sábado, 22 de maio de 2010

Suicídio & Glória de Sócrates


Micro-ondas da distante rádio-pirata atingem centenas de estereotipadas gerações

Quem se der conta com clareza de como depois de Sócrates, o mistagogo da ciência, uma escola de filósofos sucede a outra, qual onda após onda, de como uma universalidade jamais pressentida de avidez de saber, no mais remoto âmbito do mundo civilizado, e enquanto efetivo dever para com todo homem altamente capacitado, conduziu a ciência ao alto-mar, de onde nunca mais, desde então, ela pode ser inteiramente afugentada, de como através dessa universalidade uma rede conjunta de pensamentos é estendida pela primeira vez sobre o conjunto do globo terráqueo, com vistas mesmo ao estabelecimento de leis para todo um sistema solar; quem tiver tudo isso presente, junto com a assombrosamente alta pirâmide do saber hodierno, não poderá deixar de enxergar em Sócrates um ponto de inflexão e um vértice da assim chamada história universal. NIETZSCHE, F., O nascimento da tragédia: 92
Escaramuças e genocídios nos remetem a inúmeras razões incidentais, mas essas cores têm um sol como divisor comum. A malvadeza cataliza a atenção de bilhões de pessoas àqueles  insignificantes interesses. Tal qual luz à mariposa, somos tão atraídos pela gravidade imposta que viramos planetas em torno desta idéia luminosa, sim, mas total e absurdamente perversa. É desumano. Demasiadamente desumano. Porque mariposas fatalmente caem, nem preciso me preocupar, ainda que arrisque ser uma delas, por contingência. Mas felizmente, sobrevivo. E vejo chance de escapulir desta órbita ilusionista, jogo de forças constituído em tres tempos de 800 séculos. A última centena propiciou gigantescas catástrofes ambientais, e espécies extintas, e dezenas de milhões de seres humanos, fora a incalculável cifra alocada nas operações de destruição e recuperação dos patrimônios. A locomotiva precisa parar, para ser adaptada à complexidade e leveza cósmica. Algumas peças poderiam ter serventia, mas é melhor abandonar de uma vez o estupendo dinossauro pretensamente epistemológico, a rigor sequer astrológico, mas genuíno criador de casos: .
O resultado disso, dessa crueldade para com a parte melhor da própria espécie, é que o homem de qualidades, psicologicamente mutilado, 'vem a tornar-se um animal doente', alguém eternamente atormentado por ter que viver com uma carnalidade e uma sensualidade latente, exigindo coisas que ele sempre terá que negar, ocultar, e sepultar. Obrigam-no, assim a rastejar frente a deuses que ele pensa que julgam culpado. SCHILLING, V., Nietzsche: em busca do super-homem: 44
* * *
Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo de Deus. 
O suicida SÓCRATES 
A MAGESTOSA ACRÓPOLE mirava o horizonte, o infinito. No ceú noturno os olhos se voltavam a contemplar a formação das estrelas, tentanto identificar algum mapa, quem sabe um código, ou charada. SÓCRATES atalhou pelo baixio da Ágora para mandar o povo de volta para casa, a cumprir a missão impossível. "Diz que Atenas era uma égua preguiçosa, e ele um pequeno mosquito que lhe mordia os flancos para provar que estava viva. Acreditava ouvir uma voz interior, de natureza divina (um daimon), que lhe apontava a verdade e como agir. " Sócrates – Biografia e pensamentos
Sócrates conta que um amigo seu foi ao oráculo em Delfos e lhe fez esta pergunta: há alguém mais sábio que Sócrates? O oráculo respondeu que não, que não havia ninguém mais sábio do que ele. Quando Sócrates ficou sabendo disso ficou perplexo, pois sabia que não era nem um Pitágoras nem um Tales, nunca tinha escrito uma página nem tinha defendido teorias sobre o assunto que for.  O Método de Sócrates
