quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Have a nice day, Obama (13-2-2008)

Não, não costumo querer o mal de ninguém, sejam hitlerzinhos, ou ducinhos. Não escondo, contudo, uma peculiar satisfação em ver os príncipes se afundarem no maquiavélico roteiro do inolvidável Maquiavel. Confirmam-se os prognósticos. Quem não aprecia loteria?

Quando resolvi iniciar esta empresa, para mim deveras íngreme, porquanto sempre gostei do front, mas não do quartel, não esperava colher tanto privilégio. Aliás, francamente, tratei do plantio pensando apenas em recolher algumas frutas para mim próprio, e para os que me eram caros. Gostava da estória do Joãozinho e o pé-de-feijão. Então me pus, aqui, a lavrar uma picada forte para não se abater por algum vento, ou tempestade. Qual não é minha felicidade, confesso, de encontrar tantos peregrinos em minha caminhada, a valer-se do risco por mim lavrado ao longo dessa densa e diversificada floresta, repleta de armadilhas, répteis e caminhos tortuosos.
Muito agradeço sua companhia. Se não fosse por ela, certamente teria sido engolido por alguma cratera, e nada sentiria. Nem ninguém. Contudo, esta surpreendente presença, maciça e redentora, coloca por terra a exclusividade dos sites de procura, de sexo, de notícias ou downloads. Demonstra que há gente, muita gente interessada em adquirir conhecimento per se, não como um objeto para atingir um fim, como sói acontecer. Minha alma rejuvenesce. E neste instante, que coincide com as possibilidades que venho predizendo há muito, no qual vislumbrava a silhueta da espetacular reversão, convido-lhe, meu caro companheiro, a sentarmo-nos um pouco aqui, nesta clareira, por onde penetra o sol candente, e de onde se pode admirar as aves-de-rapina cedendo os céus a quem merece.
Sim, lembro-me de Bill, o sorridente ator que nos visitou não há muito, mas antes de ser surpreendido com a mísera estagiária. Para mostrar a simpatia, o gajo yankee não teve pudor, também, para aparecer com uma bola de futebol, no país do futebol. Quê coragem! Só serviu para comprovar nossa desconfiança: tratava-se de mesmo de um impostor, pois jamais havia visto um balão-de-couro!
Do anfitrião já tinha certeza, desde os tempos dos bancos universitários. Como sempre gostou de andar na moda, sempre lhe faltou criatividade; pelo fato, entretanto, que além do futebol por aqui pouco se cria, mas tudo se copia, há décadas advertira o Velho Guerreiro, por corriqueiro nunca mereceu minha atenção. Ou melhor, jamais me enganou. Só a candura de um Itamar para lhe dar crédito. Custou-lhe caro, todavia; e para nós, ainda mais, um preço incomensurável.
Já sobre a esposa enganada, nada mais sei. Tampouco devem saber os americanos. O que me arrebata a curiosidade é tomar conhecimento sobre o que a faz tão pretensiosa. Qual a razão de querer voltar ao aposento de onde, certamente, aflorarão tristes lembranças? Seria apenas vingança àquele medíocre player? Desforra pessoal? Interesses por trás dos bastidores? Mas será que milhões de pessoas estarão propensas a satisfazer seus caprichos? E o que dizer de bilhões espalhados pelo mundo afora, de olho na grande locomotiva, incrivelmente à deriva, já por largo período ? Não, definitivamente. Brincadeira tem hora, e parece que já toca o sino. Obama vem a pleno. A julgar pelo furor, será o candidato do perigoso democrata daquele country. Neste caso, sai de favorito, e dificilmente perderá a eleição para o obscuro adversário, o qual se vale da imagem de Reagan, para poder decolar. Lembra as viúvas de Getúlio.
Do outro lado, nos anos noventa aconteceu o bizarro, aliás um fato até comum, se compararmos a foto com o negativo: quando um pula da gangorra, o outro sobe. Pensei que ela já tivesse sido aposentada, por obsoleta e estéril, mas qual nada! Mal caiu de podre a tão decantada esquerda, subiu ao palco a direita, na figura cruel de Putin, nome bem adequado. Seu império, todavia, rui como castelo de areia. A independência de Kosovo abrirá a porteira, ratificando a preconizaçao de Montesquieu: é impossível a democracia em grandes extensões territoriais. Só se pode manter a unidade concedendo a liberdade, tornando o país numa federação. O feixe na mão foi o deleite e o castigo do Império Romano; de Napoleão; de Mussolini; de Hitler; de Getúlio.
O da Venezuela mandaram-no calar, e ele assim consentiu. Dá mostras de sua fraqueza, especialmente a intelectual, e em nosso tempo tal carência é imperdoável. A avalanche o pegará, em seguida. Primeiro, viaja o sanguinário ilhéu, o assecla que permanecia incólume, pairando sobre aquela gente subdesenvolvida. Muito fácil se manter no poder numa ilhota de descendentes de gente humilde e de bom coração. Bastaram dez gatos-pingados, e meia-dúzia de fuzis paraguaios. Ainda assim estranhava sua permanência. Tributei a anomalia como exceção à regra. Presumi vê-lo longe das quadras de basquete apenas à sete-palmos. Desta feita, contudo, também, malgrado meio século, a regra prevaleceu. Em cheque, provavelmente dado por seu próprio irmão, como convém a traidores, sai de cena, para incorporar a história dos insensatos, megalomaníacos e notáveis gangsters.
Por aqui, vejo a lama correndo avolumada, e algo me diz que levará de roldão os porquinhos, os de hoje, e os de ontem, estes escondidinhos que estavam no pretérito nada perfeito.
Apraz-me lembrar a reconfortante sentença: porque a subida ao poder no meio de uma população atônita é trivial, e os banquetes do palácio apetitosos, não percebem os incautos que Maquiavel, o diretor da peça, programou-a sem variação, reservando um final melancólico, senão trágico, ao seu astro principal, para a alegria da galera.
Run like hell, cambada.
Have a nice day, Obama!

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