Nem isso teria maior significado, ainda mais se lembrarmos que outros fazem fronteira direta, e não poucos também circundam o gigante. Nenhum, contudo, foi capaz de catalizar alguma preocupação, dado a mediocridade geral que campeia por aquelas bandas, não diferente das sulinas. Ninguém sabe, e a ninguém interessa o nome do presidente da República Dominicana, Haiti, Costa Rica, ou Panamá, por exemplo. Quem governa a Austrália, um país-continente várias vezes maior?
Todos prestam atenção àquele pequenino relevo oceânico. A razão de tanto tempo estar na crista da onda não se deve a nenhum mérito, nenhum desenvolvimento ou descoberta científica, muito menos à produção ou industrialização. O único motivo de até hoje estar no centro das discussões, e por isso tomar o tempo de todo mundo, é o fato do rincão primeiro ser tomado por uma
gang jamais vista por nós; a quantidade de execuções levado à cabo pelas sumidades; e, por fim, e o principal, servir de base para se assentarem foguetes e todo o tipo de armamento, como uma ameaça direta à flamante locomotiva.
A revista britânica The Economist, em um editorial publicado na edição desta semana, cobra uma nova postura do governo brasileiro em relação a Cuba e Venezuela, de denúncia dos que 'usam o antiamericanismo como um pretexto para o autoritarismo'.
BBC-Brasil, 24/4/2009
Eis a esdrúxula resposta enviada por nossa "chancelaria":
O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, pediu neste sábado ao FMI (Fundo Monetário Internacional) que reintegre Cuba como Estado membro. Chegou a hora de 'abrir as portas' à ilha.
Folha de São Paulo, 25/4/2009
Pois cabe à Cuba abrir suas portas!
É admirável que todos os governos latinoamericanos, com áreas estupidamente maiores do que aquele estádio, empreguem seu tempo a resolverem essa questiúncula, pela qual não contribuíram em nada, e tampouco altera os destinos dessas nações que lhes cabem dirigir. Isso tudo é apenas tergiversação, própria de irresponsáveis.
Cansei dessa história de Cuba. Quem pariu Matheus que o embale! Mas já que estou aqui, darei meu último empurrãozinho.
* * *
A DOUTRINA PLATÔNICA vem requentada em todos os países latinos. Apenas na América entre os anos de 1920/66, houve oitenta (80) vitoriosos golpes militares, em dezoito diferentes países:
A história recente da América Latina está cheia de revoluções justiceiras, como a mexicana, a do Movimento Nacional Revolucionário na Bolívia, a de Juan Velasco no Perú, a de Fidel Castro em Cuba, todas insurgidas contra o entreguismo e o imperialismo econômico. P. A., MONTANER, C. A. LLOSA, A. V.: 82
Enquanto o mundo prestava atenção na II Grande Guerra, Cuba se transformou numa sociedade de quadrilhas. Ao cabo a disputada ilha caia na aventura de seu filho mais criminoso, um sanguinário travestido de líder político, o internacionalmente conhecido FIDEL CASTRO.
A trajetória do assassino de massa começara pela República Dominicana, dominada pelo famigerado ladrão e ditador RAFAEL TRUJILLO desde os anos 30. FIDEL tinha vinte anos. No ano seguinte os atos de violência se deslocaram com ele a Bogotá, na “conferência” Pan-Americana, onde as conturbações resultaram em milhares de assassinatos. O objetivo de FIDEL, sempre claro, visava atingir, com o colega oferecido Che GUEVARA, a hegemonia por toda a América que pudesse, e se pudesse, principalmente a do Norte, com a desculpa de realizar o sonho de BOLIVAR.
Este nosso país foi “honrado” com sua lembrança, nas “convidativas” palavras:
A via que escolhi é a guerrilha que devemos desencadear nos campos e através da qual me integrarei definitivamente à Revolução Latino-americana. A guerrilha é, para mim, a única maneira de unir revolucionários brasileiros e de levar nosso povo ao poder. Como comunista, estou convencido de que meu gesto servirá ao menos para mostrar que comportamento revolucionário deve ter.
