sexta-feira, 18 de julho de 2008

Informação e sincronicidade


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Meu espírito é um campo de possibilidades
infinitas que conecta tudo o mais.

Deepak Chopra


A coroa e o pinhão são duas peças complementares de um sistema mecânico. Elas se tornaram mais conhecidas por integrarem a transmissão de veículos. Cada marcha possui uma coroa, de modo que a rotação do motor varia conforme aquela que atua. Para haver a troca de marcha, o pinhão tem que estar parado, a fim da escolhida acoplar. A embreagem dos veículos tem esta função.
Antigamente havia apenas três marchas nos veículos. Uma ao arranque; outra à estabilidade da velocidade já conseguida; e a última para a viagem, de modo mais econômico.
A primeira supunha-se engrenar apenas com o carro parado. O fabricante não se preocupava com o sincronismo. Se por acaso alguém quisesse engatá-la rodando, teríamos o célebre arranhar de caixa, condenando o "barbeiro".
Há um tempo no motor, contudo, que o pinhão fica à mercê, quando então se pode engrenar a marcha sem a utilização da embreagem. Os motoristas mais antigos perseguiam este momento para efetuar o câmbio. Era o instante da sincronização.
A sincronização é formada por três elementos fundamentais: o tempo, o espaço, e o incidente. A ecologia se preocupa justamente com esta ligação. Por ela é possível identificar a mútua dependência dos múltiplos elementos que a constituem. Se por acaso um deles faltar, prejudica a cadeia, e altera o resultado.
Muitas incidências se pode provocar; mas não poucas podem surpreender. Algumas são prementes; outras remotas, mas podem ser decisivas. Diz-se que o bater asas de uma borboleta no sul pode provocar uma tempestade no norte. São efeitos atômicos.
O valor de estar no lugar certo, na hora certa é inestimável. Não poucos lastimam exatamente o contrário - estiveram no lugar errado, na hora errada.
Seria possível uma identificação antecipada de alguns fatores considerados como sorte ou azar, ou tudo não passa de componentes aleatórios, impossíveis de serem dimensionados, mercê de uma infinidade de causas?
É certo que não podemos tudo prever, malgrado a suposição mecanicista de que o mundo funcionasse como um relógio. Sabemos que isto era mera pretensão do homem, ávido em tudo dominar. Contudo, pela repetição histórica, poderemos nos acercar de algumas probabilidades, e com elas nos posicionar. São por estes estudos que a meteorologia fornece seus prognósticos.
Não há fato que não seja precedido de uma razão, ou prenúncio. A surpresa decorre apenas de nossa incapacidade em detectá-lo.
Evidente per se, antes da tempestade vemos as nuvens negras, e é trivial supor que vários elementos estão coligados, e a chuva terá grandes probabilidades de se precipitar.
Já os terremotos evoluem longe dos olhos, nas camadas subterrâneas, e ele pode surpreender sismógrafos, geógrafos, que dirá simples humanos. Todavia, também este caso não ocorre de modo isolado, e igualmente há muitos prerequisitos ao seu surgimento. Se tivéssemos a capacidade de perceber suas nascentes, poderíamos contorná-los, e disso se ocupam freneticamente os homens e suas parcas tecnologias.
Todos os eventos tem um denominador comum: eles dependem de informação! O mundo se move por informação! A gravidade não é produto de forças mas de informação!

