terça-feira, 27 de outubro de 2009

Esparta & Berlim


A filosofia do direito de Hegel foi capaz de funcionar como apologia do Estado prussiano. ‘Assim como não se passeia impunemente por entre palmeiras tampouco se vive impunemente em Berlim,’ diz Karl Rosenkranz. CÍCERO, A.:134
A filosofia de Platão, que outrora reclamara ser senhora no Estado, torna-se com Hegel o seu mais servil lacaio. POPPER, K. 1998, T. I: 269
A sociedade grega e romana se fundou baseada no princípio da subordinação do indivíduo à comunidade, do cidadão ao Estado. Como objetivo supremo, ela colocou a segurança da comunidade acima da segurança do indivíduo. Educados, desde a infância, nesse ideal desinteressado, os cidadãos consagravam suas vidas ao serviço público e estavam dispostos a sacrificá-las pelo bem comum; ou, se recuavam ante o supremo sacrifício, sempre o faziam conscientes da baixeza de seu ato. TOYNBEE, Arnold J.: 196.
Esparta (Σπάρτη) se notabilizou como sociedade de guerreiros. Platão descrevia, em A República, a sociedade humana se aperfeiçoando por processos seletivos (sem falar que em Esparta já se praticava a eugenia frente aos recém-nascidos A exuberância de Atenas atraia a ambição da cidadela. Os toscos arrumaram um confronto direto. Tebas, aliada de Esparta, atacou Platéia, antiga aliada de Atenas. Indelével até porque repetido,o feito serviu de molde, justificativa, prova de que a força da ambição deve ser contida por uma maior:
A tendência geral de todos os homens é um  perpétuo e irriquieto desejo de poder e mais poder que cessa apenas com a morte... Numa situação de conflito as pessoas sábias e sutis estão em desvantagem em relação aos que usam a força, já que estes agem e atacam imediatamente, sem perder tempo com planos. HOBBES, T., The Leviathan, ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e Civil, Um irriquieto desejo de poder em todos os homens
Após quase tres décadas de sangrentas batalhas, a Guerra do Peloponeso (V a.C.), deu-lhe o "direito" de desgovernar toda a Grécia.  "A evolução do sistema, entretanto, revela uma rápida redução numérica da coletividade espartíata que se transforma em simples oligarquia: estima-se que no século III não haviam mais do que por volta de 900 cidadãos espartanos." Esparta acabou entregando o paradisíaco reduto ao desfrute de ALEXANDRE MAGNO.
Na escassez dos equipamentos bélicos, o treinamento físico se constituia na principal atribuição do Estado.  Valorizava-se o salto, a corrida, a natação, e lançamentos de discos e dardos. "É essa configuração de coletivismo extremado que, desde o século V, é vista na Grécia como um modelo perfeito de Estado, com a coletividade assim rigidamente aparelhada e destinada à defesa do Estado." (CASTRO, P.P. //www.fflch.usp.br/dh/heros/pcastro/grecia/1975/04.htm)
Casualmente, PLATÂO nascera a tempo para testemunhar a vitória de seu modelo predileto, e desse modo referendou o acerto da ignorância.
Por sua doutrina da similaridade entre Esparta e o estado perfeito, tornou-se Platão um dos propagandistas de maior sucesso do que eu gostaria de chamar ‘o Grande Mito de Esparta’, o perene e influente mito da supremacia da constituição e do modo de vida espartanos.POPPER, KARL, 1998, T. I: 54
Esparta, pobre em cultura e produção, avessa ao comércio, nem era para ser assim tão apreciada.  A destreza  visava mais o ataque, o domínio de tanto quanto pudesse sua força alcançar. Tal ímpeto se estendeu à ponta da bota. Depois de gozar as delícias da Acrópole o próprio ARISTOCLES, logo alcunhado PLATÃO, para lá se bandeou, sentando praça na corte de DIONISO, Tirano de Siracusa, onde ganhou pouso nos camarins do filho DION.
Siracusa era, efetivamente, uma colônia dos coríntios. Era o segundo estabelecimento dos gregos na Sicília, depois da fundação de Naxe pelos calcidianos. O núcleo foi estabelecido por Arquias, coríntio, da família dos Heráclides, no terceiro ano da quinta Olimpíada, 757 A. C. e 21.« do arcontado perpétuo de Ésquilo em Atenas, segundo os mármores de Oxford. Dodwell, na sua cronologia de Tucídides, transporta este acontecimento para o 4.» ano da 11.’ Olimpíada. Eis assim os habitantes de Siracusa defrontando uma situação ainda pior que a anterior, obrigados a servir ao tirano, que além de possuir uma natureza desumana, mais cruel se mostrava agora, devido aos males e desgraças que havia suportado.TIMOLEÃO – Plutarco – Vidas Paralelas
Em Esparta quarenta e três templos dedicados a divindades, vinte e dois templos de heróis, uma quinzena de estátuas de deuses e quatro altares asseveravam a importância sacerdotal. Os reis lhes dedicavam estatutos. Deviam pronunciar os mais sábios conselhos. Os recém-nascidos espartanos eram examinados pelos anciãos, aos quais cabia decidir pela eliminação dos portadores de deficiência física, mental, e até mesmo de hígidos, porém esquálidos. O resultado de tão sapiente cultura logo se viu.
O paraíso das ilhas gregas virava cenário ao casamento de cobra com jacaré: 
Na Grécia, berço das artes e dos erros e onde se levou tão longe a grandeza e a estupidez do espírito humano, raciocinavam sobre a alma como nós.  VOLTAIRE, Cartas Filosóficas. «13.ª carta
Nada de novo no front ocidental
O gênio irriquieto e ambicioso dos europeus... impaciente para empregar os novos instrumentos do seu poderio. FOURIER, JEAN-BABTISTE-JOSEPH, Descritiption de l'Égypte, prefácio.  
O tema de guerra inspirou a Hegel algumas de suas páginas mais famosas: desde as primeiras obras tinha proclamado que a guerra é necessáriae mantém a saúde dos povos: como o vento sobre o pântano,a guerra é o momento de igualdade absoluta. BOBBIO, N., 1997: 24

