quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Dos contendores de 1989

A civilização veio esprimida pelo corredor da morte, mas logra alcançar a maioridade do XXI. Do lado esquerdo, anteparava-lhe o muro vermelho do cruel comunismo; no direito, o preto fascista. Gerações foram sacrificadas em prol da libertação. Além da esquerda e da direita, no último quarto acordaria a biodiversidade. Uma enorme gama de opções foi colocada à mercê do brasileiro. Em vez de bater a cabeça no brete, ele poderia escolher o futuro. Havia nada menos do que vinte e uma alternativas, mas precedidas de parcas informações. O páreo catalizou todas as atenções. Os primeiros apostadores sequer conheciam os participantes, mas só pela festa, já se postavam no guichê.
Tudo era novidade, e por isso bastava ser potro para ter o número prestigiado. Quando o primeiro apareceu na raia, já levou a metade da preferência. Seu maior adversário era muito feio, e treinado numa escola que naquele momento caia em total descrédito.
Havia uns de cancha-reta, de modo que prometiam parar já no primeiro km.
Velhos matungos supuseram alguma chance, mercê da experiência de antigas maratonas. Se houvesse algum dopado, seu brilho efêmero só contribuiria, afinal, porque não contar com ridículos, também?
Dos subversivos pouco se sabia, porque sempre submersos. Poderia algum surpreender? Qual a razão de suas inscrições? Teriam chances, malgrado nada lhes credenciasse? Seria apenas para exercer sua predileção, isto é, subverter o próprio páreo? Ou quiçá promocional, com vistas a outro evento mais compatível com suas restritas e medíocres capacidades?
No meio de tantos oportunistas, aventureiros, embusteiros, e impostores, das duas dezenas haveria de sobressair algum valor, o melhor, o mais autêntico, capaz de permitir o povo se desenvolver. Era o que todos pensavam, e as apostas foram assim indicando.
O primeiro potrilho era meio falso, mas como todos assim pareciam, mantinha o volume de apostas. O principal adversário não oferecia perigo, apenas facilidades. Como sparring.
Os matungos e pangarés nem se mexeram, os dopados bem divertiram, e os de cancha-reta confirmaram suas origens.
Por fora, contudo vinha flamante pretendente, a todos surpreendendo, menos ao subversivo, que lhe aguardava de tocaia, nos últimos duzentos metros. A rasteira propiciou a vitória ao primeiro potro, provado totalmente falsário. O povo perdeu quase todo o dinheiro, e o subversivo, mercê do serviço feito, foi chamado a outra menor efeméride, onde amealhou o restante, junto com seus treinadores, no rincão que o pariu.
Havia um promissor slogan: Juntos chegaremos lá! As quadrilhas chegaram antes. Desde então, a freqüência aos prados tem diminuído, ainda mais o entusiasmo. Ganha a mediocridade.
O que vemos hoje, há duas gerações do nanico clone tupiniquim, e uma da queda da cortina de ferro? O fim do Duce, mas não do fascismo.
Nestas municipais duas raridades oferecem o renovar da esperança.
Os pleitos carioca e paulista podem classificar novas equipes para 2010.
No primeiro, retorna melhor preparado e mais condecorado um dos pretendentes do velho Grand Prix. Se confirmar, o Rio ficará mais verde, certamente.
Quanto aos bravos paulistanos, ora tem chances de reabilitar a equipe sabotada pelo Dick Vigarista.
A conclamação afirmava que juntos chegaríamos lá, mas não disse quando.
Vai ver, está se aplumando a hora.

Os inscritos de 1989
Affonso Camargo - PTB
Antônio Pedreira - PPB
Aureliano Chaves - PFL
Celso Brant - PMN
Enéas Carneiro - Prona
Eudes Mattar - PLP
Fernando Collor - PRN
Fernando Gabeira - PV
Guilherme Afif Domingos - PL
Leonel Brizola - PDT
Lívia Maria - PN
Lula - PT
Manoel Horta - PDC do B
Mário Covas - PSDB
Marronzinho - PSP
Paulo Gontijo - PP
Paulo Maluf - PDS
Roberto Freire - PCB
Ronaldo Caiado - PSD
Ulysses Guimarães - PMDB
Zamir - PCN

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