CASTRO, FIDEL, cit. em ALVES, MÁRCIO MOREIRA, 68 Mudou o Mundo: 30
Cuba vivia um período de turbulências, depois de apenas doze anos de governos democráticos. CARLOS PRIO SOCARRAS, o último presidente, fora golpeado pelo general FULGÊNCIO BATISTA, em março de 1952. Por seis anos o militar fez o que quis; até chegar o barbudo de Serra Maestra, acompanhado pelo charmoso rebelde oferecido, dr. ERNESTO Che GUEVARA. Retornava a Revolução Francesa; contudo, a guilhotina, que só matava um de cada vez, em Cuba, como na Rússia de 1917, foi substituída pelas balas dos fuzis, mais próprias para a matança à granel.
Em janeiro de 59, CASTRO assumiu com as mesmas justificativas de BATISTA, causa de sacrifício ainda maior a todo aquele dócil povo, e estragos consideráveis à política externa norte-americana, no simples estratagema de se aliar aos inimigos:
“Fidel teria se declarado fascista. Era 'comunista' porque era anti-americano. Era um grande admirador do General Franco e em 75, na morte do ditador espanhol, decretou uma semana de luto oficial em Cuba.” (
LUKÁCS, JOHN, O Fim do Século 20: 47)
O implacável carniceiro conseguiu reunir os atributos táticos de LÊNIN, STÁLIN & HITLER; e na teoria, PLATÃO, a Igreja Católica, HEGEL, SOREL E MARX lhe indicavam a adoção do método “positivo versus negativo”, ao entrechoque, à violência, no estilo proto-fascista do espanhol PRIMO DE RIVERA . FIDEL adotou,inclusive, os mesmos clichês.
A obrigatoriedade de rapidamente abraçar o regime marxista não lhe causou nenhum transtorno, eis que seu tipo de autocracia fascista poderia ser melhor desempenhada sob a ótica e proteção soviética e nisso o tempo lhe deu razão. Porém, mais nefasta do que a implantação dos mísseis nucleares russos apontados contra as sentinelas da liberdade, que significou apenas uma distinção e uma ameaça, foi a aniquilação de sua própria gente, saqueada e massacrada nos fuzilamentos do paredon, fato que consagrou sua ciência política.
O companheiro boliviano Che GUEVARA depois de comandar inúmeros “julgamentos”, nos quais houve sempre aquela mesma decisão, assumiu o “Banco Central” (!). Completamente despreparado ao cargo, acabou “brigando” com os padrinhos soviéticos. Resolveu trocar a mordomia pelo plano de reedição da revolução cubana em seu país, Bolívia, e virou ícone da juventude de 68 por representar a discordância contra o colosso do norte, mormente por causa da inóspida aventura vietnamita, causa de condenação mundial. Seu ex-colega de “açougue” continuou, todavia, além da porta do terceiro milênio, comandando uma Cuba completamente dilacerada sob todos os pontos de vista, desde os fatos econômicos que justificaram as torpes atitudes, aos morais, jurídicos, éticos e econômicos. A própria filha de FIDEL, ALINA FERNANDEZ REVUELTA, pode prestar depoimento:
“Não estou nada orgulhosa de ser sua filha, ele é um assassino, uma tragédia humana. Fracassou como líder, como político e como ser humano.” (Jornal The New York Post, cit. Zero Hora, 20/10/1995: 41)
A personalidade deste que lavrou a história como um dos maiores ditadores de todos os tempos ainda é admirada por muitos políticos e intelectuais tupiniquins, alguns até com avançada idade, mas que desde tempos de estudante fazem cortejo a João Bafo de Onça.
A militância política ensinou a Lula o cinismo: declarou com todas as letras que Cuba é uma democracia. No fundo, julga-se um campeão dos Direitos Humanos. Como neobolcheviques é o que não falta nas redações de jornais do mundo todo para manter viva a paranóia, a ficção ainda tem força no, cada vez mais restrito, clube das viúvas. E o clube está ficando cada vez mais exclusivo. A Unicamp cogitou o título de Doutor Honoris Causa ao ditador cubano. Faltou aos campineiros a extraordinária coragem dos professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que há muito tempo conferiram o título de Doutor Honoris Causa ao tiranete caribenho.
