quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Da socio logia e da eco nomia


O poder excessivo do setor financeiro é o motivo pelo qual o mundo chegou à crise atual.
RUSSELL, B., O moderno Midas, 1930:2002: 69

As considerações econômicas são meramente aquelas pelas quais conciliamos e ajustamos nossos diferentes propósitos, nenhum dos quais, em última instância, é econômico (exceto os do avarento ou do homem para quem ganhar dinheiro se tornou um fim em si mesmo).
Prêmio Nobel de Economia 1998, SEN, Amartya : 328
Não viso melindrar profissionais, quem sou eu, mas ouso confrontar suas cátedras. De certo modo é do que venho me ocupando, ao longo de toda a jornada. Merece plano preponderante, porque ainda mais falsa, de mero cunho ideológico, metafísico, mas principalmente interessada apenas em si própria, a academia pela qual fui facilmente seduzido, ainda na tenra idade. Refiro-me ao protótipo da picardia platônica, o templo do direito, alvo enquadrado já na Introdução ao conceito de Justiça
Por ora, todavia, são aquelas duas vertentes, e entre elas a última, esta que anda reinando soberana pela face da Terra, encantando as ovelhinhas por flautas mágicas, e lasers celestiais, tudo precedido pelas trombetas do apocalipse. Ambas tratam o ser humano à granel, como rebanho; isto é, como objeto. E, como tal, não só pretensamente manipulável, como recomendável que assim seja conduzido. Não vão a lugar nenhum:
"Uma economia só pode crescer de maneira global se as empresas individuais que a formam crescerem. Portanto, qualquer teoria do crescimento deveria estar embasada na atividade e no comportamento das empresas individuais. " (ORMEROD, Paul, 2000: 216 )
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Ao indigente e ao considerado rico só existe uma equação: se algum produzir mais do que gastar, sobrarão recursos. Eis o conceito de riqueza. A pergunta que se impõe: seria necessário estudar seis anos de colégio, mais uns quatro antes do vestibular, mais uns cinco na faculdade, e ainda mais uns quatro em pós-graduações, mestrados, e doutorados para se inteirar de tão elementar arimética?
Se quisermos efeitos diabólicos, sim, haja visto a deliberação da crise.

Na verdade, os interesses dos banqueiros têm sido
contrários aos dos industriais: a deflação que convém
aos banqueiros paralisou a indústria britânica.
Bertrand Russel.
A microimaginação da macroeconomia só sabe apelar à diabruras e metonímias. A cavada depressão serviu aos ardilosos pilares do New Deal , sustentáculos de inúmeros travestis econômicos, introdutores do Fascismo no Brasil:
"Essa perda da compreensão dos fatores que determinam tanto o valor do dinheiro como os efeitos dos eventos monetários sobre o valor de bens específicos é um dos principais danos que a avalanche keynesiana causou ao entendimento do processo econômico.
HAYEK, F. 1986: 73
A população foi conduzida ao caminho da estagflação:
As políticas mundiais de crescimento induzido pelo Estado tiveram exatamente o efeito oposto do que pretendiam: tinham aumentado, e não reduzido, o custo da produção de bens e serviços e tinham abaixado, e não aumentado, a capacidade das economias de conseguirem uma produção vendável.
SKIDELSKY: 140
A esterelidade da economia posso resumi-la: ela trata justamente de sua razão; não da produção.
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A outra é a socio logia. É a campeã em dominar gente como gado. O próprio leitmotiv a intitula.
Seu exército nada produz, mas procura se associar. Sócia sem capital; e, pior, almeja tudo conduzir. Seu êxito provém de elementar constatação: um peixe não traça percurso previsível; mas no cardume, fica mais fácil de se antepor, e até guiá-lo, como faz o bôto. De ciência, nada contém; mas como estratégia, a muitos convém. Pelo conto de Augusto Comte o ser humano é reduzido a féria de pescador.
Do corte epistemológico:
Como disse Ortega Y Gasset, "o homem que descobre uma nova verdade científica precisou, anteriormente, despedaçar em átomos tudo o que aprendera, e chega à nova verdade com as mãos sujas de sangue do massacre de mil superficialidades."
Concordo plenamente.
Deu pra ti, Sociologia! Vá acompanhada daquela outra muleta. Ambas carecem de objeto;.
Ou então, que se apliquem aos animais e às plantas, para não verem jogado fora a
enorme quantidade de quinquilharias e artifícios embutidos em suas parcas mochilas:
A justificação da democracia, ou seja, a principal razão que nos permite defender a democracia como melhor forma de governo ou a menos ruim, está precisamente no pressuposto de que o indivíduo singular, o indivíduo como pessoa moral e racional, é o melhor juiz do seu próprio interesse.
(BOBBIO, N, Teoria Geral da Política: a Filosofia Política e as Lições dos Clássicos: 424
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Tudo flui na obviedade: "A manutenção da organização na natureza não é - e não pode ser - realizada por uma gestão centralizada, a ordem só pode ser mantida por uma auto-organização." (BIEBRACHER, C. K.,; NICOLIS, G., SCHUSTER, R., cits. PRIGOGINE, I.: 75)
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