sexta-feira, 9 de maio de 2008

O desmonte da Babel

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As grandes nações não são jamais arruinadas pela prodigalidade e mau emprego dos capitais privados, embora, às vezes, o sejam pelos públicos. Na maior parte dos países, a totalidade ou a quase totalidade das receitas públicas é empregada na manutenção de indivíduos não produtivos [...] Toda essa gente, dado que nada produz, tem de ser mantida pelo produto do trabalho de outros homens.
Adam Smith *
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A TEORIA DA RELATIVIDADE e a mecânica quântica evidenciaram que as ciências tinham erigido uma Babel. As humanas, convocadas à inglória empreitada, converteram o ser num objeto programado ao fim idealizado, triste fim. No estupendo lapso, o poder foi exercido ao gosto dos velhacos e tiranos.
Maquiavel, Galileu, Bacon, Descartes, Newton, Hobbes, Rousseau, Bentham, Mill, Proudhon, Hegel, Malthus, Darwin, Freud, Comte, Keynes e Marx são as estrelas mais brilhantes da via láctea do inolvidável Platão. A montagem milenar, força concentrada de tamanhas brilhaturas, varou os tempos precipitando os povos à insanidade, desde as peripécias do Tirano de Siracusa** ao obscuro César Bórgia; do galante Cromwell, à sangrenta Revolução travestida democrática, daí ao Corso e às guerras civis e mundiais que se sucederam. Malgrado o linchamento de Mussolini, a bomba atômica, muitos suicídios e o colapso soviético, suas perfídias não se extinguiram; e até hoje impregnam quase a totalidade das constituições, sempre conservadas e até aprimoradas pelo poderoso de plantão.
Desde o limiar do século passado, todavia, os falsos brilhantes perdem o brilho emprestado pela própria ciência que outrora lhes oferecia guarida:
A civilização emergente estabelece um novo código de comportamento para nós e nos transporta para além da padronização, da sincronização e da centralização, para além da concentração de energia, dinheiro e poder. Essa nova civilização tem sua própria e distinta concepção de mundo, maneiras próprias de lidar com o tempo, o espaço, a lógica, e a relação de causa e efeito.
(Ormerod, p. 194)
Naisbitt (p.96) reconhece:
“De fato, a vida no espaço cibernético parece estar se moldando exatamente como Thomas Jefferson gostaria: fundada no primado da liberdade individual e no compromisso com o pluralismo, a diversidade e a comunidade.”
Albert Einstein (cit. Brian, p. 253) apreciaria viver nesse espaço:
“A liberdade é uma necessidade fundamental para o desenvolvimento dos verdadeiros valores.”
A expansão é simplificadora:
“O fato significativo é que estamos, agora, deslocando-nos para futuras formas poderosas de processamento de conhecimento que são profundamente antiburocráticos.” (Toffler, p.199)
A velocidade das comunicações, e, por conseqüência, das alterações, as quais já não conhecem tempo, nem barreira, sequer distância, indica que o político tem que ser sua imediata expressão, sob pena de triste fim, soterrado nos escombros de sua própria morada. Resta-lhe despir-se dos adereços e abandonar o palco ilusionista no qual florescem as ervas daninhas e o podre odor suavizado nas gotas dos falsos ideais.
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Notas
*P. 599
** Dionísio (405-367), "aluno" de Platão, "taxava tão pesadamente os cidadãos que, segundo Aristóteles, chegava a confiscar toda a propriedade deles." (Pipes, p. 281.)

FONTES
BRIAN, Denis, Einstein, a ciência da vida. Tradução de Vera Caputo.- São Paulo : Editora Ática, 1998.
NAISBITT, John, Paradoxo global. Tradução de Ivo Korytowski. - Rio de Janeiro : Ed. Campus, 1994.
ORMEROD, Paul, A morte da economia. Tradução de Dinah de Abreu Azevedo. - São Paulo : Companhia das Letras, 1996.
PIPES, Richard, Propriedade e liberdade. Tradução de Luiz Guilherme B. Chaves e Carlos Humberto Pimentel Fuarte da Fonseca.- Rio de Janeiro : Record, 2001.
SMITH, Adam, Inquérito sobre a natureza e as causas da riqueza das nações. Prefácio de Hermes dos Santos; tradução e notas Teodora Cardoso e Luís Cristóvão de Aguiar. 4. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1999.
TOFFLER, Alvin, Powershift: as mudanças do poder: um perfil da sociedade do século XXI pela análise das transformações na natureza do poder. Tradução de Luiz Carlos do Nascimento e Silva.- São Paulo : Ed. Record, 1992.

Um comentário:

  1. Vim desejar um bom final de semanan com céu de brigadeiro...*r* aproveitei de deixei meu simples votinho. Fico muito feliz com a sua visita, pois o blog perante e seu é muito insignificante. Baccio intelectual. bjs da Corujinha

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