sexta-feira, 7 de maio de 2010

Evolução por Supercordas - 8/11 - Conhecimento desvirtuado

Toda a filosofia baseia-se em apenas duas coisas: curiosidade e visão limitada... O problema é que queremos saber mais do que podemos ver.
FONTENELLE, Bernard Bovier, Colóquios sobre a pluralidade dos mundos (1686) cit. GLEISER, M., 2010: 294
.Ela nasceu e cresceu
desorientada pela metafísica:
Para Platão, (Timeu. 26a) a ordem e a beleza que vemos no Cosmo resulta de uma intervenção racional, intencional e benigna de um divino artesão, um 'demiurgo' (gr. δημιουργός), que impôs uma ordem matemática a um caos preexistente e, assim, produziu um Universo divinamente organizado, a partir de um modelo eterno e imutável.
Quando a obra de Platão chegou em Florença (1430). o padrão matemático se tornou hegemônico. Para  DESCARTES, seguido por HOBBES, "a geometria era a única ciência que Deus houve por bem até hoje conceder à humanidade." GALILEU já garantira:"A língua da natureza era a matemática."  O pensamento veio assim marcado pelo rito platônico-dialético, ao desagrado do esprit de finesse. de PASCAL. A matematização do universo tomou o incremento de NEWTON, atingiu culminância através de COMTE, e chegou ao fiasco posterior do Positivismo Lógico. Os estatutos pombalinos* determinavam aos professores o uso da escala, para "discorrer com ordem, precisão, certeza..
Nenhum dilema se resolve a partir de preconceito, ainda mais por expediente totalmente abstrato, desprovido da menor razão, par excellence. Coberto pelo toque de exatidão, entretanto, a imbatível falsidade ideológica assumiu e ainda se faz hegemônica. A religião subsiste graças à dicotomia. Ela significa religar. Como nada se constitui desligado, tampouco sujeito a corte, é notório e flagrante que qualquer religião carece de objeto.
O ser humano é parte do todo, chamado Universo, uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experimenta seus pensamentos e sentimentos como algo separado do restante - numa espécie de ilusão ótica de sua consciência. Essa ilusão é uma espécie de prisão para nós, e nos restringe às nossas decisões pessoais e aos afetos por algumas pessoas mais próximas de nós.
EINSTEIN, Albert, cit. LASZLO, Ervin,
A Ciência e o Campo Akáshico: 56

.É uma questão que atualmente deve ser reconsiderada, tendo em vista que a fragmentação já se espalhou completamente, não apenas na sociedade, mas especialmente em cada indivíduo; e isso conduz a um tipo de confusão generalizada da mente, que por sua vez cria uma série infinita de problemas, interferindo com a nossa clareza de percepção de maneira tão grave a ponto de bloquear nossa capacidade de resolver a maioria deles.
BOHM, David, Totalidade e ordem implicada: 17
A Filosofia antecipou esta consciência no conturbado adolescente:
.Foi igualmente pela recusa do dualismo cartesiano, e pela defesa da observação e da análise contra o espírito sistemático, que Locke se impôs como 'mestre da sabedoria' aos filósofos franceses do século XVIII.
CHÂTELET: 228
.
Sucedeu que a certidão iluminista foi arquivada no stand ideológico, conquanto a ideologia saiu à serviço greco-romano. O conhecimento operacional tornou o conhecer monstruoso, acusou KIEEKERGARD, mas a tecnè apresentava melhor serventia ao insaciável apetite, gáudio de NAPOLEÃO, BISMARCK, LENIN E HITLER.
Este, aliás, é um ponto que passa em branco na maioria dos discursos sobre a alfabetização científica: quando se reconhece o valor do ensino e da divulgação da ciência, o foco costuma repousar sobre os benefícios econômicos — pesquisa e desenvolvimento, novos produtos, engenharia — que são, evidentemente, reais e importantes. Mas pouco se fala sobre a educação científica como fator de cidadania e, se me permitem o termo, de defesa pessoal.
ORSI, Carlos, Analfabetismo científico
(Estadão, 22/4/2010)
A despeito de tudo a Filosofia sobreviveu, alcança a maioridade no XXI, e finalmente logra respeito:
“Não há praticamente nada do que vou dizer esta noite que não pudesse já ter sido dito pelos filósofos do século XVII”.
“De fato, a vida no espaço cibernético parece estar se moldando exatamente como Thomas Jefferson gostaria: fundada no primado da liberdade individual e no compromisso com o pluralismo, a diversidade e a comunidade.” (NAISBITT, J., Paradoxo Global: 96).
Consagra-se pois, o vaticínio de JOHN DEWEY (p.
205):
Quando a filosofia vier a cooperar com o curso dos acontecimentos e tornar claro e coerente o significado dos pormenores diários, a ciência e a emoção hão de interpenetrar-se, a prática e a imaginação hão de abraçar-se.
Não haverá farsa que resista - nem milenar, nem secular, muito menos se dialética, ou epilética.
A partir de um único princípio - o de que no nível mais microscópico tudo consiste de combinação de cordas que vibram - a teoria das cordas oferece um esquema explicativo capaz de englobar todas as forças e toda a matéria.
GREENE, B.: 30
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* No tempo de Marques de Pombal, (1755) o medo da morte, o sebastianismo como signo de pavor das mudanças, o ódio de certas facções da aristocracia pela burocracia emergente, a insegurança diante dos novos tempos que, junto com o iluminismo, pairavam sobre a Lusa. A significação do sismo se desdobrou na reação popular à destruição da cidade, mas também na luta entre os representantes – aristocratas, gente do povo, eclesiásticos – de diferentes formas de ser, viver e pensar.

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