Esparta - o exemplar Estado dos minguados novecentos - viu-se reeditada  em Roma, em Bizâncio, em Paris, com CARLOS MAGNO. Revigorou-se em FLORENÇA, atravessou os Alpes para acometer os LUÍSES, cruzou o da Mancha ao gáudio de CROMWELL, voltou ao coração europeu com NAPOLEÃO, daí a BISMARCK, desceu novamente à bota para colher CAVOUR e MUSSOLINI, subiu à RÚSSIA onde embarcaram os desatinados soviéticos, e, por fim a glória suprema travestida com a suástica. SABINE (p. 650) comenta: “Na Itália o hegelianismo atuou no fascismo principalmente nas primeiras fases. O hegelianismo fascista foi reconhecidamente quase uma racionalização ad hoc.”
É a eclosão da personalização do poder. Foi assim que surgiu a tirania nas cidades helênicas dos séculos VII e VI. Foi assim que se desenvolveu a ditadura na República Romana do século I A.C. Como fiel da balança das classes novas e tradicionais. MUSSOLINI, Benito, cit. Nações do Mundo: 55
A  Prússia vivia em configuração semelhante à Grécia, com aglomerações esparsas e pacíficas. Tal qual Atenas, a região produzia enorme gama de conhecimento e arte, especialmente desde a ascenção de Frederico II. Concentrando fachos do Iluminismo O Grande abastecia uma usina de produção científica e intelectual, filosófica e artística. A nação se notabilizava por  intensa dedicação à   música clássica, pintura, jardinagem; e dentre as cátedras, História,  Filosofia, Direito, e Economia.
No tempo de Frederico Guilherme I, filho de Frederico I da Prússia, a população de Berlim alcançava os 90 000 habitantes. O rei seguinte, Frederico II, a transformou numa cidade cultural. Quando da sua morte, nos finais do século XVIII, a população de Berlim atingia os 150 000 habitantes.No início do século seguinte, Napoleão Bonaparte vence os prussianos, ocupa Berlim e leva para Paris a Quadriga que encima a Porta de Brandemburgo, orgulho da cidade
Frederico preferia viver no magestoso palácio Sanssouci, (Sem preocupação)  Brandemburgo.. Nos jardins mandou erguer um Templo à Amizade, celebrando a Grécia Clássica,  Descentralizado, e sem atuar diretamente nas relações produtivas, o Estado Mínimo se fortalecia ao máximo. A aprimorada cultura se refletiu naturalmente no excepcional desenvolvimento  da agriculturacomércio e manufaturas, A distribuição de alimentos era incrementada  pela construção de canais e e o comércio por tratados internacionais. Numerosos palácios ao longo do Reno atestavam a pujança do rincão.  Eis o imenso brilho que atrairia a sempre rica, porém super-religiosa e previamente  espartana França.
As cidades da Alemanha são absolutamente livres: cercadas por pequenas campanhas, elas obedecem ao Imperador quando bom lhes parece, não o temem, como não temem nenhum de seus poderosos vizinhos. MACHIAVELLI, Nicoló, O Príncipe, Quomodo omniun principatuum vires perpendi debeant, De que modo devemos medir as forças de todos os principados: 61 
Quem ler a admirável obra de Tácito sobre os costumes dos Germanos verá que é deles que os ingleses extraíram a idéia do governo político. Este belo sistema foi encontrado na floresta. MONTESQUIEU, Esprit des Lois, Livro XI, cap. 5.
Os religiosos lograram o que os imperadores foram incapazes. A Guerra dos Trinta Anos, (1618-1648) devastou o território germânico e reduziu a população em cerca de 30%. No raiar do XIX  coube a NAPOLEÃO espoliar e trucidar os descendentes. HEGEL, então, propugnou pela concentração de forças. Tal esforço demandou duas gerações, mas os alemães lograram contentá-lo, ao infortúnio da Europa, especialmente, mas de resto de incontáveis vítimas pelo globo afora. "Nenhum outro sistema filosófico exerceu tão forte e duradoura influência na vida política como a metafísica de Hegel." (CASSIRER, Ernst, O mito do Estado: 289) “A filosofia do direito de Hegel foi capaz de funcionar como apologia do Estado prussiano. ‘Assim como não se passeia impunemente por entre palmeiras tampouco se vive impunemente em Berlim,’ diz Karl Rosenkranz.” (CICERO,  A.:134) “A gangrena - dizia aquele filósofo amargamente [naqueles tempos realmente havia muita gangrena] - não é curada com água de lavanda. É na guerra e não na paz que o Estado mostrava seu ânimo e ascendia às alturas de sua potencialidades.(HEGEL F.W., cit. SABINE, G.: 620)
