terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Em campanha

Prestigioso Passageiro,
Quero falar contigo aqui,
baixinho, ao pé do ouvido.

Não, sequer conheço os candidatos.
Jamais os vi. Tampouco posso supor de onde são. Não há informação sobre o local, muito menos a data. O partido é ausente. Seriam candidatos avulsos? Eu apoio. Essas máquinas partidárias só queimam óleo, muito óleo. Mas concorrem para quais cargos? Pelo lado de lá é capaz de ter uma pista. Então é para turista. É uma peça cara, com certeza, a julgar pelo tamanho da bola, pela ímpressão. Nota-se de qualidade. Deve ter saído caro. Quem investiria assim, para arrumar um emprego? Sabe-se de onde vem polpudas verbas. São resquícios do mercantilismo, quando a empresa amiga do rei tinha a cama para escolher. Agora, mister reserva antecipada. Ou é patriotismo?

Voltemos ao cartaz. O que se vê é um número, para os dois sorridentes candidatos. Dois com o mesmo número. Suponho tratar-se de pleito ao executivo, com vice na chapa. Vê-se um "or", que serve para governador, mas também a vereador, para não falar na pura dor. Se ao primeiro, qual seria o cabeça-de-chapa? O que parece atrás é maior do que o da frente?! Francamente! Se apresentassem seus nomes, pelo menos, talvez a comunicação ficasse mais completa, creio, para não falar nas intenções, sabe-se lá quais. Lado a lado ficam bem duplas sertanejas. A "propaganda" só confunde. Ao lado direito vê-se um "ve" que presumo terminar com "reador". Neste caso, como explicar apenas um número aos dois? Ele até é bonito, inesquecível, mas não presta para jogo do bicho. É muito zero. E números também costumam enfeitar presidiários. A imagem visa atingir qual tipo de eleitor? Moças sonhadoras, quem sabe? As cores parecem indicar socialistas, ou coisa que o valha, mas lembremo-nos que o pavilhão americano também tem o mesmo gosto, a contrastar com o azul noturno. Sem dúvida, entretanto, estão bem vestidos. As gravatas estão ótimas. As fisionomias saudáveis parecem coadunadas com o slogan, inspirado, mas alterado, da campanha AFIF Presidente, de anos atrás.

Esta produção é apresentada como exemplo, cartão de visitas de uma empresa intitulada de publicidade. Não reparei de qual estado provém tanta inspiração.

A democracia, o desenvolvimento social e material podem evoluir por numerais, slogans, e fisionomias?

Dizem que a fé remove montanhas. Nisso o pessoal não acredita: usam tratores. Mas é mesmo baseado na fé, na tua fé, tua boa-fé, que todos agem, sejam crentes ou não. Até vigarista se vale da boa-fé. Eu mesmo, cada vez que aqui toco, porto a fé em agradar, para te ver de volta. Conto sempre com tua boa-fé. No entanto, não sou isento, cometo meus disparates. Só com fé, posso ficar na ilusão. E o nobre passageiro, mesmo com toda boa-fé, não tolera perder tempo com obviedades ou tolices, o que faz muito bem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário