segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Dinheiro x Democracia 1 - apresentação

-
A crise americana é mais grave do que parecia há seis meses,
disse o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista,
em Nova York. Ele reconheceu que, caso os problemas sejam
grandes, podem, sim, afetar o Brasil. Mas ressaltou que trabalha
com a hipótese de que isso não vá acontecer. O presidente
também afirmou que o crédito pode ser reduzido no mundo inteiro:

"Já há sinais de pouco crédito no mundo porque não há segurança e ninguém quer liberar seus dólares". (
A atual crise americana)-
Muito engraçado o depoimento de nosso jardineiro. Embora lhe caiba cuidar do Brasil, ele de fato está muito além do jardim. É pautado pela moeda do vizinho. De que serviu nossa Independência, recém comemorada?
Convém, por oportuno, informar: quem detém dinheiro não gosta de se desfazer. Por isso ele é trancafiado em caixa-forte. Desde meninos conhecemos Patinhas. Não obstante, porque S. Exa. quer tanto dólar, se entre nós ele é proibido de circular?
* * *
O mais moderno sistema político que adotamos surgiu na Inglaterra, em 1689. Poderia ser o instrumento mais arcaico com o qual convivemos; porém, a instituição do dinheiro lhe antecede, manteve-se por todos os regimes tentados desde então, em todos os países do mundo, e pelo visto ainda terá longos anos pela frente, malgrado aumentarem suas mazelas. Se tudo muda, por que isso não?
A democracia é variável, tem muitos matizes, modifica-se a cada ano, em todos os países. Ela é exercida com maior ou menor centralismo, prazos, e algumas ainda adotam a forma federativa. O modo de eleição também muda conforme o interesse dos agentes, mas o dinheiro permanece incólume.
Não questionaríamos o fenômeno, fosse natural. Porém, como toda instituição humana, ele é um artifício; e como tal, repleto de falhas, por isso prejudicando o meio no qual circula, em que pese para muitos servir de eficiente propulsor.
Não me proponho a listar os milhares de malefícios e alguns benefícios do arranjo, posto envolver uma infinidade de dados incidentais, e qualquer julgamento, pela carência de coleta, é fadado a ser errado, precipitado, e por isso injusto.
O que levanto é a promiscuidade do dinheiro com a democracia, precisamente com os titulares dos poderes constitucionais. Haveria uma chance de minimizar sua importância, sem prejuízo social, se é que de fato ele deve diminuir sua gravidade? Afinal, bão são poucos os que reconhecem os desvirtuamentos, mas quando ele é manipulado por único detentor, como sói acontecer, o perigo é atômico:
Precisamos tirar a política da
sombra corruptora do dinheiro.

Prof. Doutor Roberto Mangabeira Unger,
Secretário de Planejamento de Longo Prazo do Brasil
,
Livre Docente da Universidade de Harvard,
ex-Professor do Senador Barack Obama.

O alerta é oportuno. Minha diferença com o preparadíssimo mestre, é pequena, mas visa o contrário: precisamos tirar o dinheiro da sombra corruptora dos governos! Ele pertence à produção.
Não faltará quem propugne pela prevalência da velha engrenagem, mas, diante de uma infinidade de fatos e tragédias, creio possa haver melhor hipótese, ou alternativa, talvez alguma correção, que aplaque tanta miséria que ela tem gerado. Mas fique tranqüilo. Não estou aqui para capitanear uma derrubada de Bastilha. Qualquer exercício diverso, coerente, bizarro ou escabroso, nem terá eficácia, exceto se dotado de algum elo plausível, e o mais fácil é nem ser lido. Portanto, já a priori, algumas pinceladas nada de mal há de fazer. Elas só me obrigam a retornar aos velhos tinteiros, para examinar as densidades, e verificar as possibilidades de adição de algum produto mais condizente com o tempo no qual cruzamos, combinado com a aspiração de cada um de nós, se possível.
* * *
Para começar, um pequeno corte epistemológico, sem dor, a laser, que tal? Afinal, ninguém come dinheiro, não se mora em dinheiro, nada se aprende com ele em si, e o papel foi inventado à escrita, assim como o metal pode ser utilizado em formulações mais nobres, não reduzido a meros simbolismos.
Tenho para mim, e não serei o primeiro, Marx assim já anteviu, que o dinheiro deveria sumir. Minha diferença com o barbudo revolucionário é que suponho o capitalismo inerente ao ser humano, mas não o dinheiro, inventado para submetê-lo.
Ele representa o capital, jamais o será. O capital provém da produção. O dinheiro, muito da especulação, e de outras fontes em nada recomendáveis.(O caminho da estagflação)
Dinheiro e capitalismo não são siameses:
"Na verdade os interesses dos banqueiros têm sido contrários aos dos industriais: a deflação que convém aos banqueiros paralisou a indústria britânica." (RUSSELL, 2002: 68; cit. De Masi, 2001:99)
Convém mesmo um aparte.
* * *
Que Minerva faz do dinheiro a entidade máxima, capaz, inclusive, de ensejar a derrocada mundial, como tão veementemente se anuncia? Desse modo, aquilo que era para ser um bem, passa a ser objeto de terror, tal qual o marxismo. Não seria justamente isso, por acaso, a instituição de um novo demônio para justificar o salvador? Por certo. Pelo menos entre nosotros, macaquitos brasileños, a manipulação da moeda elevou muito impostor, e continua.
A moeda corrente tem tudo a ver com regimes totalitaristas; e nada a ver nem com regimes capitalistas, sequer com aqueles que se dizem democráticos, ou de direito. Ouso ir além: não constitui, sequer, um Zenith liberal, tampouco neoliberal, embora por todos venerados.
Não pode existir prévia cominação legal sobre a quantidade de moeda que deve circular, como há nenhum decreto que estipule quanto se deve produzir. (Inflação e deflação)
Eis, portanto, a impossibilidade essencial do Estado de Direito!
Dia desses mencionei as torpes, mas comuns atitudes dos bancos centrais e seus satélites. São instituições imperiais; portanto, antidemocráticas, par excellence.
Ando assoberbado de tarefas, mas o alvo é emergente. A galáxia merece até obra completa. Todavia, pelo menos um rasante de reconhecimento é oportuno, e pode ser efetivado imediatamente pela Nav's ALL, sempre ávida na derrubada de mitos. Antes farei um pit-stop, para troca de pneus.
Até o dia de amanhã, se o dinheiro não acabar com ele, também.
Aprecie:
Dinheiro x Democracia 2 -
Dinheiro x Democracia 3
Sobre o financiamento de campanha

Nenhum comentário:

Postar um comentário