Hegel influiu nos negócios na Alemanha ao fim das guerras Napoleônicas, diante a profunda humilhação nacional perante a França e as aspirações de unificação política e criação de um estado nacional que correspondesse a unidade e grandeza da cultura germânica.
BOBBIO, N., Estudos sobre Hegel : direito, sociedade civil e Estado: 119
A derrota frente a Napoleão e a resoluta defesa por parte dos intelectuais da supremacia da cultura germânica converteu-se em ideologia popular: surgiu o sentimento de que a verdadeira força de uma nação residia no âmbito do espírito e da cultura. Segundo Soppè, entre 1850-80 dominava na ciência alemã um materialismo mecanicista, segundo o qual a realidade obedeceria a leis inerentes às próprias coisas, matéria e força seriam constituintes últimos do real. PEREIRA, J. Cesar R: 38 
A construção do Estado da Prússia envolveu a absorção da nobreza feudal pela burocracia central e o exército, ao contrário da Grã-Bretanha. Além disso, a penetração da autoridade central foi conduzida sob os auspícios militares, numa época em que a Prússia engajava-se ativa e freqüentemente em guerras. Os agentes da centralização foram os oficiais militares, que deram ao autoritarismo prussiano uma qualidade militar. O padrão de autoridade e subordinação no processo de construção do Estado na Prússia, conseqüentemente, parece ter sido mais completo, mais destrutivo da liberdade individual e da independência, tanto das elites quanto das massas, do que em outros países europeus. ALMOND, G., & POWELL Jr, G.: 97
Em 1861, Otto von Bismarck, ao ser nomeado chanceler, enceta, a partir de 1864, uma política visando a posicionar a Prússia à cabeça de todos os estados de língua alemã em detrimento da Áustria. Para o efeito, a Prússia declarou, sucessivamente, guerra à Dinamarca, à Áustria e à França, assumindo o controle de Schleswig-Holstein, da Confederação da Alemanha do Norte (associação que englobava 22 estados e cidades livres) e das províncias da Alsácia e da Lorena. Em 18 de Janeiro de 1871, Bismark proclama o Império Alemão, tendo por capital Berlim, e Guilherme da Prússia como imperador (Kaiser). 
O jovem EINSTEIN (cit. THOMAS, H. e THOMAS, D. L., Einsten, perfil bibliográfico, A Vida do Grande Cientista: Einstein por Ele Mesmo: 53) chegou a conhecer o BisMarx: "Mas quando o assunto das palestras se desviava para a política, e as pessoas começavam a falar em Bismarck e na ascensão do Império Alemão, Albert se assustava e saía da sala.”  Escritos da maturidade: artigos sobre ciência, educação, religião, relações sociais, racismo, ciências sociais /Albert Einstein: 9) narra sua predição:  “De tudo isso, não restará nada além de uma poucas páginas deploráveis nos livros de história, que retratarão suscintamente para a juventude de gerações futuras os desatinos de seus ancestrais.”
HEGEL (Fenomenologia dello Spirito, v. II, p. 15; cit. BOBBIO, N., Estudos sobre Hegel, Direito, Sociedade ivil e Estado: 48) bem havia deixado o programa governamental a ser implementado aos  infelizes compatriotas:  .
Para não deixá-los lançar raízes e enrijecerem-se em tal isolamento, para não deixar desagregar o todo e envaidecer o espírito, devem sacudi-los de quando em quando, em seu íntimo, com as guerras; devem fazê-los sentir, com aquele trabalho imposto, o seu senhor: a morte.