(Mas se o farrapo se afirmava ignorante, por qual humilde razão se debateu  o consultor ao bater  nas portas da madrinha de Pitágoras para buscar a medalha de campeão a seu amigo?  E, cá entre nós, que disputa mais idiota. Não se trata do cúmulo da pretensão, travestida da mais falsa modéstia?)
Segundo Platão o oráculo disse que ninguém era mais sábio do que Sócrates, e a sabedoria socrática é identificada como autoconhecimento. Xenofonte usa a anedota para respaldar seu retrato convencional da virtude moral de Sócrates. Platão, para apresentar a investigação socrática como cumprimento de uma missão divina, e portanto como um ato supremo de piedade... Existe, portanto, uma relação íntima entre o autoconhecimento e a melhor alma possível; ou o autoconhecimento é idêntico a este estado da alma, ou é condição dele, necessária, suficiente, ou talvez necessária e suficiente.  TAYLOR, C.C.W., Sócrates: 30/1
O divino SÓCRATES .comungava, mas por ouvir  vozes,  em vez de apreciar quilates acabou desvalorizando ao máximo aquilo que  dizia ser a fonte de tudo - ele próprio. 
Como você pode saber se qualquer discurso foi construído com excelência, ou qualquer ação realizada de maneira excelente, se você ignora o que é excelência? E se você se encontra neste estado, acha que faz diferença para você viver ou morrer? SÓCRATES,  cit. TAYLOR, C.C.W., : 65
"Há muito tempo que esses ossos e esses músculos poderiam estar lá para os lados de Megara ou Beócia, onde os teria levado uma certa concepção do melhor."  (SÓCRATES, cit. PLATÃO, Fedon)
A maiêutica o levou aos braços de HADES.  "Aos segundos diz imaginar que a morte deva ser um grande bem, seja ela um sono tranquilo ou o convívio no Hades com os grandes homens que lá habitam." (PLATÃO, Apologia de Sócrates. LPM, 2009: 16)   O paraíso das ilhas gregas era infernal à condenado. A preciosa maçã, como o ouro, só podia estar trancafiada dentro do inviolável hermético, segundo a razoável pista de HERMES., não o Trismegistro, bem entendido, mas o mensageiro que trouxe as notícias do além. Ao passar por Roma é que a picada tomou forma de freeway, pelas barbas do profeta e pelas penas de MERCÙRIO, para assumir um ar incontestável. Um arrombamento do segredo do cofre poderia ensejar o suprassumo do êxtase, ainda mais aviltado pelo sofrimento vivido. Por não ter mais nem tempo a perder, SÓCRATES resolveu antecipar a morte para arriscar ganhar a sabedoria de uma vez. Tivesse esperado um pouquinho mais, quiçá lograsse a sã consciência que se abateu sobre DOM QUIXOTE ainda antes da partida, que por doença, não coube ao espanhol adiar. Coisa de louco mesmo, mas o quê dizer do exército de fiéis seguidores, entre os quais a bela geração da variante evolutiva do suicídio, eleitora de um CHARLES, não o Príncipe de Gales, tampouco DARWIN, e sim de um MASON para acabar consigo mesmo?
Jim Jones, pastor evangélico e fundador da igreja Templo do Povo, em Jonestown, acreditava estar liderando aquele séquito de fanáticos hipnotizados ao paraíso quando convenceu todos – e forçou até crianças – a beber veneno. Trata-se do maior suicídio coletivo que se tem registro, ultrapassando 900 mortos. Eis o que acontece quando um bando de doidos resolve acreditar num 'profeta' que vai lhes guiar ao paraíso. CONSTANTINO, Rodrigo, O paraíso petralha, 26/1/2010
Havia um conforto místico na configuração de Hades, o recepcionista dos mortos. O primata embarcou na quimera, embrulhando-se no dramático desafio. Sua  glória é ser tão compreendido a ponto de tornar-se ícone, um sábio, a ponto de ,  arrastar a civilização inteira na quimera,  graças a seu devotado servente: 
