Dia do amigo

Comemora-se o Dia do Amigo. Há quem tenha cara de poucos amigos,
mas quase todos tem pelo menos um. Para mim, este dia é superior,
até mesmo àqueles dedicados aos pais, mães, Jesus, trabalho, proclamações de rês públicas, independências fictícias, e rentáveis páscoas.'
Muitos pais já não se encontram entre nós, de modo que a data que lhes homenageia tem caráter nostálgico, e não festivo. Há ainda aqueles que merecem ser esquecidos, vivos ou mortos. Desses, milhares sequer assumiram a paternidade. Nestes casos a data não é querida, mas sofrida.
Dias das mães costumam ser todos os domingos, especialmente nos estádios de futebol.
No Natal se festeja o nascimento da personalidade. Mesmo tomada perfeita, parece-me uma discriminação com as demais, ainda que ninguém fique enciumado - afinal, com raras exceções, todos ganham presentes.
Datas republicanas consagram usurpações. Tudo que é público foi retirado de alguém.
Como tudo no universo depende de tudo o mais, é trivial concluir que qualquer grito de independência é produto de devaneio adolescente. Nas independências o que se apura é apenas uma troca de comando, do beneficiário do suor alheio.
A Páscoa parece renovar as esperanças, mas o raiar de cada dia tem igual missão.
O amigo, contudo, merece todas as honras.
É verdade que não são poucos os amigos-da-onça, especialmente da desclassificada classe política. Se do Prata, diríamos muy amigo.Quando não se pode ter um melhor amigo, o cachorro é eleito. Afinal, vale mais um cachorro amigo, do que um amigo cachorro. Esta é velha, mas concordo.
A amizade confere confere valor à relação. O pai-amigo é inestimável, como de resto a mãe, e qualquer pessoa. Ela pode ser estranha, uma escolha pessoal, independentemente de tradições, cultura, conhecimento científico, posição política, interesse material, ou circunstancial.
A amada merece o pedestal. O amigo(a) é nosso espelho, e também endereço de nosso afeto. Se ele(a) não existisse, de que serviria o amor?
Receba, meu amigo (a_, e os amigos (as) de todos, de cada um em particular, o mais profundo reconhecimento. Sem sua presença, não estaríamos aqui, presentes.