BISMARCK era consciente de sua maldade, e tentou o suicídio. Suas ações tiveram as mais graves conseqüências, assim apanhadas por EINSTEIN (New York Times, 23/6/1946; cit. PAIS, ABRAHAM, Einstein viveu aqui: 276):“Se a Alemanha não tivesse sido vitoriosa em 1870, que tragédia para a raça humana teria sido evitada!”  De fato :“Hitler afirma ter lido durante o tempo que passou em Viena, principalmente história. Suas idéias foram influenciadas em especial por um livro acerca da Guerra Franco-Prussiana”. (DOWNS, R.B.: 140)
Antes da centralização, a Alemanha espraiava-se por 18 estados. Embora as emergentes estrelas políticas propugnassem pela imediata reunião estratégica, no primeiro quarto do XVII o leitmotiv liberal ainda pautava o Parlamento de Frankfurt. No fatídico 1848, todavia, alguns parlamentares tomavam a seu cargo a articulação dos interesses das classes trabalhadoras.ALMOND & POWELL (p. 60), da Universidade Stanford, comentam o pitoresco: “Eles não estavam respondendo a pressões e demandas encaminhadas de baixo, e sim agindo como guardiões independentes e voluntários desses interesses.” O proselitismo serviria para aliciar muita carne à bucha de canhão:
A guerra é uma necessidade biológica de suma importância, o elemento regulador da vida da humanidade, a qual não a pode dispensar. Não é, contudo, apenas uma obrigação moral; e é, como tal, um fator indispensável da civilização. .Gen. VON BERNHARDI, cit. CHALLITA, Mansour, Os Mais Belos Pensamentos de Todos os Tempos, 3. Vol.: 94)
O ano de 1931, centenário da morte de Hegel e véspera do descalabro mundial, um grupo internacional se congregou aos seus estudos, em Haia. Publicaram-se vários ensaios, todos sem originalidade, exceto a exaltação ao fascismo e, certamente, ao nazismo também. A Rivista di Filosofia foi dedicada a Hegel; Antônio Barfi clamou por um Renascimento Hegeliano, destacando que Hegel não perecera; mister o retorno do sistema orgânico com leis de continuidade e desenvolvimento. E Appunti di filosofia del diritto (ad uso degli studenti), Turim, Giappichelli, 1932, definiu-se como filosofia jurídica neo-hegeliana. (Barfi, Antônio, cit. Bobbio, N., 1991:182.) Solari (idem, ibidem) aproveitou o embalo: "É preciso retomar o fio interrompido da tradição hegeliana, para desenvolvê-lo e dele extrair elementos para uma reconstrução idealista do direito e do Estado em seu sentido social."
A eugenia nazista fomentou a "política social"  racial da Alemanha Nazista Tal qual os venerados precursores, os germânicos tratavam de aprimorar a raça ariana. "A idéia de superioridade racial estava, na verdade, atrelada à superioridade militar, científica e econômica de povos mais favorecidos, como os egípcios, romanos e gregos, que se consideravam superiores aos demais, principalmente em relação aos conquistados." (Wikipédia)
Thomas Mann logo logo saudou a poderosa reunião..  Seguiram-lhe Heidegger e ,Ludwig Woltmann (cit. JOHNSON, P.::98).:“A raça alemã foi selecionada para dominar a Terra”. A disponibilidade de Heidegger para colaborar com o regime nazista valeu-lhe a designação de reitor da Universidade de Freiburg, .
A imagem dos esportistas alemães da década de 30 serviu para promover o mito da superioridade racial e do valor físico dos "arianos". Nas esculturas e em outras formas de arte, os artistas passaram a  idealizar  figuras atléticas, com acentuada  tonalidade muscular, enfatizando o valor de uma força sobre-humana em conjunto com as características faciais  arianas.  HITLER buscou estabelecer um elo entre a Alemanha nazista e a Grécia antiga justamente por este  mito racial.
