sábado, 24 de outubro de 2009

As Revoluções do 24 de Outubro

O governo não é capaz de tornar o homem mais rico, mas pode empobrecê-lo.
MISES, Ludwig von:
21
Aniversários são apropriados a relembranças, ainda mais quando terminados em "zero". Recentemente tivemos as comemorações dos 200 anos de DARWIN. Há setenta, aconteceu o funeral de SIGMUND FREUD. Hoje o calendário assinala a data da mais sangrenta Revolução dada a conhecer ao mundo - a insurreição bolchevique. O CMR enviava grupos armados para tomar as principais agências telegráficas e baixar as pontes sobre o rio Neva. Temos ainda a "comemoração" dos oitenta anos do famoso Crash. E GETÚLIO colheu o ensejo do primeiro aniversário desta catástrofe para aplicar o maior torniquete sobre a nacão brasileira, de modo que há exatos setenta e nove anos convivemos com esdrúxulas leis e hábitos fascistóides. A proeza recebe homenagem como nome de uma das principais artérias da capital gaúcha.
Deixo de lado a estupidez soviética, para hoje abordar o traumático 24 de outubro de 1929.
Depois, aprecie o nosso fatídico 24 de Outubro

A forja do Crash de 1929
Os americanos saíram vitoriosos da I Guerra, mas o horror perpetrado pelos bolcheviques suplantava qualquer comemoração. O receio da moda cruzar o Alaska fazia tremer até esquimó. A alcatéia. KEYNES (cit. STRATHERN: 224) aproveitou para recitar a “oração fúnebre do liberalismo”, vaticínio intitulado O fim do laissez-faire, no instante em que MUSSOLINI empunhava o mesmo estandarte para marchar sobre Roma:
Estamos hoje no meio da maior catástrofe econômica – a maior catástrofe devida quase inteiramente a causas econômicas – do mundo moderno. Sustenta-se em Moscou a idéia de que é a crise final, culminante no capitalismo e que nossa ordem existente da sociedade não sobreviverá a ela.
Passados três anos do impropério, abateu-se a Grande Depressão. O brete lavrado lhe permitiu aumentar espetacularmente o capital que pregava em vias de extinção: de 16.315 libras, chegou a 411.238 - equivalentes a 10 milhões de libras em valores atuais - quando morreu. (Idem: 35)
Do mesmo modo, um exército de corretores, burocratas, banqueiros e suas entidades financeiras, advogados, políticos, economistas, e outros bem informados, especialmente do círculo do poder, forraram o poncho com o infortúnio alheio.
Os grandes banqueiros e industriais emergiram nessa época. Firmas de Wall Street - como Belmont, Lazard e Morgan - com apenas 15 anos de existência, ocupavam lugar de destaque na economia.
GLEISER, I.: 21
Entre os "felizardos", despontou CHARLES MITCHELL, do National City Bank. O senador CARTER GLASS trouxe a denúncia:
"Mais que 50 outros homens, Mitchell é o responsável por esta quebra do mercado de ações."
Para nosso Tri Pulante isso era óbvio:
"Na verdade os interesses dos banqueiros têm sido contrários aos dos industriais: a deflação que convém aos banqueiros paralisou a indústria britânica." (RUSSELL, cit. DE MASI: 99)

