domingo, 16 de maio de 2010

Hobbes, Newton & Darwin - 2/2



Nascido no século 19, Charles Robert Darwin é o cientista mais conhecido e reconhecido no século 21, superando em notoriedade gigantes como o físico inglês Isaac Newton (1643-1727), o filósofo alemão Karl Marx (1818-1883), o neurologista austríaco Sigmund Freud (1856-1939) e o físico alemão Albert Einstein.
RIOS, R. I., Depto. de Ecologia - Inst. Biologia -
UFRJ - www.
cienciahoje.uol.com.br

Nem a física de Newton nem a biologia de
Darwin disseram muito que possa contribuir para
um quadro coerente de nós mesmos dentro do Universo.

FEYNMAN, Richard P., cit. GLEICK, J.: 182
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DARWIN escorregou na maionese dos conterrâneos BACON, HOBBES, NEWTON e MALTHUS:
Há grandiosidade nesse modo de ver a vida, com suas diversas forças, tendo surgido a partir de umas poucas formas de vida ou de uma única; e que, enquanto este planeta tem orbitado de acordo com as leis fixas da gravidade, de um início tão simples infinitas formas mais belas e maravilhosas evoluíram, e continuam a evoluir.
DARWIN, Charles, para encerrar a Origem das Espécies e tal.
Tal qual PLATÃO e ultimamente como MAQUIAVEL, GALILEU, DESCARTES, ROUSSEAU, por fim servindo até mesmo o trilho de HEGEL, DARWIN também soube compactar vários preconceitos com formas mais ou menos coerentes, mas antes de tudo coincidentes.
“Trabalhei sobre verdadeiros princípios baconianos e, sem nenhuma teoria, comecei a registrar dados em grandes quantidades.” (DARWIN, cit. MIRANDA, P.: 188)
Mais do que as óbvias pressuposições metafísicas, contudo, o passageiro do Beagle levou décadas para apresentar seu relatório, justamente depois de WALLACE voltar de sua particular expedição, e lhe confiar suas conclusões. DARWIN convenceu a coroa, e metade do mundo, ser ele próprio o autor da façanha, não se furtando em complementar sua arte com a mesma técnica daquele bando:

Tome-se por exemplo Charles Darwin antes da publicação de The Origin of Species (A Origem das Espécies). Mesmo depois dessa publicação ele foi o que se poderia descrever como um "revolucionário relutante", para usarmos a bela descrição de Max Planck feita pelo Professor Pearce Williams; antes dela, Darwin não tinha nada de revolucionário. Nada se assemelha a uma atitude revolucionária consciente em sua descrição de The Voyage of the Beagle (A Viagem do Beagle). Mas ela está cheia de problemas; problemas autênticos, novos e fundamentais, e engenhosas conjeturas — conjeturas que competem freqüentemente umas com as outras — a respeito de possíveis soluções.
POPPER, Karl, A CIÊNCIA NORMAL E SEUS PERIGOS


Quanto a Darwin, ele se arranjou por meio de laboriosas ‘negociações’ teóricas, manipulando como podia as definições e os conceitos. O essencial é ver essas manobras como elas eram, em seu contexto, com seus lados bons e seus lados maus; e, depois disso, não procurar dissimulá-las com elogios superficiais ao 'gênio' darwineano'.

THUILLER, P.: 210
A Casa de Hanôver ainda precisava justificar a ausência do espetacular Royal Yatch em cinco anos do paradisíaco tour, uma expedição geográfico-cartorária de mínima serventia. O fato poderia precipitar a mudança da assinatura no trabalho de WALLACE. Ademais, desde a RAINHA ELIZABETH, mas principalmente na Revolução Gloriosa a Inglaterra travava sérios combates com a Santa Sé. Nessa ocasião NEWTON fora oportuno, mas ora a rainha VITÓRIA necessitava sedimentar o Reino Unido e ampliar sua presença comercial no continente. O requiem da moralidade romana liquidaria com qualquer cidadela mais recalcitrante.
Isto posto, tudo continua como dantes no quartel de ABRANTES:
Darwin e a evolução nos dominam, quaisquer que sejam as queixas dos cientistas criacionistas. Mas será correta essa tese? Melhor, ainda, será adequada? Acredito que não. Não é que Darwin tenha errado, mas sim, compreendido apenas parte da verdade.
KAUFFMAN, S.; cit. BEHE, M.: 38