A Alemanha foi a grande campeã da 11ª Olimpíada. Seus atletas ganharam o maior número de medalhas. A hospitalidade e a organização alemãs receberam elogios dos visitantes. Raros repórteres, como WILLIAM SHIRER, compreenderam que o brilho de Berlim era meramente uma fachada para esconder o mais opressivo, bélico, racista e violento regime já concebido no globo.
O retransmissor de PLATÃO não pode testemunhar o trágico desdobramento de sua sapiência, nem na amada Alemanha, tampouco na U.R.S.S. e alhures. As tragédias passaram, mas a "cultura" espartana parece ter ficado impregnada:
Na verdade, a política não mudou desde a sua invenção pelos gregos. Todo o jogo reside na capacidade de expor seus argumentos de maneira clara e convincente. Ter essa capacidade, para um discurso improvisado ou preparado, é uma vantagem com muito valor na política.GALSTON, William, analista da Brookings Institution e ex-assessor da Casa Branca..
De fato, é como as nações modernas estivessem repetindo cegamente o erro que foi fatal para as cidades gregas, dois mil e quinhentos anos atrás. Por mais incongruente que isso possa parecer, minha impressão é de que a peça que estamos encenando já foi montada na Grécia, na época do nascimento da filosofia socrática. É que, desde Platão, as coisas praticamente não mudaram. É como se a espécie humana não pudesse escapar da mediocridade de seu destino.
SAUTET, Marc, 2006: 15/86
Depois de constatar que os berlinenses não são, em média, muito inteligentes, o ex-secretário da fazenda de Berlim, Thilo Sarrazin, apelou para a "importação" de "cérebros" para a capital alemã (Politico exige importação de gênios para Berlim)
Gênios são capazes de enriquecê-los, mas dificilmente contarão seus segredos.  São mágicos. Portanto,  se a sofrida porém competente nação quiser aperfeiçoar ainda mais sua privilegiada inteligência tem que importar quem  lhe faça relembrar suas genuínas características, turvadas por Napoleão. As comunidades germânicas eram dóceis, pacatas, descentralizadas, produziam notáveis pensadores, grandes artistas, compositores, e incontáveis cientistas. Sequer necessitavam de governo nacional para manterem a paz, a harmonia, e o desenvolvimento social daí decorrente. Como Atenas, não como Esparta.
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PLATÃO via o espírito humano como peregrino neste mundo, e prisioneiro na caverna do corpo. Deveria, pois, exceder às parcas condições para lograr o amor-perfeito, per se impossível, mas exigência do eros platônico.

4 comentários:

  1. Platão e muitos destes autores de que o cèsar falam, ou foram vítima das circunstâncias ou não sabiam o que faziam. Claro que não me esqueço da tensíssima rede que planava todo o campo do poder para lá meter o rei dos reis. Quanta ignorância não paira aqui e à qual o César não é obrigado a exagerar os cordelinhos...

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  2. Esta coisa dos comentários nmnão está a funcionar bem. Suga os comentários...

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  3. Difícil repetir. Não gosto. Mas li a aldrabice da dialéctica Marxista e Hegeliana. Quem usou a dialéctica mesmo - tese antítese síntese- foi Fichte.Difícil criar um campo de pensamento libertário- onde não entre direita e esquerda. A Utopia está fora do sítio... do grego U-topos! Difícil pensar os sistemas dos outros- nem do próprio! A poesia é imaginação! Bacon dixit. Não gostou desta César... Eu sou inelutàvelmente um poeta.-

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  4. Bem, caro lusitano, Platão vedou o acesso aos poetas, na Academia, mas por aqui são sempre bemvindos. Além da esquerda e a direita existe a a frente e o alto, para não falar no Universo, que não conhece esse negócio.

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