Ao legislador não podemos, em nenhum ponto, lhe recusar a nossa, fé; e assim será também quando nos assegura ser a alma algo de completamente diferente do corpo e que, na vida, é justamente a alma, e não outro ser, que nos torna a cada um de nós o que propriamente somos. O corpo, pelo contrário, nos segue a cada um somente como uma espécie de sombra, dizendo-se, por isso, com razão que, sobrevindo a morte, os cadáveres não são mais do que simulacros dos mortos; pois, o verdadeiro homem é um ser imortal, cujo nome próprio é a alma, que entra na comunhão dos deuses para dar contas de si.
PLATÃO Leis, 959
A  estória contada às crianças acabou impressionando os próprios contadores. O ser humano não era só o que se condenava nos esbeltos atenienses, tampouco nos robustos mas perecíveis espartanos.  Poderíamos contar com a solução redentora,  esta espécie de reserva sobressalente que nos garantiria a eternidade. ORFEU tivera alguns problemas na decolagem de retorno do mundo de HADES, porém teve o cuidado de antecipar  calmante mensagem pelas asas de MERCÚRIO. Adiante eu detalho mais sobre esta criativa solução, capaz de fazer inveja aos billgates. Vale lembrar que as pessoas naquela época viviam em média apenas a metade do período que hoje desfrutamos. Para completar, as mortes eram horrendas, modo que o sofrimento intenso e generalizado poderia ser arrefecido com aquela esperança, ainda que ninguém soubesse quando, em que condições, e a razão disso tudo. Mas isso significava sermos possuidores de uma qualidade essencial, incrivelmente desconhecida,  Para conhecê-la, SÓCRATES  comprou  o ticket one way
Sócrates não tinha preconceitos, dialogava com todos desde as prostitutas e os mendigos, até a elite da sociedade ateniense do século V a.C, e foi isso que causou um pouco de inveja por parte dos políticos da época, que na verdade tinham medo do que poderia acontecer com a democracia se houvesse uma revolução no pensamento devido às suas idéias... Um tema interessante para abordar a Filosofia socrática é a adolescência, fase na qual as pessoas tornam-se questionadoras da realidade, das normas morais e de tudo que as cercam... Uma coisa fundamental durante a adolescência é a orientação educacional, profissional e sexual, já que nesse período da vida, a pessoa está conhecendo o próprio corpo e percebendo as suas transformações...  1)Em sua opinião, qual é a importância do auto-conhecimento? 2) Em sua opinião, o que é ser adolescente?  Sócrates e o Adolescente
No meio da questão social, envolve-se a sexual, que é obviamente privada, pessoal. Depois insere nova manifestação subjetiva, dispondo a inveja da elite como característica predominante. Essa é de amargar. O provável era o contrário. SÓCRATES desprezava a arte e a ética. Para onde se dirigia seu olhar ali se confirmava a falta de compreensão, o poder da ilusão espelhada pelas formas, pela plasticidade da Acrópole. Somente ele via com menosprezo aquele esplendor. Julgava-se, e nisso estava mesmo certíssimo, um novo paradigma, o precursor da cultura, da arte, da poesia, e da filosofia apartadas da verdade, da ciência. NIETZSCHE (Ob. cit. 12) não perdoa:
É a cientificidade talvez apenas um temor e uma escapatória ante o pessimismo? Uma sutil legítima defesa contra - a verdade? E, moralmente falando, algo como covardia e falsidade? E amoralmente, uma astúcia? Ó Sócrates, Sócrates, foi este porventura o teu segredo?, ironista misterioso, foi esta, por ventura, a tua - ironia?
Aquele educandário ainda reputa a segregação ao medo da casta dominante ser dominada pelos patrícios, como se o medo de alguma coisa fosse crível entre aquela gente semi-selvagem. Os atenienses eram maratonistas. A geração anterior colocara os persas para correr. E o decisivo:   nos costumes políticos e sociais Athenas nem se preocupava tanto assim com questões de comando. A cidadela estava bem guardada pelas sentinelas.
Os antigos gregos pareciam exigir de seus aristocratas não
só uma origem nobre, mas também um caráter nobre.

