sexta-feira, 25 de julho de 2008

Interatividade com as coisas

Ela se renova, assim como as gerações, graças a uma atividade que constitui o melhor jogo do 'homo ludens': A ciência é, no mais estrito e melhor dos sentidos, uma gloriosa diversão.
Jacques Barzun*
Relações humanas ou mesmo o entendimento com alguns animais são evidentes per se. Já uma interatividade com as plantas é uma tese ousada, mas ainda assim provável, posto sensíveis, por vivas. Elas se alteram conforme o ambiente, nele incluído luzes, sons, temperaturas e outras incidências, como as de vizinhanças.
A presença do verde, não precisamos lembrar, é fundamental à ecologia.  A flor bem cuidada torna nossa vida perfumada. Tudo isso pode ser reduzido a mera questão de sintonia. O mundo possui algo em comum: são átomos e daí a moléculas que formam pedras, plantas, e animais. O que podemos auferir parece ilimitado  Seria possível obter uma freqüência interativa com as coisas? Em caso afirmativo, qual a vantagem? Seria o feito semelhante ao almejado efeito  alquímico?
A eletrodinâmica de Faraday e Maxwell, confirmada pelas experiências de Hertz, tornou a ciência consciente da existência de fenômenos produzidos pela matéria - as ondas no espaço, que se supunha vazio, mas que na realidade se constitui em imenso campo. Ora, as ondas são veículos pelos quais a energia pode se dissipar, ou se concentrar. Elas suportam o intercâmbio de informações de modo infinito. Pelos seus movimentos naturais, em tese podemos surfar a qualquer porto idealizado.
A descoberta da radiatividade ratifica a possibilidade da transmutação dos elementos**. A realidade física passou a ser concebida como uma teia dinâmica de eventos inter-relacionados.
No maior lapso da história, o homem se sentiu poderoso pelo emprego da inteligência à serviço da força. Desde a Revolução Industrial, o dinheiro, ou a matéria acumulada é que exerce o fascínio. No entanto, hoje temos a Era da Informação, justamente propiciada pelas ligações através de ondas de todos os matizes, freqüências e intensidades. São as sonoras, as microondas, ondas de luz, de frio, gravitacionais, cerebrais, ou mesmo boatos e fatos encadeados, de moda ou sociológicas, do mar, ou de apenas esperança. As coisas existem em virtude de suas relações mutuamente compatíveis.
* * *
Na Polinésia, se não me engano precisamente nas ilhas Tobriand, existia uma tribo que emprestava um valor energético às coisas. Cada presente oferecido era considerado um talismã, uma parte do espírito de quem doava. Naturalmente que qualquer coisa furtada também portava o espírito do dono, de modo que ele se revoltava e amaldiçoava o detentor subretício. Se formos constatar na experiência, veremos a quantidade enorme de objetos tidos como de sorte, e não menos tidos como azarados. Como pode um objeto obter tal qualificação? De que modo ele pode produzir algum efeito, negativo, ou positivo?
Bachelard se anunciava psicanalista de objetos. Se lembrarmos da fusão energia e matéria, ou seja, que a matéria intrínsicamente está sempre em ebulição, em transmutação, mercê da incessante atividade dos átomos que a compõe, e também inferirmos que nada seja por acaso, por acaso ela nela haveria mesmo algum resquício de consciência?

