sábado, 24 de janeiro de 2009

Macroeconomia InterDisciplinar

Não é suficiente ensinar a um homem uma especialidade. Através dela ele pode tornar-se uma espécie de máquina útil mas não uma personalidade desenvolvida harmoniosamente. A sobrecarga necessariamente leva à superficialidade. EINSTEIN, Albert, cit. PAIS, Abraham, Einstein viveu aqui: 271
A matemática é incompleta; não pode, jamais, alcançar a certeza absoluta. GÖDEL, Kurt, cit. STRATHERN: 243
Ao formulador econômico não basta conhecer e entender apenas de Economia. Há que integrá-la, equalízá-la no contexto de todas as ciências.
A ciência econômica é a ciência humana mais sofisticada e mais formalizada. Contudo, os economistas são incapazes de estar de acordo sobre suas predições, geralmente errôneas. Por quê? Porque a ciência econômica está isolada das outras dimensões humanas que lhes são inseparáveis. Idem, Em busca dos fundamentos perdidos: textos sobre o marxismo: 16
A ciência não é especialista. Ipso facto deixaria de ser verdadeira. 
GASSET, José Ortega Y, Rebelião das Massas.
A realidade de fato excede, infinitamente, as parcas fronteiras acadêmicas, neste caso meras contábeis, justamente fincadas na faina de represá-la.
Um sistema constitui-se de partes interdependentes entre si, que interagem e transformam-se mutuamente, desse modo o sistema não será definível pela soma de suas partes, mas por uma propriedade que emerge deste seu funcionamento. MORIN, Edgar, Introdução ao Pensamento Complexo, 1991:20
Nenhuma certeza é possível, mormente em Economia: "As teses de matemática não são certas quando relacionadas com a realidade, e, enquanto certas, não se relacionam com a realidade." (EINSTEIN, A., 1997: 15) Se a matemática,  per se, é incapaz de sintetizar o real, no âmbito econômico ela é praticamente imprestável:
Conforme tem sido muitas vezes mostrado no passado e amplamente comprovado pela experiência, as futuras características de uma economia de mercado - isto é, de um sistema econômico constituído pelas decisões de milhões de diferentes seres humanos - são imprevisíveis no sentido de qualquer quantificação precisa. (Simpson: 37)
O que pode lhe emprestar guarida é justamente o arrimo da Física consubstanciada pela Filosofia, ambas abandonadas por taxadas complexas. Segundo a Escola Austríaca de Economia, quiçá a variação mais avançada do holos monetário,.mesmo para ela a Economia é apenas praxeológica, mercê de apenas tradutora dos anseios pessoais, de modo indiscutível, portanto, independentemente de qualquer filosofia, e também incalculável, razão pela qual a Física também não lhe diria respeito. Com todo o respeito,  tolice.
A fé na cultura moderna era triste: era saber que amanhã ia ser em todo o essencial igual a hoje, que o progresso consistia só em avançar com todos os sempres sobre um caminho idêntico ao que já estava sob nossos pés. Um caminho assim é a bem dizer uma prisão que, elástica, se alarga sem nos libertar.  
 Ortega Y Gasset, Rebelião das massas
"Qualquer economista deveria ser, mesmo que pouco, matemático, historiador, homem de Estado e filósofo." (PASSET, René, Economia: da unidimensionalidade à transdisciplinaridade; cit. MORIN, E., 2002: 224) .
Não podem as bifurcações ajudar-nos a entender a inovação e a diversificação em áreas outras do que a física ou a química? Como resistir à tentação de aplicar essas noções a problemas da esfera da biologia, da sociologia e da economia? Demos alguns passos nesta direção e hoje muitas equipes de pesquisa em todo o mundo seguiram este caminho. Só na Europa, foram fundados nestes últimos dez anos mais de cinqüenta centros interdisciplinares especializado em estudo dos processos não-lineares. PRIGOGINE, I.,: 74
Não são poucas as contribuições e constatações da Física moderna à Ciência e à Filosofia. Ilya Prigogine, (2) ganhou em 1977  prêmio Nobel ao demonstrar a possibilidade do fenômeno: "É lidando com a flutuação e a instabilidade do meio ambiente de forma criativa que os organismos auto-organizadores crescem e evoluem. Uma economia pode ser um sistema auto-organizador. A cultura de uma sociedade também."
A teoria do caos não só fornece uma explicação para as flutuações de uma economia de mercado, mas também demonstra que o Estado não tem o conhecimento necessário para adotar as medidas anticíclicas corretas. Na medida em que é extremamente baixa a probabilidade de se alcançar um estado final desejado em um mundo caótico, é difícil enxergar como o governo poderia especificar uma política para atingir esse objetivo, a não ser por acaso. ROSSER, J.B. Jr., Chaos Theory and New Keynesian Economics, The Manchester School, Vol. 58, n. 3: 265-291, 1990; cit. PARKER & STACEY, : 95
A Economia não pode ser nem opinativa, ideológica, ou política. Sequer é questão partidária. Às ciências econômicas mister antes de tudo a cientificidade, obviamente. E "a ciência não é especialista. Ipso fato não seria ciência".  
Hoje a Antropologia não pode abster-se de uma reflexão sobre: o princípio de relatividade einsteniano; o princípio de indeterminação, de Heisenberg; a descoberta da ‘antimatéria’, desde o anti-elétron (1932) até o antinêutron (1956); a cibernética, a teoria da informação; a química biológica; o conceito de realidade. Tudo o que diz respeito ao homem nos revela ao mesmo tempo o homem em movimento e o homem permanente; o homem diverso e o homem uno. 
Complexus quer dizer aquilo que é ‘tecido’ junto, ou pelo menos, tudo que deve ser levado em conta. Por qual razão a Economia teima nos trilhos estendidos ainda na época da revolução industrial?  Relegada por estéril,e já resolvida, em que prateleira jaz a Filosofial? Em que lata colocam o Direito, conceitos de propriedade e humanos, especialmente? Por que desdenhar a  refeita Sociologia? Quanto a História, merece esquecimento de acordo com o tempo transcorrido?  Como pínçar um período histórico sem esfacelá-lo? Pois nada disso parece afeto à ciência que quantifica a produção. Trata de todas as relações da humanidade, porém  não se atém à Ciência Política, desprezada por dúbia, inexata. Claro, tal desídia não é exclusividade economista. Todos  dispõem a Política   em esquerda e direita, portanto, pretensamente ideológica, ainda que pragmática, e pronto. Todos se perfilam no eixo, uns mais para lá, outros mais para cá, e  os mais espertalhões se dizem de centro. Muito engraçada esta. A esquerda pregava a guerra do proletariado contra os patrões. E a direita, a luta entre as nações. Onde encontrar um centro aquèm da ilusão? É mirando imenso delta, e não o eixo estendido à smplória metafísica pitagórica, que a realidade pode ser apreciada. Os exclusivos sistemas matemáticos não dão conta da amplitude do Universo; sempre haverá sempre um conjunto de axiomas que estará fora da geometria aferida. Fulgurantes catedráticos, entretanto, ainda se baseiam nos moldes cartesianos, a formarem   patchworks de parcas coletas, não raras vezes embalados em invólucros mais ou menos marxistas, e pelos tênues sinais se deitam a estipular diagnósticos e prognósticos, todos pernósticos, calcados nas parciais, selecionadas e truncadas experiências, ou estatísticas de resultados, as quais não revelam causas.  
Mas os governos, e aqueles que os assessoram nestas questões, sofrem da ilusão de controle. Não é possível, no estado corrente do conhecimento científico, fazer previsões econômicas de curto prazo com razoável grau de precisão. ORMEROD, P. 2000: 124
A fim de dourar a pílula, os astutos costumam propalá-las sociais; e ao intento, emprestam-lhe a conotação altruística. No entanto, os mosqueteiros prescindem de todas as âncoras citadas, mormente jurídicas e filosóficas, para eles motivos de atraso. O que se apura é o desperdício do suor alheio, acentuado nas tragédias. .
O Estado comprovou ser um gastador insaciável, um desperdiçador incomparável. Na verdade, no século XX, ele revelou-se o mais assassino de todos os tempos. O político fanático oferecia o New Deal, grandes sociedades, e estados de bem-estar social; os fanáticos atravessaram décadas e décadas e hemisférios; charlatães, carismáticos, exaltados, assassinos de massas, unidos pela crença de que a política era a cura dos males. JOHNSON, P.: 616.
E lá se vem a civilização, alienada no trem da inconsequência:
Essa perda da compreensão dos fatores que determinam tanto o valor do dinheiro como os efeitos dos eventos monetários sobre o valor de bens específicos é um dos principais danos que a avalanche keynesiana causou ao entendimento do processo econômico. HAYEK, F. 1986: 73
Von Mises (1990: 112), com pesar, já identificara:

O que ocorreu foi que as premissas tecnocráticas quanto à natureza do homem, da sociedade e da natureza, deformaram-lhe a experiência na fonte, tornando-se assim os pressupostos esquecidos de que se originam o intelecto e o julgamento ético.
Evidentemente é deplorável que a loco motiva atropele ética, leis e costumes por meio de expedientes. Uma maciça divulgação de dúbias estatísticas, e vários outros macetes numéricos, precede qualquer ação, propalando  suposto progresso material. Malgrado o ideal que projeta, a ciência mater já demonstrou, na simplicidade de E=Mc2, que o materialismo é desprovido até mesmo do próprio objeto!  Infelizmente a mais famosa equação ainda não é assimilada no interior de alguma outra academia além da catalogada especialista. Urge atenção. A viagem platônica se endereça ao infortúnio
Assim, a economia, a ciência social matemáticamente mais avançada, é também a ciência social e humanamente mais fechada, pois se abstrai das condições sociais, históricas, políticas, psicológicas, ecológicas, etc., inseparáveis das atividades econômicas. Por isso, os seus experts são cada vez mais incapazes de prever e de predizer o desenvolvimento econômico, mesmo a curto prazo. MORIN, E., Compreender não é preciso; cit. MARTINS e SILVA: 30
"Não é de causar espanto que a economia seja, com freqüência, chamada de ‘triste ciência'!" (PILZER , Paul, Deus quer que você enriqueça : a teologia da economia: 35)
As políticas mundiais de crescimento induzido pelo Estado tiveram exatamente o efeito oposto do que pretendiam: tinham aumentado, e não reduzido, o custo da produção de bens e serviços e tinham abaixado, e não aumentado, a capacidade das economias de conseguirem uma produção vendável. SKIDELSKI, Robert: 14.

