terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Paradigmas* do XVIII

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Enviados americanos prestigiam a SiderALL Base.
Been thankful. You're welcome!
Às boas-vindas, atrevo-me a oferecer tema a seus paladares.
Licença abordar um lampejo de sua brilhante História.

"As verdades só são fecundas se forem ligadas umas às outras."
Henry Poincaré

TRÊS REVOLUÇÕES balançaram o século XVIII. A Gloriosa nasceu prematura, em fins de 1688; Ao cabo eclodiram mais duas: a francesa e a americana, ambas por aquela emuladas. Todas exibiam bandeiras da liberdade, mas uma preferiu a ficção ideal, para impor a realidade mortal.
Que tanta diferença pode ser notada entre esses marcantes episódios da história da civilização? Que motivos as tornaram tão díspares, em que pese assemelhado desiderato, numa apenas expressado? Que modelos, que formas, que métodos tomaram para tanto se afastarem? Que conseqüências geraram? E, afinal, porque vale a pena revirar um passado tão distante, havendo tantos recentes e ainda mais graves?
Primeiro, porque esses tantos foram meras repetições; segundo, porque, pela prova da história, pelos fatos, apura-se o rastro da pseudo-cientificidade, ou cientismo, pelo qual se valeram os notáveis artífices para comporem ou imporem sua racionalidade através de executores. Por último, podemos confrontá-los no raio X de nossos poderosos aparelhos.
Mister a lente “panorâmica, ao invés de microscópica. É pelo mosaico, pelo leque das ciências, que podemos mais corretamente divisar. Tudo o que é humano é ao mesmo tempo psíquico, sociológico, econômico, histórico, demográfico. É importante que esses aspectos não sejam separados, mas concorram para uma visão 'poliocular'. (Morin)
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O desafio
Para Foucault o dilema é ao mesmo tempo distinguir os acontecimentos, diferenciar as redes e os níveis a que pertencem e reconstituir os fios que os ligam e que fazem com que se engendrem, uns a partir dos outros.
No problem. As informações, outrora herméticas, truncadas, enfeixadas, censuradas por perigosas, ou de acesso dificultado, nos dias de hoje são desvendadas no mundo dos normais. O cidadão comum vê emergir, apesar de uma infinidade de mitos e obstáculos dogmáticos, a majestosa reversão científica que, sob os auspícios do gênio do século XX, modifica nosso entendimento simplesmente sobre tudo. Há, contudo, o preço: o homem que descobre uma nova verdade científica precisa, anteriormente, despedaçar em átomos tudo o que aprendera; chega à nova verdade com as mãos sujas de sangue do massacre de mil superficialidades.
(Ortega).
Ao constatar as graves consequências dos artifícios, o veredito é fatal, mas sereno, porque iluminado pelos capítulos da História e pelas potencialidades das ciências de ponta, da quântica à relatividade.
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Os Dois Paradigmas*
Algumas ciências e a civilização ainda vacilam. A maioria prefere a linha tradicional, por familiar. Supõe-se mais segura. Vero. Há muito, acorrenta toda gente. Todavia, os conceitos de Einstein, Planck, Bohr e Heisenberg, endossados por Whitehead, Eddington, Bohm, Born, Dirac, Bose, Prigogine, Feynman, Feyerabend, e centenas de pesquisadores, substituem o tosco trilho de Copérnico, Galileu, Bacon, Descartes e Newton. A vantagem mora na veracidade, no rigorismo técnico ou teórico, na prática, mas principalmente na simpatia e gosto popular!
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ALLmirante vê a proa, e a pôpa:
As revoluções do século XVIII foram envolvidas justamente pelos dois paradigmas. Duas se anteciparam às comprovações de Einstein e Planck, no rastro luminoso dos pioneiros da Relatividade, embriões da Quântica.
O movimento francês veio expresso pelo modêlo determinista, materialista, germe platônico condutor da epistemologia mecanicista. No descalabro fulgura a perfídia de Rousseau, logo estendida à Alemanha de Marx e do superhomenzinho Hitler, ambos chegados pela ponte de Hegel. As revoluções Gloriosa e Americana partiram de princípios compatíveis com a ética e com a mais moderna ciência graças ao trabalho fundamental de Locke, Spinoza e Shaftesbury, complementados pelo luminar Adam Smith.
Bizarro, mas não coincidência, na terra de Newton havia repulsa explícita ao mecanicismo cientificista: a metáfora do relógio foi tratada com muito mais ambivalência do que no continente. O relógio sempre apareceu ali como uma metáfora de arregimentação e compulsão irracional. (Henry) Em carta a Thomas Poole, Shaftesbury se antecipa ao pioneiro quântico:
"Newton era um mero materialista. Em seu sistema o espírito é sempre passivo, espectador ocioso de um mundo externo há motivos para suspeitar que qualquer sistema que se baseie na passividade de espírito deve ser falso como sistema."
Na recusa a Hobbes e ao dualismo cartesiano, Shafstesbury e Locke ficaram restritos às torres de marfim. Na arena francesa adentrou um malvado à cavalo.
Os anglo-saxões retratam séculos incólumes e marcam inegável progresso, conquanto minimizam os danos sociais da administração. Impoem-se pela sapiência. A França quedou pela força, na violência. Eles só tiveram uma Constituição. Mas o Galo cantou tocentas, para tudo que é lado. Não encontra um rumo confiável. Imagine o que sobra aos vagões. Com exceção dos valientes, desde o famoso porém malfadado 14 de julho anda tudo à deriva, malgrado contínuas "modernizações" constitucionais.

Ainda:

Os paradigmas e as revoluções do XVIII
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* Do grego paradeigma; significa “modêlo” ou “padrão”; foi reintroduzido por Thomas Kuhn (1922-1996) no fim dos anos sessenta, em The structure of scientific revolutions.
Capra diz ser “uma constelação de realizações - concepções, valores, técnicas, etc. - compartilhada por uma comunidade científica e utilizada por essa comunidade para definir problemas e soluções.
Por quem resgatou o termo:
“Considero paradigmas as realizações científicas universalmente reconhecidas que, durante algum tempo, fornecem problemas e soluções modelares para uma comunidade de praticantes de uma ciência.”
Thomas Kuhn.


2 comentários:

  1. Com certeza, as que optaram pela sapiência se deram melhor, Cesar!
    Abraço!

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  2. Alô da base aérea,
    O evidente exemplo pouco adianta.
    O Funil continua preferindo tropas.
    Aquele abraço.

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