Enquanto o povo se descabelava, JOSEPH PATRICK "JOE" KENNEDY realizava seus lucros, ampliando sua fortuna para cerca de dez milhões de dólares.
Estamos explicados?
Se Stálin roubou um banco, não o fez para encher de dinheiro seus próprios bolsos, mas para ajudar seu Partido e movimento. O senhor não pode considerar isso um roubo de banco.
HITLER, Adolf, Documentos da polícia alemã; cit. TOLAND, J.,: 657
O descalabro de 1929 não aconteceu exatamente naquele ano. Ele veio preparado, e encorpado. O colapso foi cortesia do próprio Estado, através de deliberadas e constantes intervenções nos campos jurídico, econômico, tributário e social.
Os objetivos eram perfeitamente delineados, ainda que absolutamente escusos. Tampouco findaria rápido, num passe de mágica, mas nos anos 30 o americano primou pelo jogo de cena. O que lhe salvou foi uma cavalar dose de sorte.
Naquela década fatídica os Sobrinhos do Capitão sucumbiam por duas ondas entrecruzadas, mas ambas oriundas do transatlântico governamental: a primeira, de origem legislativa, positivista, coibia uma série de atividades comerciais e industriais, em nome de uma falsa moralidade. A Lei Sêca consagrou a prepotência oficial, para proveitos pessoais:
A capital do país, Washington, tinha trezentos bares licenciados antes da Lei Seca: agora havia setecentos bares clandestinos, supridos por quatro mil fornecedores. Tudo isso era possível em função da corrupção total em todos os níveis. Assim, em Detroit, havia vinte mil bares clandestinos.
JOHNSON
: 174
A escalada criminal dava razão a MARX, que recém vaticinara o fim da civilização capitalista. O profeta dos proletários se valera do velho HOBBES - "o homem se fazia lobo do homem"; mister refreá-lo. Eis o leitmotiv para o Estado estender seus tentáculos a todos os lares. Tudo, menos o comunismo:
"O voto a favor de Hitler é apenas um sintoma, não necessariamente do ódio pelos judeus, mas de um ressentimento momentâneo provocado pela miséria econômica e o desemprego entre a juventude alemã mal conduzida." (Cit. BRIAN: 222)
“O Führer era idolatrado não somente em sua terra natal; tinha adeptos em número considerável de americanos barulhentos e vociferantes.” (Idem, Einstein, a ciência da vida, p. 329)
Nos colégios americanos, orgulhosos descendentes de italianos e tedescos passaram a esticar o braço, na inconfundível saudação. Permanecia em ROOSEVELT a expectativa de contar com HITLER & MUSSOLINI contra a escalada dos "comedores de criancinhas".
Enquanto o povo se distraia com a violência da máfia européia, com a doméstica protagonizada pelos D. Corleones, AL Capones, e pelas espetaculares ações policialescas de Intocáveis e clones, o Banco Central americano encetava um enxugamento monetário gradual, constante e irrestrito. Aos poucos, cada vez menos cédulas estavam em circulação. Para completar, tratou-se de "exportar" os "capitais excedentes", e logo para quem:
"Entre 1924 e 1929, portanto em apenas cinco anos, os Estados Unidos havia destinado, nada menos do que 30 bilhões de dólares a Berlim." (LEVENSON: 351)
Era o que buscava a politicalha da ocasião: uma forte recessão para justificar o golpe fascista, que tanto veneravam, e que seria perpetrado por ROOSEVELT, a suprimir até o padrão-ouro, em nome de um novo sonho, na verdade um pesadelo, ardil do New Deal, só aliviado com a chegada dos despojos alemães e japoneses :
"Em 1929, as despesas federais para todos os bens e serviços montavam a 3,5 milhões de dólares; em 1939, eram de 12,5 bilhões." (GALBRAITH, 1968: 251)
Ao Current History Magazine (cit. ROTHBARD 41) a manobra era flagrante, e culminaria, como de fato se sucedeu, na ascendência do Estado, frente ao cidadão. Para chegar ao colapso, a estratégia foi levado a cabo no tridente:
1) Aumento da taxação sob todos calibres, desde imposto de renda à criação de outras rubricas, todas a expropriar os recursos da produção, por conseguinte, dos cidadãos;
2) Aumento vertiginoso na taxa de juros, elemento que represou os capitais dentro das caixas-fortes, portanto, deixando de oxigenar a produção, e por conseqüência, toda Nação;
3) A "exportação" das divisas, mormente aos fascistas e nazistas de todas nações, os "heróis" anticomunistas.
Para finalizar, o que não estava no roteiro, mas que permeou todas essas relações, previsível porque no caminho da floresta: o fascismo americano ensejou a corrupção em larga escala.
Em apenas três anos após a crise de 1929, a produção industrial norte-americana reduziu-se pela metade. A falência atingiu cerca de 130 mil estabelecimentos e 10 mil bancos. As mercadorias que não tinham compradores eram literalmente destruídas, ao mesmo tempo em que milhões de pessoas passavam fome. Em 1933 o país contava com 17 milhões de desempregados. Diante de tal realidade o governo presidido por H. Hoover, a quem os trabalhadores apelidaram de 'presidente da fome', procurou auxiliar as grandes empresas capitalistas, representadas por industriais e banqueiros, nada fazendo contudo, para reduzir o grau de miséria das camadas populares. A luta de classes se radicalizou, crescendo a consciência política e organização do operariado, onde o Partido Comunista, apesar de pequeno, conseguiu mobilizar importantes setores da classe trabalhadora.
FRANKLIN fechou os bancos por três dias. O que dentro deles aconteceu foi apenas desvio de números, por acaso representando valores, enquanto no lado de fora a população testemunhava atos dantescos, grevistas pisoteados por cavalarianos, e distúrbios de toda sorte.
"A grande depressão reduziu as poupanças pessoais de US$4,2 bilhões em 1929 a uma descapitalização líquida de US$600 milhões em 1932 e reduziu os ganhos retidos das firmas de negócios de US$16,2 bilhões para menos de um bilhão." (PIPES, 2001: 183).
Ao cabo, entrou em vigor a Carta del Lavoro americanizada, "a fim de disciplinar a circulação e equalizar uma “melhor distribuição da riqueza", questão de moral e justiça.
"O imposto sobre rendimentos regular, direto e progressivo é um subproduto do welfare state: ele passou a existir ao mesmo tempo em que este foi justificado como necessário para financiar os grandes gastos que os serviços sociais demandavam." (GALBRAITH, 1968: 245).
E ninguém mais reclamou do montante bancário, de destino ignorado. Pelo contrário, a sutileza e o sucesso do golpe ensejou a proliferação alhures:
Inspirados por essas certezas keynesianas, desenvolvimentistas e social-democráticas - já amplamente consensuais - Estados Unidos, Itália, Espanha, França e Inglaterra, além de vários países latino-americanos, entre os quais o Brasil, apertaram o gatilho e dispararam políticas desenvolvimentistas, trabalhistas e sociais.
MASCARENHAS, E. : 130
JOHNSON (p.232) sublima
“Os anos 30 formam uma época de mentiras heróicas."
Muy heróicas, especialmente no Brasil. É o que veremos em

24 de Outubro de 1930




Um comentário:

  1. All
    Eu gostei do seu blog, acho que você gostaria do meu, Menina Virgem no wordpress, e acho que poderia participar do espaço do filósofo Paulo Ghiraldelli, aqui ó: http://ghiraldelli.ning.com Experimente. Beijo meu lindo!
    Professora de Filosofia Márcia Ferreira

    ResponderExcluir