sexta-feira, 23 de maio de 2008

Keynes e o pac

O homem de sistema costuma se achar muito sábio em seu próprio juízo; e ele está, com freqüência, tão enamorado da suposta beleza do seu próprio plano ideal de governo que não tolera qualquer desvio, por menor que seja, em qualquer parte dele. Ele atua com o intuito de implantá-lo completamente e em todos os detalhes, sem prestar atenção seja nos grandes interesses, seja nos fortes preconceitos que podem se opor a ele. Ele parece imaginar-se capaz de dispor os diferentes membros de uma grande sociedade com a mesma facilidade com que a mão dispõe sobre as peças de xadrez. Ele não considera que as peças do tabuleiro não possuem qualquer outro princípio de movimento além daquele que a mão confere a elas, mas que, no grande tabuleiro da sociedade humana, cada peça tem, por si mesma, um princípio de movimento que lhe é próprio, inteiramente distinto daquele que o poder público poderia decidir imprimir sobre ela. Se esses dois princípios coincidem e agem na mesma direção, o jogo da sociedade humana se desenrolara com desenvoltura e harmonia e é muito provável que seja feliz e coroado de sucesso. Se eles forem opostos ou diferirem, o jogo prosseguira miseravelmente e a sociedade vivera continuadamente num estado da mais alta desordem. (2)
Keynes, longe de ser o salvador do capitalismo, almejava substituir a livre iniciativa por uma economia controlada pelo estado - sendo que o estado seria gerido por 'especialistas' como ele. LEWIS, Hunter, cit.
Os americanos, e em seguida nosotros, macaquitos brasileños, abrimos os braços às soluções fascistas, aperfeiçoadas nas fortalezas sindicais:
Na era das chaminés, nenhum empregado isolado tinha um poder significativo em qualquer disputa com a firma. Só uma coletividade de trabalhadores, unidos e ameaçando parar o uso de seus músculos, podia obrigar uma administração recalcitrante a melhorar o salário ou as condições do empregado. Só a ação em grupo podia reduzir ou parar a produção, porque qualquer indivíduo era facilmente intercambiável e, por isso, substituível. Foi esta a base para a formação dos sindicatos de trabalhadores. (3)
A outrora livre e singular iniciativa se viu cada vez mais engessada pelas “economias mistas”, controles governamentais, normas, regulamentos, consolidações, leis, decretos-lei, códigos, quase todos voltados à gerência do meio circulante:
Também merece menção o fato de Keynes ter sido um dos maiores responsáveis, na conferência de Bretton Woods em 1944, pela criação do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional. O papel desempenhado por essas instituições - especialmente pelo Banco Mundial - no processo de estatização da economia brasileira, em particular, e latino-americana, em geral, ainda não foi devidamente reconhecido. Com efeito, o enorme volume de financiamentos concedidos pelo Banco Mundial às empresas estatais contribuiu decisivamente para a expansão dessas empresas e, conseqüentemente, para agravar os resultados negativos decorrentes do fato de setores importantes e básicos da economia nacional serem inteiramente controlados e dependentes da ação governamental. (4)
Mostrando-se sensibilizado, mas almejando sensibilizar, Keynes concedia (a si próprio) um caráter humanístico à fria ciência:
“A economia, melhor dita a economia política é um aspecto da ética”. (5)
E qual conduta é aconselhada?

A intervenção deve-se dar de maneira mais ou menos permanente, principalmente sob a forma de uma política de manipulação monetária com o objetivo de atuar sobre três elementos variáveis, acima indicados, elementos esses dos quais depende o volume de emprego e da produção. (6)
Então, que ética conheceu tão afamado intelectual?
Aquela pela qual o cidadão é reduzido a um objeto ou a um bobo-da-corte:

Qualquer gasto é preferível a nenhum gasto. Abra buracos e os tape de novo. Ou pinte a Floresta Negra. Se não puder pagar aos indivíduos um salário para que façam alguma coisa de útil, pague-lhes para que façam algo de idiota. Gastando-se assim a poupança, elevam-se os salários, o que aumenta o consumo que, por sua vez, aumenta a produção de bens e serviços. (7)
As políticas mundiais de crescimento induzido pelo Estado tiveram exatamente o efeito oposto do que pretendiam: tinham aumentado, e não reduzido, o custo da produção de bens e serviços e tinham abaixado, e não aumentado, a capacidade das economias de conseguirem uma produção vendável.
(Skidelsky: 140)
De acordo com Mises,
é preciso enfatizar o fato óbvio de que um governo somente pode gastar ou investir aquilo que tira dos cidadãos, e que os gastos e investimentos adicionais diminuem, na mesma medida, os gastos e os investimentos que seriam feitos pelos cidadãos. Disso, podemos concluir que, sendo o governo um ente que não gera riquezas, ele consequentemente não pode fazer a economia crescer em termos reais. Contrariamente à crença popular, quanto mais o governo gastar, pior será para a saúde da economia e, por conseguinte, para o crescimento econômico.
Como informar ao chão-de-fábrica?

Número de moradias construídas em praças públicas de Porto Alegre chega a uma centena

Empresários acusam ex-chefe da Casa Civil José Dirceu de tráfico de influência

O Globo, 09/05/11
Denúncia
BRASÍLIA e SÃO PAULO - O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu está sendo acusado por dois empresários de tráfico de influência em favor da Delta Construções, a empreiteira que mais recebeu recursos de obras do governo federal em 2010. José Augusto Quintella Freire e Romênio Marcelino Machado disseram à revista “Veja”, na edição desta semana, que Dirceu foi contratado para aproximar o presidente do Conselho de Administração da empresa, Fernando Cavendish, de pessoas influentes do PT.

Delta recebeu R$ 884 milhões da União no ano passado Em 8 anos, recursos para empreiteira nº 1 do PAC, citada nos grampos da Operação Monte Carlo, cresceram 1.417%
Citada nos grampos da Operação Monte Carlo, a empreiteira número um do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) recebeu, no ano passado, R$ 884,4 milhões da União. O volume de recursos do governo federal para a Delta Construções cresceu 1.417%, de 2003 até 2011 em valores corrigidos pelo IPCA.

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Notas
1. De Getúlio a Fernando Henrique, p. 139.
2. Smith, Adam, An Inquiry into Nature and the Causes of the Wealth of Nations, (1776), p. 233/4.
3. Toffler, Alvin, Powershift: As Mudanças do Poder, Um perfil da sociedade do século XXI pela análise das transformações na natureza do poder, p. 238.
4. Keynes, J. M., Colletc Writings of J. M. Keynes, XVI, Activities, p. 313 a 334, cit. em Johnson, Paul, p. 22.
5. Keynes, J. M., cit. Mises, Ludwig von, As Seis Lições, p. 52; também cit. Hayek, F., Os Erros do Socialismo - A Arrogância Fatal, p. 84.
6. Cunliffe, Marcus, The Intellectuals in the USA, p. 29, cit. Lipset, Seymour Martin, p. 357.
7. Keynes, J. M., cit. Mises, Ludwig von, As Seis Lições, p. 52
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Notícias
20/6/2008: A Polícia Federal realiza hoje uma grande operação, em sete Estados, com o objetivo de desarticular um esquema de desvio de verbas públicas para construção de casas populares e estações de tratamento de esgoto, cujos projetos, em sua maioria, fazem parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC)
. (ZH)

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