segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A formação da índole brasileira



Com aproximadamente 48 mil mortes por ano, o Brasil é um dos países que detém uma das maiores taxas de homicídios no mundo, segundo relatório divulgado  pelo relator especial do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas sobre Execuções Arbitrárias, Sumárias ou Extrajudiciais, Philip Alston.  Folha de São Paulo, 15/9/2008.
É importante ressaltar que o Brasil é o país com maior número absoluto de homicídios do mundo. Em números proporcionais, também ocupa as primeiras posições do ranking. De acordo com parâmetros internacionais, se considera que um país sofre violência endêmica a partir de 10 homicídios para cada 100 mil habitantes. No Brasil, a média é de 26 assassinatos por 100 mil. Em alguns estados, o índice chega a alarmantes 60 homicídios por 100 mil pessoas. Pravda: No Brasil: 80% das investigações de homicídios são arquivadas ,
 A ONU vai implantar projetos de mediação local de conflitos em comunidades carentes brasileiras. O trabalho será feito no Rio e em S. Paulo, através do Programa Cidades Mais Seguras.
O crescente prestígio doméstico, e a notável presença de navegantes yankees e lusitanos indicam o quilate da audiência emprestada à Nav's ALL. A TriPulação agradece a honra.
Almirante de caravela lusa indaga à cerca de nossos valores. Estranha-lhe a alienação política conjugada com estupenda guerra civil na qual estamos envoltos. O residente do Além-mar manifesta espanto pela desfaçatez do governo brasileiro no pleito por cadeira no Conselho de Segurança da ONU, enquanto desdenha a insegurança que se abate sobre os compatriotas, tarefa primordial do Estado que lhe compete gerir. Pergunta o tripeiro: tamanha insanidade seria proveniente do espírito guerreiro dos indígenas? Coisa da miscigenação?
Descrever o caráter de um povo formado por duzentos milhões de indivíduos em território continental contém risco de uma pintura distante da realidade vivida. Ela se faz em mosaicos compostos por trilhares de vetores, nas tonalidades discrepantes do EspaçoTempo. Se misturamos todas as cores, para daí se apurar uma média, obteremos um cinza quase preto. Não traduz cor nenhuma. Eis o erro primordial dos formuladores cartesianos, positivistas, cientificistas, estatísticos e dialéticos. Compro, todavia, o desafio. Algumas observações devem ser efetivadas, até mesmo no fito de minimizar preconceitos. Tentarei delineá-las em script de duas ou tres páginas, na faina de despir o tema das miçangas que aos poucos lhe foram imputadas.
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O grosso da formação brasileira é portuguesa, bem se sabe. Houve alguma penetração holandesa, especialmente no nordeste, e francesa, por lá e no centro. Italianos, alemães, judeus, polacos para cá se bandearam ao centro e sul, mas muito depois, fugitivos das bestialidades européias a partir de Napoleão.
Os italianos substituiriam os escravos nas fazendas de café. Alguns se destinaram às colônias sulistas. Também como os africanos, foram objetos de comércio entre os governos. Para quem duvida disso, posto não haver registros históricos, testemunho a verdade em função de alguns documentos que me foram gentilmente apresentados.
"Os asiáticos eram considerados raças inferiores, e prejudicariam o 'branqueamento' que ocorria no Brasil de imigrantes europeus."
Veja o alcance do dano darwineano.
No limiar do século passado a nipônica veio dar em Santos, fuga ocasionada pelos criativos programas bélicos contracenados com China e Rússia. Diante das suspensão dos negócios com as peças italianas, qualquer outra vinha a calhar. Após a I Guerra Mundial quase duzentos mil amarelos se integraram na aquarela brasileira.
A formação original se deve aos portugueses, alguma miscigenação com os índios, e depois com o magnífico exército de escravos importados da África. Por meio de excludentes quiçá possamos encontrar o (s) átomo (s) causador (es) do big-bang, ora próximo de se tornar buraco-negro, e a todos tragar.
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Farwest
Em primeiro lugar, verifiquemos o caráter dos índios, comumente mostrados como selvagens, especialmente por Hollywood. Os nossos de fato eram, mas em virtude da resistência na selva, não porque agressivos. Os silvícolas sempre respeitaram a natureza, e os costumes da tribo. Eles ignoravam completamente a tese européia de que "o homem é lobo do homem." Dessa maneira, mesmo que fossem alfabetizados, não necessitariam de leis expressas, muito menos de tribunais. Não demarcavam fronteiras, tampouco eram numerados. Arrisco colocar os pele-vermelhas no mesmo nível de ojeriza ao belicismo, este genuíno espartano. Agora, se você se vê invadido, massacrado, roubado em seus rebanhos, por uma gente estranha, e armada com explosivos, não poderá tratá-los como iguais, muito menos oferecer-lhes flores.
Os interioranos Apaches devem sua famosa garra aos colonizadores espanhóis, isto é, ao inédito abigeato.
Malgrado comporem uma das cinco "tribos civilizadas", os Cherokees foram expulsos para o Planalto de Ozark. A Trilha, ou Caminho das Lágrimas foi o nome dado por eles às viagens de recolocações e migrações forçadas ao demarcado Território Indígena" (Estado de Oklahoma).
Os Sioux eram agrícolas, donos de extensos milharais, com periferia repleta de búfalos e bisões. A carne e o rendimento agrícola obtidos eram naturalmente divididos entre as famílias, e o couro utilizado para a confecção de roupas e tendas. Suas parcas intempéries provinham de alguns Crows, mas mantinham estreitas relações com os Cheyennes, o "povo belo" sistematicamente extinto pela "política" indígena norteamericana. O pior massacre ocorreu no acampamento de Sand Creek. Eles viviam uma vida tranqüila na grande região de Minnesota. A expansão do homem branco europeu forçou os Cheyennes para fora de sua região, levando-os para o Oeste, às Grandes Planícies, onde poderiam enxergar de longe os carrascos.
Os nativos exibiam civilizações dignas da maior admiração, com destaque aos maias, incas e aztecas, esses já a meio-sul continental. Enquanto jamais cogitávamos do invisível, exceto em conversa-mole, os "selvagens" apreciavam a eternidade, tempo e espaço, espírito e matéria de modo integral, sem antagonismos. O apurado senso se tornou flagrante no reconhecimento e homenagem sem paralelo a um especial cara-pálida, o Advogado que usou a Teoria da Relatividade para interpretar a Lei da Gravidade.


Ao Sul do Equador

Índios

Diferentemente do farwest, e de certa maneira também dos incas e aztecas dizimados pelos insaciáveis espanhóis, os índios brasileiros aceitaram a presença estrangeira, até porque nada havia para serem esbulhados. Se não me engano, eram pacatos, mansos, de poucos rituais, geralmente com danças coletivas.
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Evidentemente algumas escaramuças eram inevitáveis entre agrupamentos vizinhos, considerados estranhos, entre aimorés e goitacazes, por exemplo, mas absolutamente nada a dizimar populações. Havia, pois, um sincretismo individual, coletivo e natural. Desde a época já éramos infinitamente mais pobres que nossos congêneres, mesmo os outros sulamericanos, ricos em ouro e prata. Por aqui a terra era imensa, tinha para todos, inclusive a forasteiros. O que interessava aos invasores era aliciar a mão-de-obra, apenas, e desta maneira o sabre do Império Romano foi cambiado pela oferta do pseudoamor, tal qual se sucede. Eis o ato do escrivão que encaminhou a alienação massificada, bem com as microondas retransmissoras do carma ocidental:
Parece-me gente de tal inocência que, se homem os entendesse e eles a nós, seriam logo cristãos, porque eles, segundo parece, não têm nem entendem nenhuma crença. E, portanto, se os degradados que aqui hão de ficar aprenderem bem sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa intenção de Vossa Alteza, se hão de fazer cristãos e crer em nossa fé.
Carta de PERO VAZ DE CAMINHA; cit. FARACO & MORA, Para gostar de escrever. - São Paulo: Ática, 2002.

Tendo iniciado sua militância política nas Comunidades Eclesiais de Base (CEB) da Igreja Católica, Marina Silva (AC) tornou-se em 1997 missionária da Assembleia de Deus, uma das maiores igrejas neopentecostais do País. Acompanhada de representantes do PV de Minas, ela foi apresentada como 'ilustre senadora' e "irmã" Marina Silva pelo pastor Antônio Rosa. O religioso não deixou, porém, de lembrar que a ex-ministra é atualmente pré-candidata ao Palácio do Planalto em 2010.