Apesar dos estupendos esforços, ainda somos tragados ao sabor do carma:
De fato, é como as nações modernas estivessem repetindo cegamente o erro que foi fatal para as cidades gregas, dois mil e quinhentos anos atrás. Por mais incongruente que isso possa parecer, minha impressão é de que a peça que estamos encenando já foi montada na Grécia, na época do nascimento da filosofia socrática. É que, desde Platão, as coisas praticamente não mudaram. É como se a espécie humana não pudesse escapar da mediocridade de seu destino.
SAUTET, Marc, 2006: 15/86
Tal como a religião requer, antes de tudo, o desligamento, o diabo para justificar sua presença, o Estado necessita da guerra de todos contra todos, da cristalização da teoria darwineana para se impor.
A ideia é que qualquer sistema evolutivo obedece às leis do darwinismo.
E a economia é certamente um sistema evolutivo.
VEIGA, Prof.
Econ. José Eli, Fac. Econ. & Admin. da USP. - Estadão, 8/2/ 2009
O curioso é a disciplina trocar seu próprio leito:
“Na medida que o comércio expande a divisão do trabalho, todos os participantes ganham porque se beneficiam do aumento da produtividade deste trabalho.” (SMITH, A., Investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações, vol. I: X)
O Leviathan proporciona a força maior, apregoada justa, protetora.
A única forma de constituir um poder comum, capaz de defender a comunidade das invasões dos estrangeiros e das injúrias dos próprios comuneiros, garantindo-lhes assim uma segurança suficiente para que, mediante seu próprio trabalho e graças aos frutos da terra, possam alimentar-se e viver satisfeitos, é conferir toda a força e poder a um homem, ou a uma assembléia de homens, que possa reduzir suas diversas vontades, por pluralidade de votos, a uma só vontade. (...) Esta é a geração daquele enorme Leviatã, ou antes - com toda reverência - daquele deus mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, nossa paz e defesa.
HOBBES, THOMAS, The Leviathan, cap. 17.
Esta linda apreciação vinha bem a calhar:
Toda a teoria darwineana da luta pela existência é simplesmente a transferência, da sociedade à natureza viva, da teoria de Hobbes sobre a guerra de todos contra todos e da teoria econômica burguesa da concorrência, bem como da teoria da população de Malthus.
WALLACE, A.R. & YOUNG, R., Sciences studies, 1971: 184; cit. JAPIASSÚ, H. 1978: 56
O código de interpretação dialética da natureza, de tão endossado, tornou-se dogmático, definitivo, hegemônico, indiscutível; mas é falso.
“A teoria da evolução, de Darwin, de mutação acidental e de sobrevivência dos mais capazes, inevitavelmente tem se mostrado inadequada para responder a um grande número de observações biológicas.” (FERGUNSON, M.: 149)
A biologia darwinista, quer em sua versão original bruta é determinista (a sobrevivência do mais forte), quer na versão neodarwinista com ênfase na evolução aleatória tem pouco a nos dizer acerca do porque de estarmos aqui, de como nos relacionamos com o surgimento da realidade material e muito menos a cerca do propósito e significado de qualquer evolução da consciência além da conclusão muito simples e utilitária de que a consciência parece conferir alguma vantagem evolutiva.
FEYNMAN, Richard P., cit. GLEICK, J.: 182
Os resultados desta sapiência incutida e generalizada às medições de forças, sim, podem ser estipuladas pelos caracteres numerais: "Os estados foram responsáveis por mais de 200 milhões de mortes cruéis apenas no século XX" (
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