segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O nada santo Sudário


Com o surgimento dos imperadores romanos o curso dos tempos se torna ainda mais tormentoso e os homens interiormente ainda mais inquietos e angustiados. E chegamos então a um ponto, verdadeira e secularmente crítico, de profunda decadência, quando, subitamente, aparece a figura de Cristo, anunciando-se como a luz do inundo, a ressurreição e a vida. O , ainda jovem, entra em cena e aos poucos arranca, à Filosofia, a direção do homem.
Johannes Hirschberger, História da Filosofia na Antiguidade
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Deus foi, durante séculos, uma ótima idéia. Resultou em pintura, escultura, arquitetura e filosofia magníficas.
MARIO SABINO
O Caminho de Santiago, de Fátima, o exuberante Vaticano, o Cristo Redentor, a basílica de Nossa Senhora Aparecida, de São João de Latrão, Santa Maria Maior, Notre Dame, Montmartre, Sacrè-coeur, St. Paul, Westminster, a de Milão, de Brasília, Assis, as igrejas de Salvador, o sítio de Lourdes, o santuário de Caravaggio, o Santo Sepulcro, de repente o mosteiro dos Jerônimos, a catacumba de São Calixto até os túmulos do Padre Reus e do Padin Padre Cícero, a Capela Sistina, outras milhares de capelas e grutas, e sei-lá mais quantos mais redutos e nomes, constituem polos turísticos de alta rentabilidade.
Dos lugares das viagens missionárias de Paulo,
visitaremos Efésio, Tessalonica, Corinto, Athenas,
Berea, Filipos, Roma, Óstia. (Agência de Turismo)
Pacotes para Corpus Christi
 Jerusalém ferve na Páscoa; e a Sapucaí é abençoada. Graças à DEUS.
O pecado
ROMA - Cientistas reproduziram o Sudário de Turim, o chamado "Santo Sudário", que teria recoberto Jesus de Nazaré na tumba, e afirmam: o experimento reforça as evidências de que a relíquia é uma obra de arte medieval, não produto de um milagre. A peça traz a imagem de um homem crucificado, com rastros do que seria sangue escorrendo de feridas nas mãos e nos pés, e crentes afirmam que se trata da imagem de Jesus gravada nas fibras por algum meio sobrenatural, durante a ressurreição. Os cientistas reproduziram o sudário usando materiais e métodos que estavam disponíveis no século 14, diz o  Comitê Italiano para Verificação de Alegações Paranormais. O grupo afirma, em nota, que se trata de mais uma evidência de que o sudário é uma falsificação produzida na Idade Média. Em 1988, pesquisadores usaram datação por radiocarbono para determinar que a relíquia havia sido produzida no século 13 ou 14.
Assim falou Zaratustra (NIETZSCHE, 1961: 7):
Que é o macaco para o homem? Uma irrisão ou uma dolorosa vergonha. Pois é o mesmo que deve ser para o Super-homem: uma irrisão ou uma dolorosa vergonha. Percorreste o caminho que medeia do verme ao homem, e ainda em vós resta muito do verme. Noutro tempo fostes macaco, e hoje é ainda mais macaco do que todos os macacos.


O senso-comum continua acreditando que o sudário possui "características inexplicáveis que não podem ser reproduzidas por mãos humanas", disse o cientista Luigi Garlaschelli, em nota.

"O resultado obtido, todavia, indica claramente que isso poderia ser feito com o uso de materiais baratos e um procedimento simples".

Garlaschelli, professor de Química da Universidade de Pavia, disse ao jornal La Repubblica que sua equipe usou linho tecido com as mesmas técnicas que as usadas no sudário, e envelhecido artificialmente por aquecimento em um forno e lavagem.
O pano então foi colocado sobre um estudante que usava uma máscara para reproduzir o rosto, e esfregado com um pigmento vermelho muito usado na Idade Média. O processo consumiu uma semana, disse o jornal.
O sudário aparece pela primeira nas mãos de um cavaleiro francês, em 1360, curiosamente nos instantes do Grande Cisma do Ocidente, a crise religiosa que ocorreu na Igreja Católica de 1378 a 1417, depois da derrocada das Cruzadas.
"As Cruzadas não diziam respeito apenas à libertação do Santo Sepulcro, mas antes a saber qual dos dois venceria na terra." (SAID, EDWARD, Orientalismo: o oriente como invenção do ocidente: 180)
O artefato é mantido numa câmara especial da catedral de Turim, e raramente é exibido em público. A última apresentação foi no ano 2000, quando atraiu mais de 1 milhão de visitantes. A próxima está prevista para 2010.
Francamente, malgrado ter lá suas virtudes, cogito inclusive a completa falsidade do cristianismo. Parece-me flagrante recurso à manutenção do Império Romano, sob outro signo. Na decadência dos implacáveis augustos, surgiu um agostinho bonzinho:
Agostinho é uma das figuras mais importantes no desenvolvimento do cristianismo no Ocidente. Agostinho foi muito influenciado pelo neoplatonismo de Plotino.[3] Ele aprofundou o conceito de pecado original dos padres anteriores e, quando o Império Romano do Ocidente começou a se desintegrar, desenvolveu o conceito de Igreja como a cidade espiritual de Deus (em um livro de mesmo nome), distinta da cidade material do homem.
Wikipédia

O sistema filosófico-teológico de Agostinho está inteiramente calcado sobre a ideologia do Antigo Testamento. As doutrinas de Agostinho sobre o pecado e redenção do homem são de uma clareza diáfana e foram aceitas quase universalmente, com algumas modificações pela Igreja cristã do Ocidente, até aos nossos dias.
ROHDEN, H, Filosofia Contemporânea: 23


É antes aquela forma platônica de pensamento, que descobre sempre o perfeito atrás de todo imperfeito, que o move, levando-o a ver, por trás de todas as verdades particulares, que são apenas verdades parciais, a verdade absoluta, como Platão vê, em todo bem particular, o Bem. Também Agostinho aceita as idéias, regras e fundamentos eternos (ideae, formae, species, rationes aeternae, regulae), constitutivos e bases de todo ser de verdade.
HIRSCHBERGER, J.,
Agostinho: o mestre do ocidente. www.consciencia.org
"Agostinho está cheio de doutrinas platônicas; o que ele acha se, apropria a si, se vê que concorda com a fé; mas se não concorda, adapta, melhorando" (S. Th. I, 84, 5). Desde então, ao invés do sabre, o instrumento de domínio é o "amor". Pelo amor de DEUS!
No homem primitivo era o medo, acima de quaisquer outras emoções, que o levava à religião. Esta religião do medo – medo da fome, de animais selvagens, de doenças e da morte – revelava-se através de atos e sacrifícios destinados a obter o amparo e o favor de uma divindade antropomórfica, de cujos desejos e ações dependiam aqueles temerosos sucessos. Como o entendimento do homem primitivo sobre as relações de causa e efeito era pobremente desenvolvido, essa religião do medo criou uma tradição transmitida, de geração a geração, por uma casta especial de sacerdotes que se postara como mediadora entre o povo e as entidades temidas. Essa hegemonia concentrou o poder nas mãos de uma classe privilegiada, que exercia as funções clericais como autoridade secular a fim de assegurar seu poderio. Nesse ínterim se verificava a associação dos governantes políticos à casta clerical, na defesa dos interesses comuns.
EINSTEIN, A., cit. GABERDIAN, H. GORDON: 314
Mas, por favor, não conte à minha mãezinha! Ela pensa que Ele me acompanha. Melhor assim.

3 comentários:

  1. A palavra- ou verbo- assim como a Razão ou Logos têm origem nas religiões mais remotas. O Cristianismo e o Imperialismo concomitante vieram fazer clivagens no corpo e no espírito humanos;- O Imperialismo asiático é muito mais antigo que o Imperialismo cristão- parece-me que por cegueira ideológica(!) o autor deste site que é um epistemólogo e devia fazer uma análise descomprometida de todos os saberes- parou no "tempo" Europa!

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  2. Ops, ataque de nau lusitana?
    Grato pelo costumeiro prestígio. Recito-lhe:
    Nada vive que seja digno
    De teus ímpetos e a terra não merece suspiro.
    Dor e aborrecimento, esse é nosso ser e o mundo é lama - nada mais que isso.
    Fique tranquilo.
    Giacomo Leopardi, (1798-1837)

    Se prefere sair do charco, indico-lhe:
    http://allmirante.blogspot.com/2008/08/importncia-da-china.html

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  3. Seus artigos sao muito mais que interessantes!
    Parabens
    Abraços

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