segunda-feira, 10 de maio de 2010

Evolução por SuperCordas - 10/11- A utopia da precisão


A obsessão em dominar a natureza esconde a verdadeira obsessão do homem: dominar o caos, ou, em outras palavras, ter previsões seguras que evitem a queda no abismo. Para isso, ele inventou a ciência e tratou logo de criar leis deterministas que dessem estabilidade aos fenômenos naturais. A física de Aristóteles, a mecânica de Newton ou a abóbada de Ptolomeu tinham a função primordial de ordenar os acontecimentos da natureza, explicando suas origens e tentando prever seus movimentos. PENA, Felipe, Biografias em fractais: múltiplas identidades em redes flexíveis e inesgotáveis. - Revista Fronteiras – estudos midiáticos VI(1):79-89, janeiro/junho 2004
Para garantir que o mundo esteja sempre no mesmo padrão de horário, 400 relógios atômicos foram distribuídos pelo planeta há anos. Mas, como a rotação da Terra não é sempre igual e pode ser afetada até mesmo por terremotos, esse horário absolutamente preciso marcado pelos relógios atômicos precisa ser corrigido uma vez a cada quatro ou cinco anos. Isso é feito adicionando um segundo a mais nos relógios, permitindo a sincronização do horário oficial mundial com o horário astronômico, que respeita a real rotação da Terra.
No salão do Universo não há determinismo, supremacia, antagonismo. "Cada forma de vida inventa seu mundo (do micróbio à árvore, da abelha ao elefante, da ostra à ave migratória) e, com esse mundo, um espaço e um tempo específico". (LÈVY, Pierre, cit. PELLANDA e PELLANDA: 118)
Forçando um pouco a metáfora, porque na vida o amor subsitui o dinheiro, o ballet cosmológico se insinua sob a égide do comércio, não do confronto, muito menos da exploração de uns sobre os outros. "A massa informa ao espaço como se curvar; o espaço informa à massa como se movimentar." (WHEELER, J., cit. ROHMANN, Chris: 345)
A visão da evolução como uma crônica competição sangrenta entre indivíduos e as espécies, um desvirtuamento popular da noção de Darwin da 'sobrevivência dos mais aptos', dissolve-se diante de uma nova visão de cooperação contínua, forte interação e dependência mútua entre as formas de vida. A vida não conquistou o globo pelo combate, mas por um entrelaçamento. As formas de vida multiplicaram-se e tornaram-se complexas cooptando outras, e não apenas matando-as. SAGAN, D., cit. DAWKING, R.: 288
Desse e de outros modos também, a ciência normal freqüentemente se desnorteia. E, quando isso acontece — quando já não se pode mais livrar-se das anomalias que subvertem a prática vigente da prática científica —, começam então as investigações extraordinárias que finalmente levam a profissão a um novo conjunto de compromissos, a uma nova base para a prática da ciência. KUHN, Thomas, Estrutura das Revoluções Científicas, int.
Será que a ciência poderia explicar o porquê das coisas? Focando na física, me aventuro a dizer que não poderia. Arrisco até dizer que questões do tipo "por que" sequer conseguem chegar a ser científicas. GLEISER, M., http:// marcelogleiser.blogspot.com - 9/10/2010
A ciência explica muitos porquês. O que não se entende, e talvez jamais seja provável, é a razão primordial. Todavia, nem por isso devemos tributar tudo a algum DEMIÚRGO, e simplesmente viver como o restante dos animais. Isso não mais se constitui em motivo à tergiversação. Mas tudo tem uma razão de ser, sim, isto é, não propriamente uma razão mas tantas quantas forem os pontos que compõe a expansão do Universo, do EspaçoTempo. Eis a razão de tudo ser obrigatóriamente instável, imprevisível, impreciso, mutante. Não há, nem jamais haverá computador no mundo capaz de processar essa infinidade de variáveis. Os fatos dependem das circunstâncias, que por sua vez se alteram para realizá-los.
Se todas as partes do universo são solidárias numa certa medida, um fenômeno qualquer não será o efeito de uma causa única, mas a resultante de causas infinitamente numerosas; ele é, como se diz com freqüência, a conseqüência do estado do universo um momento antes. POINCARÉ, H., : 36
Levantam-se os andaimes, ainda que de modo precário, no fito de tentar espiar por cima do muro. Se nada houver, fica a tarefa cumprida, conquanto os precários instrumentos se deslocam à checagem de outra fronteira.
É precisamente e uma interação - que já existe nos níveis materiais mais elementares entre o aspecto onda e o aspecto corpúsculo - o que impulsiona a dinâmica da natureza. Assim o mostram as relações de mecânica ondulatória, que explicou LOUIS DE BROGLIE, síntese genial que tornou possível, como diz RUEFF, uma filosofia quântica do universo, aplicável não somente às ciências físicas, senão também a todas as ciências humanas.
O emblema taoísta é mais sentimental do que científico; entretanto, é perfeitamente divisável na composição da vida, e dispõe o caráter integrativo do Universo, o qual deriva de uno. Nada a opor. Caso polarizado, e de modo antagônico, como requer a escola grega, o Universo dever-se-ia chamar Diverso. Sua expansão faz-se por ética. Se dialética, marcharia ao colapso. Tudo se mostra disposto em modo complementar."A evolução acontece não como resposta às exigências da sobrevivência, mas como um jogo criativo e necessidade cooperativa de um universo todo ele evolutivo." (LEMKOW, A. F.: 183)  Tanto quanto o Big-Bang, o start da vida depende da centelha, da informação primordial..
