quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Armação contra Robinho

Jornais britânicos sóem faturar em cima de factóides, meias-verdades capazes de iludir a massa*. É comum naquele pequeno rincão, sempre envolto em brumas, ávido por novidades, vir à baila qualquer sensação, coisa provinciana. Os vanguardeiros e intrépidos bretões não dispõem de praias, nem de sol, muito menos de carnaval. São conhecidos por sua fleugma, e seriedade. Então para diluir um pouco tanta aridez se reúnem em herméticos pubs, em panelinhas, em assuntos tão escassos quanto o tempo disponível ao lazer, e os próprios limites prediais.
Assim é que tablóides e paparazzos fazem a alegria daquela gente de pouco assunto.
Robinho desta feita foi acusado de "estupro a uma moça de apenas dezoito anos", como se a idade da suposta vítima tornasse este suposto crime mais hediondo. Ora a idade de uma parte tem que estar relacionada com a outra, para haver alguma identificação, ou configurar discrepância. Tal como é propalada, supõe-se que provavelmente um perverso ancião tenha ocasionado o delito. Robinho tem apenas 25 anos. Começa por aí. Mas isto é apenas uma pista, para aos poucos ir se desnvendando a chanchada armada.
Onde teria acontecido o episódio? The Space, Leeds, ponto de encontro de jogadores.

O diário The Sun, por certo sofrendo algum eclipse, disse que Robinho estava acompanhado de outros atletas na data em que a estudante afirma ter sido abusada. Ora, uma tentativa de estupro generalizada? Ou apenas de Robinho? E, ademais, não havia mais ninguém no PUB? Só a vítima e os tarados do Manchester? Pois seria a primeira vez que um estuprador resolveria mostrar seu talento em local público, ainda mais sobejamente guarnecido!
Não; essa é dura. É de amargar.
O diário Daily Mail publicou declarações de Pelé dizendo que o Chelsea tinha tido sorte em não contratar Robinho. Pelé negou, disse que não tinha dado nenhuma entrevista, mas o Rei não controla as palavras da mesma forma que o fazia com a bola. Pode muito bem ter dito isso enquanto estava de passagem por algum lugar, numa conversa de 20 segundos e se esqueceu no momento seguinte. Pode ser qualquer coisa. Marcelo Damato
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No caso presente, Pelé colheu o ensejo e renovou a responsabilidade ao jogador que saiu do mesmo reduto que ele:
"Coisas desses tipo me deixam muito triste. É uma notícia muito ruim, porque temos lutado para construir uma boa imagem dos brasileiros no exterior. O que aconteceu com Robinho, Adriano e Ronaldo fecha as portas para os jogadores brasileiros."
Não existe coisa mais fácil do que acusar quem quer que seja. Mas quem é S. Exa. para tecer um prejulgamento deste quilate, ainda mais sobre uma pessoa? Ademais, jogar a responsabilidade coletiva sobre um indivíduo não parece exagero?

O Rei nunca foi dessas sumidades comportamentais. Na estréia não queria enfrentar a botina soviética. Durante sua trajetória várias vezes foi caçado, mas também não foram poucos os cotovelaços distribuídos a seus marcadores. Em sua vida pessoal, existem paternidades jamais assumidas, vários casamentos, filho preso por drogas, ou seja, mal-educado, passagens estranhas em ministérios da República, isso para não falar na malfadada "lei de alforria" aos jogadores, a qual priva os clubes e os próprios jogadores de abiscoitarem lucros com vendas de passes.
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Pelé parece cultivar dor-de-cotovelo. "Espelho meu, quem é melhor do que eu?";
Robinho diverge das comparações arroladas. É um atleta que nunca foi expulso de campo, sequer teve alguma punição por ato de indisciplina. Diferentemente dos atletas citados, não tem na força, na impulsão, no rush, na velocidade, no ímpeto, seus maiores atributos. Estes recaem em apurada técnica, própria de quem age com extrema felicidade e leveza; portanto, completamente incompatível com o ato que lhe é imputado. Sua personalidade não afina com o asco que lhe denigrem.
O que parece flagrante é que esse Sun nada mais é do que um papagaio-de-pirata, desses que se empuleram nos ombros dos grandes artistas, no fito de poder tirar vantagem. No caso, acompanhado de uma servil papagaia. E o pior é que com a repercussão, vem um bando atrás. Ora alguns brasileiros também, como Pelé e claques. À acusação, colocam todos no mesmo saco, como se a profissão definisse a personalidade. Não falta quem condene o passado pobre, a falta de estrutura psíquica, psicológica, a imaturidade, carência de cultura, e tal dos jogadores, para que no contraste se sobrassaia a grande capacidade do acusador. Mostram-se sociólogos de quintal:
Romário Baixinho, Edmundo Animal, Adriano Imperador, Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho e agora a mascote Robinho, com sua cara de assustado. Saíram de famílias pobres, sem instrução foram para países com outro idioma, despediram-se de uma vida divertida de praia, churrasco, botequim, batuque. Não sabem o que fazer com tanto dinheiro. Deviam se engajar mais em causas sociais. Mas o que rola mesmo é balada, álcool, outras drogas, e 'as minas'. São lindas, gostosas, muitas piranhas e aproveitadoras.
RUTH DE AQUINO
diretora da sucursal RJ da revista ÉPOCA.
Robinho tem sido vítima de acontecimentos estranhos ao futebol, e não é de hoje.
O Deic (Departamento de Investigações contra o Crime Organizado) de São Paulo prendeu o sequestrador Fábio Fernandes da Silva, 22 anos, conhecido como "Vampirinho", participante do seqüestro de Marina da Silva Souza, 44 anos, mãe do jogador santista Robinho. A região foi palco do "capítulo final" do seqüestro, quando na noite do dia 16 de novembro, o pai do jogador teria pagado R$ 200 mil de resgate. O pagamento teria sido feito na Dutra, em trecho entre São José dos Campos e Jacareí.
Robinho vai tirar tudo de letra, de novo, como lhe apraz.
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*LONDRES, 6/2/2009 - Marco Materazzi ganhou uma indenização por calúnia feita por tabloide britânico. O sensacionalista havia dito que o italiano tinha insultado Zinedine Zidane o chamando de "filho de prostituta terrorista" na final da Copa do Mundo de 2006. A ofensa teria levado o francês a dar uma cabeçada no zagueiro, provocando a expulsão do meio-campista. Não foi revelado o montante da indenização, que foi descrita como "substancial". O jogador da Inter de Milão teve, portanto, êxito na ação impetrada contra o The Sun, no Tribunal Superior de Londres. O processo acusava o jornal de ter reportado incorretamente o que Materazzi disse para Zidane.

NA MOSCA:
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Nav' s ALL foi ao futuro para antecipá-lo para você. Missão cumprida:

A polícia inglesa anunciou que o atacante Robinho, acusado por uma mulher de 18 anos de abuso sexual em uma boate na cidade de Leeds, em janeiro, não será indiciado criminalmente pelo caso. A polícia de West Yorkshire investigou a acusação, e a Promotoria britânica resolveu não levar o caso adiante após analisar os depoimentos. Porta-voz de Robinho, Chris Nathaniel comentou a liberação:

"Robinho é um homem de família, trabalhador, extremamente apaixonado por futebol. Ele quer agora concentrar sua atenção no Manchester City para ajudar sua equipe a ter um final de temporada de sucesso."

Folha de São Paulo, 6/4/2009




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