optamos por pequenas, ágeis, versáteis e ecológicas naves, individuais ou não, mas definitivamente em consonância com a complexidade e leveza cósmica.
 ReVerSão
Nosso EspaçoTempo permite que as urgentes alterações sociais assumam a velocidade propícia. O espectro dos meios de comunicação, ampliados espetacularmente a partir das noções sobre as disponibilidades energéticas, rompe limites, predispondo a simultaneidade e a democracia da informação. Todos podem se integrar no mesmo instante, sem ninguém perder sua personalidade. O efeito é radical. Cada um torna-se elemento multiplicador, sopro direto no velame do nosso habitat espacial. E com o crescente vento pode ser içada, junto ao mastro padrão, a vela mestra constitucional que lhe deva ser peculiar: suficientemente forte para não se rasgar por sofismas; enxuta, para não arrastar a inércia e eficaz para não obstaculizar, considerando sempre e o máximo possível, a relatividade do universo de cada ser, de cada cidadão. Assim são pautadas a Teoria da Relatividade e a Teoria Quântica; destarte prima a Filosofia Liberal:
O insight (para nós, exciting...) torna-se facilitado pelo espoucar de incontáveis manifestações, adjacentes em todos quadrantes do mundo, numa (r)evolução espontânea mas imprevisível, por não seguir nenhuma predeterminação; condensada, porque consistente; e geral, porque livre, despido de superstições, e desprovido de discriminações, tão sem preconceitos quanto a luz do dia. Reconhecido e expresso por escritores, cientistas, educadores, místicos, músicos, poetas, intelectuais e administradores voltados a redimensionarem “produção e comércio” (teoria aplicada à prática), o impressionante e crescente movimento evolui equalizado; alastra-se por frutos distintos daqueles gerados às duas grandes árvores que, longe de permitirem sequer a sombra, assombraram o mundo, uma à esquerda e outra à direita, determinismos conceituais que multiplicaram e repartiram as desgraças até a queda do muro. Mais do que nunca, é possível atingir suas subterrâneas e camufladas bases pseudo-científicas, raízes de onde emanaram as ervas daninhas e o podre odor suavizado nas gotas dos seus falsos ideais.
Juntamo-nos às boas novas na expectativa de compartir um usufruto sensitivo de maior proximidade com o paraíso sempre contado, o qual temos a pretensão de vislumbrar sua silhueta, ironicamente, através da mesma aridez científica que outrora o ofuscou. A nova ordem, que parece desordem, brota nem toda expressa por números ou códigos comportamentais (posto que infinitamente mais ampla), mas faz-se também legal e legítima, cientificamente correta e apreciada. Trata-se de uma reversão por convergência, sem dialética, mas por Somalética, uma postura quântica, dialógica pela qual a ética não se fratura.
À tonalidade das observações, apropriamo-nos das palavras de Albert Einstein:“Se, no que se segue, eu vier a expressar minhas idéias um tanto dogmaticamente, será apenas em nome da clareza e da simplicidade”
Consigno, todavia, a ressalva: diferentemente do gênio, não apresentamos, de modo direto, novas idéias - a obra é menos escrita por nós, muito mais pelos vultos. Mas atiramo-nos na possibilidade de uni-las. Eis o puzzle, em fractais, neste blog.
_________________
*O chairman do Federal Reserve, Ben Bernanke, disse ao Congresso nesta segunda-feira dia 20 que uma nova leva de gastos governamentais pode ser necessária à medida em que a economia beira o que pode ser um período prolongado de baixo crescimento.
*O "NYT" depois de alguns dias de nosso approuch (21/10) mostra como a legislação permitiu a "proliferação de grandes doadores" para ambos os candidatos, inclusive Lehman Brothers, AIG e outras empresas que se "perderam na crise financeira".
Desse modo fazem jus a vultoso spread pelas "doações". Tal qual no Brasil do PROER.
22/10/2008, Folha: Além do Lehman, serão investigadas as empresas de hipotecas Fannie Mae e Freddie Mac, e a seguradora AIG --que recebeu do Federal Reserve um empréstimo de 85 bilhões. (Nav's ALL bidú!)

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sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Momento de reversão

