Prestigioso Passageiro,
Quero falar contigo aqui,
baixinho, ao pé do ouvido.
Não, sequer conheço os candidatos.
Jamais os vi. Tampouco posso supor de onde são. Não há informação sobre o local, muito menos a data. O partido é ausente. Seriam candidatos avulsos? Eu apoio. Essas máquinas partidárias só queimam óleo, muito óleo. Mas concorrem para quais cargos? Pelo lado de lá é capaz de ter uma pista. Então é para turista. É uma peça cara, com certeza, a julgar pelo tamanho da bola, pela ímpressão. Nota-se de qualidade. Deve ter saído caro. Quem investiria assim, para arrumar um emprego? Sabe-se de onde vem polpudas verbas. São resquícios do mercantilismo, quando a empresa amiga do rei tinha a cama para escolher. Agora, mister reserva antecipada. Ou é patriotismo?
Voltemos ao cartaz. O que se vê é um número, para os dois sorridentes candidatos. Dois com o mesmo número. Suponho tratar-se de pleito ao executivo, com vice na chapa. Vê-se um "or", que serve para governador, mas também a vereador, para não falar na pura dor. Se ao primeiro, qual seria o cabeça-de-chapa? O que parece atrás é maior do que o da frente?! Francamente! Se apresentassem seus nomes, pelo menos, talvez a comunicação ficasse mais completa, creio, para não falar nas intenções, sabe-se lá quais. Lado a lado ficam bem duplas sertanejas. A "propaganda" só confunde. Ao lado direito vê-se um "ve" que presumo terminar com "reador". Neste caso, como explicar apenas um número aos dois? Ele até é bonito, inesquecível, mas não presta para jogo do bicho. É muito zero. E números também costumam enfeitar presidiários. A imagem visa atingir qual tipo de eleitor? Moças sonhadoras, quem sabe? As cores parecem indicar socialistas, ou coisa que o valha, mas lembremo-nos que o pavilhão americano também tem o mesmo gosto, a contrastar com o azul noturno. Sem dúvida, entretanto, estão bem vestidos. As gravatas estão ótimas. As fisionomias saudáveis parecem coadunadas com o slogan, inspirado, mas alterado, da campanha AFIF Presidente, de anos atrás.
Esta produção é apresentada como exemplo, cartão de visitas de uma empresa intitulada de publicidade. Não reparei de qual estado provém tanta inspiração.
A democracia, o desenvolvimento social e material podem evoluir por numerais, slogans, e fisionomias?
Dizem que a fé remove montanhas. Nisso o pessoal não acredita: usam tratores. Mas é mesmo baseado na fé, na tua fé, tua boa-fé, que todos agem, sejam crentes ou não. Até vigarista se vale da boa-fé. Eu mesmo, cada vez que aqui toco, porto a fé em agradar, para te ver de volta. Conto sempre com tua boa-fé. No entanto, não sou isento, cometo meus disparates. Só com fé, posso ficar na ilusão. E o nobre passageiro, mesmo com toda boa-fé, não tolera perder tempo com obviedades ou tolices, o que faz muito bem.
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