quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A nuvem de fumaça das bolsas de valores

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O que Tio Sam tirará da cartola?


O espetáculo pirotécnico cataliza todas as atenções. Jornais dão corpo ao tobogã, como se determinante não só dos meios produtivos, como da própria civilização. Dizem-se isentos, porque apenas propagadores, retransmissores, não criadores. Não é bem verdade. Muitos tem débitos fiscais; alguns faturam muito com comerciais de empresas públicas. Todos têm muito interesse. A verdade é rara. A fé não pode ser cega. O bilhete pode ser furado. (O rebanho e a alcatéia).O fato, ou sua razão, nunca vem à tona; exceto quando convém.
Por isso a importância de jornais como o New York Times, que serve ao
establishment
americano, assim como o Pravda servia ao governo da União Soviética. Ele oferece aquilo em que os donos do país, e das grandes corporações, desejam que acreditemos.
ROSSETI, Econ. José Paschoal: 69
Por ora, convém distrair o povo, e vender jornais. Nada melhor que estimular a sensação. O decisivo, entretanto, ocorre nos bastidores, na manipulação da maquinaria, na formulação dos bretes. As redações estão repletas de economistas, gente capacitada a avaliar e analisar todos os movimentos. Os meios, contudo, propõem falso dilema, e apresentam opiniões divergentes, "para o cidadão poder julgar a que melhor lhe parece". Keynesianos tem obtido maior destaque, mas os socialistas reclamam da divisão dos prejuízos. Estes estão mais perto da verdade, mas nem isto é possível. Além do montante furtado, a cifra oficial precipitará o infortúnio em escala geométrica, na desvalorização de todos os bens e trabalho das gentes.
O filósofo Noah Chomsky diz que o capitalismo erra ao não calcular os custos de quem não participa das transações financeiras, e por isso entrou em crise. Para Peter Jay, um dos diretores do Bank of England, houve excesso de confiança de investidores no capitalismo e, de agora em diante, não haverá mais tanto otimismo com o sistema. Já Patrick Minford, assessor do governo britânico nos anos 80, acredita que apenas alguns ajustes são necessários na regulação do sistema financeiro para que o capitalismo volte a se fortalecer. Jon Danielsson, economista da London School of Economics, alerta que é preciso evitar que esta crise leve a um excesso de regulamentos. Como vemos, nenhum cogita a procedência do band-aid.
A teoria econômica veio a ser uma ampla empresa de terrorismo intelectual, cujo aspecto pseudo-científico serve, na realidade, de coerção para excluir todos os verdadeiros problemas da sociedade contemporânea. Seu exagerado profissionalismo, herdado de sua mitologia científica, e todo o aparato matemático que a rodeia, servem para mascarar seu objetivo ideológico, que transforma sua disciplina numa máquina para estabelecer as leis das relações de força que existem na sociedade, numa civilização materialista e produtivista, orientada totalmente para a acumulação de bens materiais. Seu dinamismo serve, na realidade, para legitimar a posse do poder em mãos daqueles que dominam o aparato produtivo...ATTALI, Jacques e GUILLAUME, Marc, cits. GOYTISOLO, J.V.:44 
Ouso afirmar: nada disso que se apresenta se constitui capitalismo, exceto se admitirmos o fascismo como ícone capitalista. O que se vê é uma espúria associação entre alguns patrocinadores de campanha, e o cavalo apostado, por fim eleito, aliança que turva o Estado de Direito, as liberdades democráticas, a ética, mas fundamentalmente as disposições penais. O quadro não é de ideologia, mas de polícia!

Não possuo, com de resto poucos terão, os dados exatos desta irresponsável aventura; porém, não é assim tão necessário medir os metros cúbicos da montanha para sabermos que sobrepuja uma gávea.
A bolsa de valores não tem o menor efeito sobre qualquer economia, senão como agente de terror, ou indução a irracional otimismo. Para se ter uma idéia da proporção, o mercado produtivo do Brasil gira aproximadamente 100 bilhões de reais por dia, valores aquilatados a partir da base monetária, sem contar estipulações creditícias, para pagamentos no futuro. A bolsa de valores de São Paulo jamais passou de de um dígito percentual, daquele volume. Atualmente envolve cerca de 4 bilhões ao dia. Os maiores operadores do salão são os bancos, os que detém os 100 bilhões diariamente. É trivial concluir que são estes que fazem o espetáculo, não os cidadãos, nem as poupanças particulares, e tampouco os recursos oriundos diretamente da produçáo. Portanto, a bolsa de valores nada tem a ver nem com a produção, nem com o capitalismo, assim como o jogo do bicho, e os cassinos também não.

A tecnocracia assume uma posição semelhante a do árbitro inteiramente neutro numa disputa atlética. O árbitro é normalmente a figura menos ostensiva entre os participantes do espetáculo. Por que? Porque concentramos a atenção e a lealdade apaixonada nas equipes, que competem dentro de certas regras; inclinamo-nos a ignorar o homem que se coloca acima da disputa e que simplesmente interpreta e faz cumprir as regras. Entretanto, num certo sentido, o árbitro é a figura mais importante do jogo, uma vez que somente ele fixa os limites e as metas da competição e julga os contendores. ROSZAK, T.: 24
Se nenhum governo se ativesse, se não houvesse nenhuma intervenção oficial nas anomalias, por artificiais elas se dispersariam. Nenhum dinheiro, ainda mais quase um trilhão de dólares, some assim, nem passando pelo Triângulo das Bermudas. Eles estão guardados. Foram para o banco, digo para o banco de reservas a fim de que o governo tenha justificativa de lancar mão de outro valor correspondente, assim preenchendo o estupendo vácuo.
No mês seguinte, há o reconhecimento:

O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) é direto quando indagado se os bancos privados estão escondendo dinheiro por causa da crise: 'Claro que estão! O que eles fizeram? Fogueira com o dinheiro? Isso deve estar todo entesourado'Folha de São Paulo, 23/11/2008
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Depois de muitas discussões, decreta-se o fim do neoliberalismo, a falência do livre mercado. De fato, ninguém pode ser mesmo livre. Temos que estar todos trancafiados, por trás das grades, senão somos assaltados. Então lá vem o magnífico Leviathan, o
causador como salvador. Sabemos que o herói nada produz, apenas sobrevive do trabalho de todos. Não cria coelho, mas o saca da cartola. Donde vem tão gracioso animal?
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Aprecie:
O cassino das bolsas
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À distração:
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