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Em aclive o ciclista costuma colher a baixa velocidade do caminhão
esticando o braço à carroceria
. Uso a metáfora, cujo motor é do banco.
Há muitos participes na ciranda das bolsas, mas só o monstro condensa
a munição, a custo zero.
Numa economia em cruzeiro, há discrepâncias
de posicionamentos, de modo que as grandes casas se dividem
em compradoras e vendedoras, resultando em relativo equilíbrio à
flutuação de preços. Desta feita, contudo, não.
Ambas, de todo modo,
são produtos de uma Crise de vergonha.-
O crash de 1929 foi flagrantemente proposital.
O Plano recomendava cercear o fluxo monetário.
A cavada depressão estrangulou o parque produtivo,
"justificou" o desvio do padrão-ouro, e a bateria de alterações
políticas, jurídicas, sociais e econômicas. O causador como salvador
Eis o Fio-de-Ariadne pelo qual se articulou o ardil do New Deal
A atual crise americana também é proposital, mas não é verdadeira.
Desta feita não há deliberação de governo, mas blefe dos bancos.
Querem repetir a façanha. De certo modo já lograram, e como.
Os governos mundiais lhes estenderam o material tão cobiçado.
Além dessa fundamental distinção, subsistem incontáveis contrastes. Entre todos,
dois aspectos me parecem mais acentuados, por isso mais rapidamente elucidativos.
Diferentemente daquela traumática realidade, não há o estancamento pelo padrão-ouro, per se vedante à emissões monetárias Ademais, o governo americano, e quase todos, exceto o nosso, vem constantemente reduzindo os juros aos próprios bancos. Significa mais agilidade de rotação e maior volume monetário; portanto, contrário à escassez tão apregoada.
Dizer que a economia americana, em apenas um ano, vai à bancarrota por inadimplência de mutuários de casa própria é tão bizarro quanto anunciar falta de combustível no Spaceshuttle.
O americano comum assume prejuízos, mas não arrisca seu crédito, porque o tem como honra. Que haja alguma percentagem que solape o princípio até posso admitir; contudo, torná-la regra, e quase unânime, e apenas no setor imobiliário, com a desculpa da desvalorização daqueles bens, logo os mais perenes, equivale à justificativa de invadir o Iraque, e extrair o petróleo porque buscam capturar Bin Laden.
A crise é fictícia, mas oportuna aos bancos, fato que levou ao acordo geral. O regime de recessão valoriza a representação. O objeto deprecia o concreto:
Na verdade os interesses dos banqueiros
têm sido contrários aos dos industriais:
a deflação que convém aos banqueiros
paralisou a indústria britânica.

RUSSELL, B., 2002: 68; cit. DE MASI, 2001:99
Como tudo tem limite, e prazo de validade, alcançado o objetivo, a tendência é o retorno ao ponto de equilíbrio. As etapas foram cumpridas, em cronograma. Para pressionar a ação pública, nada melhor do que assustar o público. E para assustá-lo, basta mudar a batida da caixa-de-ressonância, que são as bolsas de valores, apenas uma em cada país. Para fazer qualquer preço cair, é só não aparecer dinheiro. Foi o que os maiores investidores fizeram, de modo praticamente combinados, senão orquestrados.
Na divulgação do aporte oficial, os bancos deram a impressão que tudo imediatamente retornaria à normalidade, os preços se elevaram e os bancos venderam seus investimentos recém adquiridos em ponto menor, para no outro dia já não aparecerem e os preços de novo caírem, tal qual brinquedo de iô-iô.
Poderiam esses estabelecimentos levar esse jogo torpe por muito tempo?
Difícil. Como se trata de um movimento mundial, é quase impossível mantê-lo intacto, sem furo, por mais de uma semana. São centenas de estabelecimentos, de todo o canto do mundo. A dispersão é inevitável; e determinará a tendência à estabilidade natural.
Os valores foram drasticamente afetados. Quedaram a patamar irreal. Preços de barganha. Poder-se-ia argumentar, como tudo, que ela é relativa. Se a cotação se reduzir ainda mais, pela metade, por exemplo, o suposto barato se torna caríssimo. Todavia, neste caso é improvável. Não é possível, nem há interesse em manter a orquestração mundial***. Eventuais ensaios, de alguns conjuntos, poderão se suceder, mas de forma localizada, e por short time. Bastarão algumas dissidências, provavelmente européias, e os preços não cairão de modo mais duradouro. Tenderão ao costumeiro pêndulo, cujo ângulo oscilatório, por certo, será mais civilizado, de acordo com a tradição, mas em rumo crescente. E digo mais: mercê dos balanços contábeis, ainda antes do fim-do-ano atingirão o patamar superior, se não ultrapassá-lo.** O "fenômeno" evidenciará o mau agouro dos interesses escusos que insistem em manter a sociedade sob suspense, por justificativas de movimentos de exceção, ou por inaptidão gerencial, no caso dos governos, e no desdém dos especuladores, tubarões sempre sedentos por atônitas sardinhas.
No cenário doméstico, aqueles investimentos internacionais estrategicamente levantados voltarão ainda mais encorpados, inclusive mercê das injeções oficiais, justamente para readquirirem aquelas mesmas ações recentemente vendidas pelo dobro. O movimento propiciará paulatina substância aos preços defasados.
Para formar a onda, mister o repuxo. Os números retornarão ao leito, ainda que suscetíveis de algumas oscilações, como mencionei, os quais irão diminuindo como se reduzem cristas e freqüências de todas as ondas longetudinais, na medida em que se afastam de seus epicentros.
___________
* Folha, 26;10/2008: O bilionário americano Warren Buffett, que recentemente aconselhou a volta às Bolsas porque, na baixa, é a hora de comprar.
O GTI tinha vendido, quando o Ibovespa atingiu 73 mil pontos, ações da empresa de logística ALL, da operadora Net e da Energias do Brasil. "Recompramos essas ações por menos da metade do preço de venda", diz Gordon. Segundo ele, uma das vantagens deste momento de incerteza é que, com a tendência de as empresas postergarem investimentos, seu caixa ficará mais líquido. Conseqüentemente, a distribuição de dividendos será maior."Poucos têm frieza para entender que nem tudo acabou", diz Gordon. "Mas há bons ativos... Ao investir durante a crise, o retorno esperado é muito maior."

