terça-feira, 6 de outubro de 2009

O azar lavrado pelo czar: a sucessão de golpes econômicos


Ele já foi o czar da economia brasileira nos anos 70 do século passado. Pai e ícone de uma fase de prosperidade econômica apelidada de 'O Milagre Brasileiro'. Tempos de crescimento rápido, a exemplo da China dos dias de hoje. Depois, passou a ser considerado um vilão. Nos anos 8o, os anos de ouro da abertura política, foi linchado e queimado como Judas em praça pública. Passou a ser lembrado pela célebre frase: 'É preciso fazer o bolo crescer, antes de repartí-lo'.
WWW.maureliomello.blogspot.com. - 20/4/2009
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Costa e Silva deu a Delfim instrumentos que nenhum outro ministro já teve para manobrar a economia em direção ao crescimento. Em dezembro de 1968, baixou o AI-5. A partir daí, ele tratou de usar o instrumento autoritário para tomar decisões sem consultar ninguém e, assim, turbinar índices de crescimento. 'Fui oportunista', ele admite. Em alguns setores suas intervenções eram tão freqüentes que surgiram suspeitas que possuía interesses particulares em jogo. Em cinco anos como ministro do Planejamento do governo Figueiredo, Delfim assinou sete cartas de intenções com o FMI, em que detalhava como pagaria um empréstimo de US$ 2,7 bilhões que tomara logo no início de sua gestão. Não cumpriu nenhuma.
Seus 'Delfim Boys', os negociadores da dívida José Augusto Savasini, Luis Paulo Rosemberg e Ibrahim Eris, tinham uma estratégia para reduzir as pressões do fundo, que passava, principalmente, por cultivar estreito relacionamento com os técnicos de Washington .Em Brasília, as missões chefiadas pela economista Ana Maria Juhl eram recebidas em alegres reuniões caseiras regadas a vinho e uísque. Delfim, enquanto isso, agia teatralmente. Enquanto tentava driblar o FMI no front externo, Delfim reconhece claramente que, no campo doméstico, operou os resultados da balança comercial. Para barrar as encomendas externas, Delfim contava com os serviços de um de seus assessores. Carlos Viacava era encarregado de engavetar os pedidos de importação levados ao governo.  ISTO É, 19/11/2003
FOCA LIZA realizou nova escala no além, desta feita para tentar obter algum retrato-falado que facilitasse as buscas dos responsáveis pelo recrudescimento criminal. No pórtico ela se deparou com o anúncio:

O Real poderá sofrer maxidesvalorização como ocorreu em 1999 após a reeleição de FHC. Os sinais de antes, de reversão do ciclo econômico no Brasil, hoje são certezas. O que os economistas -independentes- ainda têm dúvidas é sobre a velocidade com que isso vai acontecer: se abertamente no final de 2009, ou um pouco mais tarde. O 'pau da barraca do circo' é a taxa de câmbio. Hoje é o que segura tudo. Mas balança. Os economistas do governo tentam segurar o 'pau da barraca' até 2010. Formou-se um quadrado de cinema animado, com seus lados e vértices balançando: preços, atividade econômica, câmbio e déficit público.
http://oglobo.globo.com/pais/noblat

Essa é velha. Uma das máxis de DELFIM.
Pois é mesmo. Nada de novo no front ocidental:

A taxa de câmbio já está sendo, de novo, motivo de reclamação dos exportadores. Com o mercado interno congelado e as exportações em queda, montadoras cortaram produção e empregos.
LEITÃO, M., Os dois lados. - O Globo, 25/9/2009
O FMI não controla isso? Promover maxisdesvalorização já não é mais tolerado. O monitoramente impede inexplicáveis emissões.
O Fundo se volta no sentido de preservar o comércio exterior, mas a rigor desdenha carga tributária, redistribuição da arrecadação, taxas de juros, precatórios, custos sociais, e índices de desemprego, bem como pouco lhe interessa o modo pelo qual o Executivo mantém o garrote.
"O FMI divulgou nesta quinta-feira mais uma revisão de suas perspectivas para a economia mundial. O relatório continua, no entanto, com números defasados." (LEITÃO, M., O Globo, 1/10/2009)
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Como o FMI encara a disposição do Brasil em lhe oferecer créditos, esses valores retirados justamente de quem produz? A organização não se sente prestigiada?
Pois ela recomenda justamente que o Brasil pare com o fútil exibicionismo. E não são poucos os brasileiros que condenam a obssessão por reconhecimento do estrangeiro.

O ministro Tarso Genro (Justiça) não se conforma com os cortes que o governo pretende realizar em sua pasta. Em visita ao Recife, Tarso voltou a dizer que vai tentar 'convencer o Executivo de que tal ação não pode ser feita no setor de segurança do país'.
Não tem sentido o país guardar em caixa-forte o dinheiro retirado da produção, enquanto milhares sofrem no desemprego, saúde, e tudo o mais. Se for o caso, que se pratique deficits em conta-corrente, em vez de superavits conquistados à base de compulsórios.

