Governos
neomercantilistas,
passistas, e economistas divulgam gigantescas perdas. Ora propalam que a
festa da crise ameaça a economia "real". Pois bem. Então, qual foi atingida? Seria uma virtual?
- As ações caíram pela metade do preço. Isso é fato!
Mais ou menos; o dinheiro não sumiu. O que há são apenas transferências de valores entre os dispostos nos trapézios. E como todo trapezista necessita de bilheteria, o espetáculo é anunciado pela cidade. Ela se emociona. Apaixonada, torna-se suscetível, maleável, compassiva, e tudo aceita.
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Dos bancos
MIANYANG, China - A crise financeira mundial vai gerar, no ano que vem, uma crise de desemprego. A avaliação é o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, que alertou os países ricos sobre as medidas tomadas contra os problemas. 'Esta crise financeira virou uma crise econômica, e no ano que vem será uma crise de desemprego', disse Zoellick. 'Será uma fase extremamente difícil'. 14/12/2008 .-
(1)
Folha destaca em 1/2/2009
o que desde 1995 temos evidenciado..
Pois se uma crise financeira, levada a cabo não por mau gerenciamento, como teimam em propalar, mas por corrupção e negociatas em larga escala, está precipitando uma crise econômica, como diz, que vem a ser exatamente a mesma coisa, como esconde, porém com reflexo no desemprego, que ousa prever, então é fácil contorná-la: basta despir esta e as santidades congêneres do dom de cadenciar o ritmo da civilização, seja pela prova cabal de incompetência, ou pela prova material da safadeza:
O poder excessivo do setor financeiro é o
motivo pelo qual o mundo chegou à crise atual.
RUSSELL, Bertrand, O Moderno Midas, 1930/2002: 69
Dia desses encontrei abnegado jornalista. Conhecia centenas de prejudicados com o
midicrash. Configurou um problema social. Todavia, como estamos tratando de valores, e não de cabeças; de dinheiro, e não de pessoas, asseguro-lhe que a maior parte do capital que por lá circulava, coisa de uns oitenta por cento, festeja um veraneio como nunca.
Tem-se uma falsa impressão de liberdade de mercado, porque o ambiente das bolsas é tão aberto quanto o mar, às sardinhas. Contudo, enquanto alguns cidadãos, que podem ser centenas, e até milhares, para lá acorrem com alguns zeros depois da unidade, fruto de poupanças de toda a vida, aqueles gigantes operam com todo o resto do dinheiro da face da Terra! Se combinados, então, como visível, depenam todas as galinhas, dentro da lei
(2). Ou, como na linguagem corrente, o tubarão se farta de tanta sardinha. Basta os recursos adormecerem, por alguns dias, em suas caixa-fortes.
Até outubro a Bovespa girava cerca R$ 6 bilhões por dia.
Ora movimenta a metade. O BC marca forte saída dos "investimentos" estrangeiros. Tal qual brinquedo de iô-iô, sem comprador qualquer preço despenca, e retorna quando o manipulador quiser:
O ministro Paulo Bernardo (Planejamento) é direto quando indagado se os bancos privados estão escondendo dinheiro por causa da crise: 'Claro que estão! O que eles fizeram? Fogueira com o dinheiro? Isso deve estar todo entesourado' Folha de São Paulo, 23/11/2008
Todavia, como se não bastasse, os bancos ainda são contemplados com frutos virtuais, de produção futura, tornados reais pelas promissórias em forma de moeda, emitidas por esse e por governos alhures, de modo antecipado, sem lastro. O fito de combater a provocada
depressão justifica artimanha
keynesiana. Tudo combina com a máxima do apreciado
Maquiavel. O resultado é fantástico; e espelha a total inversão dos valores:
O lucro dos bancos no Brasil superou o resultado de todos os outros setores da economia juntos no terceiro trimestre, segundo pesquisa da consultoria Economática. Os dados consideram apenas empresas de capital aberto.
Folha de São Paulo, 24/11/2008.
Dos governantes
Por isso, um príncipe cauteloso deve conceber um modo pelo qual
os seus cidadãos, sempre e em qualquer situação, percebam que ele
e o Estado lhes são indispensáveis. Só então aqueles ser-lhe-ão sempre fiéis.