THOMAS, Henry
Os gregos gostavam de admirar o Universo, e cogitar. Por isso imortais. A opulência da Acrópole se devia por altar ao desfrute,da ampla e bela vista , ponto de apreciação dos movimentos das gentes, sim, porém  mais ainda dos astros, muito diferente dos motivos romanos e bizantinos, marcos de imperadores*. SÓCRATES compôs o novo paradigma apropriado à mais completa insensatez. Demorou um pouco, mas o Ocidente inteiro embarcou na quimera:
Atenas foi a principal cidade-estado na Grécia Antiga durante o grande período da civilização grega, no primeiro milênio a.C., durante a "Idade do Ouro" da Grécia (aproximadamente 500 a.C. até 300 a.C.) ela era o principal centro cultural e intelectual do Ocidente, e certamente é nas ideias e práticas da Antiga Atenas que o que nós chamamos de "civilização ocidental" tem sua origem. Após seus dias de grandiosidade, Atenas continuou a ser uma cidade próspera e um centro de estudos até o período tardio do Império Romano. As escolas de filosofia foram fechadas em 529 Império Bizantino foi convertido para o cristianismo. Atenas perdeu bastante o seu status e se tornou uma cidade provinciana. Entre o século XIII e o século XV foi combatida pelos bizantinos e cavaleiros franceses/italianos do Império Latino. Em 1458, caiu em poder do Império Otomano e a população começou a diminuir e as condições pioraram quando o Império Otomano declinou. Wikipédia.
Agora me desculpe os termos. Quem instaurou a peça mais trágica que ninguém jamais poderia supor foi o corrompido afilhado da agradecida tribo dos Trinta Tiranos de Athenas. Não tenho escrúpulos em cogitar o pior, porque sabidamente o personagem era pederasta assumido. ARISTOCLES fez o secundário no pé da bota, na residência do Tirano de Siracusa, por solicitação do filho DION. O "príncipe" lhe chamava pelo carinhoso apelido de PLATÃO, termo já latinizado, dizem que para designar uma avantajada complexão física, sei-lá em qual ponto mais preponderante. Esta alcunha pode ser derivada de tanta coisa, até rima. O entendido expressava a lição:
Enquanto estivermos presos ao corpo e a nossa alma estiver conglutinada. com este mal, nunca poderemos atingir plenamente a verdade do que buscamos. Pois, mil e uma inquietações nos causa o corpo, pelas exigências de sua nutrição, sem falar ainda em toda espécie de paixões eróticas, desejos, temores, e um sem número de imaginações e infinitas ninharias. Em suma, ele nas coloca num estado no qual não temos um momento de quietação. Pois, também as guerras, as revoltas e batalhas são conseqüências do corpo e das suas concupiscências. Porque todas as guerras nascem do desejo de adquirir haveres e bens. E haveres e bens somos forçados a adquirir por causa do corpo, cujas exigências devem ser satisfeitas. Idem, Fédon-, 66.
Esta citação, para mim, decide tudo. Até hoje: 
Platão, impossibilitado de compreender a realidade das contingências do mundo sensível, optou por construir um mundo perfeito a partir de suas próprias idéias, denominou-o, Hiperurâneo, mundo das formas perfeitas, eterno, habitat das almas que ele criara ao dividir o homem em corpo mortal e alma imortal. O mundo racional que Platão idealizara foi tão bem elaborado que Santo Agostinho (354-430 d.C.) adaptou-o ao cristianismo, e a exemplo de Platão criou duas cidades utópicas: a Cidade de Deus e a Cidade dos Homens .PLATÃO E AS CONSEQUÊNCIAS DE SUA FILOSOFIA
Mas o assunto hoje era com seu primeiro "padrinho", e ainda tem pano muito sobrando à manga.
Ninguém deixava de ser persuadido por sua palavra e por seu caráter, que parecia com sua fisionomia, e, para ser franco, por tudo que esta pessoa tinha de especial. Porém, apenas enquanto não lhe acendia a cólera. Quando esta paixão lhe queimava, sua ruindade era horrível. Não evitava, então, nenhuma palavra e nenhum ato... Este magnetismo interior que possui é, sem dúvida, o motivo de fascinar todas as naturezas ardentes, seja a de um Alcibíades ou a de um Platão.BRÉHIER, Émile
O ninguém se restringe aos dois, e quiçá mais outro par. De que modo o suicida percebia a vida? Apenas duas palavras abrem este sésamo: "Aos segundos diz imaginar que a morte deva ser um grande bem, seja ela um sono tranquilo ou o convívio no Hades com os grandes homens que lá habitam." (PLATÃO, Apologia de Sócrates. LPM, 2009: 16)
SÓCRATES não se suicidou para escapar da pena imposta pela corrupção de menores, por certo pedofilia. Tampouco foi por vergonha de encarar a culta, até tolerante e pacata população ateniense*. Não havia em SÓCRATES o motivo que levou nosso GETÚLIO ao desatino. Neste caso, para fugir do constrangimento e entrar logo na História, ele teria usado uma faca no abdomen, um harakiri para causar impacto, já que não havia bala. Não tinha o mundo inteiro atrás de si, como experimentou HITLER, antes de sumir. Muito menos precisava repetir o deplorável desfecho de JUDAS - não traíra ninguém. E como JESUS CRISTO, não tinha a razão de MUSSOLINI para ser cruxificado antes de viajar. Restaria PLATÂO, mas este não era um CHARLES MASON - ao contrário, o parente dos Trinta Tiranos fez tudo para preservá-lo, inclusive com rota de fuga à ponta da bota italiana.  SÓCRATES preferiu a via indolor, a mesma que GOEBBELS usaria para despachar a doce prole. Porém, o que foi impossível a todos citados, em especial a cândida família do nazista, era possível para SÓCRATES: 
