Como o automobilismo ou qualquer esporte, o futebol é disciplinado por regras mais claras possíveis, mas nenhuma logra definir ou eliminar a catimba. Não obstante, há muitos torcedores que dizem preferir ganhar o jogo nos descontos, através de um gol efetuado por jogador em impedimento, com a mão, e depois de empurrar o goleiro. MARADONA logrou êxito ao usar a boba em plena Copa do Mundo. Nem por isso o craque foi linchado, ou banido do futebol. Ao contrário, recebeu tratamento de herói. Posteriormente, dopado confesso, ainda assim foi brindado com a confiança argentina, na entrega da própria seleção nacional. O que diz a FIFA? Nada, e talvez nem possa mesmo.
No fito de retardar as partidas, esfriar o adversário, muitos atletas simulam lesões. De que modo a lei pode predizê-las?
Se um
player breca a passagem do goleador, ou coloca a mão na bola para evitar o gol, é evidente que também usa de meio escuso, turva o espetáculo. Neste caso a esquadra sofre nada menos do que seis (6) punições, sobre o único ato: o
team enfrenta a cobrança do
penalty; o jogador é expulso; a equipe fica inferiorizado numericamente; o "criminoso" sofre a suspensão automática, impedido de jogar a próxima partida, recaindo prejuízo ao
team, de novo; por fim, julgado, o atleta se sujeita à exclusão de prélios subsequentes, assim aumentando o dano do clube indefinidamente.
E como entender o infeliz derrubado na área, e ainda por cima tomar advertência por suposta encenação?
O exagero é flagrante. Nas regras de futebol nada disso existe. É i
nvencionice de cartola, e abuso de autoridade. Só falta advertir ou expulsar jogador pilhado em
off-side, porque quis enganar.
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Não há como negar a perspicácia, a inteligência do plano da equipe Renault, e a perícia em sua execução. Coisa de artistas. NELSINHO foi perfeito na batida, fazendo o carro sobresterçar no início da reta principal.*
Os danos não foram lá de grande monta. Ao colocar a traseira para confronto com o muro, na frente dos boxes, minimizou as consequências, e não deixou dúvidas aos mentores da manobra.
Ademais, convém ressaltar: já que era para se "suicidar" naquela prova, bem que o piloto brasileiro poderia ter levado um rival consigo - bastaria provocar um acidente de modo direto contra o adversário, recurso bem ao alcance dos competidores, e por várias vezes utilizado. Ao contrário, NELSINHO assumiu todos os riscos, não implicando nenhum colega.
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Tá legalO determinismo 'científico' requer a capacidade de prever qualquer acontecimento com qualquer grau de precisão que se deseje, desde que nos sejam dadas condições iniciais suficientemente precisas. (…) É evidente que temos de explicar 'suficientemente' de uma maneira tal que nos privemos do direito de alegar – todas as vezes que falhemos nas nossas previsões – que nos foram dadas condições iniciais que não eram suficientemente precisas.
POPPER, K. O universo aberto. Lisboa: Dom Quixote, 1988: 31
As disposições sobre corridas de automóveis variam ano após ano. Tradicionalmente no ponto acidentado os fiscais agitavam bandeiras amarelas, (ainda agitam) sinalizando o perigo, e por isso ultrapassagens não são admitidas. Nada mais evidente. Contudo, o restante do circuito era liberado, também nada mais evidente, por nada a ver com o episódio localizado.
O ingresso do
carro-madrinha para impedir ultrapassagens em todo trajeto foi idéia importada recentemente da
Fórmula Indy. Ao invés de largada costumeira, os bólidos americanos iniciam a corrida de modo lançado, quando o
madrinha deixa o passeio. Os
Indy trafegam em ovais de curta dimensão, e de altíssima velocidade, bem maior do que a imprimida na
F-1. Se uma frenagem radical acima de 400/h é totalmente impraticável, um choque intencional é impensável. Os carros andam sempre agrupados, a volta é curta, e as diferenças quase não são modificadas com a estranha entrada. A rigor a classificação se altera apenas pelos momentos de box, porém compensáveis pela constante proximidade dos grupos. Nada disso se aplica no
Mundial de F-1.
Havia três pessoas que sabiam o que estava acontecendo. Ninguém mais estava envolvido. Estas pessoas estavam diretamente ligadas a Briatore. Não penso que esta punição era necessária, mas estava na comissão, então sou tão culpado quanto os outros. Foi demais. Definitivamente demais.
BERNIE ECLESTONE. - ESPN/Brasil, 24/9/2009
Os regulamentos não prevêem a utilização da salvaguarda em proveito exclusivo de algum participante. Ninguém pode ser apenado sem prévia cominação legal. Salvo melhor juízo, é inviável tipificar o delito em tela. As normas vetam a prática antidesportiva, mas a vagueza terminológica e a anemia designativa, por demais genéricas e subjetivas, não resistem a uma defesa mais apurada, em pleito de positividade. Não poucas vezes houve acidentes propositais, mas ninguém enfrentou o tribunal. A equipe francesa se valeu justamente da lacuna, de regulamento mal-arranjado.
Malgrado trazer a sensação por rejuntar o pelotão, conquanto atende aos interesses publicitários da marca escolhida, a dispensa do
madrinha, alcunhado
safety-car, seria a melhor providência, Sempre será injusto, mormente para quem estiver na dianteira. Que arrumem outra!
.NELSON PIQUET SOUTO MAYOR traz a marca da inovação e da simplicidade. Foi pioneiro na importação dos
Super-Vs, antecipando-se em ano ao primeiro campeonato nacional da categoria. Na época tive oportunidade de diretamente lhe questionar a tamanha aplicação. O
kartista foi categórico:
"Quem quiser andar na frente, tem que partir antes."
Na
F-1 o brasiliense surpreendeu com a primazia dos
pit-stops para reabastecimento, bem como na introdução dos motores turbo. Contrário ao desapontamento do notável
BARRICHELLO, cuja performance ao longo da carreira sempre foi muito criticada, em especial pelo tricampeão, entendo que os
PIQUET mais uma vez contribuem para o aperfeiçoamento do
Circo, desta feita no sentido de se aprimorar a normatização:
"A coisa mais positiva que surge por trazer isso à atenção da FIA é o fato de que nada parecido acontecerá novamente."
(NELSON ÂNGELO PIQUET - www.npiquet.com - 21/9/2009)Como quem diz a verdade não merece castigo, propugno pela absolvição de todos, inclusive de mim.
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*O mesmo não se pode dizer da pilotagem do atual substituto de NELSINHO: sem motivo aparente, nos treinos livres de hoje, 25/9/2009, o francês ROMAINS GROSJEAN acaba de se precipitar no mesmo muro, cena idêntica a protagonizada no ano passado por PIQUET.
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