** São Paulo, 4/11/2008 - Petrobras, Vale, siderúrgicas e setor financeiro carregaram a Bolsa de Valores de São Paulo de volta aos 40 mil pontos, patamar perdido em 15 de outubro.
Na mosca:Desde o dia 27 de outubro, quando fechou aos 29.435 pontos, menor pontuação nos últimos três anos, o Ibovespa já recuperou 36,8%. Até ontem, o principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) havia registrado alta de 36,8%, nos últimos sete pregões.(5/11/)
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quinta-feira, 16 de outubro de 2008

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Um clarão nas trevas!


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oa noite para você, e alegre despertar.

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Dos contendores de 1989

A civilização veio esprimida pelo corredor da morte, mas logra alcançar a maioridade do XXI. Do lado esquerdo, anteparava-lhe o muro vermelho do cruel comunismo; no direito, o preto fascista. Gerações foram sacrificadas em prol da libertação. Além da esquerda e da direita, no último quarto acordaria a biodiversidade. Uma enorme gama de opções foi colocada à mercê do brasileiro. Em vez de bater a cabeça no brete, ele poderia escolher o futuro. Havia nada menos do que vinte e uma alternativas, mas precedidas de parcas informações. O páreo catalizou todas as atenções. Os primeiros apostadores sequer conheciam os participantes, mas só pela festa, já se postavam no guichê.
Tudo era novidade, e por isso bastava ser potro para ter o número prestigiado. Quando o primeiro apareceu na raia, já levou a metade da preferência. Seu maior adversário era muito feio, e treinado numa escola que naquele momento caia em total descrédito.
Havia uns de cancha-reta, de modo que prometiam parar já no primeiro km.
Velhos matungos supuseram alguma chance, mercê da experiência de antigas maratonas. Se houvesse algum dopado, seu brilho efêmero só contribuiria, afinal, porque não contar com ridículos, também?
Dos subversivos pouco se sabia, porque sempre submersos. Poderia algum surpreender? Qual a razão de suas inscrições? Teriam chances, malgrado nada lhes credenciasse? Seria apenas para exercer sua predileção, isto é, subverter o próprio páreo? Ou quiçá promocional, com vistas a outro evento mais compatível com suas restritas e medíocres capacidades?
No meio de tantos oportunistas, aventureiros, embusteiros, e impostores, das duas dezenas haveria de sobressair algum valor, o melhor, o mais autêntico, capaz de permitir o povo se desenvolver. Era o que todos pensavam, e as apostas foram assim indicando.
O primeiro potrilho era meio falso, mas como todos assim pareciam, mantinha o volume de apostas. O principal adversário não oferecia perigo, apenas facilidades. Como sparring.
Os matungos e pangarés nem se mexeram, os dopados bem divertiram, e os de cancha-reta confirmaram suas origens.
Por fora, contudo vinha flamante pretendente, a todos surpreendendo, menos ao subversivo, que lhe aguardava de tocaia, nos últimos duzentos metros. A rasteira propiciou a vitória ao primeiro potro, provado totalmente falsário. O povo perdeu quase todo o dinheiro, e o subversivo, mercê do serviço feito, foi chamado a outra menor efeméride, onde amealhou o restante, junto com seus treinadores, no rincão que o pariu.
Havia um promissor slogan: Juntos chegaremos lá! As quadrilhas chegaram antes. Desde então, a freqüência aos prados tem diminuído, ainda mais o entusiasmo. Ganha a mediocridade.
O que vemos hoje, há duas gerações do nanico clone tupiniquim, e uma da queda da cortina de ferro? O fim do Duce, mas não do fascismo.
Nestas municipais duas raridades oferecem o renovar da esperança.
Os pleitos carioca e paulista podem classificar novas equipes para 2010.
No primeiro, retorna melhor preparado e mais condecorado um dos pretendentes do velho Grand Prix. Se confirmar, o Rio ficará mais verde, certamente.
Quanto aos bravos paulistanos, ora tem chances de reabilitar a equipe sabotada pelo Dick Vigarista.
A conclamação afirmava que juntos chegaríamos lá, mas não disse quando.
Vai ver, está se aplumando a hora.

Os inscritos de 1989
Affonso Camargo - PTB
Antônio Pedreira - PPB
Aureliano Chaves - PFL
Celso Brant - PMN
Enéas Carneiro - Prona
Eudes Mattar - PLP
Fernando Collor - PRN
Fernando Gabeira - PV
Guilherme Afif Domingos - PL
Leonel Brizola - PDT
Lívia Maria - PN
Lula - PT
Manoel Horta - PDC do B
Mário Covas - PSDB
Marronzinho - PSP
Paulo Gontijo - PP
Paulo Maluf - PDS
Roberto Freire - PCB
Ronaldo Caiado - PSD
Ulysses Guimarães - PMDB
Zamir - PCN