A ação de um átomo sobre o outro pressupõe também a sensação. Algo de estranho em si não pode agir sobre o outro.
NIETZSCHE, F. ,
O livro do filósofo: 45
"Sabemos que o universo manifestado, que parece ser formado por objetos sólidos, é na verdade composto por vibrações, com os diferentes objetos vibrando em frequências distintas." (CHOPRA, DEEPAK, A realização espontânea do desejo: 124)
O aspecto decisivo da teoria quântica é que o observador não é necessário apenas para observar as propriedades de um fenômeno atômico, mas é necessário até para causar essas propriedades. CAPRA, Fritoj, cit. ARNTZ, William: 66
O átomo capta e emite energia; recebe, e transfere informações. Por isso, é a liga fundamental. Um dos seus princípios elementares, entretanto, é o da indeterminação de seu rumo, de seu futuro. Não podemos estabelecer o tempo e a trajetória de um eletron em seu passeio ao redor do núcleo atômico, por várias razões.Ao focarmos nosso alvo, ele imediatamente muda o trajeto, e pior, sem deixar rastro. O safado pratica o que se convencionou por salto quântico. Pois se temos esta capacidade de alterar o seu destino, seja da forma que for, porque não supor que podemos mudar a matéria simplesmente lhe dirigindo a atenção, levada a seu conhecimento pela imediata ação gravitacional ´de nosso pensamento,  gerador das ondas cerebrais?
Ora, nossas observações do mundo exterior, que nos conduzem à física, nos revelam um universo constituído de uma multiplicidade de sistemas ‘abertos’, todos em incessante interação com seu ambiente.
BEN-DOV: 149
Com o advento das neurociências, atualmente é inquestionável que a nossa intricada mente sur­ge da crescente complexidade da integração neuronal. Quanto mais neurônios e quanto mais sinapses, mais complexa é a nossa mente. Sendo assim, mente/cons­ciência é um conceito dependente da matéria. Amit Goswami, ques­tiona o nível molecular da matéria. Se o encéfalo é o forjador das mentes, quem é o forjador dos encéfalos? No nível molecular, as dúvidas geradas pelas partículas subatômicas são inúmeras, mas é exatamente através dessas dúvidas, fortemente alicerçadas sobre uma miríade de fórmulas matemáticas inquestioná­veis até o presente momento, que Goswami afirma: a mente não é a consciência. A consciência vai além da mente, e é ela a responsável por fixar a matéria no cos­mo.
Na fi­losofia budista, coexistem espírito e matéria, denominados Sambhogakaya e Nirmanakaya. A consciência única, Dharmakaya, os ilumina.
Não há dúvidas que o assunto é controverso, mas de posse de muitos conceitos da moderna ciência podemos estender algumas velas, e assim zarparmos por esses mares "nunca dantes navegados", sem maior preocupação com exatidões. Se viver não é preciso, meu navegar também não precisa sê-lo - bastam-me aproximações, sem endereço definido; portanto, sem sêlos.
Tirante o devaneio, de antemão sabemos da complexidade da tarefa, e da imensidão que nos espreita, apropriada a uma obra de fôlego, caso se almeje desbravá-la com segurança e eficácia. Contudo, por levar muito tempo para sair do atoleiro científico que nos impõem as escolas, e depois na tarefa de secá-lo, para que recém-chegados não arquem com tão graves prejuízos, ora não encontro coragem à tão magna empresa. É claro, todavia que há um tesouro inexplorado; portanto, há um caminho para acessá-lo. Então não ficarei ancorado no passado, que é sempre mais limitado do que o futuro. Navegarei por alguns pontos cardeais, e a própria viagem já será um deleite. Ao contrário de Maquiavel, os meios é que justificarão os fins.
Aos poucos iremos tecendo este tapete multicor. Como crochè da esperança, ele pelo menos servirá para nos distrair, tal qual sugere Jacques Barzun.
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* Cit. Bernstein, Jeremy, Observación de la Ciencia. Trad. Lorenzo Aldrete. México: Fondo de Cultura Económica, 1988, p.11.
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A transmutação nuclear é processo pelo qual um material dá origem a outros e que vinha há muito tempo sendo perseguido pelos antigos alquimistas. O urânio, por exemplo, transforma-se em tório, este em rádio, o rádio em radônio e este em polônio, que finalmente se converte em chumbo.
(Carlos Alberto dos Santos, http://cienciahoje.uol.com.br/124513, 25/07/2008)
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*** Em 1
3 de agosto de 2008
Suíços confirmam a nossa tese
*SÃO PAULO - Emitindo pares de fótons - partículas de luz - ao longo de uma fibra óptica estendida entre as cidades suíças de Satingny e Jussy, cientistas do Grupo de Física Aplicada da Universidade de Genebra determinaram que um fóton, chegando a um extremo da linha, é capaz de reagir instantaneamente a uma manipulação realizada no parceiro que foi para o lado oposto, a 18 km de distância. Os pesquisadores calcularam que, se essa reação for resultado de uma comunicação entre as partículas, o sinal teria de viajar a, no mínimo, 10.000 vezes a velocidade da luz. “Trata-se de uma violação do espírito, se não da letra”, da Teoria da Relatividade de Einstein, que diz que nada pode viajar mais depressa que a luz, diz o físico Terence Rudolph, do Imperial College London, em comentário ao experimento suíço. Tanto a descrição da experiência quanto o comentário de Rudolph estão publicados na edição desta semana da revista Nature.
O efeito utilizado pela equipe suíça é conhecido pelos cientistas como “emaranhamento quântico”, e ocorre quando duas partículas são preparadas de tal forma que qualquer alteração numa delas afeta a outra instantaneamente, não importa a distância que as separa. A velocidade de 10.000 vezes a da luz, determinada pelos físicos de Genebra, é o limite mínimo para que o sinal seja “instantâneo”. “Sabemos que as partículas que representam os bits quânticos, ou q-bits, precisam adquirir, durante o processamento da informação, certo grau de emaranhamento para que a computação quântica seja mais eficiente que computação clássica”, explica o físico brasileiro Marcio Cornelio, atualmente na Unicamp. Cientistas acreditam que computadores quânticos serão capazes de realizar cálculos muito mais rapidamente que computadores normais, ou clássicos, além de resolver problemas que estão fora do alcance das máquinas atuais.
O emaranhamento não viola a “letra” da relatividade porque, por si só, o fenômeno não permite a transmissão de sinais de comunicação mais depressa que a luz - não seria possível, por exemplo, usar partículas emaranhadas para criar um telefone celular instantâneo. “O emaranhamento não pode ser usado para comunicar unidades de informação escolhidas por uma pessoa, exatamente porque os eventos correlacionados por ele são aleatórios, fora do controle humano. Se os eventos fossem determinísticos, seria possível usar o fenômeno para comunicação clássica mais rápida que a luz”, o que violaria a relatividade, diz Gisin. Mas se as partículas não trocam sinais entre si, como o emaranhamento quântico é possível? Como uma partícula “sabe” que sua parceira, a quilômetros de distância, foi manipulada?“ Eu diria que as partículas simplesmente estão correlacionadas”, diz Cornelio. “Como não é possível transmitir informação usando apenas partículas emaranhadas, não há necessidade de uma 'saber' o estado da outra e vice versa. Existe apenas uma correlação estranha, que não pode ser descrita pela física clássica”.Partículas 'conversam' a 10.000 vezes a velocidade da luz
(Partículas 'conversam' a 10.000 vezes a velocidade da luz, - Estadão, 13 de agosto de 2008.)

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