quinta-feira, 30 de abril de 2009

O carma ocidental - 17. Hegel e a subversão da Filosofia

Hegel vê em Platão uma dialética positivo-especulativa, uma dialética tal que não conhece contradições objetivas somente por abolir sua pressuposição, mas que compreende ademais a contradição antitética do ser e do não-ser, da diferença e da indiferença. Para esta interpretação da dialética platônica Hegel se inspira, sobretudo, no Parmênides de Platão. GADAMER, HANS GEORGE, in LUFT, E.:68.

Aqui não entra quem não souber geometria

PLATÃO, ao inaugurar a Academia
A filosofia de Platão, que outrora reclamara ser senhora no Estado, torna-se com Hegel o seu mais servil lacaio. POPPER, K., 1998, T. I: 269.
De PARMÊNIDES (540-450 a.C.) PLATÃO contrabandeara as alegorias dialéticas; e de PITÁGORAS, (VI a.C.), filho da Pitonisa (vê se pode), a geometria e a matemática.
A idéia é originalmente devida a Platão, que, sem dúvida influenciado pelas concepções pitagóricas, foi o primeiro a afirmar que o círculo, cujas partes são todas iguais entre si, é por essa razão a mais perfeita figura geométrica, e, portanto, como os corpos celestes são eles mesmos perfeitos, o único movimento que lhes é possível é o movimento circular uniforme. A tarefa dos astrônomos a partir de então foi construir um modelo matemático que explicasse os dados observacionais da astronomia, e no qual os planetas seriam dotados de movimentos circulares uniformes. BEN-DOV: 19
Assim crescia a chicana dialética: o fato, a suposição e a resposta, conflito estimulado por distinções polares, paradoxais metafisicas enfraquecidas mutuamente, mas desse modo receptivas à introdução da vontade do amo.
No modelo proposto por Descartes e seguido por Hobbes, a geometria era a única ciência que Deus houve por bem até hoje conceder à humanidade. Retomava-se Galileu, para que a língua da natureza era a matemática. O pensamento moderno é assim marcado por este ritual do pensamento a que logo se opôs Pascal com o chamado esprit de finesse. A matematização do universo desenvolve-se com Newton e atinge as suas culminâncias em Comte. Nos Estatutos pombalinos da Universidade, determinou-se expressamente que os professores usassem do e.g. para poder discorrer com ordem, precisão, certeza.
Respublica, JAM


Os escritos de Hegel estão entre as obras mais difíceis de toda a literatura filosófica, devido não só a natureza dos tópicos discutidos, mas também ao estilo canhestro do autor. Bertrand Russel: 354
GEORG WILHELM FRIEDRICH HEGEL (Sttutgarg, 1770 - Berlim 1831) influenciou todas as ciências do XIX, justamente por cozinhar a filosofia e a física platônica, no tempêro metafísico. Infelizmente:
Se alguma vez quiseres embotar o engenho de um jovem e incapacitar-lhe o cérebro para qualquer espécie de pensamento, o melhor que podes fazer e dar-lhe a ler Hegel. Pois estas monstruosas acumulações de palavras, que se amontoam e se contradizem mutuamente, impelem o espírito a atormentar-se com vãs tentativas para pensar qualquer coisa em relação a elas, até cair em colapso de plena exaustão. Assim, qualquer capacidade de pensar fica tão inteiramente destruída que o jovem acabara por confundir a verbosidade vazia e ôca com o pensamento real. SCHOPENHAUER A., cit. POPPER, K., 1998: 85..
HEGEL retorceu os ensinamentos de KANT, seu vizinho, e por isso, rival. O filósofo de Königsberg demonstrara que a metafísica se diluia nas antinomias da razão pura. HEGEL colheu este resultado para demonstrar que é por meio da contradição que a razão pode se desenvolver.
NIETZSCHE (Crepúsculo do Ídolos, ou como filosofa a marteladas) não se agradava de KANT; muito menos de HEGEL: "O dialético degrada a inteligência de seu antagonista." “Só se escolhe a dialética quando não se tem mais nenhuma saída” (Idem, 2000:20)
De que maneira tal estratégia, tão servil à grei eclesiática, e elevada à décima potência, pode ser acolhida, ainda mais como manifestação científica, embora repleta de carências e absurdos?
Como a dialética recebe tão cobiçado galardão? De que modo uma simples lei positiva, adjacente de contraste metafísico, essa expressão de vontade unilateral e comumente paranóica, brilha tal qual pura expressão da ciência, e até da democracia
?
"O que ocorreu foi que as premissas tecnocráticas quanto à natureza do homem, da sociedade e da natureza, deformaram-lhe a experiência na fonte, tornando-se assim os pressupostos esquecidos de que se originam o intelecto e o julgamento ético.” (LEONI, B.: 66)
De que modo a própria experiência, ainda de uma magnitude social, pode ser assim adulterada?
Com a palavra o abalizado GAETANO MOSCA: "Uma ilusão geral constitui uma força social, que serve potentemente para cimentar a unidade e a organização política de um povo, como de uma inteira civilização." (Scritti politici (Teorica dei governi-elementi di scienza política) vol.II, 633; cit. RÊGO, W.D.L.: 88)
E como se impregnam as ilusões? Que fale o ilusionista-mór: “A cisão é a fonte da exigência da filosofia.” (HEGEL, Differenzschrift; cit. CÍCERO, A: 73)