Das "leis de atração"
As populares logram os primeiros postos nas paradas de sucesso; todavia, em que pese suas intensões serem louváveis, e por certo muitos resultados satisfatórios, elas contém um grave equívoco: são baseadas na física antiga, no que se supunha verdade, mas que era apenas mera coincidência. Os conceitos de atração e repulsão mediante força aplicada são estranhos à natureza. Ela não traduz a luta, mas a cooperação. Um gota no oceano reverbera em todo oceano. A natureza não é egoísta - é participativa. Não é antagônica, mas complementar. Não é dividida, tampouco divisível. A natureza é integral. É a ética, e não o direito, que a mantém. De conceitos de justiça ela simplesmente desconhece, mas não do respeito, que lhe é fundamental.
Tanto a teoria newtoniana, quanto suas filhas freudiana e darwinistas estão fadadas ao abandono.
Embora farta prova testemunhal, não é o Sol que passa pela Terra. Você poderá dizer que tanto faz, e isso posso até concordar; mas até a criança já sabe que se trata de um equívoco.
Do mesmo modo são aparentemente corretas as designações de positivo e negativo aos pensamentos, como de resto assim taxar as energias. É quase isso, mas não é isso. É mais simples do que isso. Não existem tais polos. O mundo não evolui por dialéticas. O movimento dos corpos não se deve à intensidades de forças invisíveis. Tanto o pensamento, quanto o corpo, a energia e a matéria não podem ser reduzidas nestas fragmentações. O corpo informa ao espaço a sua presença, e o espaço se retrai, para recebê-lo, sem nenhuma força; portanto, sem o menor atrito. É o bastante. Eis a gravidade. Eis o sincronismo. Eis o liame que tudo integra: a informação!
Os resultados obtidos por um pensamento que se considera otimista, ou positivo, decorre não da força desse pensamento, mas na informação da intenção do agente, que é o que enseja o Universo conspirar a seu favor. Se a mente estiver em compatibilidade com a natureza, isto é, sincronizado na sinfonia universal, ou na estupenda dança cósmica, teremos grandes possibilidades do êxito almejado, fruto do desejo expressado pelas ondas cerebrais. O lado inverso também é suscetível - se as ondas forem negras, os resultados tendem a combinar.
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O valor da informação
Curiosamente os animais irracionais tem melhor capacidade receptiva, e com isso se tornam mais aptos à sobrevivência.
A águia ao mirar a presa não precisa calcular matematicamente o seu ataque. A ave não tem altímetros, tampouco velocímetros, mas jamais erra. Ela vai regulando seu corpo no percurso, até a chegada no alvo. Ela estará presente no lugar certo, no momento certo. Em vista do objetivo, suas asas cruzam o EspaçoTempo sincronizado à natureza mutante que ele produz.
Os velejadores bem sabem a importância de adequarem suas velas de acordo com a origem e a intensidade dos ventos, e os grandes campeões se destacam na antecipação. Ela provém da intuição, em larga escala, mas também da racionalidade em juntar os indícios.
A imigração dos animais em massa por ocasião da sêca africana revela enorme capacidade perceptiva e sincronismo à natureza. Uns dependem dos outros, e todos dependem das condições metereológicas. A cadeia marcha sincronizada com as condicionantes temporais.
Um dado interessante foi o prenúncio do tsunami, e hoje sabemos: os animais foram os primeiros a detectar a possibilidade do inédito e dantesco acontecimento. Ninguém lhes ensinou, tampouco havia uma experiência anterior, traumática ou não, mas de repente, manadas, hordas, coletividades imensas de animais deixaram a costa, apressadamente. Ninguém se deu conta deste fenômeno adjacente; e quem deu, jamais supôs as razões. Os animais se salvaram. Dos homens, contabilizamos o grau da tragédia.
O Universo e o átomo se movem por ondas, portanto por informação. Nossa capacidade de inteligência e interesse é que poderão se decisivos. Ou, como indica o mestre dos anos sessenta:
O problema é ao mesmo tempo distinguir os acontecimentos,
diferenciar as redes e os níveis a que pertencem e reconstituir
os fios que os ligam e que fazem com que se engendrem,
uns a partir dos outros.

Michel Foucault
, Microfísica do Poder, p. 5.
O que podemos, outrossim, é estender nosso fio, nossas varinhas de pesca, e termos êxito na esperança. Depende apenas de informar os peixes - afinal, eles estão ali para serem pescados.
Não se trata de sorte, nem de azar, mas de probabilidades, consubstanciadas com informação.

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