domingo, 10 de agosto de 2008

Putin, um nome apropriado

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Enquanto a China celebra a paz, a outra faz o que bem sabe: esmaga seu próprio povo, em genocídios*. A ebulição não se restringe àquela Rússia, embora em nenhum canto do mundo haja tanta estupidez. Alguns outros grandes países estão passando por momentos de efervescência, enquanto nos pequenos estados, exceto naqueles na mira dos gigantes, há bonanza.
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Haveria algum elemento comum? Existiria uma razão maior para tornar, justamente, o mais poderoso, o mais extenso, também o mais cruel, desumano e mesquinho? E porque seriam pacíficos aqueles com extensão territorial diminuta, e população compatível? Não deveriam esses compactos oferecerem maiores tensões justamente por sua densidade? Se vasculharmos o EspaçoTempo poderemos comparar. Vejamos aqueles países que mais sofreram guerras intestinas e conflitos internacionais: França, Espanha, EUA, Rússia, China, Índia, Alemanha, Itália, Coréias, Vietnans. Presentemente andam na crista do infortúnio a permanente Rússia, a Bolívia, de certo modo ainda a China, a Venezuela, e também de certo modo a Argentina. Desmascarados os fascistas e suicidados comunistas, que outros motivos encontraria a humanidade para continuar se digladiando? Onde encontrar um restolho ideológico? Ainda persistem viúvas de Lenin e Mussolini? Quem sabe os eternos embates religiosos?
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A história se repete por absoluta falta de imaginação dos atores e diretores. Basta o trailer para se antecipar o roteiro e o epílogo. O argumento é rigorosamente o mesmo: a ambição pela riqueza, especialmente a alheia. Energúmenos enfatiotados não hesitam em envolver massas e exércitos em prol de seus caprichos.
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Via-de-regra a humanidade desdenha pequenas ventanias por otimista.
Assim é que quando Hitler invadiu a Polônia se lastimou pelos indefesos poloneses, mas ninguém ousou expulsá-lo de lá. O cabo de Munique até contava com a simpatia americana, mercê de seus dotes para enfrentar o comunismo. Ademais, o monstro haveria de se satisfazer com a bucha polaca, e a humanidade poderia ficar em paz. Nada era com ela, apenas com parte dela, e ainda assim diminuta, de modo que ninguém se sentiu atingido. A civilização deu de ombros.
O crime não compensa, e tal monta colhera Napoleão, mas o ouro, como a luz à mariposa, sempre atrai incautos à sua órbita, até a queda fatal. E lá se foi o novo debilóide a promover o mais sangrento capítulo. Quando a gente se deu conta, teve que pagar inédito preço pelo menosprezo, pela inércia.
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Antes de fechar a década, outro imbecil haveria de pegar a tocha da prepotência e obteve o êxito inicial, como sói acontecer. Quem é tomado de assalto dificilmente reage, fato que induz ao assaltante a se supor hegemônico, imbatível, inatingível. A U.R.S.S. se refastelava sobre os vizinhos, sob o olhar beneplácido, até conivente, de todos demais.
O massacre foi intenso e crescente, apavorante, culminando na ameaça de invadir até o páteo do omisso Tio Sam. Os mísseis de Cuba acordaram os sobrinhos, mas eles passaram vinte anos de suspense, ou seja, uma geração, culminando na Guerras nas Estrêlas, até serem liquidadas as criminosas pretensões.
Julgava-se o fim dos combates, pela ausência de combatentes. Fukuyama chegou a anunciar o Fim da História. Também acreditei. Não poderia supor, diante de tantos desastrados exemplos, fosse alguém ainda insistir nos mesmos métodos. Lêdo engano.
O adversário do fascismo não era o liberalismo, que o dissolve, mas o marxismo, que o liquida.
Com Marx enterrado em baixo do muro que deu causa, ressurge flamante, na Rússia e alhures, clones fascistas, mais ou menos fiéis.
O equívoco de avaliação à performance de Hitler volta a se repetir na prematura glorificação ao novo clone.
A tensão entre Ossétia do Sul, Rússia e Geórgia ganhou força depois da Revolução Rosa, que levou Mikhail Saakashvili à Presidência da Geórgia, em janeiro de 2004. Saakashvili, aliado dos Estados Unidos, prometeu reconstruir o país e aproximá-lo do Ocidente, o que irritou a Rússia. Nos últimos anos, o presidente geórgio tem acusado a Rússia de apoiar as regiões para sabotar o seu governo. Moscou nega as alegações. Em 2006, o parlamento da Geórgia acusou a Rússia de tentar anexar as regiões, e Saakashvili chegou a levar a denúncia às Nações Unidas.
O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, disse que a Rússia violou a integridade territorial da Geórgia na Ossétia do Sul e usou excessivamente a força. A explosão da violência pode incendiar o Cáucaso e ameaça provocar a mais grave crise desde o fim da Guerra Fria. A avaliação é do americano Charles Kupchan, analista do Council on Foreign Relations, em Washington.
Há horas Putin vem violando todos direitos humanos e cerceando a liberdade das regiões.
De nada tem adiantado as admoestações da ONU, como sói acontecer. São apenas palavras, e nenhum ato. Macaco que se coça, quer chumbo. Putin quer ferro. Uma atitude mais contundente, sem necessitar mais matanças, é a imediata exclusão dos russos nos jogos olímpicos, por falta de decôro e fair play. Os irmãos do sul estão ganhando medalhas póstumas. Os atletas russos não se importarão de perder algumas.
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Todos os países agressores tem muito em comum: possuem grandes extensões territoriais, combinados com poder enfeixado, sob o domínio de covardes.
Montesquieu, o célebre articulador da moderna democracia, cuidou de advertir: ela não seria eficaz em grandes países. Na Independência, os EUA lograram atingi-la mercê da divisão em pequenos estados, mas desde a entrada do século passado vem retroagindo, e concentrando crescentemente o poder. O mesmo se dá com todos envolvidos nas escaramuças domésticas e internacionais.
Para a democracia ser eficaz, o poder tem que ser do povo, que é espraiado, por isso pacífico,
e não do governante, que é concentrado, por isso mortífero.
Elementar, meu caro Watson!
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*Em três dias de combates entre tropas da Georgia e forças russas já morreram cerca de 2 mil pessoas, segundo informações do Ministério do Exterior da Rússia à CNN, dizendo que muitas das vítimas são cidadãos russos da Ossétia do Sul.

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