MAQUIAVEL, Nicolau, O Príncipe, D' ELIA, Antônio: 15.
Numa coincidência impressionante, poderosas lentes gravaram a terrível manhã do
11 de setembro. Por certo foram os "acidentes aéreos" mais bem documentados de todos os tempos. Em que pese a fugacidade do episódio, ele foi captado por incontáveis ângulos, em seus mínimos detalhes, desde a aproximação das aeronaves. Apenas a
aterrisagem na área de pouso de helicópteros do
Pentágono, portanto presumivelmente escolhida a dedo,
até hoje permanece mal detalhada, e nem um pouco explicada.
Por tudo vejo Bin Laden mera produção de TV. Eis o álibi para bombardear vários países, ameaçar outros tantos, saqueá-los do petróleo, e ainda por cima seqüestrar e assassinar um ditador, para que não abrisse a boca, certamente.
"A idéia da política como espetáculo nada tem de novo" (BOBBIO, Norberto, Teoria Geral da Política: a Filosofia Política e as Lições dos Clássicos: 403).
Nesses casos, contudo, é evidente que ela já foi longe demais.
* * *
Como vivemos numa apregoada democracia, tudo depende do voto popular. Para atingi-lo, haja recursos. Os bancos
alimentam os partidos, conquanto engordam as contas pessoais dos
players nos paraísos fiscais. Insignificâncias garantem multiplicadas recompensas supostamente pagas com o dinheiro de todos, isto é, de ninguém:
"Os financiadores da campanha visam exercer influência na próxima administração."
(HOLMAN, Craig, presidente do grupo Craig Holman of Public Citizen, ao jornal USA Today.)
A GM e a Ford possuem dúzias de superjatos executivos, mas se põem na porta da Igreja para levar o quinhão que lhes cabe por esses "financiamentos". Milhões de aposentados, alcunhados "vagabundos" pelo
sociologo, são totalmente esquecidos, em prol dos "investidores":
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador de São Paulo, José Serra, deram um belo presente à indústria automobilística em tempos de crise. Juntos, colocaram R$ 8 bilhões para os bancos das montadoras a fim de facilitar empréstimos para aquisições. Na mídia, já tem montadora falando do subsídio dos governos federal e estadual.
Tom Donilon,
lobista da
Fannie Mae, da tal crise hipotecária, alavancou a candidatura de Obama, e ora está prestes a abocanhar o
spread diretamente na fonte. Deverá ser indicado "conselheiro" do novo governo, junto com
Don Gips, executivo na Level 3 Communications, um dos líderes da equipe de revisão das agências, e contribuinte de US$ 500 mil. (Wall Street Journal)
Esta promiscuidade foi flagrante no governo de FHC. Os banqueiros listados na famosa
pasta cor-de-rosa remanejaram as contas de seus correntistas às
Cayman, no
maior golpe do mundo, tudo coberto através do criativo PROER. Ninguém notou a falta, exceto a produção, que desde então claudica, e se arrasta, sem saber o motivo. Apresenta-se o expiatório.
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Dos economistas
O pensamento econômico contemporâneo é esquizofrênico. A teoria clássica foi quase virada de ponta-cabeça. Os próprios economistas, quaisquer que seja suas convicções, criam ciclos econômicos mediante suas políticas e previsões.
CAPRA, F., 1995: 207.
A lei do galinheiro legitima a má temática da Economia. Os
tecnocratas são muito requisitados. Nenhum deles senta praça na produção, mas se postam a orquestrá-la. Vem à berlinda, e dão entrevistas, e usam seu alto palavreado de economês:
Uma recessão profunda na economia dos Estados Unidos é inevitável e não se pode descartar a possibilidade de uma longa depressão, afirmou hoje o economista George Soros. O economista preside o Soros Management Fund e fez fortuna com a especulação das divisas. (Folha SP)
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Os especialistas sondaram nossos recônditos desejos e são os únicos capazes de continuar a prover nossas necessidades. Estes especialistas que 'realmente' sabem o que dizem, estão todos eles na folha de pagamento oficial da estrutura estatal e/ou empresarial. Os especialistas importantes são os autorizados. E os especialistas autorizados pertencem à matriz.
HAZLIT, H., Economia numa unica lição: 4
Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirRealmente muito bom.
Luciano Turl
lmturl@gmail.com