quinta-feira, 9 de abril de 2009

O socialismo de J. Locke - 7) Social; mas por ação individual

A consequência neoliberal (Obra em andamento)



Existe uma acentuada complementariedade entre a condição de agente individual e as disposições sociais: é importante o reconhecimento simultâneo da centralidade da liberdade individual e da força das influências sociais sobre o grau e o alcance da liberdade individual. Para combater os problemas que enfrentamos, temos que considerar a liberdade individual um compromisso social. Essa é a abordagem básica que este livro procura explorar e examinar. A expansão da liberdade é vista, por essa abordagem, como o principal fim e o principal meio do desenvolvimento. O desenvolvimento consiste na eliminação de privações de liberdade que limitam as escolhas e as oportunidades das pessoas de exercer ponderadamente sua condição de agente. SEN, A. 2000:10-
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Enquanto os direitos de liberdade nascem contra o superpoder do Estado - e, portanto, com o objetivo de limitar o poder - os direitos sociais exigem, para sua realização prática, precisamente o contrário, isto é, a ampliação dos poderes do Estado.
BOBBIO, NORBERTO, A Era dos Direitos: 72
Não pode haver "direito social".

Esta teoria imagina uma espécie de espectador imparcial que, por dispor de todas as informações, seria capaz de determinar, por um balanço de perdas e ganhos, qual a regra de maior utilidade - total ou média - para o maior número. É claro que o utilitarismo pode servir para justificar - em nome da justiça e por uma espécie de ardil do 'bem-estar geral' - qualquer sistema de opressão geral.
RAWLS, JOHN, cit. LACOSTE, JEAN, A filosofia no século XX:139.
O DNA é por demais conhecido:

A questão é ontológica: o que deve ser o mundo real para que a ciência desse mundo possa converter-se numa ciência matemática. Neste sentido, a ciência moderna, desde suas origens, seria uma ciência platônica: o sentido do platonismo era o matematismo.
JAPIASSÚ, HILTON,
A revolução científica moderna: 133
O direito não provém de número, de quantidade. A qualquer direito corresponde pelo menos uma obrigação. Se o direito for social, isto é, de todos, quem arcará com a obrigação?

A nova lei redigida por Edwin Chadwik, ex-secretário particular de Jeremy Bentham, e aprovada quase sem discórdia, refletia de modo claro a idéia burguesa e liberal sobre o propósito de 'alcançar o maior número defelicidade para o maior número de pessoas'. As depressões econômicas da década de 1840 mostraram ser falsa essa idéias e arruinaram os planos dos cuidadores das leis dos pobres. Novamente instituíram os donativos e novamente aumentaram os impostos".
BURNS: 561.

O Estado de bem-estar era um ardil político: uma criação artificial do Estado, pelo Estado, para o Estado e seus funcionários. É um eco irônico da democracia de Lincoln de, por e para ‘o povo’. Quando seus bem escondidos, porém crescentes, excessos e abusos no governo central e local foram revelados recentemente, havia se passado um século de defesa falaciosa.
SELDON: 60
Isso foi predito ainda no Iluminismo:

O curso natural das coisas não pode ser inteiramente dominado pelos esforços impotentes do homem, pois a corrente é demasiada rápida e forte para que a interrompa; e posto as regras que a orientam aparentem ter sido estabelecidas para os melhores e mais sábios propósitos, às vezes produzem efeitos que escandalizam todos os nossos sentimentos naturais.
SMITH, Adam, 1999: 204
O melhor modo de se obter um benéfico efeito social é pela açao individual:
A justificação da democracia, ou seja, a principal razão que nos permite defender a democracia como melhor forma de governo ou a menos ruim, está precisamente no pressuposto de que o indivíduo singular, o indivíduo como pessoa moral e racional, é o melhor juiz do seu próprio interesse.
BOBBIO, N. Teoria Geral da Política: a Filosofia Política e as Lições dos Clássicos: 424
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O esforço natural de cada indivíduo para melhorar suas própria condição constitui, quando lhe é permitido exercer-se com liberdade e segurança, um princípio tão poderoso que, sozinho e sem ajuda, é não só capaz de levar a sociedade à riqueza e prosperidade, mas também de ultrapassar centenas de obstáculos inoportunos que a insensatez das leis humanas demasiadas vezes opõe à sua atividade.
SMITH, Adam, cit. DOWNS : 56
J. LOCKE é considerado o "pai do liberalismo". Por qual razão?
A Nação inglêsa é a única da terra que chegou a regulamentar o poder dos reis resistindo-lhes e que de esforço em esforço, chegou, enfim, a estabelecer um governo sábio, onde o príncipe, todo-poderoso para fazer o bem, tem as mãos atadas para fazer o mal; onde os senhores são grandes sem insolência e sem vassalos, e onde o povo participa do governo sem confusão.
VOLTAIRE, cit. CHEVALLIER, tomo II: 67
MICHEL FOUCAULT ( Resumo: 92) não temeu ser enfático:

Não se pode, portanto, dizer que o liberalismo seja uma utopia nunca realizada - a não ser que se tomem como núcleo do liberalismo as projeções que ele foi levado a formular a partir de suas análises e críticas. Não é um sonho que se choca com uma realidade e nela deixa de se inscrever. Ele constitui - e nisso está a razão de seu poliformismo e de suas recorrências - um instrumento crítico da realidade: de uma governabilidade à qual se opõe e de que se quer limitar os abusos.
Por formatar tão antecipada quanto esplêndidamente tais salvaguardas, ao povo e à sociedade, enfim, é que não titubeio em afirmar: o "pai do liberalismo" é "avô do socialismo".
* * *
Antes de buscar o poder, ou a divisão das posses e comum usufruto, o socialismo é modo de produzi-los. Ao contemplar a sociedade, em detrimento do poder real, LOCKE assinala sua preferência social, não individual. Destarte, o sistema liberal passa a ser, apenas, um princípio, cujo fim é o socialismo. Desse modo, o agente pode calibrar o grau de sua participação social, de acordo com o que lhe convier, não no tom que o Estado quer, sempre marcial.
CAPRA (1991: 189) menciona: "LOCKE propos que a teoria atomística da sociedade humana”. Com o seu perdão, e o beneplácido do físico-ecologista, a proposta é muito mais atômica do que mística. Por iso ela é capaz de disseminação generalizada, em incidindo especialmente no estádio da economia, isto há duzentos e doze anos do princípio quântico ser corroborado por MAX PLANCK.

Na verdade, o conceito de retornos crescentes não é novo em economia, como afirma Keneth Arrow no prefácio do livro Retornos crescentes e trajetórias dependentes em economia, de Brian Arthur. Adam Smith, nos capítulos iniciais de A Riqueza das Nações, usa o argumento de retornos crescentes para explicar o crescimento econômico e a especialização.
GLEISER, I.: 191
Luta de classes não provém de nenhum paradigma. É paradogma. Assim comentou ABRAHAM LINCOLN (1809-1865 - cit. CHALLITA, MANSOUR: 157), do alto do exemplo de colonização norte-americana, coisa que KARL não conheceu:
O trabalho é anterior ao capital e independente dele. O capital nada mais é do que fruto do trabalho. Não existiria se o trabalho não tivesse existido primeiro. O trabalho é superior ao capital e merece uma consideração mais elevada. Todavia, o capital tem direitos dignos de serem protegidos, como qualquer outro direito.
"O trabalho como origem e fundamento da propriedade”, entretanto, até hoje é negado justamente pelos patronos das causas "trabalhistas" e “sociais”.
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O socialismo de J. Locke - Introdução

O socialismo de Locke - cap. 1 - A má temática


O Socialismo de J. Locke - 2 - A tônica da chicana platônica

O Socialismo de J. Locke - 3) A resistência inglesa

O Socialismo de J. Locke - 4) Luzes ao fog

O socialismo de J. Locke- 5) O regalo da França

O socialismo de J. Locke 6) A impropriedade comunista

O socialismo de J. Locke- 7) Social; mas por ação individual

O Socialismo de J. Locke - 8) Cesta das paixões: fim de tudo

O Socialismo de J. Locke - 9) Nova Era

O Socialismo de J. Locke - 10) A consequência Neoliberal



Aprecie:

O Socialismo de Adam Smith
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O efeito social da Economia Neoliberal


O Neoliberalismo de Einstein
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Marxismo Neoliberal
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