quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Os bilhões à disposição

As grandes nações não são jamais arruinadas pela prodigalidade e
mau emprego dos capitais privados, embora, às vezes, o sejam pelos
públicos. Na maior parte dos países, a totalidade ou a quase totalidade
das receitas públicas é empregada na manutenção de indivíduos não
produtivos [...] Toda essa gente, dado que nada produz, tem de ser

mantida pelo produto do trabalho de outros homens. SMITH, A., Inquérito
Sobre a Natureza e as Causas da Riqueza
das Nações, vol.I, 1999: 599.
.
As políticas mundiais de crescimento induzido pelo Estado tiveram exatamente o efeito oposto do que pretendiam: tinham aumentado, e não reduzido, o custo da produção de bens e serviços e tinham abaixado, e não aumentado, a capacidade das economias de conseguirem uma produção vendável.
SKIDELSKI, Robert: 14
Barack Obama pretende dispor bilionária intervenção, mas encontra oposição dentro de seu próprio partido. Acusa politicagem. Não creio. Por um lado o fenômeno logra um lado humanista, sincero, leal, amante do justo, de notável saber jurídico. De outro, todavia, de contabilidades, de economia, talvez careça de melhor formação, ainda que pela história possa deter muita informação. Mas a história muitas vezes realça detalhes insignificantes, enquanto solapa motivos essenciais, seja por desconhecê-los, ou por interesse de quem a relata. Muitos não desconhecem que a microimaginação da macroeconomia só sabe apelar à diabruras e metonímias. A cavada depressão serviu aos ardilosos pilares do New Deal , sustentáculos de inúmeros travestis econômicos.
Por qualquer resultado, e o provável é a anuência da proposta, nada ficará igual, nem nos EUA, tampouco entre as outras nações. Malgrado as independências promulgadas especialmente durante o XIX, e ainda esforço com a implantação do Euro, as economias tem no dólar o diapasão ao comércio internacional. Todos acompanham com ansiedade o desfecho americano. Corremos o risco de trocar a provocada crise recessiva, por inflação proliferada:
Aumentos rápidos da quantidade de moeda provocam inflação.
Quedas acentuadas provocam recessão.
Esta é uma proposição igualmente bem documentada.
FRIEDMAN, M.: 242

Rezemos.
* * *
O exemplo da derrocada de 1929
O poder excessivo do setor
financeiro é o motivo pelo qual
o mundo chegou à crise atual.

RUSSELL, B., O moderno Midas, 1930:2002: 69
Estudos econômicos englobam administração, produção, comércio, meios de pagamento e serviços, mas não é a primeira vez que tudo se torna refém do sistema financeiro. Prepondera a ficção.
Há século o ouro balizava as transações. Era um produto conhecido mundialmente, raro, e impossível de ser adulterado. No fito de agilizá-lo, ele era "repartido", e representado por "vales", as moedas em circulação.
Marx se encantou com as previsões de Malthus e anunciou o inexorável fim do capitalismo. Se diante do crescimento da população haveria escassez de alimentos, o mesmo acarretaria o colapso ao capitalismo.
Por todas essas épocas se julgava que a matéria fosse estática, e a energia sequer era considerada, aliás, totalmente desconhecida.
Naturalmente as previsões malthusianas, ainda que apropriadas à países subdesenvolvidos, não se aplicam na maioria das nações, de maneira que tal falseabilidade arrasa com a hipótese científica. Quanto as previsões de Marx, essas foram ainda mais facilmente elididas, mercê das artimanhas keynesianas:
Quando ficou amplamente evidenciado, há cerca de 50 anos, que a convertibilidade em ouro era apenas um método de controlar a quantidade de uma moeda, sendo este fator que realmente determina seu valor, os governos logo ficaram ansiosos para escapar a essa disciplina, e o dinheiro tornou-se, mais do que nunca, um joguete na mão dos políticos.
MISES, Ludwig Von, cit. BICHIR: 82
Na década dos gângster, imediata ao pavoroso golpe soviético, a sinistra previsão de Marx fazia tremer até esquimó. Roubos de toda a espécie, corrupção desenfreada, aumento de impostos e vertiginosas taxas de juros estrangularam a circulação e compuseram o quadro-negro onde se escreveria a solução de Keynes. Por que a Casa da Moeda coloca em circulação apenas o dinheiro que se transforma em ouro, se toda a produção também se considera riqueza? Se falta dinheiro ao povo, é só mandar fabricá-lo, e distribuí-lo à vontade. Adeus, foice-e-martelo:
..A Floresta Negra
....,,,,,,,,,,,,,,,,,,..Qualquer gasto é preferível a nenhum gasto. Abra buracos e os tape de novo. Ou pinte a Floresta Negra. Se não puder pagar aos indivíduos um salário para que façam alguma coisa de útil, pague-lhes para que façam algo de idiota. Gastando-se assim a poupança, elevam-se os salários, o que aumenta o consumo que, por sua vez, aumenta a produção de bens e serviços.
KEYNES, J. M., cit. MISES, L. von, As Seis Lições: 52; HAYEK, F., Os Erros do Socialismo - A Arrogância Fatal: 84
Desse modo na década de trinta surgiram as grandes ditaduras mais ou menos radicais, e com elas seus sustentáculos - os grandes bancos e trusts, todos produto deste subvertido mercantilismo, ainda mais danoso que o original, pelo blend da realidade com a ficção, da produção com apenas seu projeto, do trabalho com a malandragem.
As águas turvas se misturavam com as cristalinas, mas estas, por hegemônicas,
absorveriam a torpeza, de modo que o vírus se espraiou, mas não se extinguiu.
Os americanos inverteram o preço: em vez de sacrificarem a produção por causa da
falta de moeda, resolveram sacrificar a moeda, desde que ela alavancasse a produção.
Com o tempo a produção seria forte para reanimar a salvadora:
Para combater a grande depressão, John Maynard Keynes, como nos recordamos, sugeriu ao governo deficitário que pusesse dinheiro no bolso dos consumidores. Com os bolsos forrados, os consumidores passariam a comprar coisas. Por sua vez, isso levaria os fabricantes a expandir suas fábricas e a admitir mais trabalhadores. Adeus desemprego. Os monetaristas, ao contrário, receitaram a manipulação de taxas de juros ou do suprimento do dinheiro, a fim de aumentar ou diminuir o poder aquisitivo de acordo com as necessidades. Mas há uma falha muito mais fundamental nas velhas estratégias: elas ainda se concentram na circulação de dinheiro, em vez do conhecimento.
TOFFLER, A. & TOFFLER, H.: 64
Tal oriente não levaria seu trem muito longe, mas o astuto tinha a resposta:
"A longo prazo estaremos todos mortos."
O que reanimou a moeda americana não foi sua produção, direcionada à guerra, mas fundamentalmente os despojos alemães e japoneses, entre os quais, de mais valia, os conhecimentos produzidos naquelas grandes nações.
Ora revivemos semelhante quadro, levado a cabo por semelhante estratégia, mas sem nenhuma razão, sequer da ficção. Marx se encontra sepultado, e a questão islâmica não tem tamanha gravidade. O que vemos assemelhado, porém ainda mais recrudescido é um fascismo mercantilista, cujo maior predicado é promover uma corrupção desenfreada, nos EUA e alhures. Este é o maior desafio a ser superado.

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