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"O pensamento econômico contemporâneo é esquizofrênico. A teoria clássica foi quase virada de ponta-cabeça." (CAPRA, 1995: 207).
As relações inerentes à matéria em tela, social por excelência, não podem ignorar nenhuma fonte do conhecimento. "Tudo o que é humano é ao mesmo tempo psíquico, sociológico, econômico, histórico, demográfico. É importante que esses aspectos não sejam separados, mas concorram para uma visão 'poliocular'." (MORIN, Edgar, Contrabandista dos saberes, cit. PESSIS-PASTERNAK: 86)
Denominador traçou o saudoso psiquiatra, ex-Dep. Fed. Eduardo Mascarenhas (1994: 3):
Tanto o psicanalista quanto o economista proclamam o poder de influência desse inconsciente coletivo composto de mitos, lendas, crenças, ideologias, valores e ideais - o imaginário social - sobre as subjetividades individuais. Ou seja, ambos, psicanalista e economista, sublinham a importância dos investimentos efetuados por cada uma destas subjetividades nas suas circunstâncias. Entre o psicanalista e economista existe uma poderosa convergência: ambos estudam as reações e as expectativas das pessoas (agentes econômicos) quando imersa no espaço social. Até porque desse formigueiro intersubjetivo ninguém escapa.
Como todas as ciências, especialmente a econômica, que deve ter por objeto o ser humano, e não apenas quantificações, tem obrigação de ser multidimensional e interdisciplinar, com isto melhor aferindo, podendo e até devendo ampliar seus horizontes pelos faróis das ciências mais tradicionais:
Uma concepção adequada de desenvolvimento deve ir muito além da acumulação de riqueza e do crescimento do Produto Nacional Bruto e de outras variáveis relacionadas à renda. Sem desconsiderar a importância do desenvolvimento econômico, precisamos enxergar muito além dele. SEN, Amartya: 28
Talvez por isso o ex-todo poderoso Alain Greenspan tenha escrito:
O problema essencial é que os nossos modelos tanto os de risco quanto os econométricos, por mais complexos que se tenham tornado, ainda assim são simples demais para capturar a ampla gama de variáveis que definem a realidade econômica mundial.
É óbvio: “Há infinitos universos paralelos formando ramificações. Em cada um se atualiza uma realidade." (TOFFLER, Alvin e TOFFLER, Heidi, p. 20)
A superioridade do jusnaturalismo medieval sobre o moderno consiste em que ele nunca teve a pretensão de elaborar um sistema completo de prescrições, deduzidas, more geométrico, de uma natureza humana abstrata e definida de forma permanente. Se é verdade que a função constante do direito natural sempre foi impor limites ao poder do Estado, é também verdade que a concepção medieval preenchia essa função atribuindo ao soberano o dever de não transgredir as leis naturais. BOBBIO. NORBERTO, Locke e o Direito Natural: 46
Eis porque ela, a Macroeconomia, necessariamente solapa as tradições regionais, até vocações nacionais. Seus motivos, pois, nem são assim, tão econômicos:
Quanto mais forte a vontade de poder, menor o apreço à liberdade. A negação total do valor da liberdade, a maximinização do domínio - eis ai a idéia de autocracia e o princípio do absolutismo político, que se caracterizam pelo fato de todo o poder do Estado estar concentrado em um único indivíduo, o governante. KELSEN: H. A Democracia: 181
O maquiavelismo da macroeconomia keynesiana
We can change. I hope.
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Aprecie:
A essencialidade da interdisciplinaridade
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A Economia através de Fractais*
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2 comentários:

  1. MUITO BOM ESTE HOMEM TOTAL ... GLOBAL! A CIÊNCIA ECONÓMICA COMO APROXIMAÇÃO, NUNCA COMO RESOLUÇÃO OU PRETENSÃO! ESSA FICA A CARGO DO HOMEM TOTAL, DE PREFERÊNCIA EM AMBIENTE GLOBAL!

    POR ISSO TEIXEIRA DOS SANTOS DIXIT: ESTA CRISE NÃO VEM NOS MANUAIS; É ALGO INTEIRAMENTE NOVO! SE ASSIM É, E É, MAIS ATENÇÃO EM VELOCIDADE DE CRUZEIRO À CONDIÇÃO E RAZÃO DOS SEUS CONCIDADÃOS!

    CAUSAVOSSA - Lisboa

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  2. Oi César!
    Passei para retribuir a visita e desejar uma semana cheia de paz e luz.
    Mil beijos para você meu amigo.

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