"... Mesmo depois de sua condenação, ele poderia ter evitado sua morte se tivesse escapado com a ajuda de amigos." (http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%B3crates)
Quando se coloca o centro da gravidade da vida não na vida, mas no além - no nada -, então se priva a vida de qualquer centro de gravidade. NIETZSCHE, F., O anticristo: maldição contra o cristianismo:78 
SÓCRATES partiu sereno, em plena lucidez. Deixou o simpósio como o último dos beberrões, nos primeiros raios da manhã, augurando começar nova jornada. Foi sua própria e já extremada curiosidade que lhe traiu, arrebatando-lhe a vida. Topou ingressar no subterrâneo de HADES porque a viagem implicaria desvendar sua parte mais sublime - para ele, completamente estranha, mas excitante, qual convencida alma:
Segundo Platão o oráculo disse que ninguém era mais sábio do que Sócrates, e a sabedoria socrática é identificada como autoconhecimento. Xenofonte usa a anedota para respaldar seu retrato convencio0nal da virtude moral de Sócrates. Platão, para apresentar a investigação socrática como cumprimento de uma missão divina, e portanto como um ato supremo de piedade... Existe, portanto, uma relação íntima entre o autoconhecimento e a melhor alma possível; ou o autoconhecimento é idêntico a este estado da alma, ou é condição dele, necessária, suficiente, ou talvez necessária e suficiente.  TAYLOR, C.C.W., Sócrates: 30/1
Alma é um termo que deriva do latim anǐma, este refere-se ao princípio que dá movimento ao que é vivo, o que é animado ou o que faz mover. De anǐma, derivam diversas palavras tais como: animal (em latim, animalia), animado. Religiosamente definida como um ser independente da matéria e que sobrevive à morte do corpo, que se julga continuar viva após a morte do corpo, podendo o seu destino ser a beatitude celestial ou o tormento eterno. Segundo este ponto de vista, a morte é considerada como a passagem da alma para a vida eterna, no domínio espiritual. A grande maioria das religiões, cristãs e não-cristãs, concorda em linhas gerais com esta definição. O conceito de uma alma imortal é muito antigo. De facto, as suas raízes remontam ao princípio da história humana. Wikipédia
Por certo nosso grande personagem logrou seu intento; porém, igualmente por certo, deve estar arrependido até a morte  por não ter prolongado sua história. Cismado desdenhou o  up grade em sua memória, em troca da irracionalidade metafísico-religiosa trazida, ironicamente, por Pitágoras, o marco-zero da racionalidade. O suicídio, a sucumbência do corpo para o exclusivo usufruto da alma. Inevitável, mas imprudente provocar esta partida. Na mais falsa modéstia o pederasta julgava-se o suprassumo da sapiência por contemplar a ignorância. Por ser precisamente filho de CRONOS & RÉIA, HADES tem tudo cronometrado. Não adianta querer enganá-lo. Como os vários citados, SÓCRATES,  não foi sábio. Foi egoísta, isto sim, e mais ainda - desalmado, posto sua malvada prova ser colada mundo afora. Nota zero na Física, e duplo zero na metafísica.
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* Nota - Enquanto a vizinha glorificava a brutalidade física em estereotipos, Athenas se preocupava com o etéreo. Acompanhe a bela narrativa de HENRY THOMAS:
VAMOS a um teatro grego. Mas para isso, devemos ir de manhã bem cedinho, porque as representações gregas começavam, não logo depois do pôr-do-sol, mas imediatamente em seguida à madrugada. Muito tempo gastaremos para chegar ao teatro, porque há nada menos de 20.000 pessoas que se dirigem para o mesmo lugar — um público quase tao numeroso como a multidão de "fans" de uma moderna partida de baseballl. Para os gregos era o teatro um dos favoritos esportes do ar livre. O teatro grego era um edifício sem cobertura. Construíam-no na encosta duma colma, com o céu azul por telhado.
Estamos agora no teatro ateniense, na Acrópole. Em torno de nós, se acha a imensa e barulhenta multidão de gregos folgazões e acima, no topo da colina, erguem-se as tranquilas estátuas dos deuses, que parecem ter descido dos céus para formar íntima parte da assistência. Entrámos pela passagem entre o auditório e o palco. Escolhemos um lugar no alto, porque dessa posição podemos ver tão bem os espectadores quanto os atores. Os espectadores formam uma multidão irrequieta, turbulenta, bem humorada. As representações vão durar de manhã à noite, e assim todos trataram de trazer consigo sua comida. O ar está saturado de acre odor de ervilhas cozidas, salsichas, azeitonas em conserva, queijo e alho. É sem dúvida um tanto incômodo para nosso olfato moderno, mas não podemos negar que era assaz picante e apetitoso. Os lugares mais altos foram-se enchendo pouco a pouco. Os mais baixos, porém, estão ainda vazios. Reservam-se para a nobreza e os nobres, como sabeis, gostam de dormir até mais tarde. Mas agora, afina!, os aristocratas estão começando a chegar. À proporção que cada um entra, a multidão se ergue, assobiando, vociferando e batendo com as mãos. Mas também, quando acontece chegar algum personagem impopular, ficamos surpresos em ouvir um barulho que se assemelha estranhamente à nossa "torcida". Os antigos gregos pareciam exigir de seus aristocratas não só uma origem nobre, mas também um caráter nobre.