Evidente. No entanto, querem restringir ainda mais a circulação monetária:
"Há uma tentativa de terrorismo fiscal para provocar uma expectativa de elevação dos juros." (BARBOSA, Nelson, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. - O GLOBO, 1/10/2009)
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a recuperação econômica do Brasil acontece acima das expectativas do mercado e que poderá ser necessária uma elevação dos juros básicos até o início de 2010 a fim de combater alta da inflação. Lula ficou preocupado com eventual subida de juros, mas também se mostrou positivamente surpreso.
Folha de São Paulo, 1/10/2009
Essas atuais manobras não são ainda mais imprudentes?
O Sancho continua adorando peripécias:
"Lula é o maior economista do Brasil.
O Lula é o único economista que presta no Brasil porque é o único que está falando a verdade.” (DELFIM NETTO, A., entrevista para Agência Estado. - www.avozdavitoria.blogspot.com, 31/12/2008)
"Eu acho que o Lula salvou o capitalismo brasileiro." (DELFIM NETTO, A., entrevista a PASCOWITCH, Joyce. - www.fabiocampana.com.br, 20/9/2009)
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Egresso do chão-de-fábrica, o presidente deve ter adorado o título...
Sim, e como: "Hoje Delfim é um dos meus melhores amigos."(Presidente LULA, revista Veja, NUNES, A. 24/9/2009)  Resta indagar quem colocou a perigo o capitalismo brasileiro.

O senhor sabe?
Precediam os condenáveis movimentos dentro da Casa da Moeda algumas operações over-night, levadas por cabo até o País do Sol Nascente, o primeiro a acordar, e por isso saber o que se passaria naquela casa, tornada de tolerância.
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Quem lhe contou?
Numa ocasião eu estava lá, vendo o Sol nascer. Estranhei quando os japas entraram no mercado a torrar cruzeiros com deságio de 5, até 10%. Enlouqueceram? Vai ver! No outro dia, recompravam a mesma mercadoria com 30% de desconto. Imagine os volumes. Depois das transas, alguém sempre aparecia por lá, e geralmente o próprio mentor.
O momento mais dramático do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso ocorreu no dia 13 de janeiro de 1999... O então presidente do Banco Central, o economista Francisco Lopes, vendia informações privilegiadas sobre juros e câmbio – e uma parte de sua remuneração saía da conta número 000 018, agência 021, do Bank of New York. A conta pertencia a uma empresa do Banco Pactual, a Pactual Overseas Bank and Trust Limited, com sede no paraíso fiscal das Bahamas.
Veja, 23/5/2001
Mas o pior nem era desbotar a moeda com tão vis propósitos, e sim a artimanha complementar, estes grilhões desdenhados pelo FMI: os depósitos compulsórios, ainda em vigor, e robustecidos. Trata-se de atípica apropriação indébita, à mão-armada, sobre a economia popular. O governo se subroga no "direito" de retirar um percentual dos recursos da produção, portanto do que não lhe pertence, depositados nos bancos. O fato aparentemente não tem maior importância, porque o dinheiro estaria lá, parado. Seria como furtar um carro à noite, enquanto o dono dorme, e devolvê-lo de manhã cedinho, antes dele levantar. Todavia, a falta do produto na prateleira é que faz seu preço subir, e é justamente pela escassez monetária, pela excessiva e artificial manutenção do valor do Real que pagamos a maior taxa de juros do planeta! Não obstante, é causa primordial da inadimplência.
Real valoriza 31% ante dólar no ano e supera sete moedas, diz Economática
A valorização do real deverá trazer benefícios nos resultados das empresas listadas em Bolsa que tiverem suas dividas atreladas à moeda norte-americana, o beneficio será refletido na diminuição do estoque das dívidas quando convertidas para real, avalia a consultoria.
Folha de São Paulo, 1/10/2009
O movimento mostra também que o dólar está perdendo força no mundo, em decorrência de fatores como a grande liquidez resultante dos pacotes de estímulo à economia em vários países e dos juros baixos nos Estados Unidos.
Terra, 1/10/2009
O que me diz desse comentário?
Está bem. Você deve supor que antes da Copa o Real já esteja substituindo a moedinha americana no cenário internacional. Não se engane, rica flor. Para os produtores e exportadores, os que realmente fazem a riqueza do país, não pode haver notícia mais drástica. Tudo demonstra, de modo insofismável, que diferentemente dos outros países, o fenômeno brasileiro não reflete um incremento da riqueza produzida, mas visa apenas contemplar os hóspedes especuladores.

Nos mais diversos setores da República, a perda de parâmetros, o abandono a princípios, a inversão de valores... Há de buscar-se, a todo custo, a correção de rumos, sob pena de vingar a Babel,
Min. MARCO AURÉLIO, STF, Folha de S.Paulo, JOSIAS, 29/9/2009
Nada de novo no front, de novo. A locomotiva vem sendo alimentada pelo Santo-de-pau-ôco, mero agente de ficção, com sua "política" introduzida já há quatro décadas, coberta pelo AI5, e praticamente sem interrupção.
A política monetária (o ‘estado da arte’) era então simples: tentar acomodar a taxa de crescimento da base monetária à taxa desejada de inflação mais o esperado aumento da taxa do PIB. Usavam-se, também, instrumentos simples, como as reservas bancárias primárias, o redesconto e os depósitos compulsórios.
DELFIM NETTO, Antônio, Folha de São Paulo, 11/2/2004
Rumamos à miragem, envolvidos por esta artistica cortina de papel que não resiste a mínima chuva:
"No acumulado dos últimos 12 meses, a produção industrial tem retração de 8,9%, o que configura o pior desempenho da série histórica. O setor de bens de capital foi o mais afetado... com redução de 25,7% na produção." (Folha de São Paulo, 2/10/2009)

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