Cuba ainda possui eficientes esquadrilhas de Migs, e equipes esportivas muito bem treinadas, sempre aptas a levantarem medalhas em todas Olimpíadas. Podíamos assistir na TV o quase perpétuo “general” saborear vitórias (e algumas derrotas) de seu time de voleyball feminino, quando então à sua presença se formalizavam as palmas, flores, incentivos e até tapinhas nas costas de membros de equipes adversárias, tais como as do Brasil, como se matar por ideal (e às pencas) pudesse ser esquecido, louvado ou desculpado. As mesmas câmeras de vídeo,, todavia, mostravam uma ilha à deriva, com seus habitantes preferindo saltar fora, morrendo nas bocas dos famintos tubarões caribenhos:
Dois milhões de exilados cubanos é o saldo de três décadas e meia de revolução que proíbe a saída de seus habitantes. O que ocorreria se a saída fosse permitida? Tivemos um vislumbre disso em agosto de 1994, quando o governo, num desafio à política de braços abertos dos Estado Unidos com relação aos 'balseiros' cubanos, começou a relaxar essa proibição: dezenas de milhares de pessoas se lançaram na água em qualquer coisa que flutuasse, mais dispostos a enfrentar os seláceos do mar do Caribe do que seguir os preceitos da vanguarda em La Habana.
MENDOZA, P.A., MONTANER, C.A., LLOSA, A.V.: 152
Até bem pouco tempo realizava-se o vaticínio de Cataneo, cantor do conjunto Taicuba, em 8 de janeiro de 1959: "só se salvariam de Cuba aqueles que soubessem nadar”. (Idem, 169)
Faltou acrescentar: que tivessem a sorte de não serem pegos por outro tubarão.
* * *
Ainda antes a Guatemala protagonizava escaramuças ditas socialistas. A guerra fria esquentava com a eclosão da guerra quente coreana. O presidente ARBENZ colheu o ensejo para timbrar o traço platônico-nacionalista-comunista. Sua “reforma agrária” levou à expropriação da United Fruit Co. Em 1954, o chefe dos exilados CASTILLO ARMAS, auxiliado por SOMOZA, da Nicarágua, invade a Guatemala através de Honduras, para a liquidarem.
A linha de vida do Haiti, como de resto em todos os estádios latinos, não fugiu a regra.
PAPA DOC e seu filho
BABY lhe espoliaram sem resquício de piedade. Ali o subdesenvolvimento é um dos mais acentuados do mundo, muito devendo-se a esses criminosos totalitarismos.
.O México, como toda a A.L.,
é reduto católico; portanto, platônico. ..
.
.
O conceito espiritual do reino de Deus degenerou numa instituição eclesiástica, jurídica, política, militar, financeira que, substituindo a força do espírito pelo espírito da força, fez da Civitas Dei uma Civitas Terrena, com o agravante que esta cidade terrena é acintosamente proclamada como sendo a cidade de Deus.
ROHDEN, H., Filosofia Contemporânea: 28
No México, como no Brasil, o regime federalista chegou a ser tentado.
TOCQUEVILLE (A Democracia na América: 187 ) pode retratar:
..
Os habitantes do México, querendo adotar o sistema federativo, tomaram por modelo e copiaram quase inteiramente a constituição federal dos anglo-americanos, seus vizinhos. Mas, ao transportarem para seu país a letra da lei, não puderam transportar ao mesmo tempo o espírito que a vivifica. Vimo-los, então, se embaraçar o tempo todo entre as engrenagens de seu duplo governo. A soberania dos Estados e da União, saindo do círculo que a constituição traçara, penetraram cada dia uma na outra. Atualmente ainda, o México se vê incessantemente arrastado da anarquia ao despotismo militar e do despotismo militar à anarquia.
O general
LÁZARO CÁRDENAS tratou de confirmar o predição. Sóbrio, puritano, avis rara no país, era um completo abstêmio, tornando-se lenda viva a partir de 1938, quando arrancou da iniciativa privada a distiribuição dos produtos de petróleo. Assim ele fundou a PEMEX, a primeira grande empresa estatal do gênero na América Latina, precursora da Petrobrás. Em seguida, cm a pecha de pagar indenizações, convenceu os pobres
peones, herdeiros dos astecas, dos chichimecas, dos tarascos, dos mixtecas, dos toltecas, dos zuñis, e de tantos outros, a raparam seus magros cestos e revirarem os baús familiares para retirar deles o que viam ser de valor, entregando tudo a “
El Jefe”.
.Getúlio, Perón & Cárdenas subjugaram a América Latin
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