Uma lesma que dispara 'dardos de amor' no acasalamento, um sapo sem pulmões e o inseto mais comprido do mundo estão entre as novas espécies de animais descobertas pelo grupo ambientalista WWF na ilha de Bornéu. BBC, 23/4/2010
.E do mesmo modo como expressa o distintivo asiático, ainda tal qual nos deparamos com a própria a evolução do Universo, o shape do DNA também apresenta flexibilidade ondulatória. Antes da forma, o DNA informa. O conteúdo se insere em seu meio arqueado, ondulado, helicoidal ou espiral, como preferir.. "O amor é uma escultura que se faz sozinha." (LUFT, Lya)
O vácuo quântico é o 'mecanismo de informação holográfica que registra a experiência histórica da matéria.
LASZLO E., A ciência e o campo Akáshico - Uma teoria integral de tudo: 72
Na nanotecnologia de DNA. não há nada há de contundente, tampouco paradoxal, ao contrário: as duas serpentes modulam  e são orientadas por várias pontes no interior do 'vácuo quântico'
Uma onda periódica é uma perturbação periódica que se move através de um meio. O  meio em si não vai a canto nenhum. Os átomos  individuais e as moléculas oscilam em torno das suas  posições de equilíbrio, mas a posição média delas não se alteram. À medida que elas interagem com os vizinhos, elas transferem parte da sua energia para elas. Por sua vez, os átomos vizinhos transferem energia aos próximos vizinhos, em sequência. Desta maneira, a energia é transportada através do meio, sem haver transporte de qualquer matéria. C.A. Bertulani.
Ainda que aparente, nada pode, sequer é preciso ser preciso.
A transgressão dos métodos da ciência é necessária para o progresso. PAUL FEYRABEND.
Nascido no século 19, Charles Robert Darwin é o cientista mais conhecido e reconhecido no século 21, superando em notoriedade gigantes como o físico inglês Isaac Newton (1643-1727), o filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), o neurologista austríaco Sigmund Freud (1856-1939) e o físico alemão Albert Einstein (1879-1955). RIOS, Ricardo Iglesias , Departamento de Ecologia, Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. http://cienciahoje.uol.com.br, 24/9/2009
Tirante o desconhecido e obscuro EINSTEIN, nada pode explicar a constância dos arranjadores científicos elencados pelo ilustre professor à calçada da fama. Essas personalidades por certo brilham em casa de Madame Tussauds; mas suas teorias merecem stands em museu de antigas curiosidades, com todo o respeito*.
Darwin e a evolução nos dominam, quaisquer que sejam as queixas dos cientistas criacionistas. Mas será correta essa tese? Melhor, ainda, será adequada? Acredito que não. Não é que Darwin tenha errado, mas sim, compreendido apenas parte da verdade. KAUFFMAN, S.; cit. BEHE, M.: 38
"Nem a física de Newton nem a biologia de Darwin disseram muito que possa contribuir para um quadro coerente de nos mesmos dentro do Universo." (FEYNMAN, Richard P., cit. GLEICK, J.: 182)  DARWIN escorregou na maionese newtoniana, e nem poderia ser diferente:
Há grandiosidade nesse modo de ver a vida, com suas diversas forças, tendo surgido a partir de umas poucas formas de vida ou de uma única; e que, enquanto este planeta tem orbitado de acordo com as leis fixas da gravidade, de um início tão simples infinitas formas mais belas e maravilhosas evoluíram, e continuam a evoluir. DARWIN, Charles, para encerrar a Origem das Espécies e tal.
Pois até hoje somos compelidos a lamber-sabão:
Quando for lançado na próxima sexta-feira, dia 14, o ônibus espacial Atlantis estará levando um objeto inusitado na bagagem: um pedaço da árvore de onde caiu a maçã que inspirou Isaac Newton a elaborar a teoria da gravidade. o astronauta Piers Sellers há recebeu o pedaço de madeira guardado na Royal Society, em Londres.
Ironia. PIERS SELLERS não seria um PETER muito além do jardim?
A gravidade presumida no XVII não corresponde à realidade. O erro fundamental advém desta equivocada medida matemática.
As teorias de Newton lançaram-nos em um curso que desembocou no materialismo que ora domina a cultura ocidental. Esta visão realista materialista do mundo exilou-nos do mundo encantado em que vivíamos no passado e condenou-nos a um mundo alienígena. BERMAN, MORRIS, cit. GOSWAMI: 31
De que modo mera coincidência pode sustentar a ciência?
EINSTEIN chegou a cogitar outro título à formosa Relatividade: Principio da Covariança. O gênio almejava enfatizar o caráter interativo dos átomos que integram o magestoso palco, mas necessitava das famosas provas matemáticas. Em E=Mc2 as letras ganham dos números por 3x1, porém a exigência da precisão levou-lhe à faina de desvendar uma constante cosmológica. Missão impossível. Até mesmo o ritmo de expansão do Universo varia, de modo que sequer algorritmos lhe alcançam*.
Espaço e tempo tornam-se jogadores do cosmos em expansão. Eles ganham vida. A matéria aqui faz o espaço se curvar ali, o que leva a matéria aqui a se mover, o que leva lá o espaço a se deformar, e assim por diante. A relatividade geral dá uma coreografia para a ciranda cósmica do espaço, tempo, matéria e energia. BRIAN GREENE, cit. ISAACSON, W.: 235