O preço de entrada de um teatro grego era de cerca de Cr$ 1,20. Por esse preço, compravam-se dois bilhetes que davam, direito, a assistir às representações durante dois dias inteiros. Mas supondo que não se tivesse dinheiro. Ficar-se-ia privado de ir ao teatro? De certo que não. O governo grego promulgara uma lei um tanto curiosa, que favorecia os cidadãos amantes do teatro, mas sem meios de comprar entradas. Antes de cada representação, todos os cidadãos de Atenas recebiam do Estado a quantia de Cr$ 1,20. Essa espécie de liberalidade, por parte dum governo moderno, provavelmente esgotaria o tesouro, no período de uma única temporada teatral. A temporada teatral em Atenas era, porém, felizmente muito curta. Durava apenas dois dias no inverno e dois dias na primavera.
(www.consciencia.org/a-literatura-da-grecia-e-de-roma#comment-9509)

4 comentários:

  1. Sócrates foi um dos homens mais sábios e humildes que alguma vez já existiu. E eu acho que temos que inserir as pessoas na sua época. O que não estou a perceber é porque eu lhe mando mensagens e o seu sistema não responde e engole as minhas missivas...

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  2. O seu sistema de e-mail está todo truncado César...

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  3. Havia um conforto místico na configuração de Hades, a entidade responsável pela recepção aos mortos. Sócrates se suicidou. Se isso no Além-Mar se entender por sapiência, poucos sobreviverão.

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  4. Está-se a referir ao Inferno como ele é visto pela religio católica não é? Creio que entendo a configuração física e psíquica desses gregos de que me fala. Mas estámos no PRESENTE e por isso a História terá que ser o FUTURO de uma determinada concatenação. Muita gente ainda acredita no Inferno e em muitas mais coisas. Geralmente é frutuoso um diálogo consigo... Isso dos gregos César é a Origem da Tragédia? Creio que é isso...

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