quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Meu amigo Mané

-
0Por causa de seu aniversário, ontem lhe revi na TV. Amarildo, o Possesso, acrescentava histórias.
No Perú gritavam sobre terremoto. Todos corriam, menos você: não queria nada com ele; só queria ir dormir.
Já ouvira outra, através de Mário Américo.
Você comprou um radinho de pilha no centro de Estocolmo. Chegando no hotel, ao ligá-lo,
só falava em sueco, Mané?
Werner Herzog a ZH: "Daria tudo para conhecer Garrincha
..Permita-me curto relato pessoal, em prosaicas relembranças. Leve como recreio, ao melhor gosto do amigo. Uma folga da "crise".
..Muito sonhamos, ainda mais crianças. Campeonatos-de-botão são envolvidos por grandes paixões. Escolhia-se nominar as equipes aos moldes dos grandes teams, e quem desfilasse no Maior do Mundo tinha especial destaque. Os certames, concorridos, pareciam nosso atual Brasileirão. O Maracanã era palco para notáveis artistas. Pequenos incomodativos por lá tinham vez, também; e de suas hostes envergaram a Canarinho competentes profissionais. Lembro do Bangú, de Ubirajara, Ocimar, Zózimo e Fidélis; do América, de Djalma Dias; dos ossos-duros Canto-do-Rio e Madureira, Olaria, Bonsucesso, e tantos mais. Nos grandes clubes a festa era opulenta. O Vasco se protagonizava como Rei-da-botina. A Cruz era mais de morte, do que de Malta. Almir, o Pernambuquinho, bem sabia. O barco daquele Almirante, entretanto, ainda transportava vários outros piratas com cara-de-mau: Delém, Vavá, Paulinho, Écio, mais Coronel, Sabará, Bellini e Orlando. Fluminense apresentava uma leitaria, na figura carismática do gentil Castilho, keeper reserva de Gilmar. Pelas Laranjeiras ainda moraram o artilheiro Valdo, Escurinho, Pinheiro, Altair, Jair Marinho, em seguida o próprio Carlos Alberto, e tantos. Ao rumo da Gávea tomaram Dida, Joel, Dequinha, Moacir, Henrique, Tomires, se bem lembro, Pavão, e até Zagallo, que por lá começou sua impressionante e interminável escalada. No Botafogo morava o Glorioso, sob as bênçãos de Garrincha. Escolhi este....
,,Certa feita, aconteceu um fato inédito: o Alvi-Negro de General Severiano* veio jogar perto de nossa cidadela, imagina! Nunca tínhamos visto tantos craques juntos, e entre eles o mais esperto, pernas tortas que faziam filas de joãos. Era lembrar o antigo brinquedo, o João-Bobo. A partida terminou empatada, como convinha. Ao final, fomos acompanhar a saída das grandes estrelas, a maioria bi-campeã mundial. Do meio do ônibus, de cima para baixo, resplandeceu o facho de luz. Pedi para elevar-me. Garrincha me estendeu as duas mãos; e com o sorriso característico da Alegria do Povo, desejou-me "Boa-Sorte!"
..Sua energia permanece no meu coração. Jamais minha bateria descarregará.
Museu do Futebol Brasileiro
_________________
-
*Nome da rua onde se localizava a bela sede e o estádio do Botafogo, em estilo inglês, na entrada do bairro do Flamengo, que por sua vez tem seu reduto na Gávea. O homenageado era o irmão mais velho do Mal. Deodoro da Fonseca, o golpista proclamador da "República." A magnífica sede foi vendida para a Companhia Vale do Rio Doce, nos anos setenta. O Botafogo foi deslocado à periferia, num bairro chamado Mal. Hermes, que também era da Fonseca, sobrinho de Deodoro. Este mal. derrotou o brilhante Ruy Barbosa, em 1910, numa eleição sabidamente fraudulenta, para "presidir" a "República" até 1914. A última curiosidade: Hermes foi marido da famosa Nair de Teffé, filha do Barão de Teffé, cantora e caricaturista, com quem casou após a morte da primeira esposa, dois anos depois de empossado. Nair faleceu no seu aniversário de 95 anos, em 1981.
-

Um comentário:

  1. Oi All
    Gostei muito, esta ótimo, gostei de lembrar do Garrincha, Bellini, etc. e o musical de Daiana Ross.
    Obrigado.
    Aquele abraço Paulo Roberto
    prdfernandes@ig.com.br

    ResponderExcluir