O estudo de como surge a ordem, não em conseqüência de um decreto de cima para baixo da autoridade hierárquica, seja política ou religiosa, mas como resultado de auto-organização por parte de indivíduos descentralizados é um dos acontecimentos mais interessantes e importantes de nossa época. KELSEN, H., A democracia: 140.
Dir-se-á que os povos precisam de leis, para refrear seus impulsos. Pode não ser bem assim. Em que pese desconhecerem decretos, a instituição religiosa, e qualquer pauta moral, nossos parceiros animais não costumam se devorar, pelo menos dentro da espécie.
.
O ser humano é mais imprevisível, é vero, mas nem por isso lhe cabe sofrer alguma programação mediante conjunto de sofisticadas técnicas controladas pelo Estado.
.. se me disserem que todo meu passado foi predestinado, obrigatório, não me importarei; porém, se me disserem que, neste instante, não posso atuar livremente, me desesperarei . José Luíz.Borges[3]
. O que o darwinismo apura é o que leva ao desespéro: :
A noção de Darwin relativa a sobrevivência do mais adaptável foi elemento chave tanto para o conceito marxista da luta de classes quanto para as filosofias raciais que deram forma ao hitlerismo. JOHNSON: 4
A coerência da ordem é mais profunda e abrangente do que entende o parco utopismo platônico, exigência estipulada no suceder das coisas, a garantir o predisposto resultado:
Comte, como mais tarde faria Marx, falava em “ditadura”. Ambos entendiam, por tal regime, uma estrutura governativa em que o poder executivo forte se pautasse pela ciência social, com total recusa à representação política e com o banimento de qualquer oposição. PAIM, A., UMA LÚCIDA ANÁLISE DO MARXISMO, 9/5/2010**
A utopia peca justamente por desconhecer a "rebeldia metafísica" da vida, e assim tenta, sempre em vão, quantificá-la em resultados mensuráveis.