A dialética de Hegel, assevero, foi concebida em ampla medida com o fito de perverter a idéias de 1789. Hegel estava perfeitamente consciente do fato de que o método dialético pode ser utilizado para retorcer uma idéia em seu oposto.
POPPER, K.: 48
Tartufo não traz nada de novo. Desde os primórdios da civilização vinga o prático e animalesco princípio de dividir para conquistar, dominador (não denominador) generalizado (não o comum), caminho mais curto ao usufruto do poder e da riqueza.
O maior divisor recém havia estado na Europa. "Hegel tem Descartes na conta de um herói.
" ALQUIÉ, F. A fonte francesa também era totalmente bitolada, por interesse da matriz, digo igreja matriz.
Quando Hegel estudava o destino do sujeito racional sobre a linha do saber, ele não dispunha mais do que de um racionalismo linear, de um racionalismo que se temporalizava sobre a linha histórica de sua cultura, realizando movimentos sucessivos de diversas dialéticas e sínteses.BACHELARD, G.: 57
HEGEL (Conferências e escritos filosóficos de Martin Heidegger; Hegel e os gregos: 20) não titubeou homenagear o ídolo:
Com Descartes cruzamos propriamente o umbral de nossa filosofia independente. Aqui, podemos dizer, estamos em casa e podemos, como o navegante após longo périplo por mar proceloso, exclamar ‘terra’!
Sinceramente, era preferido ter ficado no mar:
Surge um grave perigo quando esse hábito de manipulação com base em leis matemáticas é estendido ao nosso trato com seres humanos, uma vez que estes, diferentemente do cabo telefônico, são suscetíveis de felicidade e infortúnio, de desejo e aversão. Seria, portanto, lamentável que se permitisse que hábitos mentais apropriados e corretos para o trato com mecanismos materiais dominassem os esforços do administrador no plano da construção social.
Matemático RUSSELL, BERTRAND,
cit. FADIMAN, C.,: 266
Quem desejasse constar na geopolítica mundial deveria afirmar sua individualidade ou alma, penetrando una e forte no palco da História na qualidade de combatente.
A filosofia política moderna acha sua primeira forma sistemática em Hobbes; mas seu germe vital está em Maquiavel, de quem Hegel foi - não preciso lembrar - um grande admirador. E uma história que tem no Príncipe sua revelação, no Leviathan seu símbolo e - podemos também acrescentar, na vontade geral de Rousseau sua solução ideal, não podia deixar de ter como conclusão o deus-terreno de Hegel.
BOBBIO, N., 1991: 42

A isso se dava o nome de “progresso”:  "Hegel, como Heráclito, acredita ser a guerra o pai e a mãe de todas as coisas" ( POPPER, K.: 44)
MAX SCHELER (idem: 78) aprimorou a definição de HEGEL, não a de HERÁCLITO: "A guerra significa o Estado no seu mais efetivo crescimento e elevação; significa política". "O ser que já iniciou a apropriação da natureza por meio do trabalho de suas mãos, do intelecto e da fantasia, jamais deixará de fazê-lo e, após cada conquista, vislumbra já seu próximo passo." (MARX, KARL, posfácio à 2. ed. alemã do 1. vol. de O Capital. - cit. KONDER, L.:10)
Perversão: eis o caráter pertinente.  BOBBIO (1997: 24) retrata a morbidez:
O tema de guerra inspirou a Hegel algumas de suas páginas mais famosas: desde as primeiras obras tinha proclamado que a guerra é necessária e mantém a saúde dos povos: como o vento sobre o pântano, a guerra é o momento de igualdade absoluta.
“A gangrena - dizia aquele filósofo amargamente [naqueles tempos realmente havia muita gangrena] - não é curada com água de lavanda. É na guerra e não na paz que o Estado mostrava seu ânimo e ascendia às alturas de sua potencialidades.”(HEGEL F.W., cit. SABINE, G.: 620)
De fato, os estados costumaram ascender ao máximo, para de lá estatelarem suas respectivas nações.
Nas guerras e revoluções fulgura a bandeira de HEGEL. Se pegarmos a Bolchevique e suas afilhadas, até asiáticas, nem precisa falar. O fascismo e o nazismo ascenderam pela mesma escada, assim como até a cambaleante democracia levado à cabo pelos partidos alcunhados sociais. A filosofia influencia os povos, não há dúvidas. HEGEL foi muito capaz. A tonta Alemanha, a hibernada Rússia, a folclórica Itália, a eternamente dialética França, los valientes espanholes, e TODOS os povos latinos foram aquinhoados com inúmeras perturbações, corrupção desenfreada, guerras civis e internacionais, ditaduras e constituições de toda índole.
PLATÃO e seu "mais servil lacaio", na perfeita designação de POPPER, subverterem a ciência, a filosofia, a política, e com isso ainda logram poluir o mundo inteiro.
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