Estadão, 5/10/2009

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, provável candidata à sucessão presidencial em 2010, participou de culto na Assembleia de Deus, quando fez a defesa dos projetos do governo em meio a referências espirituais. 'No Evangelho de João, Cristo diz: vim para que todos tenham vida em abundância', pregou Dilma a mais de mil fiéis, que se reuniram em um templo no bairro Belenzinho, zona leste de São Paulo.
Terra, 6/10/2009
Nos pampas os Charruas se defrontaram com os louváveis métodos espanhóis, e logo aprenderam a técnica: passaram a atacar fazendas, raptar mulheres, castrar meninos para se tornarem escravos e a matar adultos.
De maneira geral, as Missões lograram convencer a nova mão-de-obra, e desse modo bastante fácil os índios acabaram rendidos. Os tupiniquins, coitados, pagaram caro por comprarem a "abundância de vida". A catequização jesuíta de Aldeia Nova, legou-lhes pragas exógenas (como a varíola) e endógenas (como as formigas, que lhes destruíram as plantações).
Os relatos do mercenário HANS STADEN tratavam de mascarar a a realidade. "A verdadeira história dos selvagens, nus e ferozes devoradores de homens, encontrados no novo Mundo..." confirmam a força dos "anciãos" tamoios, capazes de sitiar Bertioga várias vezes e a escola jesuíta São Paulo de Piratininga (embrião da atual metrópole).
Os tamoios chegaram promover uma Confederação, motivada pelos ataques escravagistas dos portugueses e mestiços vicentinos após aliança de João Ramalho e do cacique Tibiriçá e pelas tentativas de catequese.
De semelhantes justificativas se valeu o missionário jesuíta Martin Dobrizhoffer, para relatar práticas de antropofagia, possivelmente nos ritos funerais, para em seguida colocarem os ossos do morto em grandes panelas de cerâmica afixadas invertidas sob o solo. Neste caso não seriam propriamente antropófagos, podendo ser apreciados até como místicos, pois. Atestam o modo pacífico suas habitações - coberturas comunais, alojadas com dezenas de famílias.
A designação Guarani significa guerreiro, mas passou a ser empregada somente a partir do século XVII, quando a organização tribal já se esfacelara por mais de século de exploração colonial. Originalmente os Guaranis levavam o nome geral de Carijós. Sua população atingia a cifra aproximada de dois milhões de indivíduos, e por aí se pode dimensionar a amplitude do exterminio. Ainda existem alguns vestígios desta linhagem, vivendo em pequenas reservas, acampamentos a beira de rodovias ou habitando espaços isolados. Atividades econômicas: confecção e comércio de artesanato - cestaria com taquara e cipó, estátuas em madeira e colares com sementes nativas - a coleta de raízes, ervas e frutos silvestres e o plantio de suas sementes tradicionais.
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Três aspectos da vida Guarani expressam uma identidade que dá especificidade, forma e cria um "modo de ser guarani": a) o ava ñe'ë (ava: homem, pessoa guarani; ñe'ë: palavra que se confunde com "alma") ou fala, linguagem, que define identidade na comunicação verbal; b) o tamõi (avô) ou ancestrais míticos comuns e c) o ava rekoteko: "ser, estado de vida, condição, estar, costume, lei, hábito") ou comportamento em sociedade, sustentado em arsenal mítico e ideológico. Estes aspectos informam ao ava (Homem Guarani) como entender as situações vividas e o mundo que o cerca, fornecendo pautas e referências para sua conduta social.
Susnik, 1980:12.
Nada, pois, que determine algum espírito guerreiro, selvagem, ou agressivo.
Os Carijós foram os primeiros a serem atingidos pela "civilização". Eles ocupavam o território que ia de Cananéia, estado de São Paulo, Brasil, até a Lagoa dos Patos, no estado do Rio Grande do Sul, no sul do Brasil. Vistos pelos primeiros povoadores portugueses como o melhor gentio da costa, foram receptivos à catequese cristã, e tal fato ensejou sua escravização em massa, especialmente por parte dos colonos de São Vicente. Eram considerados pelos colonizadores portugueses como índios dóceis, trabalhadores e bem intencionados.
Muitos carijós lograram escapar das garras eclesiásticas, para cair nas crueldades espanholas. Depois de ocupar a taba, em homenagem a Santíssima Virgem, os espanhóis batizaram o reduto amealhado com o nome de Assunção, a capital paraguaia.
O Carijó tomou o nome muito tempo depois, como quase todos. Pela docilidade acabaram se misturando com os brancos. Resultou o nascimento de mestiços, mamelucos e cafusos, alterando o aspecto dos indígenas, que passaram a constituir esta nova cultura, denominada de Carijós, o que significa arrancado do branco, ou seja, o mestiço.
Portanto, imputar-se a selvageria reinante no Rio e alhures aos selvagens ou silvícolas goitacazes, aimorés, tamoios, ou tupiniquins, guaranis ou carijós, ou influência charrua, parece-me configurar não só erro de interpretação semântica, e apreciação histórica, como flagrante injustiça contra esses povos dignos, honestos, e originalmente pacatos.
A Funai tem referência de 69 pontos onde vivem indígenas que nunca tiveram contato com a civilização. Calcula-se que eles cheguem a 4 mil indivíduos. Concentrações indígenas: no Acre, na fronteira do Brasil com o Peru; em Rondônia, na fronteira do Brasil com a Bolívia; e nas regiões de Piripicura e do Rio Pardo, em Mato Grosso. Dentre esses grupos isolados estão representantes das etnias massako, urueuauau, kawahiva, hi-merimã e awá-guajá. Com certeza não é por causa desses DNAs que navegamos a pleno no mar-de-lama, em alienação generalizada.

Na estaca zero
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Desconfiamos que a origem da bestialidade se deve aos argonautas, mas o "cientista" político norteamericano CHARLES MURRAY garante: o QI dos brancos é mais alto que o dos negros. Dessa maneira, nossas mazelas poderiam estar diretamente ligadas na elevada proporção de afrodescendentes no País, porquanto reduz o índice de inteligência nacional.
Seria, dessarte, a crescente criminalidade  coisa de negão, do pessoal ignorante trazido acorrentado nas galeras portuguesas? Localizamos um desses intrusos ainda escondido em quilombo da zona da mata mineira. Despachamos nossa Foca Liza para entrevistar o "estrangeiro".
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3 comentários:

  1. " A Metafísica é uma consequência de se estar mal disposto" - Fernando Pessoa. César, acabei de ler o teu - " A alienação da Dialéctica". Aporias da Razâo Pura- As minhas!

    Tu achas que eu quero mal aos brasileiros ?- Os brasileiros são irmãos dos lusitanos. " Que ela só sabe, sabe, perder seu senso de humor..." Estás-me a meter nas podres bocas do mundo.- Conheces o João Ricardo? É daqui perto- Ponte de Lima. Sou muito sensível pronto...

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  2. Parabens pelo allmirante.blogspot.com

    Gostaria de saber se você poderia me ajudar fazendo parceria de link comigo,pode ser com apenas um ou com todos ( eu iria ficar muito feliz com isso),desde já conto com sua ajuda e compreensão
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  3. Interessante texto Almirante! Gostaria de comentar dois pontos e tentar contribuir com o debate:
    1- em relação à ..."espanto pela desfaçatez do governo brasileiro no pleito por cadeira no Conselho de Segurança da ONU, conquanto desdenha a insegurança que se abate sobre os compatriotas." Pergunto: Será que a insegurança que se abate, não tem suas orígens numa estrutura exploratória na relação norte-sul? Será que ao rever sua posição frágil e subserviente, obtendo uma cadeira no conselho de segurança, o Brasil não mudaria sua realidade economica e social?
    2- "...o "cientista" político norteamericano CHARLES MURRAY garante: o QI dos brancos é mais alto que o dos negros..." Será que o referido cientista desenvolveu um método realmente infalível para medir o QI? e se consseguiu será que QI é um coeficiente capaz de aferir todo tipo de inteligência humana? e ainda, se for, será que somente a inteligência dirige as ações do homem?
    Espero ter contribuido.
    abraços e obrigado pelo texto!
    Bruno

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