O utopismo está baseado numa versão muito superficial do que poderíamos denominar a lógica existencial do homem, a sua coerência interna e não podemos fugir à impressão de que lida com o homem, como se este fosse uma quantidade fixa, um termo que se manteria constante em todas as suas operações. Sob um outro ângulo, o utopismo não considera a variação histórica dos desiderata, impulsos e idéias humanas e toda a fluente e incoercível realidade da história (...) DA SILVA, Ferreira,
Uma premissa se esconde sob a crença da construtibilidade utópica do homem: é a afirmação da homogeneidade absoluta do real. O real se poria como uma extensão homogênea de entidades físicas e naturais que absorveriam em si a totalidade do conhecido. Nenhuma negatividade interna conturbaria a organização dessa massa inerte. Uma vez conhecido o determinismo intrínseco do real, poderíamos afeiçoá-lo ao nosso gosto, dando-lhe a forma mais conveniente ao seu funcionamento natural, aos objetivos postos (...) Platão consagrou definitivamente a crença de que o homem tem uma medida a cumprir em todos os seus atos e de que o ideal de uma vida justa consiste na participação de um modelo essencial. Esta República ideal de Platão não seria uma invenção arbitrária dos legisladores, nem uma imp�sição de uma elite de força, mas sim um teorema da razão, uma exigência da natureza inteligível do homem.
A razão, bem o sabemos era outra. Hoje é questão de cultura. Com certeza:
Acredito que quem estiver entrando no caminho da iluminação será absolutamente impecável em tudo o que fizer. E por causa do medo da condenação? Não. Ou de punição de Deus, ou porque pequei e não alcancei o perdão? Não, não, não. Os verdadeiros iluminados verão que toda a ação tem uma reação com a qual eles terão de lidar, e se formos sábios, não faremos coisas que nos levarão a ter de enfrentar resolver e equilibrar isso em nossa alma mais tarde. Esse é o verdadeiro critério. LEDWIN, M., cit. ARNTZ, W.: 203
___________
* Mais sobre a matéria: http://www.fis.ufba.br/dfg/pice/ff/ff-07.htm
.
** A obra de Paim é uma contribuição de grande valor crítico para a cultura brasileira, levando em consideração que, entre nós, terminou vingando o mesmo esdrúxulo conceito de ciência social dogmática, a serviço da implantação de um socialismo autoritário, na trilha identificada por Leônidas de Rezende, em 1918, de aproximação entre marxismo e positivismo, no contexto mais amplo da velha tradição cientificista que se remonta, no panorama luso-brasileiro, às reformas do Marquês de Pombal. (http://pensadordelamancha.blogspot.com/2010/05/o-mais-recente-livro-de-antonio-paim.html)

3 comentários:

  1. Ouvi com muita emoção Os Argonautas do Caetano. Estas guitarras rasgam-me o coração- não dá para fugir...

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir