quinta-feira, 9 de abril de 2009

O socialismo de J. Locke 6. A impropriedade comunista


O estudo da sociedade é tão precioso porque o homem é muito mais ingênuo como a sociedade do que como indivíduo. A sociedade jamais considera outro modo a virtude senão como meio para atingir a força, a potência, a ordem. NIETZSCHE, F., Vontade de Potência, Parte 2 : 276
As principais características do indivíduo no grupo são, portanto, o desaparecimento da personalidade consciente, o domínio da personalidade inconsciente, a orientação de pensamentos e sentimentos em uma só direção mediante a sugestão e contágio, a tendência à realização imediata de idéias sugeridas. O indivíduo não é mais ele mesmo, é um autômato destituído de vontade. Ademais, pela mera participação num grupo, o homem desce vários degraus na escada da civilização.
LE BON cit. KELSEN, HANS, A Democracia: 315
Com base num profundo e abrangente estudo da ciência, Lênin provou que os métodos do materialismo dialético, tal qual formulados por Marx e Engels, eram inteiramente confirmados pelo desenvolvimento do pensamento científico em geral e pela ciência natural em particular. Lênin, todavia, nunca foi tão estudioso: e lhe faltou imaginação. Em sua época já se tinha conhecimento: E=Mc2. O materialismo não tem, sequer objeto.
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J. LOCKE livrou a Inglaterra das barbáries cometidas especialmente na América e na Europa latinas, mas também na Alemanha, na Rússia, em seus satélites, e alhures, inclusive nos EUA, propugnando pelo que há de mais elementar. “Cada pessoa possui uma inviolabilidade fundada na justiça que nem mesmo o bem-estar da sociedade como um todo pode ignorar.” (RAWLS: XV)
A inviolabilidade preconizada, ou o respeito à participação social advém da extensão da personalidade aos objetos produzidos. Ao dispender neles sua energia, ou mesmo captá-la, o trabalhador os transforma em partes de si mesmo, e assim pode oferecer algo ao meio que o acolhe:
“O homem tem direito natural as coisas com as quais 'misturou' o trabalho do seu corpo, tais como, por exemplo, cercar e lavrar a terra.” (LOCKE, J., cit. SABINE: 521)
A similitude entre as preconizações de JOHN LOCKE e os anseios socialistas é perfeitamente compreensível. Aliás, o ideal marxista só pode ser divisado através de um sistema que enseje a concordância, não a obrigatoriedade geral, posto que a condição mais elementar de qualquer relação social consiste na vontade dos contratantes, e não de algum determinante pastor:
Na era dos direitos passou-se da prioridade dos deveres dos súditos à prioridade dos direitos do cidadão, emergindo um modo diferente de encarar a relação política, não mais predominantemente do ângulo do soberano, e sim daquele do cidadão, em correspondência com a afirmação da teoria individualista da sociedade em contraposição à concepção orgânica tradicional .
BOBBIO, N., 1995: 27.

“Existem tempos nos quais os homens são tão diferentes uns dos outros que a própria idéia de uma mesma lei aplicável a todos lhes é incompreensível.” (TOCQUEVILLE, A. 1997, Livro Primeiro, Capítulo III: 61)
O comunismo soviético e seus arremedos configuraram a própria inversão científico-socialista:
“Aparentemente a desigualdade – não a igualdade – é uma condição natural da humanidade.” (DAHL,R.: 77)
A idéia de igualdade é contrariada por diversidades de dois tipos distintos:
1) a heterogeneidade básica dos seres humanos.
2) a multiplicidade de variáveis em cujos termos a igualdade pode ser julgada.
(SEN, AMARTYA, 2001: 29)
A luta de classes não é paradigma, mas paradogma. Assim comentaram LOCKE, SMITH, e ABRAHAM LINCOLN (1809-1865 - cit. Challita, Mansou: 157) este do alto do exemplo de colonização norte-americana, coisa que certamente KARL não conhecia:
O trabalho é anterior ao capital e independente dele. O capital nada mais é do que fruto do trabalho. Não existiria se o trabalho não tivesse existido primeiro. O trabalho é superior ao capital e merece uma consideração mais elevada. Todavia, o capital tem direitos dignos de serem protegidos, como qualquer outro direito.
"O trabalho como origem e fundamento da propriedade”, entretanto, foi negado justamente pelos patronos das causas “sociais” e “trabalhistas”.
É através do consenso, não do dogmatismo, que se resolvem as questões do interesse de cada um, portanto de todos:

O liberalismo é, primeiramente, uma filosofia global. Insisto neste ponto porque, muitas vezes, hoje, ele costuma ser reduzido a seu aspecto econômico, que deve ser colocado numa perspectiva mais ampla e que nada mais é do que um ponto de aplicação de um sistema completo que engloba todos os aspectos da vida na sociedade, e que julga ter resposta para todos os problemas colocados pela existência coletiva. Trata-se, ainda, de uma filosofia da história, de acordo com a qual a história é feita, não pelas forças coletivas, mas pelas forças individuais. Trata-se, enfim, - e é nisso que o liberalismo mais merece o nome de filosofia, - de certa filosofia do conhecimento e da verdade. Em reação contra o método da autoridade, o liberalismo acredita na descoberta progressiva da verdade pela razão individual. Fundamentalmente racionalista, ele se opõe ao jugo da autoridade, ao respeito cego pelo passado, ao império do preconceito, assim como os impulsos do instinto. Trata-se de grave erro ver o liberalismo apenas em suas aplicações na produção, no trabalho, nas relações entre o produtor e consumidor.
(RÈMOND. R. : 26)
Nenhum consenso se alcança por dialética, mas, como digo, por somalética, onde a ética não se fratura. A Tripulação é unânime:
Eminentes cientistas e filósofos da Ciência como Niels Bohr, Louis Victor de Broglie, Philip Frank, Gaston Bachelard e F. Gonseth sentem a necessidade de recorrer a um novo tipo de dialética, a de complementariedade, para explicar problemas insuscetíveis de solução em termos de lógica axiomática.
REALE, M.,1992: 72
O Socialismo de J. Locke - 10) A consequência Neoliberal





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