segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

The American Turning Point


Licença, beautiful people.
O Locomotivo adora apitar, especialmente em vésperas de feriados. Assim, o mundo todo padece, menos seus cidadãos. É evidente o blefe, não há mais a menor possibilidade de crashes, mercê da globalização. Mas o
Funil colhe o ensejo, aumenta os juros, desvaloriza em 3% sua própria moeda, e precipita a Bolsa de Valores. Não é exceção. Os luxuosos vagões da Europa também aproveitaram o embalo, que dirão os asiáticos.
Ao invés do círculo virtuoso da produção, temos o círculo vicioso da especulação.
Seja trote ou incompetência, a Nav's ALL procede mais um raid.

NO LIMIAR DO SÉCULO PASSADO, as proposituras cientísticas de Darwin e Marx vagavam ameaçadoras, mas o Reich brilhava ao mundo.
O Estado alemão era, evidentemente, uma burocracia. E, embora outros Estados também o fossem, a burocracia alemã entrou para a história como um exemplo, enquanto mecanismo de controle e regulação da sociedade. O povo alemão lhe dispensava um respeito e uma obediência sem paralelo no resto da Europa. Comparando-se com outros impérios, somente na Rússia se incluia uma gama tão vasta de profissões e vocações nas categorias de serviço público como a que se registrava na Alemanha da época (Amorim: 48)
O entusiasmado Eugene V. Debs (1855-1926) se encorajou, em pleno EUA, a oferecer um protótipo nazi-socialista, pretensão intitulada The Promise of American Life (1909). Na “promessa”, tentava mostrar as vantagens do corporativismo e da intervenção deliberada do Estado, a fim de promover “uma democracia altamente socializada”. Charles Van Hise colheu o ensejo e apresentou Concentration and Control: a Solution of the Trust Problem in the United States, o corporativismo positivista.
O Leviathan ressurgia em Michigan. O novo nacionalismo deveria ser meio bosh, coletivista, mas os americanos passaram a amargar tarifas e impostos ainda mais altos do que o Reich aplicava. A confusão política entre economia e justiça pode ser reduzida ao imediatismo, vingando o sofisma numeral do novo formulador do “estado de direito”, modelo de primor maquiavélico, cartilha que irresponsáveis e incompetentes lançaram mão à conquista e permanência no poder.
Bismark contaminou o zenith da liberdade. A engenharia de papel se proliferou, alcançando as linhas de produção do mundo ocidental e até oriental. Colhendo a mesma justificativa, Teddy Roosevelt, o ‘cowboy de punhos cerrados', acionou o gatilho do Imposto de Renda, na décima-sexta emenda. O New Nationalism era proveitoso, especialmente ao introdutor. Então tinha preço, etiquetado social, reconhecida homenagem do mundo ao 'profeta' Marx.
A engenharia de papel se proliferou, alcançando as linhas de produção do mundo ocidental e até oriental:
O imposto sobre rendimentos regular, direto e progressivo é um subproduto do welfare state: ele passou a existir ao mesmo tempo em que este foi justificado como necessário para financiar os grandes gastos que os serviços sociais demandavam. (Galbraith, 1968: 245)
Atribuiu-se substancialmente ao regime político, que é pura forma jurídica, o bem-estar que era fruto das condições econômicas, e teve-se a ilusão de que, em toda a situação social, bastaria usar aquele remédio para tentar a cura em qualquer doente. (Bobbio, 2001: 48)
A confusão política entre economia e justiça pode ser reduzida ao imediatismo, vingando o sofisma numeral do novo formulador do “estado de direito”, modelo de primor maquiavélico, cartilha que irresponsáveis e incompetentes lançaram mão à conquista e permanência no poder:
Foi o próprio Estado que criou a necessidade política do estado de bem-estar. Quanto mais bem-estar é criado por tributação (em parte rebatizada como contribuições de seguridade social), mais se enfraquece o financiamento privado. Quanto mais o bem-estar privado foi inibido, tanto mais bem-estar público foi necessário criar.(Seldon: 59)
O capitalismo de livre empresa, um mercado onde perdurassem a competição e a livre iniciativa, passou a ser considerado como instrumento de exploração do povo, enquanto uma economia planejada era vista como alavanca que colocaria os países no caminho do desenvolvimento. Caberia ao Estado, portanto, o controle da economia doméstica, das importações e a alocação dos investimentos de maneira a assegurar que as prioridades sociais se sobrepusessem à demanda egoísta dos indivíduos (Milton Friedman, Capitalism and Freedom; cit. Peringer: 126).
Uma recessão e uma queda na Bolsa de Valores não eram apenas costumeiras, mas também partes necessárias do ciclo de crescimento: elas separavam o joio do trigo, liquidavam com os malsãos da economia e repeliam parasitas (Johnson: 215)
Bertrand Russell conheceu a história do primo de Teddy, o Franklin Delano:
Gastou bilhões, criou uma enorme dívida pública, mas reanimou a produção e tirou seu país da depressão. Os homens de negócios que ainda acreditavam na economia tradicional, apesar de tão clara lição, ficaram infinitamente escandalizados e, mesmo tendo sido salvo da ruína pela sua política, o amaldiçoaram e o chamaram de 'o louco da Casa Branca'. (Russell)
Em meados de 1938, o Current History Magazine (Rothbart: 41) veiculou:
A nova América não será capitalista no velho sentido, e tampouco será socialista. Se a tendência atual é para o fascismo, será um fascismo americano, que incorporara a experiência, as traições e as aspirações de uma grande nação de classe média. Quando o New Deal é despido de sua camuflagem progressista, social reformista, o que fica é a realidade do novo modelo fascista de sistema de capitalismo de Estado concentrado e servidão industrial, envolvendo um implícito ‘avanço rumo à guerra’.
Nada de novo, no front.
Existem notáveis diferenças na aceleração do desenvolvimento de quase todos os países: enquanto nas relações de produção e comércio desponta a tecnologia de ponta e o espírito de vanguarda, sindicatos continuam montados em trens, e os governos, em mulas carregadas de sacos. O povo viaja a pé, mesmo, em grandes romarias. Paga caro, até por isso. É o verdadeiro herói. Devia ganhar, pelo menos, o tapete estendido, mas recebe justo o contrário: sói lhe puxarem o tapete.

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